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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO II LUIZ PAULO FONTES DE REZENDE 2 História do Pensamento Econômico: Uma perspectiva crítica Hunt e Laustzenheiser, 2013 Capítulo 14 – Consumação, consagração e destruição da “Mão Invisível”: a economia neoclássica do Bem-Estar • VILFREDO PARETO (1848-1923) – a economia neoclássica do bem-estar ou ótimo de Pareto 3 A Economia neoclássica do Bem-Estar • Capitalismo: Duas mudanças significativa e um período de turbulência: • 1) concentração industrial e a constituição de corporação gigantescas, com trustes e carteis em escala mundial. • 2) imperialismo • Estas mudanças tornaram-se mais intensas, pois o sistema capitalista sempre foi um sistema econômico instável, passando por períodos de prosperidade e de depressões que se alternavam (ciclos econômicos). • As depressões aumentar culminando com a Grande Depressão Mundial dos anos 1930 e juntamente com a inquietação social resultaram numa instabilidade cada vez maior • A grande turbulência social desta data se manifestou na grande convulsão da primeira Guerra Mundial, na Revolução Soviética (Socialismo) e o fascismo na Itália e Alemanha. 4 A Economia neoclássica do Bem-Estar • A maior instabilidade econômica do capitalismo, em particular, a Grande Depressão fizeram com que John Maynard Keynes reavaliasse as teorias neoclássicas para compreender a natureza e as causas das depressões em um sistema capitalista. • Os economistas de tradição utilitarista e neoclássica teriam que reconhecer que o capitalismo estava passando por um período de mudanças turbulentas. • Say, Senior e Bastiat tinham depurado as teorias de Smith e Ricardo, rejeitando todos os elementos da perspectiva da teoria do valor-trabalho na economia clássica. Eles concentram na perspectiva utilitarista, enfatizando: a troca no mercado, o comportamento calculista, racional e maximizador, a harmonia universalmente benéfica criada pela mão invisível da troca no livre mercado • Três aspectos da teoria neoclássica obscurantistas: concepções de empresário, da natureza da produção e do produção pelo qual os preços de equilíbrio concorrenciais eram determinados 5 A Economia neoclássica do Bem-Estar • Empresário – agente econômico que contratava os fatores de produção, transformava-os em mercadorias acabadas e vendia essas mercadorias, o empresário só se motivava pelo desejo de maximizar os lucros, embora, no esquema neoclássico, nunca houvesse lucros, quando a economia estava em equilíbrio concorrencial. Os empresários nunca reconheciam que havia a inexistência de lucros no mercado de equilíbrio concorrencial, e sempre verifica que no final do processo de produção (equilíbrio) que o pagamento, a cada proprietário de fator equivalia ao valor total do que tinha produzido (valor da produção). • A única remuneração do empresário era o retorno normal por ele recebido por seus próprios fatores usados no processo de produção. Não tinha lucro algum e, portanto, teria ficado na mesma situação, se estivesse limitado a vender seu fator de produção a outro empresário, não tendo o trabalho de se preocupar com lucros. 6 A Economia neoclássica do Bem-Estar • Processo produtivo – os neoclássicos nunca mencionavam patrões e empregados, greves, duração de jornada de trabalho, disciplinas nas fábricas, linhas de montagem, taylorismo ou qualquer característica negativa do processo produtivo no capitalismo • A produção na teoria neoclássica era como um processo de alquimia fundamentado numa fórmula matemática, função de produção, que combina as quantidades de insumos e desta combinação resulta no produto final • Determinação de preços de equilíbrio em concorrência – cada empresário e consumidor, donos dos fatores de produção, eram tomadores de preços. Todos os preços eram determinados pelo mercado em concorrência, de modo completamente independente dos atos praticados por qualquer indivíduo ou firma. • Walrás tentou mostrar que os preços em determinados por um processo de tateamento, mas nem ele e nem os economistas neoclássicos conseguiram apresentar um argumento teórico ou empírico convincente para mostrar que este tateamento não afastaria