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resumão etica e filosofia (Cap 8-12 Val Dusek Filosofia da tecnologia)

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CAPÍTULO OITO - A natureza humana: confecção de ferramentas ou linguagem? 
 Há um debate muito intenso sobre qual seria a verdadeira natureza humana: 
ferramentas ou linguagem. Algumas caracterizações da natureza humana em séculos recentes 
concentraram-se na confecção de ferramentas, colocando a tecnologia como central para a 
natureza humana. Porém, a observação da tecnologia animal refuta a singularidade dos 
humanos como fabricantes de ferramentas. A descoberta do uso de ferramentas por animais 
foi usada contra a afirmação de que os humanos são os animais que usam ferramentas. 
 Contra a caracterização dos humanos como fabricantes de ferramenta, Pensadores 
como Mumford, Heidegger e Arendt opõem a concepção dos humanos como fabricantes de 
ferramentas, trabalhadores e animais tecnológicos a caracterização dos humanos como 
criaturas linguísticas e criadoras de símbolos. Mumford pensa que a ênfase excessiva na 
ferramenta para a compreensão da natureza humana contribui para uma visão da humanidade 
dominada pela tecnologia. 
 Arendt contrasta o que ela denomina como Trabalho, Obra e Ação. Trabalho – 
atividade diariamente repetida na manutenção da vida. Obra – empreendimento 
distintamente humano, produz objetos e constrói o mundo. Ação – caracterizada pelo 
discurso no domínio público ou político, pelo agir politicamente pelos interesses de sua classe. 
Para ela, “Na fábrica moderna, a obra foi transformada em trabalho, a atividade qualificada do 
artesão foi substituída pela produção repetitiva de partes de uma produto na linha de 
montagem” (ARENDT). Então se antes se acreditava que “Se os teares pudessem eles mesmos 
tecer, não seria necessário possuir escravos” (Aristóteles), agora, Arendt afirmou que, em vez 
de produzir “Atenas sem escravos” por meio da educação e do tempo livre permitido pela 
automação, a tecnologia nos deixou com “escravos sem Atenas”. 
 Jürgen Habermas rejeita a primazia do trabalho e da tecnologia, mas pensa que a 
tecnologia tem a mesma importância que a comunicação simbólica na descrição da vida 
humana. Habermas deseja incluir as dimensões instrumental-tecnológicas e simbólico-
comunicativas como parte de caracterização dos humanos. Para ele, quando é preciso evitar 
que uma dimensão colonize a outra. 
 
