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LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR-1

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LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR: 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 
 
A Constituição Federal estabelece duas espécies de 
limitações ao exercício da competência tributária: (1) Princípios 
Constitucionais Tributários; (2) Imunidades Tributárias. 
A seção constitucional, intitulada “Das Limitações do Poder de 
Tributar”, no art. 150 da CF constitui um rol exemplificativo. 
ATENÇÃO: o STF entende que os princípios constitucionais 
tributários são cláusulas pétreas, pois são garantias individuais do 
contribuinte. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fede-
ral e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
(Princípio da Legalidade) 
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se 
encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distin-
ção em razão de ocupação profissional ou função por eles 
exercida, independentemente da denominação jurídica dos 
rendimentos, títulos ou direitos; (Princípio da Isonomia) 
III - cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início 
da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; 
(Princípio da Irretroatividade) 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publi-
cada a lei que os instituiu ou aumentou; (Princípio da Anterio-
ridade Anual) 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja 
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o 
disposto na alínea b; (Princípio da Anterioridade Nonagesimal) 
IV - utilizar tributo com efeito de confisco; (Princípio do Não 
Confisco) 
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, 
por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressal-
vada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conserva-
das pelo Poder Público; (Princípio da Vedação de Limitação 
ao Tráfego de Pessoas e Bens) 
 
............................................................................................................. 
 
- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS VINCULADOS AO VALOR 
SEGURANÇA JURÍDICA: 
· Princípio da Legalidade; 
. Princípio da Irretroatividade; 
· Princípio da Anterioridade (Anual e Nonagesimal); 
 
- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS VINCULADOS AO VALOR 
JUSTIÇA: 
· Princípio da Isonomia; 
· Princípio da Capacidade Contributiva (proporcionalida-
de, progressividade fiscal, seletividade); 
. Princípio do Não Confisco; 
 
- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS VINCULADOS AO VALOR 
LIBERDADE: 
· Princípio da Vedação de Limitação ao Tráfego de Pes-
soas e Bens; 
· Princípio de Proibição de diferença tributária em razão 
da origem ou destino; 
 
- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS VINCULADOS AO VALOR 
FEDERALISMO: 
· Princípio da Vedação de isenção heterônoma; 
· Princípio da Uniformidade Geográfica. 
 
............................................................................................................. 
 
- PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS DIRIGIDOS A TODOS OS 
ENTES: 
· Princípio da Legalidade; 
· Princípio da Irretroatividade; 
· Princípio da Anterioridade (Anual e Nonagesimal); 
· Princípio do Não-Confisco; 
· Princípio da Liberdade de Tráfego; 
· Princípio da Isonomia, Capacidade Contributiva, Pes-
soalidade e Progressividade. 
 
- PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS DIRIGIDOS À UNIÃO: 
· Princípio da Uniformidade Geográfica; 
· Uniformidade de Tributação da Renda; 
· Princípio da Vedação às Isenções Heterônomas. 
 
- PRINCÍPIO TRIBUTÁRIO DIRIGIDO A ESTADOS, DF E 
MUNICÍPIOS: 
· Princípio da não-discriminação pela procedência ou des-
tino. 
 
..................................................................................... 
 
 
- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS VINCULADOS AO VALOR 
SEGURANÇA JURÍDICA: 
· Princípio da Legalidade; 
. Princípio da Irretroatividade; 
· Princípio da Anterioridade (Anual e Nonagesimal); 
 
 
Imagine como seria se você firmasse um contrato para a pres-
tação de um serviço. Uma das atividades mais importantes para 
aqueles que se aventuram no mundo dos negócios é a precificação 
de seus produtos e serviços. Para isso você conta com a previsão 
de seus custos com fornecedores, mão-de-obra e, naturalmente, 
com a carga tributária. 
Mas imagine que se depois de firmado o negócio, após você 
ter entregue, por exemplo, a mercadoria ao cliente e ele ter efetua-
do o pagamento, fosse publicada uma lei que duplicasse o valor do 
tributo. Isso é a insegurança, que trazida para o Direito é denomi-
nada insegurança jurídica. 
Cada ramo do Direito tem a sua forma de limitar ou evitar a 
insegurança jurídica. No Direito Tributário, temos como resultado 
genericamente 3 grandes princípios (legalidade, irretroatividade e 
não-surpresa) que estendidos correspondem a 4 novos princípios: 
legalidade, irretroatividade, anterioridade e noventena. 
E fique claro que estamos estudando partindo do pressuposto 
de que à natureza jurídica das limitações ao poder de tributar é de 
garantia constitucional (CARNEIRO, Claudio. Curso de Direito Tri-
butário e Financeiro. 4a. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 386) 
 
 
1 – Princípio da Legalidade 
 
João, conhecido como João Sem Terra, foi rei da Inglaterra de 
1199 a 1216. Seu reinado sofreu de grandes ataques militares e 
guerras com a França que deixaram suas contas bastante 
deficitárias. Como recurso para reforça seu exército e seu reino de 
forma geral, aumentava tributos, o que deixava os barões bastante 
insatisfeitos. Assim, para tentar um acordo com os barões, se viu 
forçado a assinar um dos documentos mais famosos de toda a 
história, a Magna Carta. Nela, dentre outros compromissos, havia o 
de somente cobrar os tributos que fossem aprovados por lei, ou 
seja, submetidos ao parlamento, que era também composto pelos 
próprios barões. Esta regra vige até hoje e é assim que se criam os 
tributos, na forma do art. 150, I, da Constituição da República. 
 