mais a economia do equilíbrio em vez de aproximá-los. 7 A Economia neoclássica do Bem-Estar • Os neoclássicos recorreram a uma ficção útil de um deus exmachina para defender a teoria de equilíbrio perante a presença do leiloeiro walrasiano. • os neoclássicos demonstraram que existência do conjunto de preço de equilíbrio não era logicamente impossível e que era conhecido por todos os indivíduos e firmas. • Três pilares da defesa ideológica neoclássica do capitalismo de livre mercado: teoria da distribuição baseada na produtividade marginal, o argumento da mão invisível e a crença de que as forças de mercado da oferta e da demanda resultaria automaticamente e eficazmente a economia ao equilíbrio com pleno emprego. • Economia neoclássica do bem-estar é a apoteose (exaltação) final e mais bem elaborada do argumento da mão invisível de Adam Smith. Ela é uma elaboração, com modificações relativamente insignificantes, da análise de Walrás. O aperfeiçoamento foi introduzido pelo discípulo de Walras, Vilfredo Pareto. • Contribuição de Pareto à economia foi tão importante denominando-a de economia neoclássica do bem-estar ou economia paretiana do bem-estar. 8 A Economia neoclássica do Bem-Estar • A contribuição de Pareto foi formular as ideias de Walras em termos das “curvas de indiferença” que tinham sido formuladas pela primeira vez por Francis Y. Edgeworth (1845 -1926). • Economia neoclássica do bem-estar: curvas de indiferenças (teoria do consumidor) e as isoquantas (teoria da firma ou produção) • A teoria de Pareto é a teoria de Walrás pois as ideias de Pareto e dos outros teóricos posteriores aperfeiçoaram a versão de Walras do argumento da mão invisível. A economia de Walrás tornou-se o ramo dominante da economia neoclássica e outra escola fortemente influenciada pelas ideias de Menger sendo conhecida como a escola austríaca e a partir de 1950 como a escola de Chicago. • Aperfeiçoamentos da teoria neoclássica nas décadas de 1950 e 1960 com o conceito de Externalidades. 9 A maximização da Utilidade e Maximização do lucro • A teoria microeconômica neoclássica serve de base para a teoria neoclássica do bem-estar e é, em geral, dividida em duas partes separadas: teoria da maximização da utilidade pelo consumidor e a teoria da maximização do lucro pela firma. Ambas as teorias são simples demonstrações da lógica da maximização sujeita a restrições. • A teoria da maximização da utilidade pelo consumidor mostra dedutivamente que uma variação no preço de uma mercadoria leva, em geral, uma variação em direção oposta da quantidade demandada desta mercadoria. • A variação da quantidade pode ser separada conceitualmente em uma parte causada pelo “ efeito substituição” (variação do preço) e em outra parte pelo “efeito renda”. • O uso das curvas de indiferença permite que as análises sobre a utilidade marginal da maximização da utilidade pelo consumidor deixem de lado a hipótese de que a utilidade possa ser quantificada (avaliação cardinal) . Basta o consumidor listar, segundo um escalonamento de preferências, as diferentes mercadorias (avaliação ordinal). 10 A maximização da Utilidade e Maximização do lucro • Isso representa apenas uma quantificação ordinal (escalonamento) de utilidade dispensando comparações interpessoais de utilidade, que são conceitualmente impossíveis. • Condições necessárias para as curvas de indiferença atenderem aos resultados neoclássicos: convexas em relação a origem (substitutibilidade – Taxa marginal de substituição) e que o consumidor seja consistente na escolha. • Consistência: se um indivíduo preferir X a Y e Y a Z, terá de preferirX a Z ( preferência revelada) • Curvas de indiferença mostra como o consumidor maximiza a utilidade. Sendo as mercadorias A e B, o consumidor pode escalonar todas a possíveis combinações de A e B. Se o indivíduo obtiver maior utilidade adicional de A e menor de B (ou vice-versa) supõe-se que ele sempre possa determinar quando a utilidade adicional de A compensa exatamente a utilidade perdida com a diminuição de B, e manter o mesmo nível de utilidade (permanecer na mesma curva de indiferença). 