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PARASITOSES GASTROINTESTINAIS DE CÃES E GATOS - Nematoda: Ancilostomídeos, Ascarídeos e Trichuris - Cestoda: Taenia e Dipylidium - Protozoa: Giardia, Cryptosporidium e Cystisospora NEMATODA ANCILOSTOMÍASE: - Parasitos nematódeos – adultos e larvas de quarto estágio hematófagos enquanto estão fixados no intestino delgado de cães e gatos, causando anemia por perda de sangue. - Ancylostoma tubaeforme – gatos - Ancylostoma caninum – cães (larva migrans cutânea – bicho geográfico) - Ancylostoma braziliense e Uncinaria stenocephala – cães e gatos Infecção: - Ingestão de larvas infectantes - Penetração da L3 pela pele (ativa – larva Migrans cutâneo) - Via transmamária (ingestão do leite da mãe) - Pode ocorrer via transplacentária Ciclo: Adultos no intestino delgado > reprodução sexuada > ovos liberados nas fezes > larva no ambiente > eclode até L3 > infecção > através de penetração da pele, ou ingerida. - Fêmea pode eliminar 20.000 ovos por dia - Período pré-patente: 15-18 dias (infecção até liberar ovos nas fezes). *Importante para saber qual o intervalo de utilização de anti-helminticos e quando fazer exame parasitológico. - Adultos e larvas de quarto estagio causam anemia por perda de sangue e enterite. Etiologia e fisiopatogenia: - Quando se desprendem, as feridas e os anticoagulantes da fixação do parasito causam a perda continua de sangue e soro no lúmen intestinal. Características clínicas: - Neonatos e cães jovens são mais susceptíveis – doença aguda - Cães adultos e gatos: anemia crônica por perda de sangue - Cães - doença hiperaguda: em consequência da infecção transmamária (mucosas brancas (anemia), fezes enegrecidas, apatia) - Cães sadios na primeira semana de vida pioram rapidamente na segunda semana, com anemia grave, fezes sanguinolentas, enegrecidas, líquidas, com morte súbita antes que os ovos apareçam nas fezes. - Cães – doença aguda: em cães mais velhos (e alguns adultos) expostos a grande quantidade de larvas infectantes. Sinais de anemia, fraqueza, fezes enegrecidas - Doença crônica (compensada): geralmente assintomática, porém com anemia e ovos nas fezes - Doença secundária: cães mais velhos com outras condições causam anemia profunda - Outros sinais: em filhotes pode causar tosse seca (migração larval). - Gatos: geralmente assintomáticos – só raramente desenvolvem sinais de anemia e apresentam diarreia e fezes enegrecidas. Diagnóstico diferencial: - Hemólise – causada por toxinas (zinco), anemia hemolítica imunomediada, parasitos (Babesia, Mycoplasma). - Perda aguda ou crônica de sangue no lúmen intestinal: neoplasias, parasitas, úlceras a partir da pele (carrapatos, pulgas). Diagnóstico: - Doença aguda – anemia regenerativa. - Crônica – anemia por deficiência de ferro (microcitica, hopicromica não-renegenrativa). - Eosinófilia - Coproparasitológico: exame direto – flotação fecal dos ovos nas fezes (não diferencia espécie). - Hemograma: doença aguda: anemia regenerativa (macrocítica); doença crônica: anemia por deficiência de ferro (microcítica, hipocrômica, não-regenerativa). Terapêutica: - Cães em ambientes intensamente contaminados: tratar até o desmame a intervalos de 2 semanas. - Doença aguda: geralmente é muito tarde – uso de anti-helmínticos e transfusão de sangue. - Casos de ancilostomíase aguda e crônica primária: respondem rapidamente ao tratamento só com anti-helmínticos. - Animais com doença secundarias: suplementação de ferro, vitaminas, transfusão de sangue, dietas ricas em proteínas e tratamento com anti-helmínticos. - Ancilóstomos restabelecem sua população no intestino a partir de larvas retiradas dos tecidos - podem continuar por meses ou anos. -Tratar gestantes e lactantes. Medicamentos: - Anti-helmínticos adulticida e larvicida: fembendazol, milbemicina oxima. - Anti-helmínticos adulticida: praziquantel/pirantel/febantel; praziquantel/pirantel; ivermectina Comentários: - Potencial zoonótico: larva migrans cutânea - Controle de