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Resumo AV2

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PESSOA NATURAL é o nome que o direito civil atribui ao ser da espécie humana, considerado 
enquanto sujeito de direito e obrigações
1
. Para ser pessoa natural, basta existir, enquanto ser da espécie 
humana. 
PERSONALIDADE JURÍDICA = Aptidão reconhecida pela ordem jurídica a alguém, para 
exercer direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil, indispensáveis para a 
configuração da pessoa. 
Pessoa Juridica 
E a entidade ou instituição que por força das normas jurídicas, tem personalidade e capacidade 
jurídica para adquirir direitos e contrair obrigações. Ela nasce do instrumento formal e escrito 
que a constitui, ou diretamente a lei que a institui. 
Direito Publico Interno 
Direito constitucional visa regulamentar a estrutura básica do Estado, disciplinando a sua 
organização ao tratar da divisão de poderes, das funções e limites de seus órgãos e das relações 
entre governantes e governados, ao limitar suas ações. 
Direito Publico Externo 
E o direito Internacional Publico, e composta pelas normas e pelos costumes jurídicos 
internacionais, que também são chamadas de convenções, pactos, convênios ou acordos. São 
recepcionados pela legislação interna de cada um dos Estados e se tornam normas jurídicas. 
Inicio da Personalidade Jurídica 
A personalidade das pessoas jurídicas começa com a sua constituição, geralmente feita mediante 
registro junto às autoridades competentes. 
 
a) Pessoa Natural = o ser humano, também chamado de pessoa física. 
b) Pessoa Jurídica = agrupamento de pessoas naturais, visando alcançar fins de interesse 
comum (pessoa moral, pessoa coletiva). 
 
 
Elementos estruturais (pressupostos existenciais da pessoa jurídica) 
Contudo, entendemos que os principais pressupostos gerais são: a vontade humana criadora; a 
coletividade de pessoas ou de bens; e a finalidade lícita. 
1º Requisito: vontade humana criadora 
2º Requisito: coletividade de pessoas ou bens 
3º Requisito: finalidade lícita (liceidade) 
 
Das diversas classificações Das Pessoas jurídicas 
 
Fundações são pessoas jurídicas formadas pela coletividade de bens. 
 
 
FUNDAÇÕES 
As fundações são pessoas jurídicas de direito privado formadas por um patrimônio, uma 
coletividade de bens (universitas bonorum) para desenvolver uma atividade lícita que não seja 
econômica, isto é, que não tenha intuito lucrativo. Diferenciam-se das associações por serem 
formadas pela coletividade de bens, e não de pessoas, mas, assim como as associações, não 
possuem finalidade lucrativa. Outra característica marcante das fundações é a fiscalização 
realizada pelos Ministérios Públicos Estaduais, 
 
 
BENS 
Bens são todos os objetos materiais e imateriais existentes na natureza, que proporcionam 
uma utilidade às pessoas. 
Bens e coisas: distinção 
coisas são os objetos materiais suscetíveis de valoração econômica. Já os bens têm acepção mais 
ampla, abrangendo os objetos dotados ou não de conteúdo patrimonial. Para essa corrente, bem 
seria o gênero; e coisa, a espécie. 
Patrimônio 
É o complexo de relações jurídico-materiais (valoráveis economicamente) de uma pessoa física 
ou jurídica, abrangendo os direitos reais e obrigacionais (pessoais). A noção de patrimônio tem 
íntima relação com a de personalidade jurídica, pois representa o conjunto de bens 
(universalidade de direito) sobre o qual incide as relações jurídicas econômicas. 
A classificação do patrimônio pode se dar: 
Patrimônio global: é o patrimônio que abrange todas as relações jurídicas de conteúdo 
econômico de uma pessoa. Engloba créditos e débitos. 
Patrimônio ativo: restringe-se às relações jurídicas em que a pessoa é credora (sujeito ativo). 
Aplica-se somente aos casos em que a pessoa tenha um crédito a receber. Pode ser subdividido 
em bruto (soma de todos os créditos de uma pessoa) e líquido (composto pelo resultado de todos 
os créditos, subtraídos os débitos e as obrigações de 
uma pessoa). 
classificações dos bens 
a) bens considerados em si mesmos (imóveis e móveis; fungíveis e infungíveis; consumíveis e 
inconsumíveis; 
divisíveis e indivisíveis; materiais e imateriais; singulares e coletivos); 
b)bens reciprocamente considerados (principais e acessórios); e 
c) considerados em relação ao titular (particulares e públicos). 
DOS BENS DE ACORDO COM A MOBILIDADE 
5.4.1. Bens imóveis 
Bens imóveis ou bens de raiz são aqueles que não podem ser transportados, sem destruição, de 
um lugar para outro. A remoção causaria alteração de sua substância ou de sua forma 
a) Por natureza (ou por essência): trata-se do solo e tudo quanto lhe for incorporado de forma 
natural (p. ex.: árvores, frutos, pedras etc.). Compreende também o espaço aéreo e o subsolo, 
mas os arts. 1.229 e 1.230 do Código Civil apresentam limitações ao direito de propriedade 
sobre estes. 
b) Por acessão física artificial: são todos os bens que as pessoas incorporam ao solo de forma 
artificial e permanente – não podem ser retirados, em regra, sem destruição, modificação, fratura 
ou dano. 
c) Por acessão intelectual (ou por destinação): são todos os bens móveis que o proprietário 
mantém empregados de forma duradoura e intencional na exploração industrial, aformoseamento 
(embelezamento) ou comodidade do bem imóvel. 
d) Por determinação legal: são os bens considerados imóveis por força da lei para receber 
maior proteção jurídica, consistente, em regra, na exigência de escritura pública para a 
disposição de direitos. É o caso da herança (direito à sucessão aberta – Código Civil, art. 80, I), 
considerada bem imóvel ainda que composta só de bens móveis. 
 