Este princípio está relacionado ao preceito maior de que 
ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer em algo senão em 
virtude de lei (art. 5º, II, CF). Ele está previsto na CF, art. 150, I: 
“É vedado à U, aos E, ao DF e aos M: (I) exigir ou aumentar 
tributo sem lei que o estabeleça.” 
 
Como regra, a criação de tributos se dá por lei ordinária. Ao 
contrário do que muitos estudantes do Direito acabam por decorar, 
a criação de tributos não será objeto de lei complementar. A lei 
complementar tem como principal função o estabelecimento de 
normas gerais, ou seja, aquelas que estabelecem um padrão de 
comportamento a ser observado por todos os entes federativos na 
fiscalização e cobrança de qualquer tributo, salvo exceções fixadas 
em leis específicas. Os tributos que serão criados por lei comple-
mentar são: os Empréstimos Compulsórios (art. 148 CR), o Imposto 
Sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, CR), os Impostos Residuais 
(art. 154, I, CR) e as Contribuições da Seguridade Social Residuais 
(art. 195, §4º, CR). 
 
 
 
 
 
A CF determina explicitamente a necessidade de previsão 
legal para instituição e majoração de tributos, porém o preceito 
também é aplicado em relação à sua redução devido ao princípio 
da separação dos poderes. ATENÇÃO: no quadro abaixo, se 
encontra o ponto mais cobrado do princípio da legalidade: 
 
 
 
 
Atenção! Perceba que não há exceção ao princípio da 
legalidade no que se refere à criação de impostos. As exceções 
referem-se, somente, à sua majoração e redução. 
Vejamos agora o que dispõe o CTN a respeito do tema: 
conforme o art. 97, o conjunto de matérias submetidas à reserva 
legal é o seguinte: 
“I – a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II – a majoração de tributos, ou sua redução; 
III – a definição do fato gerador da obrigação tributária prin-
cipal e do seu sujeito passivo; 
IV – a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálcu-
lo; 
V – a cominação de penalidades para as ações ou omissões 
contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela 
definidas; 
VI – as hipóteses de exclusão,suspensão e extinção de 
créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalida-
des. 
 
Da leitura do dispositivo acima, extrai-se que há mais duas 
exceções à legalidade: (1) atualização do valor monetário da 
base de cálculo do tributo (§ 2º, art. 97) e (2) fixação do prazo 
para recolhimento (jurisprudência do STF – exemplo: RE 
195.218/2002). 
O Município, utilizando-se de índices oficiais, pode atualizar 
os valores venais do IPTU por meio de Decreto do Prefeito, pois 
não estará aumentando a base de cálculo, mas apenas impedindo 
que ela seja diminuída. 
CUIDADO! Não confunda a atualização do valor monetário da base 
de cálculo com o aumento desta base de cálculo, a qual requer 
previsão legal, conforme a Súmula STJ 160: “É defeso, ao 
Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual 
superior ao índice oficial de correção monetária”. 
 
 
1.1 – Concessão de benefícios fiscais 
 
Aliás, na dicção do artigo 150, I, da Constituição, a limitação 
imposta traz garantia ao contribuinte. E a pergunta que lhe faço é: 
você precisaria ser protegido contra uma redução ou extinção de 
tributo? Já antecipo a resposta que tenho certeza você me deu: 
não! Afinal, ninguém reclama de boas surpresas. Então, poderia pa-
recer que para reduzir-se um tributo bastaria a edição de qualquer 
ato normativo. Mas isso só não é correto porque a Constituição traz 
no §6º do mesmo artigo a exigência de lei específica para conces-
são de qualquer benefício ao contribuinte. 
 
1.2 – Medida Provisória 
 
Ainda outro ponto, que há muito se discutiu, é a possibili-
dade de medida provisória criar ou aumentar tributo. Medida provi-
sória não é lei. Mas tem força de lei. Sendo assim, como ficamos? A 
insatisfação poderia surgir do fato de que a medida provisória é ato 
normativo editado diretamente pelo executivo e que já começa a 
produzir efeitos antes mesmo de qualquer chancela do legislativo, 
poder que representa a vontade do povo na criação de atos norma-
tivos. Mas o STF nunca reconheceu nenhuma inconstitucionalidade 
em medida provisória e recorrentemente temos novas medidas pro-
visórias sobre a matéria. Aliás, a EC 32/2001, que introduziu novas 
regras relativas à medida provisória, estabelece a sua possibilidade 
e a sua aplicação. O texto poderia ser inconstitucional, já que o po-
der de reforma da Constituição não é ilimitado, mas como dito, tal 
inconstitucionalidade nunca foi afirmada pelo STF. 
 
