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Evolução do Direito Processual Civil Brasileiro

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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE DIREITO
DISCIPLINA HISTÓRIA DO DIREITO - 
EVOLUÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
GUILHERME COLLARES PASCOAL
RAFAEL LANGER
ROBERTO ROY
PORTO ALEGRE, 27 DE JUNHO DE 2016
"Trata-se de redescobrir o sangue que secou nos códigos, e, por conseguinte, não, sob a fugacidade da história, o absoluto do direito; não reportar a relatividade da história ao absoluto da lei ou da verdade, mas, sob a estabilidade do direito, redescobrir o infinito da história, sob a fórmula da lei, os gritos de guerra, sob o equilíbrio da justiça, a dissimetria das forças"
Michel Foucault, “Em defesa da Sociedade”
INTRODUÇÃO
O direito é uma ideia prática, isto é, implica um fim, e toda ideia de tendência ou direção é inevitavelmente dupla, porque contém em si uma antítese, o fim e o meio. Realmente, não basta indicar o fim, é indispensável saber também o caminho que a ele conduz.É inegável a necessidade de conhecimento, cada vez mais aprofundado, do direito dos povos cultos, a fim de aperfeiçoar o nosso, que, para efeito, deve também ser conhecido no seu desenvolvimento histórico, para que se realize um sistema jurídico consistente e não uma simples substituição pelo direito alheio.
Admitimos que a vida em sociedade necessita de uma ordenação do comportamento humano. Afinal, foi partindo desta premissa que, surgiu o direito como um conjunto de normas que regula a vida em sociedade. Não obstante, necessitamos não só de uma norma, mas fundamentalmente de sua correta aplicabilidade.
Para o cumprimento desta tarefa o Estado utiliza o Direito Processual, através do processo, pois é este um instrumento de atuação do direito material, capaz de solucionar um conflito de interesses estabelecidos entre as partes.
O processo civil teve sua origem desde os tempos remotos, mas, nessa época, não havia as divisões de ramos do direito como temos atualmente e, evidentemente, os legisladores antigos não saberem ainda o que viriam a ser as normas processuais.
O presente trabalho visa apresentara evolução do direito processual civil no Brasil, tendo como objetivo único demonstrar a importância de tal conhecimento para uma melhor assimilação da atual situação jurídica do nosso país.
EVOLUÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL BRASILEIRO
Antigamente, o Direito Processual Civil era designado Direito JudiciárioCivil, o qual pode ser definido, de forma resumida, como o ramo do direito que sedestina à solução das lides civis. ConformeOliveira (2009), o “Direito Processual Civil tem por objeto o processo, que é o principal instrumento do Estado para oexercício da jurisdição, que visacompor o conflito de interesses”.
Até o século XIX, não se distinguia o direito material dos procedimentos usados para repará-lo, até mesmo no direito romano, considerado o mais desenvolvido da Antiguidade e Idade Média. Como explica Dutra (2008) “enquanto os povos germanos ainda apresentavam conceitos religiosos, crenças e misticismos ligados ao direito, os romanos já lhe haviam concedido um aspecto científico, embora não o dividissem claramente na vertente material e naprocessual”.
A conquista da independência política não levou o Brasil a rejeitar em bloco a legislação lusitana, cuja continuidade foi assegurada pelo decreto de 20 de outubro de 1823 em tudo que não contrariasse a soberania nacional e o regime brasileiro. Assim, o país herdava de Portugal normas processuais contidas nas Ordenações Filipinas e algumas leis extravagantes posteriores.
As Ordenações Filipinas, assim denominadas porque promulgadas pelo rei Felipe I (em 1603), foram grandes codificações portuguesas, precedidas pelas Ordenações Manuelinas (1521) e pelas Afonsinas (1456), cujas fontes principais foram o direito romano e o direito canônico, além das leis gerais elaboradas desde o reinado de Afonso II, de concordatas celebradas entre reis de Portugal e autoridades eclesiásticas, das Sete Partidas de Castela, de antigos costumes nacionais e dos foros locais (CINTRA;GRINOVER;DINAMARCO, 2015).