CAPÍTULO NOVE - Mulheres, feminismo e tecnologia 
 As tecnologia foram construídas sob um ponto de vista, em sua maioria, masculino. O 
que faz alguns acreditarem que ela tem valência, ou seja, não é neutra em seu uso e criação. 
Por exemplo, durante o século XX, algumas invenções mecânicas mudaram a natureza do 
trabalho doméstico: máquina de lavar, aspirador de pó, forno microondas, alimentos 
congelados... Surpreendentemente, a introdução desses dispositivos domésticos não diminuiu 
as horas gastas por domésticas e mães. 
 É válido ressaltar que as tecnologias dos locais de trabalho e as mulheres BEM COMO, 
as tecnologias industriais afetaram as ocupações femininas. Por exemplo, a máquina de 
escrever foi uma ponte para a contratação das mulheres em outros serviços de escritório. 
 Alguns autores afirmaram que a própria norma de distanciamento e objetividade na 
ciência e na tecnologia é associada ao modelo masculino. As mulheres não puderam dedicar-se 
ao trabalho avançado até o século XIX na Rússia e século XX em partes da Europa ocidental. A 
alegada descoberta de que mulheres tem mais tecido conectivo (esplênio) entre as duas partes 
do cérebro foi usada para afirmar que as mulheres são menos capazes de separar sentimento 
e emoção que os homens. O que já se sabe ser uma falácia. 
CAPÍTULO DEZ - A tecnologia não ocidental e o conhecimento local 
 A tecnologia não ocidental suscita muitas questões significativas: 1- A afirmação de 
que a ciência ocidental é universal, aplicável em todos os tempos e lugares; A visão ocidental 
dominante foi a de que a ciência não-ocidental, na melhor das hipóteses, é uma formulação 
imprecisa e vaga de regras imprecisas de aplicação restrita, que são subcasos das leis mais 
precisas e gerais da ciência ocidental, ou, na pior das hipóteses, superstição. 2- Uma questão 
relacionada, ainda mais ampla, refere-se ao contraste usual entre o pensamento ocidental 
“racional” e o pensamento “irracional” ou, pelo menos, “não-racional” nas culturas pré-
letradas indígenas. Antropólogos e pesquisadores mais recentes afirmaram que o pensamento 
e a tecnologia indígenas não são “primitivos” e que os ocidentais só são “racionais” em 
contextos altamente limitados da ciência e da tecnologia. 
 O conhecimento indígena muitas vezes é de natureza oral e comunicado por uma 
aprendizagem de habilidades. Inclui o conhecimento detalhado do ambiente local, tanto social 
como biológico, e foi denominado “conhecimento local”. Enquanto a tecnologia ocidental 
pode ser usada em qualquer ambiente, a tecnologia indígena depende de habilidades 
herdadas localmente, em particular, da situação ambiental. Segundo boa parte da literatura 
dos ECT, a própria ciência é uma forma de conhecimento local. Consequentemente, a 
tecnologia de base científica ocidental também é uma forma especial de conhecimento 
científico é o laboratório. 
 Teorias das diferenças entre tecnologia e mágica: A mistura de tecnologia e mágica nas 
sociedades tradicionais é problemática. Muitos descartam a tecnologia indígena como “mera 
mágica” ou, na melhor das hipóteses, acreditam que a ciência ocidental toma emprestado o 
conhecimento indígena, retira dele o refugo mágico e extrai o ouro puro do conhecimento 
científico (ocidental). Um problema para a afirmação de que a ciência substituiu a mágica é 
que grande número de pessoas nas sociedades tecnológicas tem crenças quase mágicas em 
vários tipos, que sobreviveram ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia modernas. 
 Portanto, a linha de demarcação entre magia e tecnologia depende de nossas visões 
sobre o status da chamada tecnologia psicológica como tecnologia, a compreensão da 
tecnologia como ciência aplicada, e as definições de tecnologia como instrumental ou 
ferramentas, em confronto com a definição do sistema tecnológico incluindo a organização 
social e as motivações culturais relevantes. 
 As tecnologias e a ciência orientais tradicionais são exemplos não de etnociências, mas 
de tecnologia e ciência de civilizações de elevada cultura que não seguiram a rota dos gregos 
antigos ou da Itália renascentista. 
 Os chineses não apenas tinham uma tecnologia muito à frente da ocidental até o 
Renascimento, mas muitos dispositivos tecnológicos ocidentais do Ocidente parecem ter 
migrado da China para a Europa. Gunder Frank (1998) sugeriu que o domínio do Ocidente e a 
submissão da China podem ser uma acidente relativamente temporário (dois séculos), devido 
a uma crise econômica no comércio de prata. Contudo acredita que a China retornará ao seu 
lugar legítimo, milenar, tradicional e autodesignado como “Reino do Meio” ou centro do 
mundo em meados do século XXI. 
 