1.3 – Exceções 
 
Um último ponto a tratarmos sobre a legalidade é que há ex-
ceções. Mas devemos entender antes as razões destas exceções. 
Nem todos os impostos têm função arrecadatória, nem todos se 
prestam a prover, simplesmente, dinheiro aos cofres públicos. Al-
guns tributos têm a função de intervir na economia, de servir de ins-
trumento de política pública. Assim é com os impostos sobre o co-
mércio exterior (importação e exportação), sobre produtos industria-
lizados e sobre operações financeiras. E nesse sentido, caso fosse 
necessária a publicação de uma lei para qualquer aumento ou re-
dução em suas alíquotas, considerando a quantidade de leis que 
ocupam a jornada do legislativo, estas alterações somente seriam 
aprovadas depois da intervenção não mais ser necessária. 
É por isso que esses quatro impostos, acima relatados, são, 
na forma do art. 153 §1º da CR, verdadeiras exceções à legalidade. 
Mas isso, só no que diz respeito às suas alíquotas, ou seja, o per-
centual correspondente. Todos os outros elementos desses tributos 
deverão ser fixados por lei. 
 
 
 
2 – Princípio da Irretroatividade 
Não basta para a segurança que o tributo seja fixado por lei. 
Até porque a lei poderia criar regras para situações já ocorridas e 
isto traria uma grande insegurança. 
Então, o art. 150, III, a, da Constituição determina que as leis 
somente podem alcançar fatos geradores/situações que ocorrem na 
vigência que os instituiu ou aumentou. 
É vedado aos entes da Federação cobrar tributos em 
relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência 
da lei que os houver instituído ou aumentado (CF, art. 150, III, “a”). 
Essa regra visa garantir a segurança jurídica dos 
contribuintes. 
ATENÇÃO: essa regra é válida para todos os tributos! As 
bancas costumam confundir os candidatos menos atentos, trocando 
a palavra tributos por impostos. 
Assim, como regra geral, a lei tributária não retroagirá. 
Quanto à instituição ou majoração de tributos, a lei tributária 
NUNCA RETROAGIRÁ. Contudo, em relação a outros temas, o 
princípio da irretroatividade não é um postulado absoluto. 
Exceção: 
. Imposto de Renda 
Súmula 584 STF - Ao imposto de renda calculado sobre os 
rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício 
financeiro em que deve ser apresentada a declaração. 
 
O fato gerador do imposto de renda é definido, por muitos 
doutrinadores, como complexivo ou periódico (formado por um 
conjunto de fatos ocorridos ao longo de determinado período, a 
saber, 1º de janeiro a 31 de dezembro). Caso uma lei entre em 
vigorem qualquer outro dia que não 1º de janeiro, a pergunta 
lançada é: qual é a lei aplicável ao imposto de renda? A antiga, até 
que feche o ano? A nova, a partir da sua vigência? A nova para o 
ano todo? 
Pela Súmula 584, STF, a lei que deve ser aplicada é a que 
estiver em vigor, não no ano da ocorrência do fato, mas no ano em 
que deve ser feita a declaração. É isso mesmo, aos rendimentos 
que você tem recebido será aplicada a lei que estiver em vigor no 
ano que vem! 
 
3 – Princípio da Anterioridade / Princípio da Não Surpresa 
Se refletirmos sobre o propósito de garantir segurança jurídica 
ao contribuinte, tão somente legalidade + irretroatividade não 
produzem um resultado satisfatório. Imagine você firmar um 
contrato, contando com uma carga tributária tal e, amanhã, ser 
publicada (com vigência imediata) uma lei que duplique esta carga 
tributária. Ainda assim, haveria insegurança. É por isso que o 
ordenamento jurídico brasileiro conta com o princípio da 
anterioridade, a lei que cria ou aumenta um tributo tem de ter sido 
publicada até o ano anterior para que possa ser aplicada. 
 
Também conhecido como princípio da não-surpresa, está 
previsto na CF, art. 150, III, “b” e “c”, e divide-se em: 
. Anterioridade anual: Proíbe a cobrança do tributo no 
mesmo ano da publicação da lei que o instituir ou majorar. 
. Anterioridade nonagesimal: Publicação da lei que instituir 
ou aumentar tributo deve ser feita pelo menos 90 dias antes de sua 
exigência. 
O princípio da anterioridade nonagesimal foi criado pela EC 
42/2003 em virtude de a anterioridade do exercício ter se 
transformado numa garantia meramente formal, já que havia o 
costume de realizar as alterações da legislação tributária no final do 
exercício. Desse modo, a anterioridade nonagesimal consiste em 
uma garantia bem mais eficiente para o contribuinte, pois 
assegura um período mínimo de dias para que possa se preparar 
para o aumento do tributo a ser pago. 
Obs. O STF entende que a revogação de isenção não se 
equipara à criação ou à majoração de tributo, por se tratar 
apenas de dispensa legal do pagamento de exação já existente, de 
modo que o tributo volta a ser imediatamente exigível, não sendo 
aplicável o princípio da anterioridade (RE 204.062/1996). 
Já, quando a surpresa for vantajosa para o contribuinte, como 
a redução ou extinção de um tributo, a Corte entende que não há 
que se falar no princípio da anterioridade, podendo produzir efeitos 
imediatos. 
Outro importante posicionamento do STF é a Súmula nº 669 
do STF, a qual diz respeito ao prazo de recolhimento da obrigação 
tributária: “Norma legal que altera o prazo de recolhimento da 
obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.” 
Em regra, os tributos submetem-se a ambos tipos de 
anterioridade, mas há exceções para cada um deles. Vejamos no 
quadro abaixo. 
 
