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DIREITO TRIBUTÁRIO - AULA 01 (25/05/12) IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS - Trata-se de norma constitucional de desoneração de tributo. - Existem dois artigos em que aparece a equivocada expressão “são isentas de”. O correto seria “são imunes a”. A diferença é que imunidade está para a constituição e a isenção está para a lei. - Se a banca perguntar deve dizer que se trata de uma imunidade, apesar de estar descrito isenção. Quem defende este entendimento é a doutrina majoritária e o STF. - Os artigos que tem esta expressão e se encaixam nesta situação são: art. 195, § 7º, CF e art. 184, § 5º, CF. Então, nestes dois casos, apesar de dizerem isenção, trata-se indubitavelmente de imunidade. - A imunidade é para tributo, então pode haver imunidade para imposto, taxa, contribuição de melhoria, empréstimo compulsório e contribuições (todas são espécies de tributo). Desta forma, a imunidade não é somente para imposto, mas para todos este anteriormente descritos. - No caso do art. 195, § 7º, CF, o tributo afastado foi a contribuição para a seguridade social. - No caso do art. 184, § 5º, CF, o tributo afastado foram os impostos. - O art. 149, § 2º, I, CF também trata de imunidade. Neste caso, temos o afastamento de dois tributos: contribuição social (PIS e COFINS) e contribuição de intervenção do domínio econômico (CIDE). O contexto é a entidade que obtém receita decorrente de exportação. - O art. 5º, XXXIV, alínea “a” e “b”, CF são comandos que prevêem o afastamento de taxas para determinadas situações e pessoas. - Existem duas espécies tributárias para as quais não há dispositivo de imunidade: contribuição de melhoria e empréstimos compulsórios. Perspectivas Conceituais: - Cada autor conceitua de uma forma, e o concurso pede o entendimento de cada autor. Assim, os conceitos de imunidade são: 1º) Imunidade é uma limitação constitucional ao poder de tributar (Hugo de Brito Machado). 2º) A norma de imunidade colabora no desenho das competências impositivas, mostrando-se como regra de “incompetência tributária” (Paulo de Barros Carvalho). OBS: Norma de competência: criar tributo. Quem detém a competência tributária é quem cria o tributo (U, E, M e DF). 3º) A norma de imunidade é uma norma de não incidência, ou melhor, uma forma qualificada ou especial de não incidência (Misabel Derzi e Amilcar de Araújo Falcão). 4º) É norma constitucional de desoneração tributária que, justificada no conjunto de caros valores proclamados na Carta Magna, inibe a atribuição de competência impositiva e credita ao beneficiário o direito público subjetivo de não incomodação perante o ente tributante (Eduardo Sabbag). - (Conceito Sabbag) Quanto ao valor: O legislador constituinte admitiu a não incidência quando quis homenagear valores inafastáveis do contribuinte, a saber: liberdade política, liberdade religiosa, liberdade sindical, liberdade de expressão, etc. - (Conceito Sabbag) Quanto ao direito público subjetivo: Imunidade prevê um núcleo imodificável da constituição (cláusula pétrea). Estas normas não podem ser desafiadas pelo legislador constituinte. A partir disso, chega-se à conclusão que a norma de imunidade trata-se de um direito fundamental. Art. 150, inciso VI, CF – Artigo mais importante sobre a Imunidade - Este comando de imunidade só se refere a impostos. Então, a partir de agora, no estudo do art. 150, VI, CF, só estudaremos o afastamento de imposto. Alínea “a” – Imunidade Recíproca: - U, E, M e DF não podem cobrar impostos uns dos outros. Tomar cuidado, porque na prova troca-se a palavra imposto por tributo. - Quanto ao valor, o legislador homenageou o vetor axiológico. Este vetor (valor) é o pacto federativo (ou federalismo, isonomia dos entes federativos). Portanto, o motivo da criação da imunidade recíproca é o pacto federativo. - A essência de uma federação é a igualdade entre os entes federativos. - O segundo elemento axiológico trata da ausência de capacidade contributiva das pessoas políticas (Regina Helena Costa). Ou seja, uma entidade não tem capacidade contributiva, pois o seu patrimônio não é da União, mas sim da sociedade. Rol de Impostos sobre Patrimônio, Renda e Serviços (Dentro da Alínea “a”): - Este