5.4.2. Bens móveis 
São aqueles que podem ser movidos de um local para outro sem que seja alterada a substância ou 
a destinação econômico-social. 
a) Por natureza: compreendem tanto os semoventes (aqueles que se movem por força própria – 
exemplo: os animais) como as coisas inanimadas que possam ser transportadas de um lugar a 
outro, sem que se destruam, isto é, sem que ocorra alteração de sua substância ou de sua 
destinação social. 
b) Por antecipação: são aqueles mobilizados (transformados em bens móveis) pelos seres 
humanos em atenção a sua finalidade econômica (p. ex.: fruta colhida, madeira cortada, pedra 
extraída, casa vendida para ser demolida etc.). 
c) Por determinação legal: são: a) as energias que têm valor econômico: elétrica, térmica, solar, 
nuclear, eólica, radioativa, radiante, sonora, da água represada etc.; b) os direitos reais sobre 
bens móveis (direito de propriedade, usufruto, penhor e propriedade fi duciária) e as ações 
correspondentes; 
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS DE ACORDO COM A FUNGIBILIDADE 
Bens fungíveis 
São os móveis passíveis de substituição por outros da mesma espécie (gênero), qualidade e 
quantidade. 5.5.2. Bens infungíveis 
São os bens que não podem ser substituídos por outros em razão de determinadas qualidades 
individuais e específi cas. A infungibilidade é uma característica própria dos bens imóveis, mas 
também se encontra presente em alguns bens móveis, como os veículos automotores 
vidualizados por seu chassi, placa etc.), obras de arte. A infungibilidade pode resultar da 
natureza do bem ou da vontade das partes. 
DOS BENS DE ACORDO COM A CONSUNTIBILIDADE 
Bens consumíveis 
Bens consumíveis são os destinados à satisfação de necessidades e interesses das pessoas. Os 
bens consumíveis podem ser de duas espécies: 
a) Consumíveis de fato: são os bens cujo uso importa na destruição imediata da própria 
substância ou na sua extinção – a consuntibilidade é natural – p. ex.: frutas, verduras etc.; 
b) Consumíveis de direito: são os bens destinados à alienação – a consuntibilidade 
(característica dos bens consumíveis) é jurídica –ex.: livros e automóveis à venda em uma loja 
(Código Civil, art. 86). 
5.6.2. Bens inconsumíveis 
São os que podem ser usados de forma contínua e reiterada, sem que isso importe na sua 
destruição imediata. Os bens inconsumíveis caracterizam-se pela possiblidade de retirada de suas 
utilidades, sem que seja atingida sua integridade. 
DOS BENS DE ACORDO COM A DIVISIBILIDADE 
5.7.1. Bens divisíveis 
Os bens divisíveis são os que podem ser fracionados em partes homogêneas e distintas, sem 
alteração na sua substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo para o uso a que se 
destinam (Código Civil, art. 87). 
5.7.2. Bens indivisíveis 
São naturalmente indivisíveis os bens que não podem ser fracionados, sob pena de perderem sua 
utilidade, valor ou qualidades essenciais. 
a) Por sua natureza: são os bens que não podem ser divididos sob pena de alterarem sua 
substância, perderem sua utilidade ou reduzirem consideravelmente o seu valor. Exemplos: touro 
reprodutor, automóvel, obra de arte. 
b) Por determinação legal: são os bens considerados indivisíveis por força de dispositivo legal 
expresso. A lei rotula o bem como indivisível. Exemplos: o direito à sucessão aberta/herança, 
que é considerado indivisível 
até o momento da partilha (Código Civil, art. 1.791, parágrafo único); 
c) Por vontade das partes: são os bens divisíveis transformados em indivisíveis por força da 
vontade manifestada em contrato (exercício da autonomia privada), deixando seu aspecto de 
divisibilidade para trás. 
Temos duas hipóteses legais previstas no Código Civil que bem retratam a indivisibilidade por 
vontade das partes: quando duas ou mais pessoas forem proprietárias de um mesmo bem (ou 
seja, o tiverem em condomínio), 
poderão contratar a indivisibilidade por prazo não superior a cinco anos, suscetível de 
prorrogação ulterior 
DOS BENS DE ACORDO COM A MATERIALIDADE 
5.8.1. Bens materiais (res corporalis) 
Também denominados bens corpóreos ou tangíveis, são aqueles que têm existência material, 
podendo ser percebidos por nossos sentidos. Exemplos: armários, lâmpadas, telefones celulares, 
livros etc. 
5.8.2. Bens imateriais (res incorporalis) 
Também denominados bens incorpóreos ou intangíveis, são todos os bens que possuem 
existência abstrata, não podendo ser sentidos/tocados fisicamente pelos seres humanos. 
DOS BENS DE ACORDO COM A INDIVIDUALIDADE 
5.9.1. Bens singulares 
Bens singulares ou individuais são aqueles que, embora reunidos, se consideram de per si, 
independentemente dos demais (Código Civil, art. 89). Em regra os bens são singulares. 
Somente serão considerados coletivos 
quando houver determinação legal ou determinação das partes. 
a) Bens singulares simples: são os bens cujas partes formam um todo homogêneo e estão 
agrupadas em razão da sua própria natureza (a coesão é natural). Podem ser materiais (p. ex.: 
árvore) ou imateriais (p.ex.: crédito). 
b) Bens singulares compostos: são aqueles bens que, reunidos, formam um só todo, mas sem 
desaparecer a condição jurídica de cada parte (a coesão é artificial – p. ex.: navios, materiais 
utilizados na construção de uma casa etc.). 
5.9.2. Bens coletivos 
Bens coletivos ou universais são aqueles formados por vários bens singulares que, reunidos, 
passam a formar uma coisa só (individualidade incomum), mas sem que desapareça a condição 
jurídica de cada parte (autonomia funcional). Dessa forma, o titular dos bens pode contratar 
sobre a coletividade dos bens (p. ex.: vender uma biblioteca) ou sobre um dos bens de forma 
individualizada (p. ex.: alienar apenas um livro de uma biblioteca). A 
coletividade aqui mencionada pode ser de duas espécies: 
a) Universalidade de fato (universitas rerum): é a pluralidade de bens singulares que, 
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária (Código Civil, art. 90). A universalidade 
de fato é formada pela coletividade de bens singulares, corpóreos e homogêneos, pertencentes a 
uma mesma pessoa. Exemplos: rebanho, biblioteca,. 
b) Universalidade de direito (universitas iuri): complexo de relações jurídicas de uma mesma 
pessoa, dotadas de valor econômico (Código Civil, art. 91). É formada pela coletividade de bens 
singulares incorpóreos (direitos) e, eventualmente, entre estes e bens corpóreos heterogêneos 
Exemplo: herança, patrimônio, massa falida. 
DOS BENS DE ACORDO COM A DEPENDÊNCIA OU RECIPROCIDADE 
5.10.1. Bem principal 
Considera-se bem principal todo aquele que tem sua existência independente de qualquer outro. 
O bem principal existe sobre si mesmo, abstrata ou concretamente (Código Civil, art. 92), 
enquanto o acessório depende de outro para sua existência. Quanto aos imóveis, o solo é o bem 
principal e tudo que se incorpora nele de forma permanente é acessório. Quanto aos móveis, bem 
principal é aquele para o qual os outros bens se destinam (para enfeitar, permitir o uso ou servir 
como complemento). Exemplos: a caneta é o principal, a tampa é o acessório; o computador é o 
principal, o teclado é o acessório; o automóvel é o principal, o pneu é o acessório; o capital é 
o principal, os juros são acessórios etc. 
5,10.2. Bem acessório 
Bem acessório é aquele cuja existência pressupõe a do principal, isto é, sua existência é 
subordinada à existência de outro bem considerado principal. 
 
Naturais: aqueles que aderem naturalmente ao bem principal (p. ex.: árvores e frutos – ainda 
que venha a existir atividade humana voltada a melhoria ou aumento de produção). 
Civis: aqueles que aderem ao bem por determinação legal (abstração jurídica), não dependendo 
de vinculação material (p. ex.: aluguel, juros, dividendos, ônus reais em relação à coisa gravada 
etc.). 
Industriais: aqueles que aderem ao bem principal por força do engenho humano (p. ex.: prédio 
erigido sobre um lote, um vestido costurado com uso de um tecido, um desenho sobre a folha de 
papel, uma escultura desenvolvida a partir da argila etc.). 
 
FRUTO 
Fruto é toda utilidade que um bem produz de forma periódica e cuja percepção mantém intacta a 
substância do bem que a produziu. Embora sejam bens acessórios, podem ser objeto de relação 
jurídica independentemente 
do bem principal. Em relação à sua natureza, os frutos podem ser classificados em: naturais ou 
verdadeiros (p. ex.: frutas), civis (p. ex.: aluguel) e industriais (p. ex.: canetas fabricadas). Os 
frutos também podem ser classificados de acordo com a vinculação com o bem principal e o seu 
estado em: 
Percebidos ou colhidos: aqueles que já foram colhidos, isto é, já foram destacados do bem 
principal. Se o fruto for natural ou industrial, reputa-se colhido e percebido logo que é separado 
do bem principal. Se o fruto for civil, reputa-se percebido dia por dia (Código Civil, art. 1.215). 
Pendentes: aqueles que ainda estão unidos naturalmente ao bem principal (p. ex.: uma fruta que 
está ligada à árvore que a produziu). 
Percipiendos: aqueles que deveriam ter sido colhidos, mas não o foram. 
Estantes: são os frutos que já foram colhidos e encontram-se armazenados ou acondicionados 
para venda. 
Consumidos: são os frutos que não mais existem em razão de seu destino normal (consumo), ou 
que pereceram. 
Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os 
civis reputam-se percebidos dia por dia. 
O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, 
por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito 
às despesas da produção e custeio. 
 PRODUTOS 
Enquanto os frutos são bens que se reproduzem periodicamente, os produtos são bens que se 
retiram da coisa desfalcando a sua substância e diminuindo a sua quantidade.As frutas colhidas 
de um pomar são frutos, pois nascem e renascem de forma periódica. Os cereais colhidos de uma 
plantação de arroz, assim como os minerais extraídos de uma jazida e o petróleo extraído de um 
poço, são produtos, por não se renovarem. 
Benfeitorias 
Benfeitoria é toda espécie de despesa ou obra (melhoramento) realizada em um bem, com o 
objetivo de evitar sua deterioração (benfeitoria necessária), aumentar seu uso (benfeitoria útil), 
ou dar mais comodidade (benfeitoria voluptuária). 
 