 
Abaixo mais um esquema para facilitarsua assimilação: 
 
 
 
 
. Anterioridade e Medida Provisória 
Conforme o art. 62 da CF, “Em caso de relevância e urgência, 
o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, 
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso 
Nacional.” Logo, a medida provisória pode tratar de matéria 
tributária. 
O art. 62, § 1º, III, da CF, por sua vez, afirma que: “É vedada 
a edição de medidas provisórias sobre matéria reservada a lei 
complementar”. Assim, os tributos sujeitos à sua criação ou 
majoração por meio de lei complementar estão impedidos de ser 
regulados por meio de medida provisória. Contudo, isso não ocorre 
para a lei ordinária, tendo a medida provisória força equivalente a 
esta. 
 
 
- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS VINCULADOS AO VALOR 
JUSTIÇA: 
· Princípio da Isonomia; 
· Princípio da Capacidade Contributiva (proporcionalida-
de, progressividade fiscal, seletividade); 
. Princípio do Não Confisco; 
 
 
Você tem ideia da carga tributária brasileira? Você tem ideia 
do quanto o brasileiro paga por cada tributo? Nem imagina? Pois eu 
começo te convidando a visitar um site bastante curioso: 
impostômetro.com.br. Nele você pode conferir o quanto já foi 
pago/arrecadado no Brasil e em cada um dos Estados e capitais. 
Os valores são exorbitantes. E dependendo do dia em que você 
está acessando essa aula, as cifras poderão ser cada vez mais 
absurdas. 
 
1 – Princípio da isonomia 
Determina o art. 150, II da CF: 
“é vedado instituir tratamento desigual entre contribuintes 
que se encontrem em situação equivalente, proibida 
qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou 
função por eles exercida, independentemente da 
denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.” 
Tenha em mente que essa norma não determina que se dê o 
mesmo tratamento a todas as pessoas, pois igualdade é tratar 
desigualmente os desiguais. É vedado os chamados privilégios 
odiosos, benefícios que não encontram qualquer justificativa ou 
razão. 
 
Fique atento a outras jurisprudências do STF: 
. “Ao instituir incentivos fiscais a empresas que contratam 
empregados com mais de quarenta anos, a Assembleia 
Legislativa paulista usou o caráter extrafiscal que pode ser 
conferido aos tributos, para estimular conduta por parte do 
contribuinte, sem violar os princípios da igualdade e da 
isonomia.” (ADI 1.276); 
. “A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades 
financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha 
de salários, não fere, à primeira vista, o princípio da isonomia 
tributária, ante a expressa previsão constitucional” (AC 1.109-MC); 
 
 
2 – Princípio da Generalidade e Universalidade 
Como decorrência imediata do princípio da isonomia, 
encontram-se no art. 153, §2º, I, da Constituição, os princípios da 
generalidade e da universalidade. 
 
Generalidade significa que “todo aquele que manifestar 
riqueza será, em princípio, contribuinte. É por isso que a 
Constituição veda tratamento privilegiado a determinadas 
categorias” como é comum ocorrer em regimes ditatoriais que 
tendem a privilegiar a categoria que se encontra no poder. 
Já Universalidade significa que “todo fato que demonstre 
riqueza será em princípio gerador de tributo”. Então, encontramos 
aqui o fundamento para a tributação de várias situações, até 
mesmo do ato ilícito “princípio do pecúnia non olet”. 
 
3 – Princípio da Capacidade Contributiva 
 
Cada um deve contribuir (ainda que forçosamente) para as 
despesas públicas na medida das forças de sua riqueza. Neste 
momento você deve abrir a sua Constituição e ler o §1º do art. 145 
da Constituição. Nele você encontra a positivação do princípio. 
 
E como essa capacidade contributiva é avaliada? Através do 
que chamamos de subprincípios ou princípios-técnicos. 
a) Pessoalidade. Como visto é a análise de características do 
contribuinte como forma de avaliar o montante de tributo devido. 
b) Proporcionalidade. Esta é a regra geral. Os tributos devem 
ser proporcionais. Não devemos buscar a existência de tributos que 
tenha o mesmo valor para todo mundo. Isto seria a maior das injus-
tiças, que um milionário pagasse o mesmo valor que um mendigo. 
 c) Progressividade. Há dois aspectos para a progressividade. 
A progressividade fiscal, que veremos aqui. E a progressividade ex-
trafiscal, que significa que a alíquota será aumentada de forma a 
desestimular algum comportamento do contribuinte, como forma, 
portanto de política pública. Ela é prevista na Constituição para o 
ITR (art. 153 §4º III) e para o IPTU (art. 182 §4º II), como forma de 
estimular a função social da propriedade. Mas a progressividade 
fiscal é que é a técnica de aferição da capacidade contributiva. Se-
gundo ela, quanto maior a riqueza, maior será a alíquota. 
d) Seletividade. Como última forma de aplicarmos o princípio 
da capacidade contributiva podemos apontar a técnica em que as 
alíquotas serão fixadas em função da essencialidade do bem objeto 
de tributação. Isso ocorre ao IPI (art. 153 §3º I), ao ICMS (art. 155 
§2º III), ao IPVA (art. 155 §6º II) e ao IPTU (art. 156 §1º II). ?A es-
sencialidade é aquilo que for essencial para a dignidade humana, 
para a vida ou para a saúde do homem. (ÁVILA, Humberto. Sistema 
Constitucional Tributário. 5a. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 380) 
4) Não-confisco. Com previsão expressa no art. 150, IV, da 
Constituição. E o que é confisco? Poderíamos dizer que tributação 
confiscatória é aquela que é tão elevada que capaz de extinguir a 
riqueza tributada. 
 