ambiente contaminados com hipoclorito de sódio a 1% ou amônia quaternária a 5%. ASCARÍASE - Parasitos nematódeos grandes. Adultos vivem no intestino delgados de cães e gatos - Não são hematófagos vorazes – alimentam-se mais do conteúdo digerido - Infecção pode levar à distensão do intestino delgado e interferência na motilidade gástrica e na digestão, principalmente de animais jovens “Barriga de vermes” Agente etiológico: - Toxocara canis – cães - Toxocara cati – gatos - Toxocara leonina – cães e gatos (selvagens) Ciclo: monóxeno. Infecção pela ingestão de ovos (resistentes no solo). Infecção: ingestão de ovos larvados, transmamária, transplacentária (T. canis), larvas na musculatura de roedores (hospedeiros paratênico) - Migração visceral (sinais clínicos respiratórios – migra para alvéolos) - Período pré-patente: 21-35 dias para T. canis e 74 dias (T. leonina) - Fêmea deposita de 25 a 85mil ovos por dia Características clínicas: - Cargas menores: Incapacidade de crescimento (deficiência de proteína devido a espoliação) Pelagem áspera Aspecto barrigudo Diarreia intermitente Anemia (deficiência nutricional) Alças intestinais contendo adultos facilmente palpáveis - Localização ectópica: ocupa espaços que normalmente não ocuparia, pois não há mais espaço no intestino delgado (vesícula biliar, por exemplo) - T. leonina: menos patogênico, pois não ciclo visceral. Causa diarreia branca e vômitos periódicos. - Sinais neurológicos devido à migração - Cães e gatos de todas as idades podem ser acometidos, embora a doença clínica seja mais grave nos jovens - Cães: T. canis causa pneumonia parasitária pela migração traqueal (48-72h de vida). - Emaciação, perturbações digestivas, distensão abdominal, diarreia mucoide e vômito contendo o verme. - Morte em 2-3 semanas de vida em altas cargas parasitárias (alguns veterinários fazem tratamento com subdoses para ir matando os parasitas “aos poucos”, pois ao morrer, o Toxocara libera toxinas que podem matar o animal) - Gatos: T. cani é semelhante aos cães, mas menos graves. Distensão abdominal, diarreia intermitente, incapacidade de crescimento, vômitos, tosse, alças intestinais com adultos palpáveis. Diagnóstico diferencial: - Causa o aumento do volume abdominal: ascite, hepatomegalia, esplenomegalia, renomegalia. - Causa de diarreia: perversão alimentar, alergia, medicamentos, - Parasitos (Giardia sp., Criptosporidium, Ancilóstomos ou Strongyloides). - Agentes infecciosos: cães – samonella, coronavírus, cinomose Gatos – salmonela, vírus da panleucopenia felina, FELV, calicivírus felino. - Disfunção sistêmica de órgãos: renal, hepática, pancreática, cardíaca Diagnóstico: - Flotação fecal (ou esfregaço fecal – menos sensível): ovos característicos de cada parasito - Hemograma: T. canis – eosinofilia marcante, leucocitose branda, anemia, na migração larvária ocorre aumento de enzimas hepáticas T. cati – eosinofilia com leucocitose branda Terapêutica: - Cães gravemente debilitados: líquido endovenoso, suporte nutricional e antiparasitários Pneumonia: tratar resposta inflamatória com anti-inflamatórios Medicamentos de escolha: anti-helmínticos adulticida e larvicida: fembendazol, milbemicina oxima. Anti-helmínticos adulticida: praziquantel/pirantel/febantel; praziquantel/pirantel; ivermectina Controle e prevenção: - Ovos são extremamente resistentes no ambiente - Áreas de canil devem ser limpas com lavadores de alta pressão e desinfecção com hipoclorito de sódio 1% - Impedir que animais comam hospedeiros paratênicos - Potencial zoonótico. TRICURÍASE - Não tem potencial zoonótico - Adultos vivem no ceco e podem causar diarreia de intestino grosso - Assintomatico em gatos. - Infecções mistas: locais diferentes, não competem tanto entre si - Etiologia e fisiopatologia: Trichuris vulpis – cão - Assintomático em gatos - Vermes adultos fixam-se na mucosa do ceco a ponto de resultar em diarreia mucoidesanguinolenta e anormalidade de eletrólitos Infecção: ingestão dos ovos L1 Ciclo: exclusivamente