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17/12/2015 1 Dermatoses, infecções cutâneas e doenças bolhosas P R O F a . D R a . S A R A S A N TO S B E R N A R D E S A pele Maior órgão do corpo humano; Barreira protetora; Boa correlação macro x micro; Células e componentes altamente integrados: Células escamosas (queratinócitos): Síntese de queratina e de citocinas; Melanócitos: Síntese de melanina; Células de Langerhans: Apresentação de antígenos; Linfócitos T: RI, síntese de citocinas. Células de Merkel: mecanorreceptoras, funções neuroendócrinas; Anexos: glândulas sudoríparas (temperatura), folículo piloso (células tronco epiteliais). Epiderme Derme papilar Epiderme e derme papilar Mastócitos perivasculares Derme reticular Hipoderme g. seb. Derme reticular g. sud. f. pil. c. ep. estrato córneo Dentrócitos Epiderme Estrato córneo Estrato granuloso Estrato espinhoso (queratinócitos) Cls. de Langerhans Cls. de Merkel Estrato basal Melanócitos Derme papilar Membrana basal Dermatoses Def. Conjunto de doenças da pele caracterizadas por manifestação inflamatória DERMATOSES INFLAMATÓRIAS AGUDAS A) Urticária Indivíduos atópicos e não atópicos; Patogenia: Degranulação mastocitária mediadores vasoativos Hiperpermeabilidade vascular superficial dérmica Persistência: recrutamentos de células inflamatórias Placas pruriginosas (“vergões”). Dependente de IgE: alimentos, toxinas... Não dependente de IgE: opiáceos, antibióticos... Degranulação mastocitária Urticária Alterações macroscópicas: Formação de placas eritematosas pruriginosas, de duração variável; * Coalescência: estruturas anulares, lineares ou arciformes; Localizada ou generalizada (*urticária de pressão). 17/12/2015 2 Urticária Alterações microscópicas: 1.Epiderme normal 2.Edema na derme papilar 3. Vasos dilatados + cls inflamatórias perivasculares 1 2 3 Dermatoses B) Dermatite eczmatosa Pápulas avermelhadas, com vesículas exsudativas e crostas; Maior sucetibilidade à infecção bacteriana (impetiginização); Evolução: placas escamosas elevadas; Dermatites endógenas (fatores constitucionais ou hereditários): dermatite atópica. Dermatites exógenas (fatores ambientais): dermatite de contato*, à drogas, à radiação UV... Dermatite eczmatosa Dermatite de contato Hipersensibilidade Tipo IV Sintomas: • 5-7 dias (primeiro contato) • 24-48 hs (contato posterior) * Resolução: 3 semanas 1.Haptenos 2.Combinação com proteínas carreadoras (cls. Langerhans) cls. T Hapteno + carreador 3. Sensibilização de cls. T CD4+ (24 hs) 4. cls. T sensibilizadas entram no vaso linfático Vaso linfático/linfonodo 5. Hiperplasia das cls. T sensibilizadas 6. cls. T sensibilizadas retornam para a derme/epiderme (5-7 dias) Sensibilização RI Th1 Dermatite eczmatosa Alterações macro e microscópicas: : Grande número de vesículas + edema intenso 1.Hiperqueratose 2.Acantose 3.Vesículas espongióticas 1 2 3 3 Dermatoses C) Eritema multiforme Reação de hipersensibilidade a algumas infecções e fármacos; • Agentes infecciosos: herpes simples, micoplasmas, HIV • Fármacos: sulfonamidas, penicilinas, hidantoínas e antimaláricos (+ graves) Células T citotóxicas residentes na pele reação cruzada com os fármacos ou agentes infecciosos necrose de células basais (pele e mucosas); Diversas apresentações (lesão eritematosa, eritemapapulosa, vesicolbolhosa); Lesões em alvo (necrose). Eritema multiforme Alterações macroscópicas e microscópicas: Lesão inicial ou EM menor 1.Disceratose 2.Infiltrado linfocitário (dermatite de interface) Lesão em alvo 1 2 17/12/2015 3 Necrólise epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell) SSJ e NET: Descamação de grandes áreas infecções e desidratação Síndrome de Stevens-Johson EM maior Síndrome de Stevens-Johson Síndrome de Lyell Lesão muco-cutânea < 10% Lesão muco-cutânea 30% 5% Mortalidade 40% mortalidade Apresentação clínica multiforme Apresentação clínica semelhante à queimadura (eczema bolhoso) Patogênese: Apoptose e necrose de queratinócitos via Fas-ligante e ERO; Polimorfismo no HLA-B12 