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DIREITO CIVIL V - CCJ0111
Semana Aula: 6
Celebração, Prova e Efeitos do Casamento
Tema
Celebração, Prova e Efeitos do Casamento
Palavras-chave
Objetivos
1. Estudar as regras sobre celebração do casamento e determinar o momento a partir do qual passa a 
produzir efeitos.
 
2. Verificar as exceções às regras de celebração do casamento.
 
3. Compreender o sistema probatório do casamento no ordenamento civil.
 
4. Determinar os efeitos sociais e pessoais do casamento.
 
5. Compreender o alcance dos deveres do casamento do art. 1.566, CC.
Estrutura de Conteúdo
1. Celebração do Casamento.
a. Formalidades
b. Momento a partir do qual o casamento passa a produzir efeitos
2. Prova do Casamento.
a. Sistema de prova pré-constituída
b. Posse do estado de casados
3. Efeitos sociais e pessoais do Casamento.
a. Efeitos sociais do casamento
b. Efeitos pessoais do casamento 
c. Deveres do casamento ? art. 1.566, CC
Procedimentos de Ensino
O presente conteúdo pode ser trabalhado em uma única aula, podendo o professor dosá-lo de acordo 
com as condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela turma. 
 
CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
 
Processada a habilitação, verificados os pressupostos de existência e de validade do casamento, 
publicados os editais, é extraído o certificado de habilitação que autoriza os nubentes a realizarem o 
casamento.
 
A celebração do casamento é um dos atos mais solenes do Direito Civil e assim o é para garantir a 
seriedade, a publicidade (para permitir a oposição de impedimentos) e certeza do ato, bem como, para 
facilitar a prova de sua existência e exaltar sua relevância social.
 
Sobre o rigorismo do Código Civil quanto às solenidades do casamento, afirmam Cristiano Chaves de 
Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 166) que ?a relevância de tais formalidades é tamanha que o 
ordenamento brasileiro reputa inexistente o casamento celebrado ao arrepio das solenidades 
estabelecidas em lei. Merece críticas a obsessão do legislador por exageradas solenidades na celebração 
do casamento. Com efeito, a vocação plural e aberta emprestada à família pela Carta Maior (art. 226, 
?caput?) é inconciliável com um apego exacerbado à solenidade nupcial que termina por dar a falsa ideia 
de uma superioridade jurídica (não existente no sistema constitucional) à família formada pelo 
matrimônio?.
 
Ainda que existam críticas sobre as solenidades excessivas, é preciso estudá-las. Determina o art. 1.533, 
CC, que o casamento será celebrado no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade 
celebrante. No entanto, na prática, são os nubentes que escolhem o dia e horário, limitando-se o oficial a 
deferir ou não o pedido. A celebração deverá ocorrer no mesmo cartório onde se efetuou a publicação 
dos proclamas (se presidido por juiz de paz) ou no próprio Fórum da Comarca (se presidido por juiz de 
Direito), mas nada impede que se escolha outro prédio (público ou particular[1]1), desde que com o novo 
local consinta a autoridade celebrante.
 
O art. 1.534, CC, determina que a cerimônia seja realizada a portas abertas a fim de garantir sua 
publicidade. Trata-se de uma velharia mantida no Código Civil para não ser observada (Silvio Rodrigues). A 
realização do casamento a portas fechadas não implica sua invalidade, caracterizando-se, tão-somente, 
como uma irregularidade sem nenhuma implicação prática.
 
Durante a cerimônia devem estar presentes duas testemunhas, parentes ou não dos nubentes, elevando-
se este número para quatro caso o casamento seja realizado em edifício particular ou se um dos 
contraentes não souber ou não puder escrever. Frise-se que as testemunhas do casamento não são 
meramente instrumentárias, mas participam do ato como representantes da sociedade.
 