intestinal. Larvas eclodem no intestino delgado e migram para intestino grosso, onde tornam-se adultos (não fazem migração larvar) Período pré-patente: 11-12 semanas - Fêmea libera 2.000 ovos por dia - Parasito do intestino grosso > ovos nas fezes > eclodem no ambiente > ingerem > intestino delgado > eclodem > intestino grosso > adultos Características clínicas: - Cães em recintos externos, alojados sobre pisos sujos, sob exposição constante de alta produção de material fecal e raramente higienizados são mais predispostos - Assintomáticos: diarreia – hematoquesia e maior frequência, vômitos secundários, fraqueza, anormalidade de eletrólitos. Diagnóstico diferencial: colite eosinofílica imunomediata, outros parasitos, fungos (histoplasmose), bactérias, neoplasias Diagnóstico: floculação fecal, endoscopia ou colonoscopia (ovo bioperculado) Terapêutica: cães com diarreia grave e desidratação devem receber suporte endovenoso de líquidos isotônicos Medicamentos: fembendazol, praziquantel/pamoato de pirantel/febantel, milbemicina CESTODA CESTODÍASES - Parasitos helmintos da classe Cestoda (chatos) - Infectam o intestino delgado de cães e gatos, mas causam poucos sinais clínicos - Taenia pisiformes – cães - Taenia taeniformes – gatos - Dipylidium caninum – cães e gatosZoonoses - Echinococcus granulosus – cães hidatiose humana (Cisto hidático) Infecção: predação de coelhos, roedores. - D. caninum: ingestão das pulgas. - E. granulosus: vísceras de ovinos e bovinos Precisa-se de vetores intermediários, tanto vertebrado como invertebrado. Etiologia e fisiopatogenia: - Parasitas se fixam á mucosa do intestino delgado, não causando nenhuma condição patológica ou sinal clínico, exceto prurido perianal brando - A visão dos segmentos pelo ânus ou ao redor dos pelos ou nas fezes, geralmente é repugnante pelos proprietários. Ciclo Dipylidium caninum: ingere pulga infectada > larva no intestino delgado > libera proglotes. Cada pulga adulta tem 1 larva de verme. Hospedeiro é hospedeiro definitivo. Período pré-patente: 7-14 dias. Período de se infectar e eliminar as proglotes nas fezes é de 14 á 21 dias. Ciclo Echinococcus: 1 larva pode ter centenas de parasito. Ingestão de bolhas d’água > libera ovos > larvas. Nos humanos, ingerem ovos e desenvolve a larva – hospedeiro intermediário. Período pré-patente: 47 dias. Características clínicas: cadeias ou segmentos nas fezes ou preso aos pelos, prurido perianal que se manifesta pelo arrastar do ânus no chão. Diagnóstico diferencial: - Prurido anal: hipersensibilidade a alimentos, dermatite alérgica, piodermite da prega da cauda. Diagnóstico: macroscópico (lacera as fezes e as leva aos microscópio); D. caninum: fita adesiva para ver cápsulas ovígeras; encontro das proglotes nas fezes Terapêutica: fembendazol, praziquantel, praziquantel/pirantel/febantel Controle: controle de roedores; muita atenção ao controle de pulgas – uso mensal de: Selamectina (Revolution) Lufenuron (Program) Imidacloprida (Advantage) Fipronil (Frontline) Controle de roedores D. caninum: zoonose E. granulosus: hidatidose humana PROTOZOA GIARDÍASE - Infecção por protozoário que pode causar diarreia do intestino delgado em cães e gatos e que geralmente é assintomática (problemas absortivos) - Fica na luz do intestino delgado sob as vilosidades. Fixa-se através do disco ventral - Extracelular - Zoonose! Etiologia e fisiopatogenia: Giardia duodenalis – diferentes genótipos Infecção: ingestão de cistos geralmente vinculados à água e alimentos contaminados ou autoinfecção - Trofozoíto flagelado fixa-se a enterócitos do intestino delgado - Compromete absorção e promove inflamação > problemas absortivos - Diarreia estetorreica (gordurosa) Ciclo: trofozoíto no intestino delgado > secreta membrana ascética > liberado nas fezes - Cada cisto ingerido gera 2 trofozoítos > divisão binária dentro do intestino delgado - Milhões de cistos por grama de fezes - Os trofozoítos se dividem por fissão binária: os núcleos se dividem primeiro, seguido