11 A maximização da Utilidade e Maximização do lucro Maximização da utilidade pelo consumidor Restrição orçamentária Quantidade de A Q ua nt id ad e de B Curvas de indiferença 3 2 1 k A B 12 A maximização da Utilidade e Maximização do lucro • Em cada curva, existem pontos que representam “cestas” de A e B que tem o mesmo grau de utilidade. À medida que passamos de um para outro ponto da mesma curva, a utilidade conseguida com uma quantidade maior de uma mercadoria é exatamente compensada pela utilidade que se perde. Portanto, o consumidor é indiferente em relação a ter qualquer das cestas de A e B representadas pelos vários pontos em uma única curva de indiferença. • O gráfico apresenta três curvas de indiferença. A curva 1 representa o nível mais baixo de utilidade; a curva 2 representa um nível de utilidade mais alto (possível obter maior quantidade de A e B passando da curva 1 para a curva 2); a curva 3 representa um nível mais alto ainda de utilidade. • A linha reta representa a restrição orçamentária do consumidor que mostra as combinações de A e B que o indivíduo pode comprar com a renda recebida pela venda de seus fatores de produção (poder aquisitivo), sendo a inclinação desta linha o preço relativo dos bem A (preço do bem A dividido pelo preço do bem B). • Consumidor maximiza sua utilidade comprando as quantidades A e B na curva de indiferença 2, pois nenhuma curva de indiferença mais alta pode ser atingida, dada a restrição orçamentária do consumidor. 13 A maximização da Utilidade e Maximização do lucro • Qualquer outro ponto atingível dentro desta restrição fica em uma curva de indiferença abaixo da curva 2. Portanto o ponto K maximiza a utilidade do indivíduo e este, de acordo com a teoria econômica clássica, sempre escolherá este ponto. • Inclinação da curva de utilidade, em qualquer ponto, mede a razão entre a utilidade marginal de A e a utilidade marginal de B. • Inclinação da linha orçamentária mede a razão de preços Pa/Pb • Ponto K: (UmgA/UmgB) = (Pa/Pb) ou equivalente (UmgA/Pa) = (UmgB/Pb) satisfazendo a condição de maximização da utilidade formulada por Jevons e Walras. • Os preços de equilíbrio de mercado de A e B, tal como determinados pelo mercado em concorrência (leiloeiro) refletem perfeitamente a avaliação psíquica marginal de A e B para cada consumidor, quer dizer, se o preço de equilíbrio de A, por exemplo, for o dobro do preço de equilíbrio de B, todo individuo achará, em termos físicos, que A terá o dobro da utilidade de B. após ter atingido seu nível ótimo de consumo. Os preços refletem perfeitamente a utilidade marginal de todo consumidor. 14 A maximização da Utilidade e Maximização do lucro • Demonstração da maximização do lucro por uma firma é quase idêntica à demonstração da utilidade por um indivíduo. • Teoria da firma: trabalho (L) e Capital (K) • Isoquantas são as curvas 1, 2 e 3 mostrando que as várias combinações dos fatores (trabalho e capital) produzem um determinado nível de produto • Cada curva (isoquanta) representa um nível de produto determinado pela função de produção, e quanto mais próxima a curva estiver da origem do gráfico, menor o nível de produção. • A linha reta é a linha de isocusto que é a combinação de trabalho e capital que a firma pode comprar com determinada quantia de dinheiro (mesmo custo). • Ponto J – maximização do lucro sendo interpretada de duas formas: 1) Produzir um nível de produção na isoquanta 2 com o menor custo representado pela isocusto. 2) Se a firma resolver gastar apenas a quantia determinada pela isocusto, a isoquanta 2 representará a produção máxima possível para este nível de despesa. 15 A maximização da Utilidade e Maximização do lucro Maximização do lucro Linha de isocusto Quantidade de trabalho (L) Q ua nt id ad e de C ap ita l ( K ) Isoquantas 3 2 1 J L K 16 A maximização da Utilidade e Maximização do lucro • Situação de equilíbrio em concorrência perfeita: a curva de isoquanta tangencia a curva de isocusto. Em uma situação de equilibro em concorrência perfeita, todas as firmas terão de pagar os mesmos preços pelo capital e trabalho (determinado pelo leiloeiro). • A inclinação da linha de isocusto é Pl/Pk (razão entre o preço do trabalho – salários e o preço do capital – juros) • Inclinação da isoquanta PmgL/PmgK (razão entre o produto marginal do trabalho e do capital) • Equilíbrio dado pela relação (PmgL/Pmgk) = (PL/Pk) • O valor do produto marginal de cada fator é igual ao preço de cada fator VPmgL= PL e VPmgk= Pk, assim a teoria da distribuição baseada na produtividade marginal é válida. Cada fator recebe exatamente o equivalente ao que produz dentro da determinada margem. A produção é maximizada e cada fator recebe exatamente a renda da contribuição marginal de seus fatores. 