As Ordenações 
O Brasil nasceu sob o império das Ordenações Afonsinas, consolidando a legislação da época, desde Afonso II a Afonso V, e a anterior carta foro de Afonso Henriques aos forros de Lisboa, Almada, Palmela e Alcácer, os capítulos das Cortes de Afonso IV em diante, o direito romano e o canônico interpretados pelos glosadores, as concordatas de D. Diniz, Pedro I e João I, as Partidas, os antigos costumes ou assentos da Chancelaria, os da Câmara de Lisboa sobre alugueres e a carta de fretamento dos navios do Porto, mencionando os reis, sob cujo poder foram as leis promulgadas (PACHECO, 1999).
Nelas, restringia-se a legislação feudal ou costumeira, revogou-se a da avoenga, sublimando o direito romano justinianeu, cujo corpus juris lhe serviu de modelo, e só admitindo o direito canônico nas matérias relativa a pecado, não obstante hajam, quanto ao método, seguido as Decretais de Gregório IX(PACHECO, 1999).
Devemos ressaltar que as Ordenações Afonsivas não foram uma verdadeira codificação do direito e sim uma compilação coordenada e que se dividia em 5 livros, sendo o Livro III, com seus 128 artigos destinados ao processo civil. Em seu terceiro livro, abordava os atos judiciais e a ordem que tais atos deveriam obedecer, situando-se nele a parte propriamente processual. As Ordenações Afonsinas vigoraram em nosso país até 1521, quando ocorre então, a publicação das Ordenações Manuelinas (FRANCO, 2005).
Em 1505, resolveu D. Manuel elaborar novo código. Para isso, em carta de 9 de fevereiro de 1506, atribuía a incumbência a Rui Botto, Rui Grã e João Cotrim. Em 1512 era a obra impressa em Lisboa. Emendada, foi publicada a 11 de março de 1521, a partir de quando começaram a viger as Ordenações Manuelinas (PACHECO, 1999).
Tais ordenações atenderam mais ao interesse da realeza do que ao das outras instituições, dando golpes profundos no feudalismo e fortalecendo o poder absoluto do rei, em detrimento das antigas liberdades do povo. 
Na distribuição das matérias, seguem a do código anterior, alterando somente a ordem dos títulos, artigos e parágrafos. O processo civil é regulado no Livro III; no Livro I, cuidavam do regimento dos oficiais e magistrados; no Livro II, dos direitos e dos bens da coroa, privilégios dos donatários e da Igreja; no IV, dos contratos e das matérias cíveis, e no V, dos crimes e penas (PACHECO, 1999).
Podemos afirmar que os julgadores estavam adstritos às Ordenações e, supletivamente, as leis, ao estilo da Corte ou aos costumes gerais ou locais, e, à falta destes, ao direito canônico em matéria de pecado, e ao direito romano, em outras matérias, mas se nada disso fosse pertinente, seguiam-se as glosas de Acursio, e depois a opinião de Bartolo.
A partir de 1603, foram promulgadas as Ordenações Filipinas, que seguiram o método e a sistematização das matérias manuelinas, em cinco livros. 
Em seu Livro III as Ordenações Filipinas disciplinaram o processo civil, dominado pelo princípio dispositivo e movimentando apenas pelo impulso das partes, cujo procedimento, em forma escrita, se desenrolava através de fases rigidamente distintas. O processo criminal, juntamente com o próprio direito penal, era regulado pelo tenebroso Livro V das Ordenações, que admitia o tormento, a tortura, as mutilações, as marcas de fogo, os açoites, o degredo e outras práticas desumanas e irracionais, manifestadamente incompatíveis com o grau de civilização já atingido no Brasil, várias décadas depois da publicação da humanitária obra-mestra de Beccaria(CINTRA;GRINOVER;DINAMARCO, 2015).
Como na época da só concebiam o processo judicial para resolver litígios, as Ordenações prescreviam ser três pessoas, por direito, necessárias em qualquer juízo: juiz que julgue, autor que demande e réu que se defenda. Não podiam conceber a ação declaratória para declaração da existência ou inexistência de direito ou da autenticidade de documento e, dessa forma, a possibilidadede ausência de réu. Pode-se afirmar, no entanto, que tinham noção clara da necessidade de citação, sob pena de nulidade do processo (PACHECO, 1999). 
O Brasil viveu, portanto, sob três ordenações que foram consideradas grandes codificações da época, além das cartas dos Donatários, dos governadores e dos ouvidores. 
Até a Constituição de 1824, desconhecia-se no país, o princípio da divisão dos poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), confundindo-se, dessa maneira, o judicial, administrativo, fiscal e militar, para o que quase sempre se tende quando se centraliza o poder por qualquer razão política. 