Decorrência da garantia à propriedade privada, prevista no 
art. 5º, XXII, a CF determina a proibição de utilizar tributo com 
efeito de confisco no art. 150, IV. 
Não há um parâmetro pré-determinado do que seria um 
tributo confiscatório. Deve ser considerado o caráter extrafiscal de 
alguns tributos, como o IPI, que pode ser utilizado para estimular ou 
desestimular uma conduta por parte do contribuinte. Como 
exemplo, temos o caso dos cigarros, cuja alíquota do IPI pode 
ultrapassar 300%. A definição de o tributo ser ou não confiscatório é 
feita pelo Poder Judiciário, no caso concreto, quando provocado por 
algum contribuinte. 
Assim, nas palavras do STF: “A caracterização do efeito 
confiscatório pressupõe a análise de dados concretos e de 
peculiaridades de cada operação ou situação, tomando-se em conta 
custos, carga tributária global, margens de lucro e condições 
pontuais do mercado e de conjuntura social e econômica (...) O 
isolado aumento da alíquota do tributo é insuficiente para 
comprovar a absorção total ou demasiada do produto econômico 
da atividade privada, de modo a torná-la inviável ou excessivamente 
onerosa.” (RE 448432/2010) 
Importante! Entende o STF que a identificação do efeito 
confiscatório deve ser feita em função da totalidade da carga 
tributária, mediante verificação da capacidade de que dispõe o 
contribuinte para suportar a incidência de todos os tributos que 
deverá pagar, dentro de um determinado período, à mesma pessoa 
política que os houver instituído (ADIn 2.010-2/1999). 
 
 
 
 
Outro importante posicionamento do STF afirma que o 
princípio do não-confisco se aplica tanto para tributos como para 
multas, sejam de mora ou de ofício. 
 
 
 
 
ATENÇÃO: o princípio do não confisco não deve ser confundido 
com impenhorabilidade dos bens do devedor, pois assim não 
haveria garantias aos credores. 
 
 
- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS VINCULADOS AO VALOR 
LIBERDADE: 
· Princípio da Vedação de Limitação ao Tráfego de Pes-
soas e Bens; 
· Princípio de Proibição de diferença tributária em razão 
da origem ou destino; 
 
O custo de tudo que fazemos é um grande impeditivo para 
seguirmos em uma ou outra direção. Assim, ao fixar os tributos o 
Estado pode acabar tolhendo os particulares de adotarem uma 
conduta ou outra devido ao custo dos tributos 
 
1 – Princípio da liberdade de tráfego 
Também chamado de“não-limitação ao tráfego ‟, esse 
princípio está previsto no art. 150, V, da CF: 
“é vedado estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou 
bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, 
ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias 
conservadas pelo Poder Público.” 
Com relação à ressalva, devemos lembrar que, atualmente, 
ela não se justifica, já que a cobrança de pedágio ocorre pelo 
regime de tarifa, que não é tributo. Esse pedágio considerado como 
tributo, seria apenas aquele cobrado pelo Poder Público pela 
utilização de vias por ele conservadas, o que teria natureza de taxa, 
embora não venha ocorrendo mais. Ainda assim, por óbvio, os 
valores do pedágio não podem ser abusivos para não ferir a 
garantia da liberdade de locomoção (art. 5º, XV, CF). 
Outra ressalva a esse princípio é a cobrança do ICMS em 
relação à circulação de mercadorias e serviços, pois esse tributo 
interestadual acaba por constituir uma limitação ao tráfego de bens 
pelo território nacional. Contudo, como a cobrança tem 
embasamento constitucional, é plenamente válida, sendo exigida 
razoabilidade na tributação. 
 
2 – Princípio da Vedação de diferença tributária entre a Origem ou 
Destino 
 
 
 
O art. 152 tem o intuito de proibir que tais entes federados 
criem diferenças tributárias em razão da procedência ou 
destino dos bens e serviços. 
Na esteira desse entendimento, cabe dizer que à União é 
permitido criar distinções entre as regiões do país, pois o art. 151, I, 
permite a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o 
equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico. 
Note que esse princípio se aplica internamente com o objetivo 
de preservar o pacto federativo. Não se aplica ao comércio 
internacional, em que é possível estabelecer diferenças de acordo 
com a origem ou destino das mercadorias. 
É por isso que não podemos ter alíquota de IPVA diferenciada 
em razão dos veículos serem ou não importados. 
 
 
- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS VINCULADOS AO VALOR 
FEDERALISMO: 
· Princípio da Vedação de isenção heterônoma; 
· Princípio da Uniformidade Geográfica. 
 
 
 
O art. 151 da CF, em seus incisos I, II, e III, institui princípios 
aplicáveis especificamente à União. 
 
 
1 – Princípio da Uniformidade Geográfica 
. O Princípio da Uniformidade Geográfica (art. 151, I) proíbe 
a União de instituir tributo que não seja uniforme em todo o 
território nacional ou que implique distinção ou preferência a estado, 
DF ou Município. 
Mas admite-se a concessão de incentivos fiscais para 
promover equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as 
diferentes regiões do país, o que atende a um dos objetivos 
fundamentais do Estado brasileiro: reduzir as desigualdades 
regionais (CF, art. 3º, III). Exemplo: Zona Franca de Manaus. 
 