São exceções a algumas das solenidades do casamento:
 
1) Casamento com moléstia grave[2]2 (art. 1.539, CC) ou iminente risco de vida ? é casamento que 
pressupõe que já estejam satisfeitas as formalidades preliminares, mas, devido ao agravamento 
do estado de saúde de um ou de ambos os nubentes, não é possível esperar para a realização da 
cerimônia ou, então, o nubente se deslocar até o Registro Civil.
a. Pressupõe que o certificado de habilitação já tenha sido expedido.
b. Caso o certificado ainda não tenha sido expedido a autoridade celebrante deve exigir a 
apresentação dos documentos, podendo dispensar, em face da urgência, tão-somente 
os proclamas (flexibilização mínima das solenidades).
c. O casamento pode ser celebrado onde se encontrar o enfermo, ainda que à noite e não 
sendo necessário aumentar o número de testemunhas. Portanto, o casamento será 
acompanhado por duas testemunhas parentes ou não dos nubentes, aumentando-se 
para quatro as testemunhas apenas se o enfermo não souber ou não puder assinar o 
termo.
 
2) Casamento ?in extremis vitae?, ?in articulo mortis? ou nuncupativo (arts. 1.540 e 1.541, CC). É o 
casamento realizado na iminência da morte, provocada por fato inesperado.
a. Permite que o oficial do registro mediante despacho da autoridade competente e 
verificados os documentos exigidos pelo art. 1.525, CC, extraia o certificado de 
habilitação, dispensando-se o procedimento regular.
b. Devido à urgência imposta pela situação, pode-se inclusive dispensar o certificado e a 
presença de autoridade celebrante, sendo os próprios nubentes considerados 
celebrantes, quando se exigirá a presença de seis testemunhas que não sejam seus 
parentes em linha reta ou colateral até segundo grau (flexibilização máxima das 
solenidades).
 i. As testemunhas e o consorte sobrevivo deverão comparecer ao cartório até 
dez dias depois de realizado o casamento a fim de que tenham suas 
declarações reduzidas a termo (processo de justificações avulsas).
 ii. Se as testemunhas não comparecerem espontaneamente qualquer 
interessado poderá requerer sua notificação.
 iii. Se apenas uma das testemunhas não confirmar a celebração do casamento 
ou não confirmar ter o enfermo manifestado sua vontade de forma livre e 
espontânea, será o matrimônio considerado inexistente.
 iv. A autoridade competente para ouvir as testemunhas e realizar as 
diligências necessárias é a que estiver mais próxima do local onde se realizou a 
cerimônia. A competência para processar e julgar o pedido de homologação 
desta forma de casamento é do juiz da Vara de Registros Públicos.
 v. Se o cônjuge convalescer dentro dos dez dias, poderá ele mesmo 
confirmar a realização do casamento.
 vi. Como é casamento que depende de homologação judicial, o regime 
imposto será o da separação legal de bens (art. 1.641, CC).
 
Saindo das exceções e retornando ao estudo das solenidades da celebração, estando presentes os 
contraentes ou seus representantes especiais, as testemunhas e o oficial do registro, proceder-se-á à 
celebração do casamento, momento em que o juiz perguntará aos nubentes se persistem no propósito de 
casar, devendo a resposta ser pessoal e oral (exceções: sinais ou escrita para o surdo-mudo e por meio de 
intérprete, se necessário, para o estrangeiro) demonstrando a inequívoca e espontânea vontade de casar. 
Deve-se ressaltar que: a) o silêncio no momento da manifestação da vontade não pode ser interpretado 
como manifestação da vontade; b) o consentimento não pode estar vinculado a um termo ou condição.
 
Havendo qualquer dúvida sobre a livre manifestação de vontade dos nubentes, sendo negativa, ou 
inexistindo, a autoridade celebrante deve imediatamentesuspender a cerimônia, só podendo retomá-la 
passadas 24 horas de sua suspensão (art. 1.538, CC). No entanto, a retomada antes desde prazo não 
influencia na validade do casamento, sendo apenas considerada uma mera irregularidade (nulidade 
virtual).
 