CAPÍTULO 11 - Antitecnologia: o romantismo, o luddismo e o movimento ecológico. 
 Os luddistas eram trabalhadores da época da revolução industrial que destruíam 
máquinas em protesto por serem substituídos por elas. O uso moderno do termo luddita é um 
tanto enganoso. Os neoludditas geralmente não estão preocupados com o empobrecimento 
direto ou a perda de emprego, mas com questões de estilo de vida. Os neoludditas rejeitam a 
tecnologia como alienadora e inimiga da vida bem vivida. 
 Os cientistas sociais falam de escolhas tecnológicas versus fins sociais, afirmando que 
as escolhas de desenvolvimento tecnológico são feitas com vistas mais ao lucro que ao 
aprimoramento da sociedade. 
 A ecologia, em sua primeira versão americana do início do século XX,concentrou-se na 
sucessão de comunidades vegetais e animais em uma determinada área. A sucessão de vida 
vegetal em uma dada área desenvolve-se até uma comunidade “clímax” – avanço rumo a um 
equilíbrio harmonioso. Boa parte da ciência ecológica (mas não toda) passou por uma 
mudança durante a década de 1930 e 1940, de uma visão de progresso rumo a um ideal 
(comunidade-clímax) e harmonia da natureza (por meio das noções de organismo e equilíbrio) 
para uma visão de desequilíbrio em que muitos estados finais são possíveis para um 
ecossistema. 
 Mais radical que os anteriores, o movimento da ecologia profunda enfatiza o valor 
intrínseco da natureza selvagem, Rejeita a visão da natureza como instrumental para o bem-
estar humano e Rejeita a abordagem antropocêntrica. 
 Malthus argumentou que a população humana cresce geometricamente, enquanto a 
produção agrícola cresce aritimeticamente, de tal modo que a população supera grandemente 
o fornecimento de alimento. Logo, alguns usam ideias baseadas nele para sustentarem um 
controle sobre a natalidade em comunidades e países carentes. 
 A metáfora e linguagem da sustentabilidade tornaram-se a maneira central de 
expressar preocupações ecológicas em torno da economia e da tecnologia de hoje. No 
momento, a sustentabilidade é suficientemente ampla no conceito para acomodar radicais 
ecológicos, planejadores governamentais regionais, neoliberais e corporações que oferecem 
produtos sustentáveis. Em suma, desenvolvimento sustentável é aquele que atende as 
demandas das gerações atuais sem comprometer a possibilidade das gerações futuras também 
atenderem as suas demandas. 
 A sustentabilidade inclui: A manutenção de recursos, particularmente o uso de 
recursos renováveis; A transmissão de recursos, ambiente e benefícios sociais às futuras 
gerações; A preservação da biodiversidade e a integridade do ambiente; A manutenção do 
desenvolvimento tecnológico e econômico, realçando o bem-estar da população humana e; O 
incentivo e aprimoramento de um estilo de vida confortável e satisfatório para seus habitantes 
humanos. 
 
CAPÍTULO 12 – Construção Social da Tecnologia 
 O construcionismo (ou construtivismo) social talvez seja a tendência dominante na 
sociologia do conhecimento científico (SCC). O construcionismo social foi posteriormente 
aplicado à tecnologia e está se tornando uma tendência importante na teoria social da 
tecnologia. 
 A construção social da tecnologia (CST) parece mais razoável e menos controvertida 
que o construtivismo social da natureza ou realidade física, no sentido de que artefatos 
tecnológicos são construídos fisicamente. 
 O aspecto mais controvertido filosoficamente da SCC é a afirmação de que os fatos ou 
objetos e acontecimentos físicos são construídos socialmente. Um aspecto da CST que lembra 
a construção social dos fatos é a afirmação de que o funcionamento eficaz dos dispositivos 
tecnológicos é socialmente construído. 
 A abordagem da tecnologia com base nos sistemas tecnológicos enfatiza que os 
sistemas tecnológicos envolvem artefatos físicos e relações sociais de produtores, 
mantenedores e consumidores da tecnologia. 
 Na engenharia, a eficiência de um dispositivo é considerada uma razão puramente 
quantitativa de input e output de energia. Contudo, na prática, considerar se um dispositivo 
“funciona bem” ou não é um produto do caráter e dos interesses de um grupo de usuários. Os 
construcionistas sociais enfatizam que um artefato tecnológico é apenas a totalidade de 
significados atribuídos a ele por vários grupos. 
 O crítico da tecnologia Langdon Winner afirma que os construcionistas sociais 
enfatizam diversidades de grupos que influenciam o desenvolvimento tecnológico sem 
observar como alguns desses grupos dominam o desenvolvimento da tecnologia e outros 
praticamente não têm voz. Os construtivistas sociais enfatizam a flexibilidade interpretativa e 
a grande variedade de significados atribuídos ao que o observador ingênuo poderia considerar 
ser o “mesmo” dispositivo técnico. Winner critica o construtivismo social por enfatizar a 
criação e aceitação da tecnologia, mas não o impacto da tecnologia na sociedade.

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