2 – Princípio da Uniformidade da Tributação da Renda 
 
. O Princípio da Uniformidade da Tributação da Renda (art. 
151, II) veda à União tributar a renda das obrigações da dívida 
pública dos estados, DF e Municípios bem como a remuneração e 
proventos dos respectivos agentes públicos em níveis superiores 
ao que fixar para suas obrigações e para seus agentes. 
Ao analisar a própria nomenclatura conferida pela doutrina a 
esse princípio, percebemos que o que se busca é a tributação 
uniforme da renda, sem privilegiar o seu ente instituidor – que é a 
União. 
Exemplo: Se a remuneração dos servidores federais sofresse 
menor carga tributária do que os servidores pertencentes às 
carreiras dos demais entes federativos, seria natural que houvesse 
migração para os cargos públicos federais. 
 
3 – Princípio da Vedação às Isenções Heterônomas 
. O Princípio da Vedação às Isenções Heterônomas (art. 
151, III) proíbe a União de instituir isenções de tributos da 
competência dos Estados, DF e Municípios. Assim, em regra, 
somente quem é competente para instituir o tributo poderá conceder 
isenções. 
Contudo, existem exceções a essa regra: 
 
 
 
 
 
AULA 2 
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
 
Esse assunto é uma continuação do estudo sobre as 
limitações ao poder de tributar. 
Iniciaremos o presente estudo explicando o conceito de 
imunidade, isenção e não incidência. Posteriormente estudaremos 
as imunidades em espécie, em toda a sua riqueza de 
jurisprudência. 
Obs. Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica 
não está dispensada de cumprir obrigações acessórias (fazer, 
tolerar, ou deixar de fazer algo) e de se submeter à fiscalização 
tributária. 
STF (RE 250.844) “exigir de entidade imune a manutenção 
de livros fiscais é consentâneo com o gozo da imunidade 
tributária (...)” 
1. CONCEITO DE IMUNIDADE, ISENÇÃO E NÃO INCIDÊNCIA 
 
a) Não Incidência – Não há a incidência de tributo pelo fato de 
haver uma lacuna na lei, ou seja, não se deve nenhum tributo pois 
nenhum tributo foi instituído. Exemplo: incidência de imposto sobre 
a propriedade de bicicletas (não existe). 
b) Isenção – Trata-se de um benefício fiscal concedido pelo ente 
político, por intermédio de lei (infraconstitucional). É uma hipótese 
de exclusão do crédito tributário. 
 . A isenção decorre do exercício da competência tributária 
e o fato gerador do tributo chega a ocorrer, e a obrigação tributária 
chega a existir, ou seja, o ente poderia cobrar aquele tributo, mas 
decide isentar os contribuintes, mediante a edição de uma lei (o que 
não se constitui é o Crédito Tributário). 
 . Hipótese de não incidência legalmente qualificada. 
c) Imunidade – É uma limitação constitucional ao poder de tributar, 
ou seja, existe um limite além do qual o ente instituidor não poder 
tributar, por expressa disposição constitucional. 
Obs. Não importa a terminologia utilizada pela CF/88 para tratar 
das imunidades, visto que o simples fato de estar no texto 
constitucional dá ao instituto o título de imunidade. 
STF (RMS 22.192/DF) já decidiu que, embora o 
art. 195§7° da CF/88, mencione a palavra 
“isentas”, a interpretação que deve ser dada é a 
de que se trata de verdadeira imunidade. 
 . Hipótese de não incidência constitucionalmente 
qualificada. 
 
d) Alíquota Zero – É mais uma hipótese em que o tributo acaba não 
sendo cobrado. Nesse caso ocorre o fato gerador, contudo, o valor 
do tributo é nulo, já que a alíquota é zero. 
 . É muito comum nos tributos regulatórios em que a 
alíquota é uma exceção ao princípio da legalidade e pode ser 
alterada pelo próprio executivo. Assim quando se quer incentivar 
algum setor econômico (ao invés de criar uma isenção, o que 
demandaria todo um processo legislativo demorado) o governo 
reduz a alíquota a zero. 
Exemplo: Se o Governo Federal decidisse reduzir a alíquota de II a 
zero sobre determinados produtos essenciais ao País. 
 
2. ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
 
As imunidades que serão tratadas agora estão no art. 150 
VI da CF e tratam de vedações para qualquer ente federativo e para 
todo e qualquer imposto. Aqui há uma proteção da liberdade de 
várias espécies: política, religiosa etc. Esta imunidade se aplica aos 
impostos (em princípio todo e qualquer imposto) pois eles não 
possuem qualquer parâmetro para a sua fixação. Como se trata do 
único tributo não vinculado 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fede-
ral e aos Municípios: 
VI - instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; (Imunida-
de Recíproca) 
b) templos de qualquer culto; (Imunidade Religiosa) 
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, in-
clusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalha-
dores, das instituições de educação e de assistência social, 
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; (Imunidade 
os Partidos Políticos, Entidades Sindicais dos Trabalhadores, 
Instituições de Educação e de Assistência Social) 
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado à suaimpressão. (Imunidade Cultural / Imunidade de imprensa) 
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no 
Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores 
brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas bra-
sileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais 
que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de 
mídias ópticas de leitura a laser. (Imunidade musical) 
 
2.1 Imunidade Recíproca 
 Também denominada de imunidade intergovernamental, 
existe para proteger a autonomia financeira dos entes federados, e 
consequentemente, o pacto federativo. 
Art. 150, VI, a, da CF/88 – É vedado à União, 
aos Estados, ao DF e aos Municípios instituir 
impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços 
uns dos outros. 
 