EM maior Dermatoses inflamatórias aguda folicular A) Acne vulgar Mais incidente em adolescentes (*sexo masculino); áreas seborreicas; ~ 35% dos casos requer tratamento; pápulas eritematosas e pústulas (*cicatrizes); Patogenia: Hiperceratose das glândulas sebáceas secreção de sebo colonização por Propionibacterium acnes (lipase) Inflamação Proliferação de queratinócitos hipergranulose e tampão córneo (microcomedão). *andróides: estímulo direto da síntese sebácea (adolescentes, ovários policísticos, atividade da 5-α-redutase...) Tipos Comedônica (grau I): Presença de comedões e raras pápulas e pústulas; Pápulo-pustulosa (grau II): Pápulas e pústula evidentes; grau variado de apresentações clínicas; Nódulo-cística (grau III): Reação inflamatória profunda, com formação de nódulos furunculóides com pus (cistos); Conglubata (grau IV): Cistos numerosos e grandes, com formação de abcesso; Fulminans (grau V): Rara; associada à febre e leucocitose. Acne vulgar Microcomedão - tamponamento do folículo Comedão (fechado) Comedão/pústula (aberto) Acne vulgar (inicial) Queratina Bactérias Queratina Epiderme Bactérias Gl. sebácea Folículo piloso Bactérias Neutrófilos Enzimas hidrolíticas Acne moderada Acne severa Comedão fechado Comedão aberto Nódulo Alterações macroscópicas e microscópicas: Acne vulgar 17/12/2015 4 Dermatoses DERMATOSES INFLAMATÓRIAS CRÔNICAS A) Psoríase ~ 1-2% da população (Pico: adolescência / 60 anos); Lesões assintomáticas, caracterizada por placas avermelhadas com escamas prateadas (*superfícies extensoras); 30%: psoríase ungueal; ~7%: artrite soronegativa; Patogenia: Fatores genéticos e imunológicos Fatores genéticos: 1/3 apresentam histórico familiar; concordância entre gêmeos homozigóticos; haplótipo no HLA Cw6: 1-15 x risco Fatores imunológicos: Hiper-reatividade de linfócitos T CD4+ e CD8+ Psoríase Patogenia: Desencadeantes: Fenômeno de Koebner ou resposta isomórfica (lesão mecânica), infecções, drogas e fotosensibilidade; Proliferação celular anormal + venulização do loop capilar da derme papilar. Estímulo desencadeante Fenótipo Psoriático Loop capilar Alterações de receptores de superfície em células epidérmicas Proteínas quinase Poliaminas PM Citocinas e fatores quimiotáticos (*LTB4) Neutrófilos Efeito fator de crescimento Venulização do loop capilar Paraqueratose Alterações macroscópicas: Psoríase Cotovelos, joelhos, couro cabeludo, sacro Diferentes graus de severidade Importante realizar diagnóstico diferencial com infecções fúngicas Psoríase das unhas (30% dos pacientes) Psoríase Psoríase pustulosa Psoríase em cicatriz cirúrgica (Fenômeno de Koebner ) Psoríase Sinal de Auspitz Alterações macroscópicas: Psoríase Sinal do pingo de cera 17/12/2015 5 Alterações microscópicas: Psoríase 1. Hiperqueratose e paraqueratose 2. Atrofia suprapilar 3. Hiperplasia ou acantose, com alongamento das papilas dérmicas 4. Infiltrado mononuclear 1 2 3 4 Dermatoses B) Líquen plano 1% da população (pico: 40-50 anos); Pápulas poligonais, planas, brilhantes, violáceas e pruriginosas; Lesões múltiplas (extremidades); Ocorrência do fenômeno de Koebner; Resolução das lesões cutâneas: 1-2 anos (*exceto a forma oral); Líquen plano oral: Fator de risco para carcinoma escamoso (10%); Patogenia pouco conhecida: LT CD8+ contraag da junção dermoepidérmica e da camada basal (desencadeantes: vírus, medicamentos). Alterações macroscópicas: Líquen plano Estrias de Wickham Líquen plano hipertrófico Líquen plano oral Alterações microscópicas: Líquen plano 1.Hiperqueratose 2.Hiperplasia epidérmica/ hipergranulose 3.Interface dermoepidérmica em ziguezag (dente de serra) 4.Infiltrado linfocitário (dermatite de interface) 1 2 3 4 Doenças infecciosas A) Piodermites Bactérias produtoras de pus: S. aureus (folículo piloso e glândulas) e S. piogenes (epiderme); Desequilíbrio imunológico: diabetes, obesidade, processos inflamatórios e medicamentos imunossupressores + fricção, sudorese excessiva, higiene precária, queimaduras, dermatoses... Primárias: acometem a pele normal; Secundárias: acometem a pele já lesionada. 