Tendo os nubentes manifestado de forma inequívoca o seu consentimento, o juiz deve declará-los 
casados, proferindo a ?fórmula sacramental? contida no art. 1.535, CC. À luz do CC/16 instaurou-se a 
polêmica sobre o momento da efetuação do casamento, polêmica que parece superada com a redação 
adotada pelo artigo retro citado. Para parte da doutrina (por exemplo, Carvalho Santos e Arnaldo 
Rizzardo) o casamento considerava-se realizado a partir da manifestação de vontade dos nubentes, sendo 
a declaração da autoridade meramente declaratória, mera homologação da vontade dos contraentes. No 
entanto, a maioria da doutrina (por exemplo, Washington de Barros Monteiro e Carlos Roberto 
Gonçalves) afirma que a declaração dos nubentes não é suficiente, sendo a declaração do celebrante 
essencial para se considerar o casamento realizado.
 
Nesse sentido, afirma Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 85-86) que ?na verdade, a declaração do 
celebrante é essencial, como expressão do interesse do Estado na constituição da família, bem como do 
ponto de vista formal, destinada a assegurar a legitimidade da formação do vínculo matrimonial e 
conferir-lhe certeza. Sem ela, o casamento perante o nosso direito é inexistente. Pode-se afirmar, pois, 
que o ato só se tem por concluído com a solene declaração do celebrante. Basta lembrar que a retratação 
superveniente de um dos nubentes, quando ?manifestar-se arrependido? (CC, art. 1.538, III) após o 
consentimento antes da referida declaração acarreta a suspensão da solenidade. Tal fato demonstra que 
o casamento ainda não estava aperfeiçoado e que a manifestação de vontade dos nubentes só seria 
irretratável a partir da declaração do celebrante?.
 
O ciclo formal do casamento se encerra com o assento do casamento no Registro Civil (formalidade ?ad 
probationem tantum?) observados os requisitos obrigatórios do art. 1.536, CC e do art. 70, da Lei n. 
6.015/73. O registro, ressalte-se, constitui prova pré-constituída do casamento (cuja presunção é ?iuris 
tantum?), mas não é o que o insere no mundo jurídico e, portanto, a sua falta não torna o casamento 
inválido ou inexistente (art. 1.543, CC).
 
PROVA DO CASAMENTO
 
O art. 1.543, CC, adotou o sistema da prova direta (pré-constituída ou específica[3]3) determinando que o 
casamento realizado no Brasil se prova pela certidão do casamento. No entanto, o mesmo artigo em seu 
parágrafo único, admite excepcionalmente a prova supletória quando justificada a falta (perda ou 
inutilização) ou a perda do registro civil.
 
A prova supletória (direta) se realiza por meio de ação declaratória (nas Varas de Família) que se divide 
em duas grandes fases: a primeira em que se demonstram os fatos que ocasionaram a perda ou a falta do 
registro; a segunda que admite a prova de existência do casamento por outros meios (assentamentos 
eclesiásticos, provas circunstanciais como passaportes, certidão de proclamas, fotografias da 
celebração...). A sentença será registrada no livro de Registro Civil e seus efeitos retroagirão à data da 
celebração do casamento (art. 1.546, CC).
 
Também se admite a posse do estado de casados que é meio de prova indireta do casamento e ocorre 
quando duas pessoas vivem como casadas e assim são consideradas pelo meio social em que vivem. 
Ressalte-se que não se trata de conferir o estado de casados a pessoas que vivem em união estável, mas 
sim, em reconhecer uma situação de fato em que há vivência ?more uxorio? com evidentes provas de que 
aquele casamento foi celebrado (não se admite prova exclusivamente testemunhal). Caracteriza-se por 
três elementos: ?nomem? (documentos em que um utiliza o sobrenome do outro); ?tractatus? (tratavam-
se publicamente e mutuamente como se casados fossem); ?fama? ou ?reputatio? (o meio social os 
reconhecia como casados). A posse de estados de casado só é admitida quando as pessoas não possam 
manifestar sua vontade (por doença mental, ausência...) ou tenham falecido e que venha em benefício da 
prole (art. 1.545, CC). Os efeitos do reconhecimento do casamento em processo judicial são ?ex tunc? até 
a data da suposta celebração (art. 1.546, CC). Havendo dúvida com relação à existência do casamento, o 
juiz deve julgar a favor deste ? ?in dubio pro matrimonio? (at. 1.547, CC).
 