Pertenças 
Pertenças são os bens que, não constituindo partes integrantes, destinam-se, de modo duradouro, 
ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro (p. ex.: trator em uma fazenda, cama, mesa ou 
armários de uma casa, o ar-condicionado de uma loja etc.). Em regra, são bens móveis que 
servem a um imóvel, mas, excepcionalmente, um bem imóvel também pode ser pertença. São 
consideradas coisas anexadas (res annexa) ao bem principal, embora não o integrem. 
DOS BENS DE ACORDO COM A TITULARIDADE 
5.11.1. Bens particulares 
Assim, são bens particulares todos aqueles que não forem públicos, isto é, que não pertencerem 
às pessoas jurídicas de direito público interno. 
5.11.2. Bens públicos 
Bens públicos de uso comum do povo: aqueles bens que, embora pertencentes a uma pessoa 
jurídica de direito público, podem ser utilizados por qualquer pessoa do povo. O domínio é da 
entidade de direito público e o uso é do povo (p. ex.: mares, rios, estradas, ruas, praças etc.). 
Bens públicos de uso especial são os bens que as pessoas jurídicas de direito público interno 
destinam aos seus serviços ou outros fins determinados. Como exemplos, podem ser citados os 
imóveis onde estão instalados prefeituras, escolas, creches, hospitais, quartéis, museus e teatros 
públicos e os móveis utilizados na realização dos serviços públicos (radar, caneta, computador 
etc.). 
Bens públicos dominicais: também conhecidos como patrimoniais, são aqueles que compõem o 
patrimônio das pessoas jurídicas de direito público interno, como objeto de direito pessoal ou 
real, de cada uma dessas entidades (Código Civil, art. 99, III). Não dispondo a lei em contrário, 
consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se 
tenha dado estrutura de direito privado. Admite-se, assim, que a lei instituidora dessas pessoas 
jurídicas qualifique seus bens como públicos ou particulares. Os bens dominicais 
consideram-se desafetados, enquanto os de uso comum e os de uso especial são bens afetados. 
 
5.11.2.1. Características dos bens públicos 
a) Inalienabilidade: é uma característica dos bens afetados, logo os bens públicos de uso 
comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação 
(Código Civil, art. 100). 
Por outro lado, os bens públicos desafetados, também denominados como bens dominicais, 
podem ser alienados (art. 101), observadas as exigências da lei: em regra, deve haver prévia 
avaliação e a alienação deve ser realizada mediante licitação (Lei n. 8.666/93, arts. 17 e 19). 
Deve ser lembrado que os bens públicos afetados podem ser desafetados mediante disposição 
expressa de lei ordinária. No que diz respeito às terras indígenas, o art. 231, § 4º, da Constituição 
Federal impõe a inalienabilidade e a indisponibilidade. 
b) Imprescritibilidade: são imprescritíveis as pretensões da administração pública com relação 
aos bens públicos. Como efeito da imprescritibilidade, os bens públicos também não podem ser 
adquiridos por usucapião. Embora os bens desafetados possam ser alienados, o Código Civil de 
2002, em consonância com os arts. 183, § 3º, e 191, parágrafo único, da Constituição Federal, 
dispôs que os bens públicos (afetados ou desafetados) não estão sujeitos a usucapião (art. 102). 
c) Impenhorabilidade: a impenhorabilidade dos bens públicos decorre de sua inalienabilidade. 
Desta forma, os bens públicos não podem ser dados em garantia e não podem ser objeto de 
execução judicial (adjudicação ou arrematação). 
 
 
 
TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO 
CLASSIFICAÇÕES DO NEGÓCIO JURÍDICO 
7.2.1. Classificação quanto à manifestação de vontade 
-Unilaterais: são os negócios jurídicos formados pela declaração de vontade de apenas uma 
pessoa (p. ex.: testamento, renúncia de crédito, promessa de recompensa). Subdividem-se em: 
a) receptícios: aqueles em que a declaração de vontade deve ser levada ao conhecimento do 
destinatário para que produza efeitos (p. ex.: promessa de recompensa); 
b) não receptícios: aqueles em que o conhecimento do destinatário é irrelevante (p. ex.: 
testamento). 
-Bilaterais: aqueles em que há duas manifestações de vontade. Os contratos, por exemplo, 
exigem, ao menos, dois contratantes, duas manifestações de vontade. 
-Plurilaterais: são os negócios jurídicos em que há mais de duas pessoas com interesses 
coincidentes. Essa situação é comumente verificada em alguns contratos, como o de 
incorporação imobiliária. 
7.2.2. Classificação quanto às vantagens para as partes 
Gratuitos: são os negócios jurídicos representados por atos de liberalidade, isto é, atos que 
outorgam vantagens sem exigir uma contraprestação. Exemplos: contrato de doação pura, 
contrato de comodato, testamento etc. 
Onerosos: são aqueles negócios que envolvem sacrifícios e vantagens patrimoniais para todos 
os envolvidos. Exemplos: contrato de compra e venda, contrato de locação etc. 
Bifrontes: são os negócios jurídicos que, de acordo com a vontade das partes, podem ser 
gratuitos ou onerosos. Exemplos: contrato de depósito, contrato de mútuo, contrato de mandato 
etc. 
Neutros: são aqueles que não podem ser enquadrados na categoria de gratuitos nem de onerosos. 
Os negócios jurídicos neutros caracterizam-se pela ausência de atribuição patrimonial. 
Exemplos: instituição de bem de família (Código Civil, arts. 1.711 a 1.722), cláusula de 
inalienabilidade, incomunicabilidade ou impenhorabilidade etc. 
7.2.3. Classificação quanto ao momento da produção dos efeitos 
Inter vivos: são os negócios jurídicos que têm por objetivo a produção de efeitos durante a vida 
dos participantes. Como exemplos de negócios inter vivos, podem ser citados os contratos, a 
promessa de recompensa, 
o pacto antenupcial. Eventualmente, podem continuar produzindo efeitos após a morte, como 
ocorre com alguns contratos. 
Mortis causa: são aqueles que somente produzem efeitos após a morte da pessoa que 
manifestou a vontade. A morte é considerada requisito de eficácia do negócio jurídico. 
Exemplos: testamento e codicilo (ato simplificado de última vontade, para as disposições de 
pequena monta). 
7.2.4. Classificação quanto à forma 
Solenes ou formais: são os negócios jurídicos que devem seguir uma solenidade ou formalidade 
imposta pela lei para que sejam válidos. Há quem faça distinção entre os termos formalidade 
(exigência de forma escrita) e solenidade (exigência de instrumento público). Quando são 
requisitos de validade, diz-se que a solenidade ou a formalidade são do tipo ad solemnitatem ou 
ad substantiam. A sua não observância determina a nulidade do negócio jurídico, conforme 
previsão do art. 166 do Código Civil (p. ex.: testamentos, contrato de compra e venda ou doação 
de imóvel com valor superior a trinta salários mínimos). Quando são exigidas apenas para a 
prova do ato, são consideradas ad probationem tantum (o art. 227 do Código Civil determina 
que, salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios 
jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo 
em que foram celebrados). 
Não solenes ou informais: são os negócios jurídicos que têm forma livre. No Direito Civil,os 
negócios são, em regra, não solenes e informais. Nesse sentido, o art. 107 do Código Civil 
dispõe que “a validade da declaração 
de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”. 
Exemplo: os contratos de comodato (contrato unilateral e gratuito, pelo qual alguém 
(comodante) entrega a outrem (comodatário) 
coisa infungível, para ser usada temporariamente e retituída no tempo combinado) e de locação 
podem ser celebrados verbalmente. 
7.2.5. Classificação quanto à independência ou autonomia 
Principais (ou independentes): são os negócios jurídicos que têm existência própria, não 
dependendo de qualquer outro para que tenham validade ou eficácia. A locação é um exemplo 
clássico de contrato principal. 
Acessórios (ou dependentes): são aqueles cuja existência está subordinada a outro negócio 
jurídico. Exemplos: a cláusula penal e os contratos de fiança, hipoteca, penhor e anticrese. 
7.2.6. Classificação quanto às condições pessoais dos negociantes 
Impessoais: são os negócios jurídicos que independem da condição pessoal dos envolvidos. Se 
uma das partes não cumprir a obrigação assumida, outra pessoa poderá cumpri-la. Essa situação 
é comum em diversos contratos: na compra e venda, por exemplo, havendo a morte de um dos 
contratantes, seus herdeiros são obrigados a cumprir 
o contrato. 
Pessoais: também conhecidos como personalíssimos ou intuitu personae, são os negócios 
jurídicos que dependem de condição pessoal dos negociantes, havendo obrigação infungível 
(insubstituível). Em caso 
de morte, os herdeiros não são obrigados a cumprir o contrato (p. ex.: contrato de prestação de 
serviço e contrato de fiança). 
7.2.7. Classificação quanto à causa determinante 
Causais (ou materiais): são os negócios jurídicos em que o motivo consta expressamente do 
seu conteúdo. Exemplo: termo de separação ou divórcio. 
Abstratos (ou formais): são aqueles em que a razão não está inserida no conteúdo. Exemplo: 
termo de transmissão da propriedade; simples emissão de título de crédito etc. 
7.2.8. Classificação quanto ao momento da eficácia 
Consensuais: são os negócios jurídicos que se consideram formados a partir do momento em 
que há acordo de vontades. Exemplo: compra e venda pura. 
Reais: são os negócios que somente se aperfeiçoam após a entrega do objeto. Exemplos: 
contrato de comodato, contrato de depósito e contrato estimatório. 
7.2.9. Classificação quanto à extensão dos efeitos 
Constitutivos: são os negócios jurídicos que geram efeitos ex nunc (não retroativos), a partir de 
sua celebração para o futuro. Em geral os contratos têm eficácia constitutiva. 
Declarativos: são aqueles que produzem efeitos ex tunc (retroativos), a partir do momento em 
que ocorreu o fato que constitui seu objeto. Como exemplo de negócio declarativo, temos a 
partilha de bens na sucessão de uma pessoa, que retroage ao momento da morte. 
 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
elementos essenciais são aqueles que conferem a estrutura do negócio jurídico. São os requisitos 
indispensáveis à existência e à validade do negócio celebrado. Os elementos essenciais podem 
ser divididos em gerais e especiais. Gerais são os elementos mínimos exigidos em todos os 
negócios jurídicos (p. ex.: objeto lícito) e correspondem aos requisitos que compõem os planos 
de existência e validade na teoria de Pontes de Miranda, como veremos adiante. Especiais são 
aqueles exigidos somente para determinados negócios (p. ex.: na compra e venda são elementos 
essenciais a coisa, o preço e o consentimento). 
elementos naturais são as regras comuns a determinados negócios jurídicos, sem que seja 
necessária sua previsão expressa no contrato. Da própria natureza do negócio celebrado, podem 
ser extraídas algumas consequências determinadas pela lei. Como exemplo de elemento natural, 
podemos citar a responsabilidade pelo vício redibitório (prevista nos arts. 441 e seguintes do 
Código Civil) nos contratos comutativos (p. ex.: contratos de compra e venda). 
Elementos acidentais são cláusulas que as partes podem inserir nos negócios jurídicos com o 
objetivo de alterar a sua eficácia natural. Normalmente, o negócio jurídico produz efeitos 
imediatamente após a sua formação. Então, quando as partes desejam postergar o início da 
produção dos efeitos ou determinar o momento em que cessarão os efeitos de um negócio, 
podem (porque se trata de uma faculdade) inserir um elemento acidental. Como exemplos destes, 
temos a condição, o termo e o modo/encargo, que serão analisados mais adiante. 
 
PLANOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
7.5.1. Plano de existência 
O plano de existência compreende os elementos mais básicos do negócio jurídico: agente, 
objeto(bens), vontade(sem vontade não negócio e forma(verbal ou escrita. A existência está no 
plano substantivo. 
. 
7.5.2. Plano de validade 
Tem que ser um agente capaz (de direito), a vontade tem de ser livre e de boa-fé (para que seja 
excluída a fraude), tem que ser um objeto lícito (determinado em gênero e espécie), e a forma 
tem que ser prescrita em lei. Art. 104 C.C. (Obs.: ressalva-se que no Art. 104 não está 
configurada a autonomia de vontade). Toda vez que houver violação desses quatros elementos a 
sanção é a nulidade do negócio jurídico, assim, todo negócio jurídico defeituoso é nulo. Nota: A 
validade está no plano adjetivo. 
A reserva mental é a emissão de uma vontade não desejada em seu conteúdo nem em suas 
consequências. 
Quando o negócio jurídico é celebrado sem que a outra parte tenha conhecimento da reserva 
mental do agente, o negócio será válido. Com efeito, nesta hipótese a reserva mental será 
irrelevante para o direito, subsistindo a vontade declarada no negócio 
7.5.3. Plano de eficácia 
São aqueles elementos que não são indispensáveis para realização do negócio jurídico, mas, ao 
existirem, podem alterar as suas consequências por vontade das partes. 
 
Elementos acidentais 
7.6.1. Condição 
Condição é a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina a eficácia 
do negócio jurídico a um evento futuro e incerto (Código Civil, art. 121). É normalmente 
inserida nos negócios jurídicos pelos termos se ou enquanto (p. ex.: compro o seu guarda-chuva 
se chover amanhã) e pode subordinar tanto o surgimento do direito (condição suspensiva) como 
a sua extinção (condição resolutiva). 
7.6.1.1. Requisitos da condição 
a) Voluntariedade: a condição deve ser resultado da manifestação de vontade das partes 
(vontade unilateral ou bilateral). Deve ter sido inserida voluntariamente e expressamente no 
negócio jurídico, não se 
admitindo condição tácita ou presumida. 
b) Futuridade: o segundo requisito da condição é que o evento do qual dependerá a eficácia do 
negócio jurídico seja futuro, isto é, seja um fato posterior à celebração do negócio. Se o evento 
for presente ou pretérito (conditio in praesens vel in preteritum collata) ou for apenas 
desconhecido do agente (incerteza subjetiva), não há condição. 
c) Incerteza: este último requisito permite a distinção entre a condição (evento futuro e incerto) 
e o termo (evento futuro e certo). De acordo com a doutrina, a incerteza que caracteriza a 
condição deve ter natureza objetiva, isto é, deve ser um evento incerto no plano dos fatos, 
independentemente da pessoa que celebra o negócio. 
7.6.1.2. Classificação da condição quanto à certeza 
a) Condição incerta (incertus an incertus quando): é aquela em que as partes não sabem se o 
evento ocorrerá nem quando poderá ocorrer. Exemplo: “vou te dar um capacete quando o 
Rubinho ganhar uma corrida de Fórmula 1” (não se sabe se irá ganhar nem quando irá ganhar). 
b) Condição certa (incertus an certus quando): é aquela em que não se sabese o evento 
ocorrerá, mas, se ocorrer, deverá ser em um momento determinado. Exemplo: “vou te dar um 
capacete se o Rubinho ganhar a corrida do dia 15 do mês que vem” (não se sabe se irá ganhar, 
mas, se ganhar, a condição só vale para aquela corrida determinada). 
7.6.1.3. Classificação da condição quanto aos efeitos 
a) Condição suspensiva: é a condição que suspende o exercício e a aquisição do direito até o 
seu implemento. Portanto, a condição suspensiva impede que o negócio jurídico produza efeitos 
desde o momento de sua celebração. 
b) Condição resolutiva: é aquela que, quando verificada, põe fim aos efeitos do negócio. A 
aquisição do direito ocorre desde a formação do negócio, que produz todos os efeitos enquanto a 
condição não se verificar (art. 127). 
 
7.6.1.4. Classificação da condição quanto à licitude 
a) Condição lícita É aquela condição que pressupõe a observância do ordenamento jurídico em 
especial à luz dos princípios fundamentais (dignidade da pessoa humana, liberdade, igualdade). 
b) Condição ilícita: é aquela contrária ao ordenamento jurídico, por ofender a lei, a moral, a 
ordem pública ou os bons costumes. Exemplo: prometer um prêmio a uma pessoa que atropelar 
outra. 
 