rol aparecerá, além da alínea “a”, na alínea “c” e nos §§ 1º e 4º, do art. 150. - Esta expressão foi retirada do CTN e embutida na CF. - O STF dá uma interpretação lata (ampla) para o rol, que deve abranger vários outros impostos, tudo em homenagem ao vetor axiológico. Ex: Não incide o II (Imposto sobre Importação) na importação de máquina por municipalidade; Não incide o IOF sob operações financeiras realizadas por Município/Estado; Não incide IPTU em prédio da União/Estado. - Para entender perfeitamente a alínea “a”, deve-se analisar o § 2º do art. - De acordo com este parágrafo, a imunidade recíproca é extensiva às autarquias e às fundações públicas (instituídas e mantidas pelo Poder Público). Esta fundação é como se fosse uma autarquia, sendo chamada de autarquia fundacional. Isso é assim, porque estes dois institutos fazem parte do Poder Público. - O patrimônio, renda e serviço de autarquia ou autarquia fundacional só terá imunidade recíproca se estiverem vinculados às finalidades essenciais ou às delas decorrentes. - Então a diferença entre a alínea “a” e o § 2º é que neste caso a imunidade condicionada, ou seja, depende da finalidade. - Se houve a proteção da autarquia e da fundação pública, alguns entes ficaram de fora. Estes entes, como regra, recebem tributação normal. Estes entes são: Empresas Públicas e Sociedades de Economias Mistas. - STF – Cuidado Duas Empresas Públicas Imunes: Correios e Infraero. Sociedade de Economia Mista imune: CAERD (Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia). - A jurisprudência dos Correios merece ponderação, “ante o fato de essa PJ executar, também, serviços que, inequivocamente, não são públicos nem se inserem na categoria de serviços postais” (questão do CESPE). A Imunidade Tributária e os Tributos Indiretos: - Tributo Indireto tem dois contribuintes: de direito e de fato. - Os dois impostos que se adaptam a esta condição são o ICMS e o IPI. - O contribuinte de direito é o que realiza o fato gerador e o contribuinte de fato é aquele que adquire o bem, e sobre o qual realmente recai o tributo. - Na venda pela entidade imune não incide o ICMS, desde que aquela renda seja vertida para o propósito institucional. Ex: A venda de produtos sacros pela Igreja só não incidirá ICMS se a renda for vertida para o propósito institucional. - Na compra pela entidade imune haverá incidência normal do ICMS. Ex: aquisição de veículos por entidades beneficentes. - O STF desconsidera a dualidade de contribuinte de fato e de direito. Para o STF quem está no pólo passivo é o contribuinte (no máximo um responsável). Nesta medida, o contribuinte é quem realiza o fato gerador. Se quem realiza o fato gerador é imune, como o caso de venda por Igreja, não haverá incidência. No caso de compra por entidade imune, o fato gerador foi realizado por contribuinte que não é imune. Então, para o STF o que importa é quem realiza o fato gerador. Por essa razão, é que os Municípios pagam o ICMS embutido na conta de energia, porque quem realiza o fato gerador é a empresa de energia, que não é imune. Alínea “b” – Imunidade Religiosa: - A CF afirma que estão imunes a impostos os templos de qualquer culto. Em contrapartida, paga os outros tipos de tributo. - Expressão templo de qualquer culto: A proteção no Brasil é para as religiões (todas elas). - A imunidade existe em razão da proteção à liberdade de culto. OBS: No Brasil não há religião oficial, e por isso é um estado laico. O Estado é neutro em relação à religião. - Dimensão da proteção: patrimônio, renda e serviços do templo. Apesar desta expressão não estar na alínea “b”, ela está disposta no § 4º do artigo. - Não incide IPTU sobre o local destinado ao culto. - Não incide IR sobre a renda da Igreja. Isso não se confunde com a renda do líder. - Não incide IPVA sobre o veículo da Igreja. Issonão se confunde com o veículo do líder. - Não incide ITBI sobre imóvel comprado pela Igreja. - Incide IPTU em apartamento de propriedade da Igreja locado a terceiros, em que a renda será revertida para o propósito religioso? R: O patrimônio que será protegido não é só o vinculado, mas sim o patrimônio relacionado (§ 4º) com as finalidades sociais seja protegido. Por esse motivo, não incidirá o IPTU, pois foi cumprida a