17 Teoria Microeconômica – A Economia Neoclássica do Bem-estar • A visão Beatífica e a Felicidade eterna • Com base nas condições de maximização da utilidade e do lucro, os economistas neoclássicos construíram um modelo dedutivo e matemático, que sob as condições de concorrência, os consumidores que maximizem a utilidade e que façam trocas, bem como os empresários que maximizem os lucros e façam trocas, automaticamente agirão e interagirão de maneira a maximizar o bem-estar social. • A condição de maximização do lucro é uma condição necessária e suficiente para se atingir o que se conhece como fronteira de possibilidade de produção, que mostra todas as possíveis combinações de mercadorias que podem ser produzidas, quando o trabalho e capital de toda sociedade são utilizados eficientemente. • A eficiência é atingida, quando, para qualquer combinação de mercadorias produzidas, o aumento da produção de qualquer mercadoria implica, obrigatoriamente a diminuição da produção de outras mercadorias. 18 Teoria Microeconômica – A Economia Neoclássica do Bem-estar • O ponto sobre a fronteira de possibilidade de utilidades é o que os economistas neoclássicos chamam de (ponto) ótimo de Pareto. Representa o bem-estar máximo que a sociedade pode conseguir com uma certa distribuição de riqueza. O comportamento de maximização da utilidade e do lucro em concorrência leva, automaticamente, a esse ponto. • Qualquer ponto na fronteira de possibilidade de produção representa um produto total que compreende uma determinada combinação de quantidades de cada uma das mercadorias produzidas. • Taxa marginal de transformação na produção de duas mercadorias A e B igual a 2:1, significa que se desistirmos de duas unidades da A, poderemos produzir mais uma unidade de B. • Pontos sobre a fronteira de possibilidade de produção (FPP) representa a eficiência econômica, isto é, ótimo de Pareto. Assim não é possível aumentar a produção de um bem sem reduzir a produção do outro • Pontos dentro da FPP representa a ineficiência sendo possível aumentar a produção de pelo menos um bem, sem reduzir a produção do outro. Máquinas (milhares) Alimentos (milhões de toneladas) B A C D E F 00 2 2 4 4 6 6 8 8 10 10 Fonte: Introdução à economia Autores: Márcio Bobik Braga e Marco A. S. de Vasconcellos Curva ou fronteira de possibilidade de produção Pontos sobre a fronteira de possibilidadede produção (FPP) representa a eficiência econômica (ótimo de Pareto). Pontos dentro da FPP representa a ineficiência econômica. Pontos fora da FPF representa a impossibilidade de produção, recursos insuficientes. 20 Teoria Microeconômica – A Economia Neoclássica do Bem-estar • Um sistema de concorrência perfeita e de livre iniciativa garante o máximo bem- estar social. A prova disso está no comportamento maximizador dos produtores e consumidores. Lembro o que disse Smith, cada indivíduo, buscando seu próprio interesse pessoal, é levado por uma mão invisível a agir de modo tal que promova o bem-estar geral de todos. 21 Teoria Microeconômica – A Economia Neoclássica do Bem-estar Bases hedonistas da economia do bem-estar • A economia neoclássica do bem-estar baseia-se pura e simplesmente no hedonismo. • O hedonismo (do grego hedonê, "prazer", "vontade" ) é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana. O hedonismo filosófico moderno procura fundamentar-se numa concepção mais ampla de prazer entendida como felicidade para o maior número de pessoas. • As curvas de indiferença permitem a substituição da quantificação cardinal pela quantificação ordinal da utilidade. A palavra utilidade é quase sempre omitida em favor da palavra preferência, a qual mostra que os consumidores fazem escolhas de forma racional (ordenamento de preferência). 