 
Obs. Tal imunidade apenas abrange os impostos sobre o 
patrimônio, renda ou serviços. 
Súmula 591 STF - A imunidade tributária 
subjetiva aplica-se a seus beneficiários na 
posição de contribuinte de direito, mas não na de 
simples contribuinte de fato, sendo irrelevante 
para a verificação da existência do beneplácito 
constitucional a repercussão econômica do tributo 
envolvido. [Tese definida no RE 608.872, rel. 
min. Dias Toffoli, P, j. 23-2-2017, DJE 219 de 27-
9-2017, Tema 342.] 
http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?idDocumento=13686215
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=3837900&numeroProcesso=608872&classeProcesso=RE&numeroTema=342
Obs. Para o STF a imunidade recíproca somente se aplica se o 
ente beneficiado estiver na condição de contribuinte de direito, não 
o alcançando como contribuinte de fato. 
 
. Contribuinte de Direito x Contribuinte de Fato 
 Contribuinte de direito é aquele eleito pela lei para recolher 
o tributo, e contribuinte de fato é o que arca realmente com o ônus 
do tributo. 
 
 . Embora o texto constitucional restrinja a aplicação desta 
imunidade às autarquias e às fundações públicas, o entendimento 
predominante no STF (RE 407.099/RS e AC 1.550-2) é o de que a 
benesse é extensível também às empresas públicas (EP) e às 
sociedades de economia mista (SEM) prestadoras de serviço 
público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado. 
 Nesse sentido, o STF já concedeu imunidade às seguintes 
EP e SEM: 
. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) – (STF, 
RE 407.099); 
. Infraero – (STF, RE 524.615-AGR); 
. Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia (CAERD) – 
(STF, AC 1.550-2/RO); 
. Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) – 
(STF, RE 253.472); 
. Casa da Moeda do Brasil (CMB) – (STF, RE 610.517). 
 A OAB – Entidade não integrante da administração pública 
indireta – também foi alcançada pela imunidade recíproca, no 
entendimento do STF (RE 259.976-AgR), pois a OAB desempenha 
atividade própria de Estado, motivo que faz com que ela também 
esteja imune. 
Obs. A OAB é imune, mas a Caixa de Assistência dos 
Advogados não é. 
 Não são imunes: Serviços de registros públicos, 
cartorários e notariais, que por terem intuito lucrativo e serem 
devidamente remunerados, não estão imunes (STF, ADI 3.089). 
Obs. O simples fato de o serviço ter natureza pública não basta 
para ficar caracterizada a imunidade! 
 
Súmula 583 STF – Promitente-comprador de 
imóvel residencial transcrito em nome de 
autarquia é contribuinte do IPTU. 
A situação se refere a quando uma pessoa particular 
(promitente comprador) assina um contrato de compra e venda, 
adquirindo um imóvel de um ente imune. A assinatura do contrato 
não transfere a propriedade do bem, mas o comprador passa a ter 
sobre o bem o direito real de aquisição de coisa alheia, bastando, 
segundo a CF/88, para ser tributado normalmente. 
 
2.2 Imunidade Religiosa 
 O art. 150, VI, b, da CF veda que todos os entes 
federativos cobrem impostos sobre os templos de qualquer culto. 
 Pelo Brasil ser um país laico, a imunidade religiosa 
alcança todas as religiões, sem qualquer distinção. 
 
 
 A Imunidade religiosa abrange os templos, o patrimônio, a 
renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais da 
entidade religiosa. 
Obs. . Ainda que um imóvel pertencente a determinada entidade 
religiosa encontre-se alugado para terceiros, a imunidade subsiste, 
desde que os recursos gerados estejam sendo direcionados para as 
finalidades essenciais de tais entidades. 
 . Os cemitérios que são extensões destas entidades 
também são alcançados pela vedação constitucional em tela. 
 . Decisão STF (RE 562.351), a Maçonaria não é alcançada 
pela imunidade religiosa, já que nas lojas maçônicas não se 
professa qualquer religião. 
 
2.3 Imunidade os Partidos Políticos, Entidades Sindicais dos 
Trabalhadores, Instituições de Educação e de Assistência Social 
 De acordo com o art. 150, VI, c, da CF/88, é vedado a 
todos os entes políticos cobrar impostos sobre o patrimônio, a renda 
e os serviços dos partidos políticos e suas fundações, dos 
sindicatos de trabalhadores e das instituições de educação e 
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da 
lei. 
 
Obs. Somente sindicatos de trabalhadores estão abrangidos pela 
imunidade. Os sindicatos dos empregadores ou de setores (ou 
categorias) econômicas não estão. 
 