Distinguiam-se a justiça vinculada às capitanias e a justiça central, vinculada ao governador e ouvidor-geral, mas ambas sujeitas às instâncias de conformidade com as Ordenações ou com as cartas de doação do governador ou ouvidor (PACHECO, 1999). 
A justiça comum era quase toda ela de âmbito municipal, com juízes ordinários, provindos do povo e por ele eleitos, com assistência do donatário e do ouvidor. Praticamente não se tinha a nomeação de juiz, pelo poder régio, a não ser nos casos de juízes de fora, que surgiram no Brasil a partir de 1696. Tal surgimento se dá por três razões: do aproveitamento dos letrados e formados pelas escolas de direito; de, por lei, ficarem os bacharéis habilitados a serem aproveitados na magistratura; e da fundação das escolas de direito de São Paulo e Recife. 
Processo civil brasileiro no Império
Com a independência do Brasil, a 7 de setembro de 1822, urgia dotar o país de legislação condizente com a nova situação, provendo estrutura jurídica, para o qual se instalou, a 3 de maio de 1823, a Assembléia Constituinte e Legislativa. 
Dela saiu e foi promulgada lei, determinando que: as Ordenações, leis, regimentos, alvarás, decretos e resoluções promulgadas pelos reis de Portugal, e pelas quais o Brasil se governara até o dia 25 de abril de 1821, e todas as que foram promulgadas daquela data em diante, ficavam em inteiro vigor na parte em que não tivessem sido revogadas; e, todos os decretos publicados pelas Cortes de Portugal, especificados em tabela anexa, ficavam igualmente em vigor (PACHECO, 1999).
Em 25 de março de 1824 foi editado a primeira Constituição brasileira, que trazia inovações e princípios fundamentais, tais como a separação de poderes Legislativo, Executivo e Jurisdicional; a publicidade do processo-crime; a necessidade do juízo conciliatório prévio; o pronunciamento sobre fatos pelo jurados, e a aplicação da lei pelos juízes; reconhecimento de Relações das Províncias e de um Supremo Tribunal de Justiça; a instituição dos juízes de paz; além de prever a elaboração de um Código Criminal, fundado nas sólidas bases da justiça e equidade (CINTRA;GRINOVER;DINAMARCO, 2015).
Em obediência a esse determinação constitucional foi preparado e sancionado por decreto de 16 de dezembro de 1830 o Código Criminal do Império, obra legislativa de grande valor, que procedeu à completa inovação da disciplina positiva penal, inclusive com a consagração do princípio básico da reserva legal. Tornou-se então necessária a substituição das leis esparsas e fragmentárias do processo penal por um novo corpo legislativo adequado à aplicação da recente codificação penal, promulgando, em 29 de novembro de 1832, nosso primeiro Código de Processo Criminal.
O Código de Processo Criminal quase nada aproveitou da legislação precedente, inspirando-se antes de tudo nos modelos inglês e francês. Mas, sendo do tipo acusatório o sistema processual inglês e do tipo inquisitório o francês, apartando-se um do outro de forma significativa, eles deram ao legislador brasileiro os elementos para a construção de um sistema misto ou eclético, que combinava aspectos e tendências daquelas legislações estrangeiras. De qualquer forma, o Código de Processo Criminal brasileiro de 1832, por sua clareza, simplicidade, atualidade e espírito liberal, mereceu geral aprovação (CINTRA;GRINOVER;DINAMARCO, 2015).
Se o próprio Código foi obra de inegáveis méritos, melhor ainda foi a sintética e exemplar " disposição provisória acerca da administração da justiça civil" que a ele se anexou como Título Único. Com apenas vinte e sete artigos, a disposição provisória simplificou o procedimento, suprimiu formalidades excessivas e inúteis, excluiu recursos desnecessários - enfim, criou condições excelentes para a consecução das finalidades do processo civil, estabelecendo as bases para um futuro Código de Processo Civil, que infelizmente, não veio a ser elaborado. 
Pior que isso, algumas das reformas introduzidas pela disposição provisória na disciplina do processo civil não tardaram a serem canceladas. Através da lei nº 261, de 3 de dezembro de 1841, alterou-se o Código de Processo Criminal, com o objetivo de aumentar os poderes de polícia, em detrimento do que foi considerado excessivamente liberal no diploma de 1832. Nesse primeiro período da nossa independência as disciplinas de processo penal e processo civil caminharam quase pari passu (CINTRA;GRINOVER;DINAMARCO, 2015).