condição de aplicação da renda conexa no propósito institucional. - Para haver esta imunidade, o Prof. defende ainda que existe uma outra condição, que é que não haja prejuízo à livre concorrência. Isso significa que a atividade seja episódica, e não uma atividade precípua. Ex: Uma instituição religiosa tinha 100 bens imóveis alugados. O Juiz entendeu que ainda que haja a prova do reinvestimento, o pedido de imunidade é improcedente porque a Igreja estaria promovendo uma atividade comercial, havendo prejuízo à livre concorrência, pois estaria em situação melhor do que as imobiliárias que estavam inseridas no ramo. - A Súmula 724 do STF conta o caso do apartamento, mas se refere à alínea “c”. Contudo, também cabe na alínea “b”. - Existem inúmeras teorias que tentam decifrar o conceito de templo. Conceito de templo para o STF: Templo é uma entidade e, como tal, carrega a idéia de organização religiosa em todas as suas manifestações, direta ou indiretamente ligadas à religiosidade. A palavra entidade está descrita no § 4º, e tem sentido de organização, e não em sentido restrito. - A Igreja X é proprietária de um terreno e o utiliza para estacionamento com propósito comercial. Incide IPTU? R: Depende, se esta renda conexa for vertida para o propósito religioso, não incidirá IPTU. - Igreja é proprietária de um terreno e o utiliza para sepultamento dos fiéis e religiosos. Incide IPTU? R: Trata-se de uma extensão da Igreja, e, portanto, não haverá incidência. OBS: A palavra-chave para responder sobre incidência de tributo é correspondência fática. - No caso de proprietário de terreno pessoa natural, que loca o terreno para cemitério de templo, haverá incidência de IPTU. Prevaleceu a incidência porque a propriedade não era da Igreja (RE 544.815/SP). - A loja maçônica é templo para fins de imunidade? R: Para o prof. é templo para fins de imunidade. Mas o STF entendeu que não é templo, devendo prevalecer a tributação normal (RE 562.351). Alínea “c”: -> Proteção para partido político (inclusive suas fundações), em razão (vetor axiológico) da liberdade política, já que prevalece o pluripartidarismo; -> Proteção para o Sindicato de trabalhador (Na prova, troca trabalhador por empregador). Os vetores axiológicos são os direitos sociais, protegendo o lado hipossuficiente da relação laboral; -> Proteção para a Instituição de educação. Lembrar da instituição extracurricular (bibliotecas, museus). O vetor axiológico é a educação. Ver art. 205 e 208 da CF. -> Proteção de Instituição de Assistência Social (art. 203 e 204, CF). - Qual é a única entidade brasileira que é imune a impostos e a contribuição da previdência social? R: É a entidade de Assistência Social, de acordo com a alínea “c” e do art. 195, § 7º, CF. - Lembrete: rever o caso do ICMS nos bazares filantrópicos. - Lembrete: rever súmula 724, STF, pois ela fala justamente da alínea “c”. OBS: O art. 123 do CTN afirma que convenção particular não pode ser oposta ao fisco para mudar sujeito passivo, pois quem o define é a lei. Por este motivo, não é possível transferir o pagamento do IPTU ao inquilino. A lei indica que quem tem que pagar é o proprietário. Mas se este proprietário quiser, ele pode receber regressivamente. - Porque a alínea “c” não é autoaplicável? R: A alínea “c” é a única que não é autoaplicável, porque está escrito que deve respeitar uma lei. - Esta lei não está limitando a CF, mas sim regulando a fruição da imunidade para as pessoas da alínea “c”. Esta lei é a lei complementar, conforme o art. 146, II, CF. Esta lei complementar é o CTN. Apesar do CTN ser uma lei ordinária, desde o seu nascimento ele ganhou um status de lei complementar, segundo STF e doutrina majoritária. Dentro do CTN, o art. 14 traz os requisitos para a fruição da imunidade da alínea “c”. - O art. 14, I, CTN afirma que se houver lucro, ele não poderá ser distribuído com os mantenedores. OBS: O “sem fins lucrativos” da alínea “c” na verdade é a distribuição do lucro pelos mantenedores, que é justamente o inciso I do art. 14, CTN. - O art. 14, II, CTN afirma que se houver lucro, não poderá ser mandado para o exterior. - O art. 14, III, CTN afirma que deve haver a manutenção da contabilidade em dia.
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