22 Teoria Microeconômica – A Economia Neoclássica do Bem-estar Bases hedonistas da economia do bem-estar • O hedonismo da economia do bem-estar significa que se você gosta de alguma coisa, o melhor é ter mais. Assim mais prazer é, melhor do que menos prazer (Bentham); mais utilidade é melhor do que menos utilidade (versão neoclássica dos fins do século XIX) e uma posição preferida no ordenamento de preferências de um indivíduo é melhor do que uma posição não preferida (versão neoclássica contemporânea). • Cada indivíduo é o único juiz com capacidade de avaliar o prazer, a utilidade ou a preferência de um objeto, porque se presume que esses níveis de bem-estar dependam somente da relação entre o indivíduo e o objeto de consumo. • Os desejos individuais são os critérios últimos dos valores sociais. Sempre que a utilidade para a um indivíduo não seja uma questão puramente pessoal, individual, quer dizer, sempre que a utilidade para uma pessoa seja afetada pelo consumo das outras pessoas (ou produção das firmas), esses efeitos interpessoais são chamados de Externalidades. 23 Teoria Microeconômica – A Economia Neoclássica do Bem-estar Bases hedonistas da economia do bem-estar Ótimo de Pareto - a regra fundamental do ótimo de Pareto afirma que a situação econômica é ótima, quando nenhuma mudança pode melhorar a posição de um indivíduo (avaliada por ele próprio) sem prejudicar ou piorar a posição do outro indivíduo (avaliada por este outro). Uma melhora de Pareto, é uma mudança que tira a sociedade de uma posição não ótima e a aproxima mais de uma posição ótima: “qualquer mudança que não prejudique quem quer que seja e que melhore a situação de alguém (avaliada entre as pessoas) tem que ser considerada uma melhora” O significado das noções neoclássicas de eficiência e racionalidade está associado ao ótimo de Pareto. Os únicos valores que contam na análise de Pareto são as preferências de cada indivíduo isolado ( melhores juízes do seu bem-estar) não considerando os valores sociais. (trade off eficiência x justiça social; lucros x distribuição de renda) Uma distribuição justa de renda pode ser socialmente ótima, mas uma situação não ótima de Pareto (não eficiente). 24 Teoria Microeconômica – A Economia Neoclássica do Bem-estar Premissas da teoria neoclássica para atingir o equilíbrio de concorrência perfeita e ter uma situação de ótimo de Pareto: 1) Grande número de compradores e vendedores, cuja parcela é pouca significativa no mercado; 2) Livre entrada e saída de firmas em qualquer setor; 3) Insumos e produtos homogêneos; 4) Nenhuma incerteza quanto ao futuro; 5) Conhecimento perfeito de todas as alternativas de produção e consumo; 6) Funções de produção com as condições de optimalidade de segunda ordem (curva pouco acentuada, não rendimentos crescentes de escala, taxas marginais de substituição decrescentes ao longo da isoquanta); 7) Funções de utilidade com características similares à função de produção; 25 Teoria Microeconômica – A Economia Neoclássica do Bem-estar Premissas da teoria neoclássica para atingir o equilíbrio de concorrência perfeita e ter uma situação de ótimo de Pareto: 8) Produtividade geralmente insensível à distribuição de riqueza e renda; 9) Apenas economias e desconomias externas ( ou externalidades) que possam ser corrigidas ou anuladas com impostos ou subsídios; 10) Mercados sempre em equilíbrio, com toda mudança representando mudanças instantâneas de uma situação de equilíbrio estático para outro. Essas premissas vão além da análise neoclássica do equilíbrio em concorrência e domina toda a análise microeconômica. Premissas 1 e 2 – fundamentos do conceito ortodoxo de concorrência Verdadeira concorrência capitalista: luta mortal entre os capitalistas para eliminar seus rivais do mercado e conseguir a posição de monopólio O equilíbrio no longo prazo é conceito da economia neoclássica, mas o verdadeiro desenvolvimento do capitalismo ocorre numa direção oposta e generalizada da concentração de mercado ( monopólio e oligopólio) 26 Teoria Microeconômica – A Economia Neoclássica do Bem-estar ECONOMIA DO BEM-ESTAR E EXTERNALIDADES - Deficiência da economia do bem-estar é o tratamento da externalidades. De todas as premissas