Por fim, o casamento celebrado no exterior de acordo com lei estrangeira prova-se de acordo com o 
disposto naquela lei (arts. 7º., 13, 14, LICC). Para a validade deste casamento no Brasil deverá ser o 
registro estrangeiro traduzido e autenticado pelo agente consular brasileiro, devendo ser registrado no 
Cartório de Registro Civil do domicílio de um ou de ambos os cônjuges e, na sua falta, no 1º. Ofício da 
Capital do Estado, segundo o art. 32, da Lei n. 6.015/73.
 
EFEITOS DO CASAMENTO
 
Superadas as fases de existência e validade do casamento, bem como, de sua celebração, o legislador 
ocupa-se da eficácia jurídica do casamento que, sem dúvidas, produz amplos e complexos efeitos[4]4, 
sendo impossível prevê-los de forma taxativa, embora todos sejam diretamente informados pelos 
princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da igualdade.
 
Ensina Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 164) que ?a união conjugal não é só uma relação jurídica, mas ? 
e antes de tudo ? relação moral. As relações que formam a teia da vida íntima pertencem ao domínio da 
moral. São corolários imediatos da afeição recíproca e o seu estudo não compete à técnica do direito. 
Este apenas intervém para normatizar os efeitos mais importantes do casamento, uns regulados como 
direitos e deveres decorrentes da convivência entre os cônjuges, cuja inobservância, contrariando o fim 
do casamento, pode ocasionar graves perturbações; outros, resultantes das ligações entre os diversos 
integrantes da família; outros, ainda, decorrentes das relações destes com terceiros?. Por isso, pode-se 
afirmar que os efeitos do casamento dividem-se em efeitos pessoais (projeção do casamento entre os 
cônjuges, efeitos que materializam a comunhão plena de vida); efeitos sociais (projeção do casamento a 
terceiros) e efeitos patrimoniais (delimitação do impacto econômico do casamento entre os cônjuges e 
face a terceiros).
 
São efeitos sociais do casamento: a legalização das relações sexuais do casal, bem como, estabelecimento 
do ?debitum conjugale? entre os consortes; constituição de família constitucionalmente protegida (art. 
226, §§1º. e 2º., CF); a antecipação da maioridade civil ( forma de emancipação prevista no art. 5º., 
parágrafo único, II, CC); o livre planejamento familiar, ao qual se impõe diretamente o princípio da 
paternidade responsável (art. 226, §7º., CF); atribuição do estado civil de casado; estabelecimento das 
presunções (relativas) de paternidade (art. 1.597, CC); estabelecimento da afinidade como parentesco 
(art. 1.595, CC). Vale lembrar, ainda, que o art. 1.513, CC, reconhecendo a proteção da comunhão plena 
de vida instituída pelo matrimônio proíbe a qualquer pessoa (de Direito Público ou Privado) interferir 
nesta comunhão.
 