7.6.1.5. Classifi cação da condição quanto à possibilidade 
a) Condição possível: é a condição que pode ser cumprida tanto do ponto de vista físico como 
do jurídico. A possibilidade física é analisada a partir das leis da natureza. A possibilidade 
jurídica tem por base o ordenamento jurídico. As condições possíveis são válidas. 
b) Condição impossível: a conditio impossibilis é aquela que não pode ser cumprida. Pode ser 
impossível fisicamente (se nenhuma pessoa puder cumprir a condição) ou juridicamente (se a 
conduta atentar contra o ordenamento jurídico). Se a condição impossível for suspensiva, o 
negócio será considerado nulo. Entretanto, se for resolutiva, a condição será considerada 
inexistente, e o negócio, válido. 
7.6.1.6. Classificação da condição quanto à natureza (ou fonte) 
a) Condição casual: é a condição que fundamenta em um evento alheio à vontade das partes. 
Dependem do acaso e do fortuito sem possibilidade de intervenção dos interessados. Por essa 
razão os eventos da natureza podem ser bons exemplos de condições casuais (p. ex.: prometo 
doar um guarda-chuva a uma pessoa se chover amanhã em São Paulo). 
b) Condição potestativa: é aquela que depende da vontade de um dos contratantes, que pode 
provocar ou impedir o seu implemento. 
Simplesmente ou meramente potestativa: é a condição cujo implemento depende da vontade 
intercalada de duas pessoas – uma das partes impõe a condição e a outra deve cumpri-la (p. ex.: 
será dado um carro a quem der uma volta correndo no quarteirão). 
Puramente potestativa: é a condição que subordina a eficácia do negócio jurídico ao arbítrio de 
uma das partes. O implemento da condição depende da vontade da própria pessoa que a impôs. 
As condições puramente potestativas consagram a cláusula si voluero (se me aprouver– 
exemplo: doarei um relógio amanhã se eu quiser) e, por essa razão, são consideradas ilícitas, 
gerando a nulidade do negócio. 
c) Condição mista: é a condição que depende, ao mesmo tempo, da conduta (vontade) de uma 
das partes e de um ato que não depende da vontade das partes (depende do acaso ou da vontade 
de um terceiro). Exemplo: prometo doar uma televisão a um amigo se ele se casar com 
determinada pessoa – observe que a celebração do casamento depende não só da vontade de meu 
amigo, mas também da vontade da outra pessoa. 
7.6.2. T ermo 
É a cláusula que subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e certo. Ao 
contrário da condição, que somente pode ser criada pela vontade das partes, o termo pode ser 
introduzido no negócio pelas partes (termo convencional) ou pode ser estipulado pela lei (termo 
legal ou termo de direito). 
7.6.2.1. Classificação do termo quanto aos efeitos 
a) Termo suspensivo: também conhecido como termo inicial ou dies a quo, é aquele que, 
quando verificado, determina o início dos efeitos negociais. Em outras palavras, o termo 
suspensivo suspende o exercício, 
mas não a aquisição do direito, gerando direito adquirido. 
 
b) Termo resolutivo: também conhecido como termo final ou dies ad quem, é aquele que, 
quando verificado, põe fim aos efeitos do negócio jurídico. Exemplo de termo resolutivo: o 
contrato de locação vencerá no dia 30 do próximo mês. 
. 
 
 
7.6.2.2. Classificação do termo quanto à certeza 
a) Termo certo (certus an certus quando): é o termo certo que ocorrerá e se sabe quando 
ocorrerá. No termo certo o evento é uma decorrência da lei da natureza. Assim, toda data futura 
é um exemplo de termo certo (p. ex.: no dia 1º de janeiro do ano que vem lhe darei um carro). 
b) Termo incerto (certus an incertus quando): é o termo certo que ocorrerá, mas não se sabe 
quando. O melhor exemplo de termo incerto é a morte de uma pessoa – sabemos que todos 
morreremos, mas não sabemos quando. 
7.6.2.3. Contagem do prazo 
Prazo é o lapso temporal existente entre um termo inicial e um termo final. Também pode ser 
conceituado como o lapso de tempo entre a declaração de vontade e a superveniência do termo 
(inicial ou final). 
Salvo disposição legal ou convencional em contrário, a contagem do prazo deve ser feita com a 
exclusão do dia do começo, e com a inclusão do dia do vencimento (Código Civil, art. 132, 
caput). 
7.6.3. Modo ou encargo 
O modo ou encargo é a cláusula que impõe uma obrigação a quem é beneficiado por uma 
liberalidade. Como elemento acidental do negócio jurídico, é normalmente identificado pelo uso 
das expressões “para que” ou “com o fim de” e normalmente tem por objetivo dar relevância aos 
interesses particulares do autor da liberalidade. Exemplos: uma doação de terreno feita ao 
município de Avaré para que nele seja construída uma escola (doação modal – Código Civil, art. 
540); a nomeação de uma pessoa como herdeira em um testamento com a obrigação de cuidar de 
um animal de estimação. 
 
 
 
DEFEITOS DO NEGOCIO JURIDICO 
 
A vontade humana é requisito essencial para a existência dos negócios jurídicos. E, para que o 
negócio seja considerado válido, a vontade não pode estar viciada, isto é, deve ser manifestada 
de forma livre e consciente. 
ERRO OU IGNORÂNCIA (CÓDIGO CIVIL, ARTS. 138 A 145) 
erro é a falsa representação da realidade, isto é, a falsa percepção sobre um elemento 
determinante na realização de um negócio jurídico. 
ignorância é o completo desconhecimento da realidade. Embora exista diferença conceitual (a 
ignorância é um erro mais acentuado), o regramento conferido aos institutos é o mesmo, 
devendo estes ser tratados como sinônimos. 
 
8.2.2. Classificação do erro quanto à determinação 
8.2.2.1. Erro substancial 
Erro substancial (error in substantia) ou erro essencial é aquele que recai sobre aspecto 
determinante (relevante) do negócio, incidindo sobre o núcleo essencial da declaração. Se a 
pessoa tivesse conhecimento da realidade, o negócio não teria sido celebrado. Quando o erro é 
substancial, o negócio jurídico é anulável. 
a) Motivo determinante: a pessoa deve ter declarado a vontade somente porque teve uma 
errônea compreensão da norma jurídica. 
b) Não pode implicar recusa à aplicação da lei: quando se estuda o erro de direito, é muito 
comum a indagação se não haveria uma antinomia (isto é, um conflito) 
8.2.2.2. Erro acidental 
É aquele que recai sobre aspecto secundário, ou seja: a pessoa tem uma falsa percepção sobre um 
elemento que não é determinante para a concretização do negócio jurídico. Por essa razão, 
afirma-se que o negócio viciado por erro acidental não é anulável. 
8.2.2.3. Erro obstativoO erro obstativo, obstáculo ou impróprio é aquele de exagerada importância, constituindo uma 
profunda divergência entre as partes contratantes de tal modo que não haveria vontade negocial. 
 