Mas foi em 1850 que surgiu uma importante codificação na área processual civil: o Regulamento 737, de 25 de novembro de 1850 (Decreto imperial nº 737/1850), cujo objetivo era determinar a ordem do juízo e regular matérias no processo comercial.
O Regulamento 737 dividiu os processualistas. Foi considerado "um atestado de falta de cultura jurídica, no campo do direito processual, da época em que foi elaborado"; e foi elogiado como "o mais alto e mais notável monumento legislativo do Brasil, porventura o mais notável código de processo até hoje publicado na América". Na realidade, examinando serenamente em sua própria perspectiva histórica, o Regulamento 737 é notável do ponto de vista da técnica processual, especialmente no que toca à economia e à simplicidade do procedimento. (CINTRA;GRINOVER; DINAMARCO, 2015, p.136).
	
Anos mais tarde, em virtude de prolongada campanha, restabelecia-se, através da lei nº 2.033, de 20 de setembro de 1871, a mesma orientação liberal do antigo Código de Processo Criminal do Império. 
Nesse interim as causas civis continuaram a ser reguladas pelas Ordenações e suas alterações. Sendo inúmeras as leis modificativas das Ordenações, o Governo, dando cumprimento à referida lei nº 2.033, encarregou o Conselheiro Antônio Joaquim Ribas de reuni-las em um conjunto que contivesse toda a legislação relativa ao processo civil. A Consolidação das Leis do Processo Civil, elaborada por Ribas, passou a ter força de lei em virtude da resolução imperial de 28 de dezembro de 1876. Dividia-se em duas partes: a primeira, relativa à organização judiciária; e a segunda, à forma do processo. 
O trabalho do Conselheiro Ribas, na verdade, não se limitou a compilar as disposições processuais então vigentes. Foi além, reescrevendo-as muitas vezes tal como as interpretava; e como fonte de várias disposições de sua Consolidação invocava a autoridade não só de textos romanos como de autores de nomeada, em lugar de regras legais constantes das Ordenações ou de leis extravagantes
Processo civil brasileiro no Período Republicano
Após a Proclamação da República, uma das primeiras providências do Governo foi aplicar o Regulamento também às causas cíveis. Em 1890, o Regulamento n. 763 ampliou a aplicação do Regulamento n. 737 para o processamento também das causas cíveis. Os processos não disciplinados pelo Regulamento, contudo, continuariam sendo regidos pelas Ordenações.
O Regulamento 737 foi de grande importância até a edição do atual Código de Processo Civil. Seu objetivo era determinar a ordem do juízo no processo comercial. Foi notável especialmente em relação à economia e simplicidade do procedimento, porém, em virtude de prolongadas campanhas e críticas em 1871, restabeleciam-se as orientações do antigo Código de Processo Criminal.
Com a proclamação da República uma das primeiras medidas tomadas pelo Governo Republicano com relação ao processo civil, foi que se aplicassem, ao processo, julgamento e execução das causas cíveisem geral, as disposições do Regulamento 737 de 1850. Entretanto, manteve em vigor as disposições que regulavam os processos especiais, não compreendidos pelo referido Regulamento.
A Constituição Republicana de 1891, além de instaurar a forma federativa e a dualidade de justiça – a da União e a dos Estados –, cria a dualidade de processos, atribuindo o poder de legislar sobre processo tanto à União como aos Estados federados. Tinha-se, assim, o direito processual da União e os Códigos estaduais de Processo Civil, baseados no modelo federal. O primeiro Código Estadual a ser editado foi o Código Processual da Bahia, em 1915. A falta de preparo científico dos legisladores foi o principal impedimento para a criação de Códigos estaduais mais inovadores e de acordo com o moderno direito processual.
Diante da ineficiência da divisão de competências legislativas sobre processo entre União e Estados, a Constituição de 1934 atribuiu primordialmente à União e supletivamente aos Estados a competência para legislar sobre matéria processual. Em 1937, o Governo nomeou uma comissão para a elaboração do Código Nacional de Processo Civil. Os trabalhos, contudo, não prosseguiram pela existência de divergências internas na comissão. Um de seus membros, Pedro Batista Martins, elaborou um projeto que foi transformado em lei pelo Governo através do Decreto-Lei n. 1.608, de 1939. O novo Código trazia uma parte geral moderna ao mesmo tempo em que continha uma parte especial antiquada. Quanto a isso, THEODORO JÚNIOR (2007, p. 17) observa:
“dizia-se, com razão, que dois espíritos coabitavam o Código, formando uma parte geral impregnada de idéias novas, enquanto as que tratavam dos procedimentos especiais, dos recursos e da execução se ressentiam ‘de um execrável ranço medieval’.