17/12/2015 6 Foliculite (S. aureus): Impetigo folicular: superficial; Sicose vulgar: foliculite+perifoliculite crônica, com infiltrado mononuclear; Furúnculo: foliculite profunda+perifoliculite, com necrose e destruição do folículo pilosebáceo; Antraz: coleção ou fusão de furúnculos * Carbúnculo: B. anthracis. Impetigo • Vulgar ou crostoso (S. aureus e S. pyogenes): Pústulas orofaciais que se rompem facilmente; • Bolhoso (S. aureus fago II): Vesículas superficiais com conteúdo seroso. Alterações macroscópicas: Impetigo Impetigo bolhoso (S. aureus fago II) RN e idade pré-escolar 10% dos impetigos Impetigo crostoso Impetigo crostoso Doenças infecciosas B) Hanseníase Infecção intracelular crônica de pele, mucosas e nervos periféricos (M. hanseniasee); Regiões corporais com ↓T: extremidades das orelhas, nariz, pés, mãos, face e nervos periféricos; Sintomas primários: perda de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil. Incidência mundial de hanseníase 70-90% dos infectados não desenvolvem a doença (*desequilíbrio SI); Apresentações clínicas (~10% dos infectados): Teste de Mitsuda: Imunidade celular; valor prognóstico (classificação); Hanseníase indeterminada: • Acomete indivíduos que tem contato constante com o bacilo (Hanseníase dimorfa ou Virchowiana, 2-5 anos); • Presença de máculas hipocrômicas com alterações de sensibilidade, sem comprometimento de troncos nervosos; • Regressão das lesões em 40% dos casos; • Teste de Mitsuda positivo ou negativo; Hanseníase Hanseníase tuberculóide: • Teste de Mitsuda positivo; • Evolução lenta ou rápida do tipo indeterminado; • Contenção da multiplicação bacilar (lesão paucibacilar) granuloma; • Lesão em raquete: Acometimento de troncos nervosos alterações da sensibilidade térmica, dolorosa e táctil. Hanseníase virchowiana: • Teste de Mitsuda negativo; • Pode evoluir da forma indeterminada; • Multiplicação e disseminação bacilar (lesão multibacilar) contagiantes; Hanseníase • Numerosas lesões que confluem e formam nódulos; • Os bacilos podem invadir outros órgãos. Hanseníase dimorfa ou boderline: • Forma clínica apresentada pela maioria dos pacientes suceptíveis; a apresentação clínica vai depender do estado imunitário; • Características tuberculóides e virchowianas. Hanseníase 17/12/2015 7 Alterações macroscópicas e microscópicas: Hanseníase tuberculóide Granulomas Placa eritematosa com borda elevada Lesão em “raquete” (epiderme+nervo) Alterações macroscópicas e microscópicas: Hanseníase virchowiana Coloração de Ziehn Nielsen Lesões nodulares múltiplas 1. Epiderme atrófica 2. Zona de unna 3. Células de virchow Face “leonina” Mãos em forma de garra 1 2 3 3 Doenças infecciosas C) Dermatofitose, tinea ou micose Infecção do epitélio queratinizado não viável (estrato córneo, unhas e cabelos); Sintetizadores de queratinases (Microsporum sp, Trichophyton sp e Epidermophyton sp); Relacionado à imunossupressão; Lesões eritematosas e pruriginosas com escamas superficiais. Tinea capitis Tinea corporis Onicomicose Alterações macroscópicas: Dermatofitose Alterações macroscópicas e microscópicas: Dermatofitose 1. Hifas (estrato córneo) 2. Infiltrado inflamatório Tinea pedis 1 2 Doenças infecciosas D) Infecções por leveduras Candidíase Coloniza mucosas de humanos; Fatores de risco: diabetes, doenças imunossupressoras, vestimentas abafadas; Pele: regiões úmidas e quentes (fraldas); Pele: lesões avermelhadas, com hiperqueratose (*psoríase). 