Dolo 
É o artifício (manobra, maquinação) utilizado com o propósito de enganar uma pessoa para que 
ela celebre determinado negócio. Para que o negócio seja anulável, não se exige a demonstração 
de efetivo prejuízo, 
sendo suficiente a intenção de prejudicar. O dolo não deve ser confundido com o erro. No erro 
há um equívoco espontâneo do celebrante e no dolo a pessoa é induzida a errar pelo outro 
contratante ou por um terceiro. 
Assim como o erro, o dolo também torna o negócio anulável. 
8.3.2.1. Dolo essencial 
O dolo essencial, também conhecido como dolo principal ou dolus causam, é aquele que 
contamina o negócio jurídico, permitindo a sua anulação pelo fato de ter sido a sua causa, isto é, 
a pessoa somente realizou o negócio jurídico por ter sido enganada. Se o contratante tivesse 
conhecimento da realidade, o negócio não seria anulado. Conforme o art. 145 do Código Civil, 
“são os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa”. 
8.3.2.2. Dolo acidental 
O dolo acidental (dolus incidens) não constitui vício de consentimento, por não infl uir 
diretamente na realização do ato, que se teria praticado independentemente do emprego de 
artifícios pelo outro contratante. Essa espécie de dolo não acarreta a anulação do ato, obrigando 
apenas à satisfação de perdas e danos ou a uma redução proporcional da prestação contratada. 
De acordo com o art. 146 do Código Civil, “o dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e 
danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo”. 
8.3.3. Classifi cação do dolo quanto à conduta 
8.3.3.1. Dolo positivo 
Dolo positivo ou comissivo é aquele consistente em uma ação voltada a enganar uma das partes 
contratantes, permitindo, consequentemente, a anulação do negócio jurídico. Exemplo: uma 
pessoa vende um relógio para outra afi rmando que é feito de ouro, quando na verdade é feito de 
latão. 
8.3.3.2. Dolo negativo 
É aquele que consiste na omissão (silêncio) de um aspecto relevante para realização do negócio, 
permitindo a sua anulação. Para que ocorra dolo negativo ou omissivo, a pessoa deve omitir 
informação de que tinha conhecimento. Se não tinha conhecimento, não haverá dolo. Exemplo: 
uma pessoa vende um relógio para outra afirmando não saber qual o material com que ele é 
feito, mas tendo ciência de que se trata de latão. 
De acordo com o art. 147 do Código Civil, nos negócios jurídicos bilaterais (aqueles que 
estabelecem obrigações para ambos os contratantes), o silêncio intencional de uma das partes a 
respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado constitui omissão dolosa, provando-
se que sem ela o negócio não se teria celebrado. 
8.3.3.3. Dolo bilateral ou recíproco 
Ocorre quando ambos os contratantes agem com dolo. Como ninguém pode se valer da própria 
malícia (nemo auditur propriam turpitudinem allegans), o dolo bilateral não permite a anulação 
do negócio nem pedido de reparação de danos, quando o prejuízo de uma das partes for maior 
que o da outra. 
O dolo de uma parte sempre compensa o da outra parte, não importando o tipo de dolo. Desta 
forma, mesmo que uma das partes tenha agido com dolo essencial e a outra com dolo acidental, 
não será possível a anulação do negócio jurídico nem o pedido de reparação de danos 
proporcional. 
8.3.4. Classificação do dolo quanto ao conteúdo 
8.3.4.1. Dolo mau 
O dolo mau (dolus malus) consiste no emprego de manobras astuciosas destinadas a prejudicar 
alguém. Por ser utilizado para iludir e prejudicar a outra parte, acaba por viciar o negócio 
jurídico, tornando-o 
anulável, em regra. 
8.3.4.2. Dolo bom 
A doutrina aponta dois sentidos para o dolo bom (dolus bonus). Num primeiro é entendido como 
um comportamento lícito e tolerado no comércio, consistente em reticências, exageros nas boas 
qualidades 
ou dissimulações de defeitos (p. ex.: quando o vendedor fala que uma TV é a melhor do mundo). 
Observe-se que, se houver abuso ou prejuízo, o negócio poderá ser anulado. Nas relações de 
consumo, essa espécie de dolo não é tolerada, pois caracteriza propaganda enganosa e induz o 
consumidor a erro. 
Independentemente do sentido adotado, o dolus bonus não gera a anulabilidade do negócio. 
8.3.5. Dolo de terceiro 
Normalmente na caracterização do dolo temos uma das partes sendo levada a erro pela outra 
parte, mas também é possível que um terceiro (pessoa estranha ao negócio jurídico) realize a 
indução. De acordo com o art. 148, “pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de 
terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso 
contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e 
danos da parte a quem ludibriou”. Assim, o dolo de terceiro pode ocorrer com a cumplicidade da 
parte 
a quem aproveita; com mero conhecimento da parte a quem aproveita; e, ainda, exclusivamente 
por conta do terceiro, sem que dele tenha conhecimento a parte favorecida. As duas primeiras 
hipóteses são passíveis 
de anulação. Na última hipótese, o negócio persiste, mas o autor do dolo (o terceiro) responde 
pelas perdas e danos em razão do ilícito praticado. 
8.3.6. Dolo do representante 
O dolo do representante legal obriga o representado a responder civilmente até a importância do 
proveito que tirou. Entretanto, tratando-se de representação convencional (aquela em que o 
representado escolhe e nomeia o seu representante, aceitando todos os riscos que assim corre), o 
representado responderá solidariamente pelas perdas e danos (Código Civil, art. 149). Se for 
chamado a reparar os danos, o representado terá direito à ação de regresso em face do 
representante. 
COAÇÃO 
A coação é qualquer forma de ameaça injusta (física ou moral) com o objetivo de forçar uma 
pessoa a realizar determinado negócio jurídico. Quem exerce a coação é denominado coator, e 
quem sofre é denominado 
coato, coagido ou paciente. Não necessariamente quem exerce a coação é quem dela se benefi 
cia, como veremos no estudo da coação por terceiro. 
8.4.1.1. Coação absoluta 
A coação absoluta, também denominada física ou vis absoluta, é o constrangimento corporal 
que retira toda a capacidade de manifestação de vontade, implicando ausência total de 
consentimento. Exemplos: forçar uma pessoa sob a mira de uma arma de fogo a assinar um 
contrato; pressionar a digital de um analfabeto em um contrato contra a vontade dele etc. 
Essa espécie de coação não está prevista no Código Civil de 2002, mas, de acordo com a 
doutrina majoritária, tem como consequência a inexistência do negócio jurídico. Se necessário 
for, deverá ser proposta ação declaratória de inexistência. Com efeito, a coação absoluta não 
deixa opção ao coagido para que possa exercer um ato de escolha manifestando a sua vontade. 
Há um ato mecânico, não uma manifestação de vontade viciada. Por essa razão, a coação 
absoluta não é considerada vício da vontade ou do consentimento. 
8.4.1.2. Coação relativa 
Também conhecida como coação moral, psicológica ou vis compulsiva, é aquela que está 
presente no Código Civil de 2002, art. 151, e funda-se no temor (receio, medo) de dano iminente 
e considerável à pessoa do negociante, aos seus bens ou à sua família. Ao contrário da coação 
absoluta, a coação relativa deixa opção ao coagido, que prefere celebrar o negócio a sofrer o 
dano. É espécie de vício do consentimento, pois contamina 
a formação da vontade e gera a anulabilidade do negócio, como veremos adiante. Aliás, como o 
Código Civilde 2002 previu apenas essa espécie de coação, iremos nos ater a ela nos próximos 
tópicos. 
8.4.2. Requisitos da coação 
a) A ameaça deve ser grave: a ameaça somente caracterizará coação se for grave e causar 
fundado temor de dano iminente ao coagido. 
b) A ameaça deve ser de dano iminente: deve ser um dano atual que não pode ser evitado pelo 
coagido. 
c) A ameaça deve ser injusta: somente haverá coação se a ameaça consistir na prática de um 
ato contrário ao ordenamento jurídico, um ato ilícito (p. ex.: uma pessoa ameaça agredir outra se 
uma dívida não for paga). 
d) A ameaça deve recair sobre a pessoa, seus familiares ou seus bens: o art. 151 do Código 
Civil determina que a ameaça deve ser dirigida ao próprio coagido, à sua família, ou aos seus 
bens (p. ex.: ameaça incendiar o automóvel 
e) A ameaça deve ser a causa da celebração do negócio: o negócio jurídico só será anulado 
por coação se a ameaça foi o fator determinante para sua celebração. 
8.4.3. Consequências da coação 
De acordo com o Código Civil de 2002, a coação determina a anulabilidade do negócio 
jurídico. A ação cabível é a anulatória, devendo ser ajuizada no prazo decadencial de quatro anos 
a contar do dia em que 
cessar a coação. 
8.4.4. Coação por terceiro 
Se outra pessoa realizar a coação em vez do contratante, o negócio será anulável desde que o 
contratante beneficiado tivesse ou devesse ter conhecimento da coação realizada. 
Estado de perigo A coação O estado de perigo consiste na celebração de um negócio jurídico 
com onerosidade excessiva porque o agente estava premido da necessidade de salvar-se, ou a 
pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte. 
 
8.5.1. Requisitos do estado de perigo 
a) Onerosidade excessiva: para que o negócio possa ser anulado por estado de perigo, será 
necessário que a obrigação assumida seja exorbitante, isto é, que gere onerosidade excessiva 
para o agente. 
b) Situação de perigo: para caracterização do estado de perigo, o agente deve ter assumido a 
obrigação excessivamente onerosa com o objetivo de livrar a si próprio, um familiar ou uma 
pessoa próxima de uma situação iminente de perigo de vida (morte) ou grave dano moral 
(integridade física, moral ou intelectual). 
c) Dolo de aproveitamento: exige que a situação de perigo que levou o agente a contratar seja 
conhecida do agente que se beneficiou. Exemplo: a pessoa que comprou a casa por preço 
irrisório sabia que a outra estava vendendo para salvar a vida do filho. (p. ex.: o hospital que 
exige o cheque caução para aceitar internar um enfermo) 
8.5.2. Consequências 
Conforme determinação do art. 178, II, do Código Civil, o estado de perigo determina a 
anulabilidade do negócio, devendo ser proposta ação anulatória no prazo decadencial de quatro 
anos a contar da celebração do negócio. 
Lesão É a celebração de um negócio jurídico com onerosidade excessiva porque o agente se 
encontrava em uma situação de premente necessidade ou de inexperiência. Nesse sentido, o art. 
157, caput, do Código 
Civil dispõe que “ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por 
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação 
oposta”. 
 
FRAUDE CONTRA CREDORES 
A fraude contra credores é o ato do devedor insolvente ou próximo da insolvência alienar 
(vender ou desfazer-se de algum outro modo) de um bem com o objetivo de prejudicar o credor, 
em virtude da diminuição do seu patrimônio. Exemplo: uma pessoa está devendo cem mil reais 
e, sem quitar a dívida, doa para um amigo o único bem que poderia ser utilizado para pagá-la. 
a) Evento danoso (eventus damni): o credor deverá provar que o ato de alienação tachado de 
fraudulento reduziu o devedor à condição de insolvente. O requisito do evento danoso depende, 
portanto, da análise do patrimônio do devedor (créditos e débitos) no momento em que aliena o 
bem. 
b) Anterioridade do crédito: para caracterização da fraude contra credores o autor da ação 
pauliana deverá provar que já era credor do réu no momento em que ele alienou ou onerou os 
bens. A anterioridade do crédito não leva em consideração o momento do vencimento dele, mas, 
sim, da sua origem. 
c) Conluio fraudulento (consilium fraudis) ou ciência da fraude (scientia fraudis): o credor 
deverá provar que o adquirente do bem agiu em conluio com o devedor ou que tinha ciência da 
situação de insolvência do devedor. Em outras palavras, deverá ser provada a má-fé do 
adquirente. A prova do conluio ou da ciência da fraude pode ser feita por todos os meios 
admissíveis no processo civil, inclusive indícios e presunções. 
 
