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Teoria Geral dos Direitos da Personalidade

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Civil
Aula 13
Teoria geral dos direitos da personalidade
Quando nos perguntamos sobre direitos da personalidade, direitos humanos e direitos fundamentais, há áreas de superposição
entre a elas. Se fala sobre direitos da personalidade porque há uma localização específica na doutrina, onde está inserida em
direito civil, em contrapartida de direitos humanos no direito internacional e direitos fundamentais no direito constitucio
nal. Mas todas são diferentes portas de entrada para a discussão de um estatuto jurídico que proteja as pessoas.
Os direitos da personalidade surgem no séc XIX mas são reconhecidas de forma mais forte no séc. XX. O antigo código civil en
trou em vigor em 1916, não trazendo um capítulo específico sobre direitos da personalidade, que só veio no código civil de
2002. Com duas grandes guerras mundiais e violações a direitos das pessoas houve uma grande reação do direito civil e nas ou
tras áreas envolvidas, logo, é natural que o direito civil se desenvolveu nesse sentido durante o séc. XX.
Quem nega essa teoria, negava com o seguinte argumento: quando se protege os direitos da personalidade, se transformam os di
reitos da pessoa em objeto jurídico, sendo muito abstrato e questionável se a personalidade pode ser um objeto da relação ju
rídica.
Essas teorias foram combatidas com a ideia de que uma vez que a pessoa nasce e recebe a personalidade e tem capacidade de di
reito, ela pode ser titular de direitos e contrair obrigações logo, então, uma vez que se reconhece a personalidade de uma
pessoa, ela é sujeito de direito e deve ter protegidos todos os seus direitos, inclusive os ligados à personalidade.
Logo, é importante que se proteja no direito essas atribuições por mais abstrato que seja. Por isso, começa a aparecer um tra
balho que diz que ser pessoa é muito mais do que ser sujeito de direito, mais do que poder contratar, ser proprietário, con
trair obrigações, são situações em que se tem uma necessidade de perceber que ser pessoa é mais do que simplesmente ser sujei
to de direito.
É preciso ir além da ideia de que uma vez que você é reconhecido como pessoa, você é sujeito de direito, pois não se trata me
ramente em questão patrimonial, mas também no campo de questões extrapatrimonais, o campo de estudo dos direitos da personali
dade.
Segundo Tepedino, os direitos da personalidade são aqueles essenciais à sua dignidade e integridade. Direitos da personalida
de são uma especificação que, por mais não completa, age no sentido de proteger a dignidade da pessoa humana.
A doutrina, muito antes do artigo 11 existir, já tratava das características do direito da personalidade que acabam ultrapas
sando o artigo 11 que elenca sobre o assunto. Existem algumas características dele, começando pela generalidade, que é a cara
cterística que diz sobre o momento da atribuição dos direitos da personalidade, que é o nascimento, sendo concedidos a todos
pelo simples fato de estar vivo. A ideia de inatos é evitada para não causar nenhum embate entre os jusnaturalistas e positi
vista, evitando a ideia da fonte dos direitos da personalidade como algo jusnaturalista.
A segunda característica dos direitos da personalidade é a extrapatrimonialidade, que significa dizer que os direitos da per
sonalidade não podem se envolver em relações pecuniárias, patrimoniais ou que envolvam uma troca de dinheiro? Não. A ideia é
dizer que eles não podem ser objeto de apreciação pecuniária por sí só, ou seja, "não tem preço". Não existe uma quantifica
ção de dinheiro que possa ser equivalente a um direito de personalidade, porém, o dano ao direito da personalidade pode ser
compensado por uma indenização e se pode ter uma contratação que relativize o direito da personalidade em algum âmbito.
O terceiro elemento é a Indisponibilidade, que significa que o titular não pode dispor do direito da personalidade conforme
a sua livre vontade, tornando irrenunciável e impenhorável. Ele se relaciona com a extrapatrimonialidade, pois há falta de
doutrina sobre a indisponibilidade, repetindo de forma robotizada que os direitos não podem ser objeto de contratação, porém,
não é o que ocorre na realidade. Quando se diz que eles são indisponíveis, significa que eles não podem ser alienados na sua
integralidade, não se pode transferir para alguém minha privacidade como um todo. Porém isso não pode ser confundido com a
contratação.
A quarta característica é os direitos de personalidade serem absolutos, são oponiveis erga-omnes (a todos), impõe-se a todos
os terceiros o dever de respeitar esse direito. Existe uma discussão se esse termo é o adequado, se essa característica não
seria uma de oponibilidade, como está na doutrina, que absoluto é o direito que eu posso opor a qualquer pessoa. Sobre isso,
não se diz que os direitos da personalidade não podem ser comparáveis a outros direitos.
A quinta característica é a Imprescritibilidade, que mede o efeito da passagem do tempo sobre os direitos, elencado no artigo
189 do CC, que diz que se violado o direito, nasce sobre o titular a pretensão e se essa pessoa não faz o que ela tem que fa
zer, se nasce essa pretensão, o poder de exigir a pretensão a essa pessoa. Segundo o professor, isso está fora da realidade,
pois deveria também prescrever a pretensão, a imprescritibilidade não estaria adequada ao direito atual.
A sexta e última característica é a intrasmissibilidade, que aparece em grande parte dos livros de direito civil, dizendo que
os direitos de personalidade não poderiam ser transmitidos com a morte do titular do direito. Porém, em alguns casos, você 
tem, na própria lei, dispositivos que garantem a tutela dos direitos pós-mortem. O artigo 12 diz que se pode tanto exigir que
cesse uma ameaça e também pedir uma indenização para sanar esse dano. Assim como acontece com a imprescritibilidade, a in
transmissibilidade é questionada pela aplicabilidade da doutrina com a própria lei.

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