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Resenha "Raça e História" LÉVI-STRAUSS, C

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Universidade Federal Fluminense
Disciplina: Antropologia I
Professora: Joana
Aluna: Dafne Fonseca Vinhaes
 
Resenha do texto “Raça e história” – Claude Lévi-Strauss
 O texto “Raça e História” foi publicado em 1952 pela Unesco, num contexto pós-II Guerra, junto a outros textos que visavam acabar com o racismo e a intensa xenobofia em voga na época. A partir desse estudo, o antropólogo e filósofo francês Claude Lévi-Strauss deixou de ser conhecido apenas no meio acadêmico para alcançar o grande público, se tornando um dos maiores pensadores do século XX.
 O autor questiona o conceito de raças humanas, que se baseia em características físicas – mas também, intrinsecamente, em preconceitos sociais – para classificar os indivíduos em grupos, e, consequentemente, poder classificá-los em uma escala evolutiva quanto as suas habilidades. O autor comprova que todos os seres humanos são constituídos da mesma forma, ou seja, não há motivos plausíveis para considerar uma “raça” inferior à outra apenas pelo seu fenótipo. No entanto, as ideias do darwinismo social (teorias que aplicavam os estudos evolucionistas de Darwin no âmbito social) foram amplamente usadas para justificar a dominação e extermínio de povos pelo ocidente, em especial os judeus na Alemanha nazista.
 Em oposição a esse olhar europeu etnocêntrico sobre as diferentes sociedades, o texto propõe uma identificação desses grupos por suas etnias. Etnia consiste em agrupar pessoas com uma tradição cultural, religiosa e linguística similares. Se distancia então do conceito de raça por considerar os aspectos sociais além dos biológicos, ou seja, os conceitos de raça e de cultura não podem ser vistos como equivalentes. Ainda assim, segundo o texto, é preciso analisar profundamente as diferenças culturais e porque elas existem, para que não sejam usadas como um novo argumento que sustente o preconceito “racial” (agora étnico).
 A diversidade cultural está presente desde o início da vida humana na Terra. Diversos povos construíram conhecimento e tecnologias. Apesar disso, apenas a sociedade branca ocidental é vista como a mais avançada e evoluída. Lévi-Strauss novamente afirma que não é legítimo classificar as culturas numa ordem evolutiva linear, uma vez que as culturas coexistem no mesmo espaço e época, e há infinitas variáveis que expliquem suas disparidades, que podem aproximar ou afastar povos vizinhos. A linguagem é um bom exemplo disso: poucas línguas foram matrizes de diversas outras (como o latim originou o português, o francês e o espanhol, por exemplo), se adaptando e remodelando conforme as necessidades de seus falantes.
 É importante salientar que, de acordo com o texto, nenhuma cultura vive isoladamente. A troca de experiências e conhecimentos entre culturas foi fundamental para a criação tecnológica e científica. Não há cultura estática, pois todas se reinventam constantemente ao entrar em contato com outras distintas. O progresso, por consequência, só se origina dessa troca, que nem sempre é pacata, pode ocorrer também quando há uma imposição cultural. Lévi-Strauss destaca dois momentos que, para ele, marcam os principais progressos da humanidade: o momento em que surge a agricultura, e os grupos deixam de ser nômades em sua maioria para serem sedentários, e partir desse momento se desenvolvem as sociedades e a propriedade privada; e a Revolução Industrial, que causou uma profunda transformação no modo de produção e na organização do espaço e das sociedades.
 Dessa interação intercultural se origina também o estranhamento do outro, base do etnocentrismo. O etnocentrismo é a visão de um povo que considera sua cultura superior às outras. Apesar de ser do senso comum considerar apenas o ocidente uma sociedade etnocêntrica, o autor afirma que é inerente a todo povo o estranhamento e repúdio dos costumes sociais do outro. Se o ocidente qualifica outros povos como selvagens, é importante lembrar que na Antiguidade todos aqueles que não pertenciam à cultura greco-romana eram – e ainda são - chamados de povos bárbaros (não civilizados). Sendo assim, é importante haver um relativismo ao se tratar de culturas diferentes da sua, evitando olhá-las sob a perspectiva etnocêntrica, para não haver discriminação e, em casos extremos, ataques violentos a outras sociedades.
 “Raça e história” aborda também a questão da igualdade dos direitos humanos. Como podemos igualar todos os homens perante a lei e ao mesmo tempo respeitar suas crenças e tradições culturais? Até que ponto um determinado ato deixa de ser cultural e passa a ser considerado crime contra a humanidade? O autor considera contraditória a declaração dos direitos humanos no que se refere às culturas, já que esta por vezes se baseia na cultura ocidental para julgar e condenar atos que pertencem a outras, sem antes avaliá-las sob um aspecto relativista. O antropólogo teme que as diferenças culturais sejam eliminadas, havendo uma homogeneização social, que impediria o progresso, pois, como já citado anteriormente, a diversidade cultural e troca de saberes é o que gera novos conhecimentos. 
 Por fim, no texto afirma-se que a diversidade sempre deverá estar presente, e ela não deve ser vista como negativa, pelo contrário: é necessária para a evolução, tanto tecnógica e cientificamente como nas questões sociais. As culturas se desenvolvem de maneiras diferentes, e essa diferença é a chave para o progresso.

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