pelo aparelho locomotor, disco adesivo em citoplasma. Etiologia e fisiopatogênia: - Diminuição da superfície de absorção: achatamento das vilosidades intestinais. - Causam síndrome de má absorção: açucares, vitamina B12 e triglicerídeos. Características clínicas: - Acomete principalmente cães e gatos mais jovens - Geralmente eliminam cistos sem sinais clínicos - Diarreias, frequentemente de intestino delgado: fezes fétidas, moles, espumosas, pálidas e esteatorreicas (aspecto gorduroso). - Podem apresentar diarreia intermitente ou crônica com vômitos ocasionais - Pode ter vômito - Causa inflamação pelas proteínas de superfície Diagnóstico diferencial: qualquer doença que cause diarreia aguda de intestino delgado – infecciosas, parasitárias, tóxicas, disfunção orgânica, neoplasias, apetite pervertido Diagnóstico laboratorial: exame direto (não é muito sensível); flotação em sulfato de zinco (cistos são eliminados de forma intermitente – 3 testes subsequentes); pesquisa de coproantígeno (ELISA ou RIFI – mais sensíveis) Terapêutica: Suporte em diarreia grave, fluidoterapia, antiemético, complexo vitamínico Medicamentos: metronidazol (principal), fembendazol, albendazol (menos utilizados para cães, mais para humanos). Vacinação: Giardia Vax – feita com trofozoítos inativos quimicamente. Cães e gatos com 7 semanas de vida: com reforço em 3 semanas e reforços anuais. Não impede que o animal se infecte. Controle e prevenção: qualidade da água > dar água filtrada! COCCIDEOS CRIPTOSPORIDIOSE: - Protozoário coccídeo que causa diarreia em cães e gatos - Infecta humanos e outros mamíferos, inclusive bezerros, potros e roedores - Protozoário emergente de veiculação hídrica, piscinas públicas - Zoonose! Etiologia e fisiopatogenia: - Criptosporidium parvum – principal espécie em pequenos animais - Mais resistente que Giárdia Infecção: ingestão de oocistos esporulados e esporococistos infectam células do epitélio intestinal - Animais imunodeprimidos: sinais de enterite, mas podem apresentar infecção do trato respiratório, fígado e pâncreas - Entre a membrana da célula e citoplasma. - Animais imunocompetentes: desenvolvem infecção intestinal geralmente assintomática, excretam oocistos nas fezes por cerca de 2 semanas. - Produz 2 tipos de oocistos (de casca espessa e delgada) - Os oocistos já saem infectantes das células - Reprodução sexuada e assexuada - Não é intracelular Características clínicas: - Acomete mais animais mais jovens (abaixo dos 6 meses de idade) - Animais mais velhos podem eliminar oocistos sem sinais clínicos - Gatos: imunocomprometidos ou menores que 6 meses de idade - Diarreia do intestino delgado, embora seja reportada diarreias de intestino grosso. Diagnóstico diferencial: todas as causas de diarreia de intestino delgado. Observar problemas de imunossupressão como: FIV, FeLV, PIF, cinomose, uso crônico de corticoides, neoplasias. Diagnóstico: (sendo o oocisto muito pequeno é de difícil observação) detecção de oocistos nas fezes, flotação em sulfato de zinco; - Imunodiagnóstico: coproantígeno (ELISA ou IFA) (são os mais sensíveis); coloração álcool ácido resistente (Ziehl-Nielsen) – melhor escolha (oocistos álcool ácido resistente) - Biologia molecular: PCR Terapêutica: - Imunocompetentes: diarreia autolimitante, reposição de fluídos em caso de diarreia. - Antibióticos: Tilosina para gatos e Nitazoxanida para humanos, em gatos interrompe a eliminação de oocistos (nova molécula com amplo espectro). Desinfecção: resistente a água sanitária. Solução de formaldeído a 10% ou solução de amônia quaternária a 5% (exposição por 18 horas). CASO CLINICO DE FELINO 60 dias de idade. Queira principal: diarreia, prostração, hiporexia. Sinais clínicos: desidratação,dor abdominal a palpação. Possíveis etiologias? Diagnostico etiológico? Suspeitas: Giardia sp., isospora sp, toxoplasma gondii, toxocara cati, ancylostoma sp, trichris sp, cryptosporidium sp, taenia sp, dipylidium sp.
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