17/12/2015 8 Alterações macroscópicas: Candidíase Candidíase oral Candidíase cutânea Doenças infecciosas Ptiríase versicolor (Malassezia sp) Flora normal da pele (infecção oportunista); Transição micelial: imunossupressão, hiperidrose, calor e umidade. Fase aguda Pós bronzeamento (*vitiligo) Alterações macroscópicas: Doenças infecciosas E) Herpes simplex 70-90% da população são portadoras do vírus; Lábios (HSV 1) e genitais (HSV 2); Caracterizado por vesículas sobre base eritematosa (varia de acordo com o estado imunitário); Permanece dormente no gânglio trigeminal (trauma, ciclo menstrual, estresse emocional, gravidez, radiação UV). Infecção primária Fase latente Recidiva Herpes labial Herpes labial Alterações macroscópicas: Infecção primária ( gravidade) Herpes orofacial (reativação) Vesículas Crostas Herpes labial Alterações microscópicas: Inclusão viral intranuclear 17/12/2015 9 Doenças infecciosas F) Verruga vulgar Mais comum em crianças e adolescentes (mãos, dedos e joelhos); Agente etiológico: vírus HPV (1 e 4, de baixo risco); Verruga de açougueiro: HPV 7; Não é comum fenômeno de Koebner; Transmissão por contato e autoinfecção; Regressão espontânea de 6 meses – 2 anos; Patogenia: Oncoproteína E6/E7 desregulação do crescimento epidérmico aumento da sobrevida celular: hiperplasia epidérmica. Alterações macroscópicas e microscópicas: Verruga vulgar Pápulas múltiplas 1. Hiperqueratose 2. Acantose com proliferação epidérmica papilar (papilomatose) 1 2 Doenças bolhosas (não secundárias) Doenças auto-imunes ou genéticas que atingem diferentes camadas da pele. Subcórnea Suprabasal Subepidérmica (L. basal) Pênfigos Penfigoide bolhoso Epidermólise bolhosa Dermatite hepertiforme A) Pênfigos Vulgar, foliáceo e paraneoplásico; Faixa etária: 40-60 anos, com maior incidência em mulheres; Etnia judia e mediterrânea: risco; Hipersensibilidade tipo II (IgG contra desmogleína-3 ou 1 de queratinócitos); Ponto comum: acantólise; Lesões dolorosas, suceptíveis de ruptura e infecções secundárias. Doenças bolhosas Patogenia: Pênfigo Desmogleína-1 Desmogleína-3 P. vulgaris (anticorpo) Junção intercelular P. foliáceo (anticorpo) Tonofilamentos Desmossomos proteinases Ac+Ag = síntese de proteinases Tonofilamentos Desmossomos Formação de vesícula suprabasal, com acantólise Pênfigo vulgar Alterações macroscópicas e microscópicas: Grupo confluente de bolhas rompidas *Couro cabeludo, virilha, axilas e áreas sob pressão 1. Bolha suprabasal 2. Queratinócitos acantolíticos 1 2 17/12/2015 10 Pênfigo vulgar Pênfigo foliáceo Alterações macroscópicas e microscópicas: Lesões menos erosivas Mais comum em idosos 1. Acantólise discreta 2. Bolha subcórnea 2 1 B) Penfigoide bolhoso Mais comum em idosos; IgG (Colágeno XVII) + Sistema complemento (Mb basal); Recrutamento de neutrófilos e eosinófilos; Vacuolização das células da camada basal; Junções intercelulares íntegras (não acantolítica). Doenças bolhosas (lâmina basal) Penfigoide bolhoso Alterações macroscópicas e microscópicas: Bolha tensa 1. Exsudato 2. Eosinófilos( tóxicos) 1 2 Bolha subepidérmica não-acantolítica C) Dermatite herpertiforme Auto-imune, com vesículas pruriginosas; Não afeta a mucosa oral; Incidência maior em homens entre 30-40 anos; 80% dos casos é associado à doença celíaca (<10% dos pacientes celíacos a desenvolvem); Patogenia: Auto-anticorpos IgA contra transglutaminases (intestino) Circulação sanguínea Reação cruzada com transglutaminases epidérmicas (queratinócitos) recrutamento de neutrófilos na extremidade das papilas dérmicas liberação de colagenase IV e laminina (grânulos secundários). Doenças bolhosas (lâmina basal) Alterações macroscópicas e microscópicas: Dermatite herpetiforme Cotovelos Joelhos Parte superior das costas nádegas 1. Bolha subepidérmica 2. Neutrófilos 1 2 17/12/2015 11 D) Epidermólise bolhosa Doença genética (Incidência: 1/50.000); Geralmente manifesta-se logo após o nascimento; Formação de bolhas em áreas de traumas leves; Tipos: EB simples: Rompimento dos queratinócitos basais por mutações nos genes de citoqueratina; EB juncional: mutações nos genes de integrinas, laminina e colágeno XVII; EB distrófica: mutações no gene de colágeno VII (fibrilas de ancoragem). Doenças bolhosas (lâmina basal) * * Atrofia de unhas e dentes clivagem dos queratinócitos clivagem na lâmina lucida clivagem das fibrilas de ancoragem EB simples – leve Alterações macroscópicas: Epidermólise bolhosa EB distrófica – recessiva severa Hipoplasia do esmalte dentário
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