8.7.2. Hipóteses de fraude contra credores 
a) Atos de transmissão gratuita, remissão de dívidas ou renúncia de direitos (Código Civil, 
art. 158): ocorre quando um devedor insolvente cede parte de seu patrimônio reduzido, abrindo 
mão do que indiretamente pertence a seus credores. Nessas hipóteses não importa a ciência da 
insolvência do doador pelo donatário, pois o interesse do credor prevalece sobre o interesse do 
donatário. 
b) Alienações onerosas quando a insolvência é notória ou de conhecimento do outro 
contraente (Código Civil, art. 159): nessa hipótese existe um conflito entre o credor do alienante 
(devedor) e o adquirente de boa-fé. Se o adquirente não tem ciência da insolvência do devedor, 
seu interesse é que vai prevalecer sobre o do credor. Porém, se o adquirente sabia da insolvência 
do devedor ou se a insolvência é notória (p. ex.: tem títulos protestados) e agiu de má-fé, o 
negócio será anulável. 
c) Pagamento antecipado de dívida a credor quirografário (Código Civil, art. 162): se o 
devedor paga dívidas vencidas, age licitamente. Porém, se paga débitos que ainda não venceram, 
age de maneira anormal, que já revela o propósito fraudulento. 
d) Outorga fraudulenta de garantias reais (Código Civil, art. 163): nos termos do art. 163, 
presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor 
insolvente tiver dado a algum credor. O devedor insolvente que presta qualquer forma de 
garantia real (hipoteca, penhor, anticrese ou propriedade fiduciária – alienação fiduciária) a um 
de seus credores quirografários acaba prejudicando os demais em razão da preferência 
estabelecida. 
 
 
 
INVALIDADE 
9.1.1. Invalidade versus inexistência 
Ao estudarmos os planos do negócio jurídico, vimos que a ausência dos elementos que 
compõem o plano de existência (partes, objeto, forma e vontade) determina sua inexistência. Já 
a invalidade decorre da não observância dos requisitos exigidos pelo plano de validade. 
necessidade de declaração judicial. 
Nulidade 
Nulidade em sentido amplo é a sanção legal que determina a privação de efeitos jurídicos do 
negócio praticado em desacordo ao ordenamento jurídico. Pode ser de dois tipos: a nulidade e a 
anulabilidade. 
Anulidade em sentido estrito decorre da violação de preceitos de ordem pública que consagram 
interesses sociais. 
A anulabilidade será estudada mais à frente e decorre da violação de interesses privados. 
9.2.1 Hipóteses de nulidade 
I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz: quando a pessoa é absolutamente incapaz 
sua vontade é desprezada pelo ordenamento jurídico, devendo ser representada (a vontade é 
substituída) nos atos da vida civil sob pena de nulidade do ato. O rol dos absolutamente 
incapazes está previsto no art. 3º do Código Civil. 
II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto: o negócio será nulo se o objeto for: 
a) ilícito: aquele que viola o ordenamento jurídico (lei, moral, ordem pública ou bons costumes); 
b) impossível: aquele que não pode ser cumprido em razão dos limites físicosdos seres humanos 
(impossibilidade física) ou dos limites jurídicos (impossibilidade jurídica); c) indeterminável: 
aquele que não permite individualização (p. ex.: falta do gênero ou da quantidade em uma 
obrigação de dar). 
III – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito: o motivo que leva uma 
pessoa a realizar um negócio jurídico em regra não tem relevância para análise da validade deste. 
IV – não revestir a forma prescrita em lei: em regra o direito civil não exige formalidade para 
a validade dos negócios jurídicos (Código Civil, art. 107). Contudo, quando esta é exigida e não 
for cumprida, o negócio será nulo. 
V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade: 
exigência de forma escrita, enquanto a solenidade é a exigência de instrumento público 
VI – tiver por objetivo fraudar lei imperativa: deve ser considerado nulo o negócio jurídico 
que tenha por objetivo violar norma jurídica considerada de ordem pública (aquelas que não 
podem ser afastadas pelo exercício da autonomia privada). 
VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção: o 
negócio jurídico será nulo se a lei assim o determinar (nulidade textual ou expressa) ou se proibir 
a prática do ato sem estabelecer sanção específica (nulidade virtual ou implícita). 
 
9.2.2. Regras da nulidade 
Quando o negócio jurídico é considerado nulo, deve ser proposta ação declaratória de 
nulidade. Qualquer interessado ou até mesmo o Ministério Público têm legitimidade para 
requerer a declaração de nulidade do negócio jurídico nas hipóteses previstas nos arts. 166 e 167 
 
Anulabilidade 
A anulabilidade é a sanção imposta pela lei quando presente violação de interesses particulares. 
9.3.1. Hipóteses de anulabilidade 
I – por incapacidade relativa do agente: os relativamente incapazes devem ser assistidos nos 
atos da vida civil, sob pena de anulabilidade do negócio. De acordo com o art. 4º do Código 
Civil, são relativamente incapazes: a) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; b) os 
ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência 
mental, tenham o discernimento reduzido; c) os excepcionais, sem desenvolvimento mental 
completo; e d) os pródigos. 
II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra 
credores: o legislador consagrou o princípio Nulidade: é o negócio jurídico 
9.3.2. Consequências da anulabilidade 
Para que o negócio seja anulado, a parte interessada deverá propor ação anulatória. A 
legitimidade ativa é exclusiva da parte prejudicada pelo ato e os seus efeitos só aproveitam aos 
que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade do objeto.A anulabilidade não 
pode ser pronunciada de ofício pelo juiz e produz efeito antes de julgada por sentença. Essa 
sentença tem natureza desconstitutiva e eficácia ex nunc consoante doutrina majoritária. 
Entretanto, há quem entenda que a eficácia seria ex tunc em razão do disposto no art. 182 do 
Código Civil: “anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele 
se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente”. 
 