Dentre os efeitos pessoais do casamento além da possibilidade (faculdade) de adoção do patronímico do 
outro[5]5 (art. 1.565, §1º., CC), destaca-se a comunhão plena de vida estabelecida com base na igualdade 
(arts. 1.511 e 1.565, CC) da qual decorrem os direitos e deveres recíprocos impostos pelo art. 1.566,CC 
(considerados elementos mínimos da estabilidade conjugal a que cada cônjuge adere limitando 
voluntariamente sua liberdade pessoal):
I.Fidelidade recíproca - decorrência do princípio da monogamia trata de dever que impõe 
uma obrigação negativa, qual seja, abstenção de relacionamento sexual com terceiros, uma 
vez que o casamento supõe uma leal dedicação de vida. Sua quebra é considerada adultério 
(art. 1.573, I, CC), indicativo da falência moral do casamento.
II. Vida em comum no domicílio conjugal ? decorrência natural do estabelecimento da 
comunhão plena de vida que compreende não apenas a coabitação, como também 
estabelece o ?debitum conjugale?.
a. O domicílio conjugal é escolhido por ambos os cônjuges (art. 1.569, CC).
b. O dever de convivência sexual é dispensado nos casamentos ?in extremis vitae? e em 
caso de moléstia grave.
c. O dever de coabitação foi relativizado pelo art. 1.569, CC, que permite que qualquer dos 
consortes se ausente do lar para atender a encargos públicos, ao exercício de sua 
profissão ou a interesses particulares relevantes (como o tratamento de uma doença, a 
realização de um curso...). Justificada a ausência, não há que se falar em abandono do 
lar.
d. A quebra se dá por abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo (art. 
1.573, IV, CC); ou em caso de recusa injustificada e constante ao ?debitum conjugale? ? 
injúria grave (art. 1.573, III, CC).
III. Mútua assistência ? é dever que deve ser tomado em seu amplo aspecto, ou seja, não se 
trata apenas de apoio material ou econômico, mas também de apoio espiritual ou conforto 
moral (?affectio maritalis?). Portanto, é dever que corresponde ao conjunto de atitudes, 
gestos, desvelo com o consorte que revelam o auxílio mútuo que deve permear a relação. A 
inobservância deste dever é caracterizada como injúria grave (art. 1.573, III, CC).
IV. Sustento, guarda e educação dos filhos ? deveres e direitos decorrentes do próprio poder 
familiar e cuja inobservância caracteriza injúria grave (art. 1.573, III, CC), além de caracterizar 
os crimes dos arts. 244 a 247, CP e hipóteses de perda do poder familiar.
V. Respeito e consideração mútuos (novidade no CC/02) ? o respeito compreende o cordial 
tratamento, a valorização do outro, a manutenção de sua individualidade; a consideração 
decorre da exteriorização do respeito no meio social. Trata-se, portanto, de estima mútua. A 
inobservância deste dever pode se dar por sevícia ou injúria grave (art. 1.573, III, CC); 
conduta desonrosa (art. 1.573, V, CC) ou tentativa de homicídio (art. 1.573, II, CC).
 
Além destes deveres, decorre do casamento o compartilhamento da direção da sociedade conjugal[6]6 
(art. 1.567, CC) que deve ser exercida em atenção aos interesses do casal e dos filhos e, havendo 
divergência de opiniões, poderá o juiz ser instado a decidir. Apenas em alguns casos é possível que a 
direção da sociedade conjugal se concentre em apenas um dos cônjuges (art. 1.570, CC ? rol 
exemplificativo) e, ainda assim, seus poderes serão limitados conforme as regras do art. 1.562, CC.
 
Os cônjuges são obrigados a concorrer na proporção de seus bens e rendimentos para o sustento[7]7 da 
família (art. 1.568, CC), podendo a medida da contribuição ser compensada pelo trabalho que cada um 
exerce dentro lar conjugal. 
 
O exercício de atividade empresária entre os cônjuges sofre a limitação do art. 977, CC, que proíbe a 
constituição de sociedade entre pessoas casadas pelo regime de comunhão universal de bens (por a 
sociedade não passaria de uma ficção) e pelo regime da separação legal (porque a sua instituição 
caracterizaria tentativa de fraude à disposição legal). Os arts. 979 e 980, CC, impõem a obrigatoriedade da 
inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis dos pactos e declarações antenupciais do 
empresário, registro que visa dar publicidade à disponibilidade dos bens do empresário após a 
modificação de seu estado civil.
 
Por fim, tem-se os efeitos patrimoniais do casamento (decorrentes da própria imposição de comunhão 
plena de vida[8]8) dos quais se destacam: o regime de bens (cujo estudo iniciará na próxima aula); a 
obrigação alimentar; a constituição do bem de família; o usufruto dos bens dos filhos menores (todos 
serão estudados no curso do semestre); os direitos sucessórios (objeto de estudo no próximo semestre).
 
Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. 
Após, deve realizar breve síntese dos principais aspectos trabalhados na aula, preparando o aluno para o 
tema da próxima aula: regimes de bens.
NOTAS
[1] Não se admitem locais impróprios, inacessíveis ou que dificultem a publicidade do ato como a 
realização da cerimônia em navios ou aeronaves.
[2] Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 114) afirma que ?moléstia grave é aquela que pode acarretar a 
morte do nubente em breve tempo, embora o desenlace não seja iminente, e cuja remoção o sujeita a 
riscos?.
[3] Também se prova pela certidão de casamento o realizado no exterior perante autoridade diplomática 
ou consular (art. 1.544, CC). 
[4] Ensina Luiz Edson Fachin (2003, p. 173) que ?realizada a decolagem para o elevar-se matrimonial, 
durante a navegação os cônjuges governam, de uma especial cabine, o tráfego jurídico da sua 
convivência. Convívio que pode instalar-se na procriação dos filhos e na educação da prole. Pode ser mais, 
no delimitar as relações jurídicas e lhes dar a passagem desse papel de estabilização das relações sociais?.
[5] A adoção do sobrenome do outro normalmente é feita no processo de habilitação para o casamento, 
mas nada impede que seja feito a qualquer tempo (na sua constância) por meio de ação de retificação de 
registro civil (art. 109, Lei n. 6.015/73). Entende-se que o caminho contrário também é possível sem que 
para isso seja necessária a dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal.
[6] Frise-se que a direção compartilhada da sociedade conjugal não autoriza a invasão da privacidade do 
consorte.
[7] Na noção de sustento compreende-se não apenas as necessidades econômicas, mas também, as 
necessidades pessoais, culturais, escolares, profissionais...
[8] Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 166) ressaltam que ?não se pense, entretanto, 
que a repercussão econômica sobrepujaria o caráter afetivo-solidarista do casamento ? e das relações 
familiares, como um todo. Em verdade, as consequências patrimoniais do matrimônio têm de estar 
conectadas na proteção da dignidade humana e de seus valores existenciais. O interesse econômico ?é 
subalterno? e, por conseguinte, o regime de bens ?está atualmente submetido a uma defesa dos fins 
morais do casamento?, como lembra San Tiago Dantas?.
Estratégias de Aprendizagem
Indicação de Leitura Específica
Recursos
quadro e pincel; datashow
Aplicação: articulação teoria e prática
Caso Concreto
Thiago e Deise se casaram em maio deste ano, mas no processo de habilitação 
esqueceram de informar que Thiago adotaria o sobrenome de Deise. Realizado e 
registrado o casamento Thiago ainda pode pedir a inclusão do sobrenome da esposa? Em 
caso afirmativo, como deveria ele proceder? Explique sua resposta em no máximo cinco 
linhas. 
Questão objetiva 1
(TJSP 2013) A respeito do casamento, é certo afirmar:
a. É vedado, em qualquer circunstância, o casamento de pessoa menor de 16 anos.
b. Enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal, não 
pode casar o divorciado, sendo nulo o casamento se assim contraído.
c. O casamento nuncupativo poderá ser celebrado na presença de seis testemunhas que 
com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau, 
devendo ser comunicado à autoridade judicial mais próxima no prazo de 10 dias.
d. O casamento pode ser feito por procuração outorgada mediante instrumentoparticular, desde que com poderes especiais.
Questão objetiva 2
(MPAP 2012 Analista) Ana Carolina e José Augusto casaram-se no dia 30 de Junho de 
2012 na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro uma vez que são católicos e 
pretendiam trocar seus votos de união e fidelidade perante Autoridade Religiosa. No dia 
04 de Julho de 2012, eles registraram o respectivo casamento religioso no registro 
próprio objetivando a sua equiparação ao casamento civil. De acordo com o Código 
Civil brasileiro, neste caso, o respectivo casamento religioso produzirá efeitos a 
partir: 
a. da data do registro. 
b. da data de sua celebração. 
c. do dia seguinte ao registro do referido casamento. 
d. do dia seguinte da data de sua celebração. 
e. do primeiro dia útil posterior a data do registro.
Avaliação
Caso Concreto