irrealistas, a menos plausível é este tratamento. - Teoria neoclássica: os processos de produção e consumo têm efeitos diretos apenas sobre uma ou poucas pessoas que estão produzindo ou consumindo. - Externalidades são geradas quando a função de utilidade de uma firma é afetada pela produção de outra firma ou – o que é mais importante – quando a utilidade para um indivíduo é afetada por um processo de produção com o qual ele não tem qualquer ligação direta. - Economia do BEM-ESTAR: simulação de um preço de mercado racional, correto, do efeito não precificado da externalidade, através de um processo de extrapolação ou de interpolação denominado de análise custo-benefício. - A análise custo-benefício que pode ser feita para corrigir as externalidades é, ela própria, uma mera extensão da teoria da eficiência alocativa, de Pareto. 27 Teoria Microeconômica – A Economia Neoclássica do Bem-estar ECONOMIA DO BEM-ESTAR E EXTERNALIDADES - Externalidade – o governo bem intencionado e imparcial pode tributar ou subsidiar de maneira a anular ou neutralizar a externalidade isolada, restabelecendo assim o ótimo de Pareto através de uma análise de custo-benefício. ( Tributar as empresas poluidoras que provocam doenças respiratórias, tributar o desperdício de água) No mundo real, observamos que os atos de produção e consumo envolvem, diariamente, externalidades ( acúmulo de lixo, destruição dos recursos naturais) A falta de realismo da economia do bem-estar é a manifestação do hedonismo individualista do utilitarismo, enquanto na realidade, a atividade econômica não é ato individual e isolado, mas sim, a interação da sociedade (conjunto de indivíduos). O Bem-estar de todo indivíduo é afetado de inúmeras maneiras pelos padrões sociais e pelas instituições que determinam quem, o que e de que forma consome e produz. Em economia de mercado, qualquer ato de um indivíduo ou empresa que induza ao prazer ou à dor de qualquer outro indivíduo ou empresa e que não tenha preço num mercado constitui uma externalidade na economia neoclássica do bem-estar. 28 Teoria Microeconômica – A Economia Neoclássica do Bem-estar ECONOMIA DO BEM-ESTAR E EXTERNALIDADES- Em economia de mercado, qualquer ato de um indivíduo ou empresa que induza ao prazer ou à dor de qualquer outro indivíduo ou empresa e que não tenha preço num mercado constitui uma externalidade na economia neoclássica do bem-estar. - Os atos de produção e de consumo são, em sua maioria, sociais envolvendo um grande número de pessoas e estes atos envolvem externalidades. - Tendo em vista estas externalidades, é difícil sustentar que no mundo da mão invisível dos utilitaristas neoclássicos, cada um só se preocupando com seus interesses próprios, e que todos estes atos egoístas promovem o bem-estar geral. - Com o reconhecimento da presença das externalidades, a solução do tipo imposto-subsídio é claramente percebida como uma fantasia. Esta solução exigiriam milhões de impostos e subsídios, e além disso estes tributos criariam novas externalidades (inveja, simpatia ) e não resultaria no ótimo de Pareto. - Escola austríaca, mais reacionária do que os teóricos neoclássicos ortodoxos, nunca aceitaram a intervenção do governo no mercado, ignorando as externalidades. 29 Teoria Microeconômica – A Economia Neoclássica do Bem-estar ECONOMIA DO BEM-ESTAR E EXTERNALIDADES - Escola austríaca ou de Chicago, mais reacionária do que os teóricos neoclássicos ortodoxos, nunca aceitaram a intervenção do governo no mercado, ignorando as externalidades. Já na década de 1960, quando o debate das externalidades estava em voga em virtude da degradação do meio ambiente pelo capitalismo, a escola de Chicago também passou a recomendar política para lidar com as externalidades. Política da criação de diretos de propriedade de poluir e a formação de mercados nos quais tais direitos poderiam ser negociados ( exemplo negociação do crédito de carbono). - A tributação arrecadada pelo governo. A quem seria destinados estes direitos de poluir? Aos pobres moradores das áreas poluídas? As pessoas escolhidas aleatoriamente? Aos monopólios e oligopólios poluidores? Ou ficaria para o governo?
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