Com a competência da União para legislar sobre processo, ressalta GRINOVER (2004), “ditada constitucionalmente em 1934, tornou-se necessária a preparação de um novo Código de Processo Civil; tendo o governo organizado comissões de juristas encarregados daquela tarefa”. Foi então apresentado um trabalho por Pedro Batista Martins, advogado, que revisto pelo então Ministro da Justiça Francisco Campos, por Guilherme Estellita e por Abgar Renault, transformou-se no Código de Processo Civil de 1939. Dentre suas principais características está a adoção do princípio da oralidade, tal como preconizava Chiovenda, com algumas concessões à tradição, especialmente no que diz respeito aos sistemas de recursos e à multiplicação de procedimentos especiais.
Com severas críticas lançadas pela doutrina e o surgimento de várias leis extravagantes, tornou-se necessária a reformulação do Código de 1939. O governo Federal, por sua vez, incumbiu Alfredo Buzaid, professor da Faculdade de Direto de São Paulo, de elaborar o anteprojeto do Código de Processo Civil.
Em 1973, o Código de 1939 foi reformado com base no anteprojeto do Ministro Alfredo Buzaid. Pela Lei n. 5.869 de 11 de janeiro de 1973, o Código de Processo Civil foi promulgado. 
O anteprojeto foi revisto por José Frederico Marques, Luís Machado Guimarães e Luís Antônio de Andrade e submetido ao Congresso Nacional sendo aprovado e promulgado pela Lei 5.869/73, surgindo assim o novo Código de Processo Civil atualmente em vigor. O Código de Processo Civil possui 1.220 artigos, divididos em cinco livros: I - do processo de conhecimento; II - do processo de execução; III - do processo cautelar; IV - dos procedimentos especiais; V - das disposições finais e transitórias. to do Código de Processo Civil.
Muitas alterações foram realizadas desde que se tornou vigente o código de 1973 buscando sempre à simplificação dos atos em geral e procedimentos para uma maior agilidade do serviço jurisdicional. Conforme THEODORO JÚNIOR (2007, p. 18),
“através do novo estatuto processual, não se procedeu a uma simples reforma de nossa legislação formal; operou-se uma grande atualização, criando-se, realmente, um código novo, e assinalou-se uma nova etapa na evolução do direito processual entre nós”
Por sua vez, José Frederico MARQUES (1998, p. 116) acrescenta que:
“além de procurar corrigir as falhas e deficiências da legislação de 1939, o atual Código de Processo Civil trouxe completa reforma no processo de execução e no cautelar. Ao demais, deu ordenação sistemática aos procedimentos de jurisdição voluntária, o que até então não se continha em nenhuma lei ou código pretérito.”
Dentro de toda essa complexidade sistêmica, e ainda enxergando o problema da melhoria do sistema processual como um mero problema legal, em 2009, foi instituída pelo Senado Federal comissão de juristas responsáveis de apresentar um Anteprojeto de Código de Processo Civil.
 Manteve-se a discussão superficial de que a melhoria do sistema processual brasileiro poderia ser levada a cabo mediante a mera alteração legislativa.
 No entanto, foi alterada a perspectiva do movimento das reformas no Brasil de reformas pontuais para a discussão de um novo projeto de Código de Processo. Essa é uma demonstração de que as reformas parciais se tornaram um problema para muitos, pois as legislações processuais se tornaram desconexas e sem coesão interna, o que dificulta a compreensão pelos próprios “operadores do direito”, potencializando a complexidade processual. 
Assim, em 30 de setembro de 2009, foi criada uma Comissão composta por grandes juristas e alguns profissionais com penetração política. A Comissão de “Juristas” com a finalidade de apresentar, no prazo de cento e oitenta dias, anteprojeto de Código de Processo Civil pelo Senado Brasileiro criada mediante o ATO No 379, de 30 de setembro de 2009, é composta por: Adroaldo Furtado Fabricio, Bruno Dantas, Benedito Cerezzo Pereira Filho, Elpídio Donizetti, Teresa Arruda Alvim Wambier (Relatora do projeto), Humberto Theodoro Júnior, Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, Luiz Fux (Presidente da Comissão – e agora Ministro do Supremo Tribunal Federal), Jansen Fialho de Almeida, José Miguel Garcia Medina, José Roberto dos Santos Bedaque, Marcus Vinicius Furtado Coelho.