SIMULAÇÃO 
consiste na declaração falsa de vontade com a finalidade de aparentar negócio diverso do 
efetivamente desejado. 
b) Espécies de simulação: 
- Simulação absoluta: situação em que, aparentemente, existe um negócio jurídico celebrado 
pelas partes, mas que na essência inexiste qualquer negócio. 
- Simulação relativa: situação em que, aparentemente, as partes celebram um determinado 
negócio jurídico, mas que na essência vigora outro negócio. Ex: simulação de compra e venda de 
uma pessoa casada com a concubina, mas, na essência, se trata de uma doação. 
> subjetiva: o vício social atinge o elemento subjetivo do negócio jurídico (pessoa / artigo 167, § 
1º, inciso I, do CC). 
> objetiva: o vício social atinge o elemento objetivo do negócio jurídico. 
c) Simulação acarreta nulidade absoluta. 
OBS1: os direitos de terceiros de boa-fé devem ser resguardados em face dos contraentes do 
negócio jurídico simulado. 
OBS2: consoante a doutrina majoritária, atualmente a simulação inocente (aquela sem intenção 
de prejudicar terceiros ou de violar a lei) também consiste em hipótese de nulidade absoluta. 
OBS3: o rol dos casos de simulação previsto no artigo 167 do CC é meramente exemplificativo 
(numerus apertus). 
d) Artigo 167 do CC: possibilidade de subsistência do negócio jurídico dissimulado (aquele 
negócio jurídico que as partes buscavam ocultar) se for válido na substância e na forma. Em 
outras palavras, o negócio jurídico aparente é nulo, sendo que o negócio jurídico dissimulado 
será preservado se for válido na substância e na forma. 
OBS1: enunciado 153 do CJF/STJ da III Jornada de Direito Civil (“na simulação relativa, o 
negócio simulado (aparente) é nulo, mas o dissimulado será válido se não ofender a lei nem 
causar prejuízo a terceiro”). 
OBS2: enunciado 293 do CJF/STJ da IV Jornada de Direito Civil (“na simulação relativa, o 
aproveitamento do negócio jurídico dissimulado não decorre tão somente do afastamento do 
negócio jurídico simulado, mas do necessário preenchimento de todos os requisitos substanciais 
e formais de validade daquele”). 
e) Instituto da reserva mental ou reticência essencial (artigo 110 do CC): “a manifestação de 
vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que 
manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento”. 
OBS: “Quando a reserva mental é de conhecimento do declaratário (destinatário da declaração 
de vontade), a situação em muito se aproxima da simulação, do acordo simulatório, tanto que, 
nessa hipótese, parte da doutrina equipara ambos os institutos. No entanto, o que caracteriza 
primordialmente a reserva mental é a convicção do declarante (quem emite a declaração de 
vontade) de que o declaratário ignora a mentira. Todavia, se o declaratário efetivamente sabe da 
reserva e com ele compactua os efeitos inelutavelmente serão de simulação, com aplicação do 
art. 167” (Sílvio de Salvo Venosa). Ex: “declaração do autor de uma obra literária que anuncia 
que o produto da venda de seus livros será destinado a uma instituição de caridade. Entretanto, o 
único objetivo é aumentar a venda das obras. Se os compradores dos livros têm conhecimento da 
reserva, a venda pode ser nulificada” (exemplo de Nelson Nery e Rosa Nery). 
f) Prazo para o ajuizamento da ação: inexiste prazo por se tratar de hipótese de nulidade 
absoluta (imprescritibilidade / artigo 169 do CC). 
9.4.2. Requisitos da simulação 
a) Conluio das partes envolvidas: na simulação os contratantes agem de forma conjunta e 
combinada. 
b) Propósito de iludir e enganar: a simulação é realizada com o objetivo de produzir um efeito 
diverso do ostensivamente indicado, que vicia o ato desde o seu nascimento. 
c) Divergência consciente entre a vontade declarada e a vontade real: as partes não se 
enganam de forma involuntária na simulação. A diferença entre a vontade interna (intenção) e a 
vontade externa (manifestação) é sempre consciente e desejada. 
9.4.3. Consequências da simulação 
a simulação gera a nulidade (o negócio jurídico é nulo). 
9.4.4. Classificação da simulação quanto ao seu conteúdo 
9.4.4.1. Simulação absoluta 
É aquela em que a declaração de vontade viciada não visa a produção de qualquer efeito jurídico. 
As partes procuram transmitir a terceiros uma impressão enganosa de que teriam convencionado 
determinado negócio jurídico (aparente), mas na realidade não desejam realizar qualquer 
negócio. Quando a simulação é absoluta, o negócio jurídico é 
completamente nulo por não existir nadade verdadeiro na manifestação de vontade. 
9.4.4.2. Simulação relativa 
A simulação relativa, também conhecida como dissimulação, é aquela em que há um negócio 
jurídico falso (negócio simulado) encobrindo outro verdadeiro (negócio dissimulado). Visa-se 
com o negócio simulado produzir efeitos diferentes daqueles que seriam naturais ao negócio. O 
negócio aparente, na simulação relativa, é um meio de realização 
do ato dissimulado, desejado. Ao contrário da simulação absoluta, na simulação relativa a 
nulidade atingirá apenas a parte falsa do negócio, desde que a restante preencha os demais 
requisitos de validade (conteúdo e forma) do negócio jurídico. 
A simulação relativa pode ser classificada como subjetiva ou objetiva. 
Simulação relativa subjetiva é aquela em que o elemento falso do negócio é o sujeito, isto é, a 
pessoa com quem se pretende contratar. 
Simulação relativa objetiva é aquela em que o elemento falso do contrato diz respeito a algum 
elemento objetivo. Pode ser quanto ao objeto (p. ex.: afirma que está vendendo um bem e na 
verdade é outro), 
 
 
 
 
PRESCRIÇÃO 
10.2.1. Conceito de prescrição 
Na atualidade a prescrição pode ser definida como a perda da pretensão de reparação do direito 
violado em virtude da inércia de seu titular, no prazo previsto em lei. Nesse sentido, o art. 189 do 
Código Civil de 2002 determina que, violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se 
extingue pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. 
10.2.2. Prescrição extintiva e prescrição aquisitiva 
A prescrição extintiva é tratada na Parte Geral do Código Civil de 2002 e se refere à perda de 
um direito. Por outro lado, a prescrição aquisitiva, também denominada usucapião, se refere à 
aquisição de um direito e vem regulada na Parte Especial do Código. 
Preclusão: é a perda da faculdade ou direito processual em virtude da inércia do interessado (p. 
ex.: a perda do prazo para recorrer de uma decisão judicial). 
Perempção: é a perda do direito ativo de processar uma pessoa, em razão da extinção do 
processo por três vezes sem 
julgamento do mérito (art. 267 do CPC), pelo abandono imputável à parte que deveria promover-
lhe a tramitação. 
sa). Desta forma, as exceções independentes representam fatos que apenas têm o poder de 
impedir o sucesso da pretensão do autor e podem ser alegadas em qualquer momento (não 
prescrevem). 
 
10.2.5. Renúncia da prescrição 
A renúncia é o ato unilateral pelo qual o devedor de uma obrigação abre mão do direito de alegar 
a prescrição da pretensão. É unilateral, pois a validade e a eficácia do ato não estão sujeitas à 
anuência do credor. 
A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita. A renúncia tácita é aquela que se presume 
de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição (p. ex.: pagamento voluntário da dívida 
prescrita). 
o direito de renúncia prevalece sobre a possibilidade de declaração de ofício 
 
10.2.7. Previsão legal da prescrição 
Os prazos de prescrição estão expressos no Código Civil de 2002 e não podem ser criados nem 
alterados pela vontade das partes. Desse modo, ao contrário da decadência, que pode ser legal 
ou contratual, a prescrição só pode ter origem legal. O art. 206 do Código Civil traz expressos os 
prazos especiais de prescrição, isto é, os prazos específicos 
para determinadas situações concretas (prazos de 1, 2, 3, 4 e 5 anos). 
 
São imprescritíveis as ações que versem sobre: 
l direitos da personalidade: vida, integridade, honra, nome, imagem, intimidade; 
l o estado da pessoa: como filiação (p. ex.: investigação de paternidade), condição conjugal, 
cidadania; 
l ações declaratórias de nulidade absoluta (por envolverem questões de ordem pública); 
l direito de família, no que concerne a regime de bens, alimentos, vida conjugal, nulidades, 
separação, divórcio, e reconhecimento e dissolução de união estável; 
l bens públicos de qualquer natureza. 
 
DECADÊNCIA 
10.3.1. Conceito de decadência 
Decadência é a perda efetiva de um direito potestativo, pela falta de seu exercício, no período 
previsto na lei (decadência legal), ou pela vontade das partes (decadência convencional). 
Portanto, a compreensão do sentido de decadência exige do estudioso do direito o conhecimento 
da estrutura dos direitos potestativos, que podem ser definidos como aqueles que conferem ao 
seu titular o poder de provocar mudanças na esfera jurídica de outrem de forma unilateral, sem 
que exista um dever jurídico correspondente, mas tão somente um estado de sujeição. 
10.3.2. Alegação da decadência 
Assim como a prescrição, a decadência pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela 
parte a quem aproveita. Claro que essa alegação deve ser feita durante a instância ordinária 
(primeira ou segunda instância). Se a decadência não foi alegada na instância ordinária, não 
poderá ser alegada nas instâncias extraordinárias (STJ ou STF), em razão 
do requisito do prequestionamento. 
10.3.3. Espécies de decadência 
10.3.3.1. Decadência legal 
Decadência legal (ex vi legis) é aquela prevista em lei, havendo entendimento do STJ no sentido 
de que a decadência não pode ser criada por decreto, sob pena de ofensa ao princípio da 
legalidade, insculpido no art. 5º, II, da CF/88 (REsp 526.015). Quando o juiz está diante de 
decadência legal, deve declará-la de ofício, consoante determina o art. 
210 do Código Civil. 
10.3.3.2. Decadência convencional 
A decadência é considerada convencional (ex vi voluntatis) quando resulta da manifestação de 
vontade das partes em uma determinada relação jurídica. Pode ser estabelecida de forma 
unilateral ou bilateral. Ao contrário do que ocorre com a decadência legal, a convencional diz 
respeito a matéria de ordem privada (direitos disponíveis). Essa é a razão 
pela qual a decadência pode ser renunciada pelas partes e não pode ser declarada de ofício pelo 
juiz (Código Civil, art. 210) nem provocada pelo Ministério Público.

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