Thiago e Deise se casaram em maio deste ano, mas no processo de habilitação 
esqueceram de informar que Thiago adotaria o sobrenome de Deise. Realizado e 
registrado o casamento Thiago ainda pode pedir a inclusão do sobrenome da esposa? Em 
caso afirmativo, como deveria ele proceder? Explique sua resposta em no máximo cinco 
linhas.
Gabarito: o art. 1565, §1o., CC, autoriza o acréscimo do sobrenome do cônjuge. 
Esquecido o pedido durante o procedimento de habilitação o acréscimo pode ser 
requerido a qualquer tempo, por meio de ação de retificação de nome (arts. 57 e 109 
da Lei n. 6515/73), desde que se demonstre que o casal ainda está junto e que haja 
concordância do outro cônjuge.
Vide: STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 910094 SC 2006/0272656-9 (STJ). Data de 
publicação: 19/06/2013. Ementa: RECURSO ESPECIAL. CIVIL. REGISTRO 
PÚBLICO. DIREITO DE FAMÍLIA. CASAMENTO. ALTERAÇÃO DO NOME. 
ATRIBUTO DA PERSONALIDADE. ACRÉSCIMO DE SOBRENOME DE UM DOS 
CÔNJUGES POSTERIORMENTE À DATA DE CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO 
E DA LAVRATURA DO RESPECTIVO REGISTRO CIVIL. VIA JUDICIAL. 
POSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. 1. O art. 1.565, § 1º, do Código Civil de 
2002 autoriza a inclusão do sobrenome de um dos nubentes no nome do outro, o que se 
dá mediante solicitação durante o processo de habilitação, e, após a celebração do 
casamento, com a lavratura do respectivo registro. Nessa hipótese, a alteração do nome 
de um ou de ambos os noivos é realizada pelo oficial de registro civil de pessoas naturais, 
sem a necessidade de intervenção judicial. 2. Dada a multiplicidade de circunstâncias da 
vida humana, a opção conferida pela legislação de inclusão do sobrenome do outro 
cônjuge não pode ser limitada, de forma peremptória, à data da celebração do 
casamento. Podem surgir situações em que a mudança se faça conveniente ou necessária 
em período posterior, enquanto perdura o vínculo conjugal. Nesses casos, já não poderá a 
alteração de nome ser procedida diretamente pelo oficial de registro de pessoas naturais, 
que atua sempre limitado aos termos das autorizações legais, devendo ser motivada e 
requerida perante o Judiciário, com o ajuizamento da ação de retificação de registro civil 
prevista nos arts. 57 e 109 da Lei 6.015 /73. Trata-se de procedimento judicial de 
jurisdição voluntária, com participação obrigatória do Ministério Público. 3. Recurso 
especial a que se nega provimento.
Questão objetiva 1
(TJSP 2013) A respeito do casamento, é certo afirmar:
a. É vedado, em qualquer circunstância, o casamento de pessoa menor de 16 anos.
b. Enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal, não 
pode casar o divorciado, sendo nulo o casamento se assim contraído.
c. O casamento nuncupativo poderá ser celebrado na presença de seis testemunhas que 
com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau, 
devendo ser comunicado à autoridade judicial mais próxima no prazo de 10 dias.
d. O casamento pode ser feito por procuração outorgada mediante instrumento 
particular, desde que com poderes especiais.
Gabarito: C - art. 1540, CC.
Questão objetiva 2
(MPAP 2012 Analista) Ana Carolina e José Augusto casaram-se no dia 30 de Junho de 
2012 na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro uma vez que são católicos e 
pretendiam trocar seus votos de união e fidelidade perante Autoridade Religiosa. No dia 
04 de Julho de 2012, eles registraram o respectivo casamento religioso no registro 
próprio objetivando a sua equiparação ao casamento civil. De acordo com o Código 
Civil brasileiro, neste caso, o respectivo casamento religioso produzirá efeitos a 
partir: 
a. da data do registro. 
b. da data de sua celebração. 
c. do dia seguinte ao registro do referido casamento. 
d. do dia seguinte da data de sua celebração. 
e. do primeiro dia útil posterior a data do registro.
Gabarito: B - art. 1515, CC
Considerações Adicionais
Referências Bibliográficas:
Nome do livro: Direito Civil Brasileiro - Direito de Família
Nome do autor: GONÇALVES, Carlos Roberto.
Editora: Saraiva
Nome do capítulo: Capítulos VI, VII e X.
Número de páginas do capítulo: 40

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