O Código de Processo Civil (CPC, Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015) é a lei que regulamenta o processo judicial civil brasileiro, estando em vigor desde o dia 18 de março de 2016.
É o primeiro Código de Processo Civil brasileiro publicado em regime democrático, e o primeiro código brasileiro cuja tramitação legislativa se deu totalmente em regime democrático. 
Contém todas as normas estritamente relacionadas aos processos judiciais de natureza civil, ou seja, aqueles fora dos âmbitos penal, tributário, trabalhista e eleitoral, entre outros. Disciplina os prazos e recursos cabíveis e a forma como os juízes e as partes devem se conduzir no curso de uma ação civil.
Não se deve confundir o CPC com o Código Civil Brasileiro (Lei n. 10.406 de 10 de janeiro de 2002).
O anteprojeto do novo Código de Processo Civil (CPC) foi aprovado em 1º de junho de pela comissão de juristas encarregada de elaborá-lo. O objetivo desse trabalho foi de modernizar o CPC, uma lei de 1973, de modo a assegurar maior rapidez e coerência no trâmite e julgamento dos processos de natureza civil.
O mesmo anteprojeto foi entregue ao presidente do senado José Sarney. O ministro do Superior Tribunal de Justiça Luiz Fux — que presidiu a comissão de juristas — debateu a proposta com os membros da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
Quando esta etapa foi efetuada, o anteprojeto foi lido no plenário do senado, transformando-se, então, em projeto de lei. A proposta foi encaminhada, ao exame de uma comissão especial de 11 senadores, onde foi discutida e modificada por emendas.
Depois foi votada pelo plenário do senado, o projeto do novo CPC foi para a Câmara dos Deputados, onde também foi analisado por uma comissão especial. Se os deputados aprovarem mudanças no texto, ele volta a passar pelo crivo da comissão especial de senadores. Embora o Senado seja usualmente Casa revisora, neste caso dará a palavra final antes de o projeto seguir à sanção do presidente da República.Considerações Finais 
Retirando as diferenças existentes entre os Códigos, a análise histórica do processo civil brasileiro é capaz de fornecer elementos aptos a auxiliar na reflexão a respeito de como deverá ser o Novo Código de Processo Civil para atender aos anseios de um Estado Democrático de Direito tal qual a Constituição brasileira impõe.
Dessa breve reconstrução realizada pode-se perceber que a questão da reforma processual projetada visa tratar das consequências (e não das causas) de funcionalidade sistêmica na aplicação dos direitos no Brasil, algo que não poderá ser levado a cabo apenas com a alteração legislativa. Evidente que o projeto oferta uma série de benefícios ao proceder a uma adaptação legislativa do direito processual ao direito jurisprudencial vivente. Porém há de serem discutidas as técnicas de dimensionamento da litigiosidade repetitiva para que, sob as bases de modelos do common law, não devidamente estruturados, atendam-se tão somente à busca neoliberal de uma justiça de números e não a uma adequação ao modelo constitucional e democrático da aplicação dos direitos. 
Espera-se finalmente que o canal institucional recém-criado para apresentação de propostas e adequações ao projeto viabilize um efetivo debate acerca de seu conteúdo por todos os seguimentos da sociedade, permitindo que a lei, dentro de seus limites, viabilize a melhoria do sistema processual brasileiro.
Referências
CINTRA, Antônio C.; GRINOVER, Ada P.; DINAMARCO, Cândido R. Teoria Geral do Processo. 31 ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015.
FRANCO, Loren Dutra. Processo civil: origem e evolução histórica. Revista Eletrônica de Direito Dr. Romeu Vianna, n. 2, abr. 2005. Disponível em <http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/doc/art_20002.pdf>Acesso em 20/06/2016.
MARQUES, José Frederico. Manual de direito processual civil. v. 1. 2. ed. Campinas: Millennium, 1998.
OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Moderno direito processual civil do Brasil ePortugal.Boletim Jurídico, Uberaba/MG, ano 7, n. 601, 2009. Disponível em<http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=903> Acesso em 22/06/2016.
PACHECO, José da Silva. Evolução do processo civil brasileiro: desde as origens até o advento do novo milênio. 2 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1999.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. v. 1. 46. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007.

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