 No art. 14 do Código Tributário Nacional (Lei 5.172/66) são 
elencados os requisitos para que as já mencionadas entidades 
gozem da imunidade: 
“Art. 14 – (...) 
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio 
ou de suas rendas, a qualquer título; 
II – aplicarem integralmente, no País, os seus recursos 
na manutenção dos seus objetivos institucionais; 
III – manterem escrituração de suas receitas e despesas 
em livros revestidos de formalidades capazes de 
assegurar sua exatidão.” 
Obs. . Se atente que a imunidade religiosa não se submete às 
restrições do art. 14 do CTN. 
 . Atente-se que somente o patrimônio, a renda e os 
serviços vinculados às finalidades essenciais da entidade estarão 
imunes aos impostos sobre eles incidentes. 
 
 . Para o STF, as escolas de ensino profissionalizante estão 
enquadradas no rol de entidades do art. 150, VI, c. Exemplo: 
SENAC e o SENAI. 
 . O ensino de línguas estrangeiras também caracteriza-se 
como atividade educacional para aplicação da imunidade tributária, 
conforme entendimento do STF no RMS 24.283. (a cobrança de 
mensalidades pelas entidades educacionais não descaracteriza a 
imunidade, desde que não haja distribuição de renda, lucro ou 
participação nos seus resultados) 
 
Obs. Atente-se que a CF/88 não abarcou no art. 150, VI, c, as 
entidades de previdências, mas tão somente as de assistência 
social. 
 
2.4 Imunidade Cultural (imunidade de imprensa) 
 O art. 150, VI, d, da CF/88 estabelece que é vedado a 
todos os entes federados instituírem impostos sobre os livros, 
jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. 
Obs. Esta imunidade é objetiva, incidindo sobre “coisas”, ao passo 
que as demais são subjetivas, sendo parâmetro para concessão a 
“pessoa”. 
 
 
 
 
 
 De acordo com a jurisprudência do STF, além dos livros, 
jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão, também 
estão imunes os outros insumos assimiláveis ao papel, abrangendo 
portanto os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de 
jornais e periódicos. 
 
Obs. Segundo o STF a presente imunidade não abrange a tinta 
para impressão de jornais. Somente sendo imunes livros, jornais, 
periódicos e o papel destinado à sua impressão, bem como outros 
insumos, desde que assimiláveis ao papel. 
 . Não há proteção constitucional à prestação de serviços 
de composição gráfica ou de impressão onerosos a terceiros (RE 
723.018-AgR); Exemplo: Copiadoras 
 . Os serviços de distribuição de periódicos, revistas, 
publicações, jornais e livros não estão abrangidos pela imunidade 
cultural, devendo portanto incidir o ISS normalmente (STF,RE 
630.462-AgR). 
 
Obs. . A concessão da imunidade sobre livros, jornais, 
periódicos e apostilas (impressas, no que se refere às apostilas 
virtuais, o tema será decidido no RE 330.817/RJ), independe da 
prova do valor cultural ou pedagógico da publicação. 
 . A inserção de anúncios e publicidade em listas 
telefônicas, com o objetivo de permitir a divulgação das 
informações a custo zero para os assinantes, não descaracteriza 
a imunidade em tela (RE 199.183). 
 
2.5 Imunidade em favor da produção musical brasileira 
 Trata-se da EC 75/2013, conhecida como PEC da Música. 
“Art. 1º O inciso VI do art. 150 da Constituição Federal 
passa a vigorar acrescido da seguinte alínea e: 
VI. instituir impostos sobre: 
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no 
Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de 
autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por 
artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou 
arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de 
replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.” 
 
Obs. . A etapa de replicação industrial de mídias ópticas de 
leitura a laser foi excepcionada, não estando imune aos impostos. 
 . Levando em consideração que a grande maioria dos CDs 
e DVDs fabricados no Brasil sai da Zona Franca de Manaus, o que 
houve foi a tentativa de manter aquele polo industrial atrativo para 
as empresas. 
 . A imunidade impõem uma restrição de que apenas os 
fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil e que 
contenham obras de autores brasileiros – e/ou interpretadas por 
artistas brasileiros – estão imunes aos impostos. 
 
 
3. OUTRAS ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
 Além das imunidades até agora estudadas, há várias 
outras espalhadas pela Constituição, as quais seguem abaixo. 
a) São a todos assegurados, independentemente do pagamento de 
taxas: (a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de 
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (b) a obtenção de 
certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e 
esclarecimento de situações de interesse pessoal (art. 5º, XXXIV); 
b) Ação popular, salvo comprovada má-fé, é isento (imune) de 
custas judiciais, as quais são consideradas taxas pelo STF (art. 50, 
LXXIII); 
c) São gratuitos para aos reconhecidamente pobres, na forma da 
lei, o registro civil de nascimento e a certidão de óbito (art.5°, 
LXXVI); 
d) O IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao 
exterior (art. 153, §3º, III); 
e) O ITR não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em 
lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel 
(art. 153, §3°, II); 
f) O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou 
instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do IOF 
(na operação de origem), sendo imune de qualquer outro tributo 
(art. 153, §5°); 
O ouro, depois de extraído nos garimpos, pode ser 
convertido em ativo financeiro, efetuando-se o pagamento 
do IOF no momento em que houver a sua primeira 
aquisição por instituição integrante do Sistema Financeiro 
Nacional, autorizada pelo Banco Central do Brasil a 
praticar tais operações. O ouro circulará desde então como 
ativo financeiro, portanto, sem IOF, desde que 
comercializado no mercado financeiro. 
g) À exceção do II, IE e ICMS nenhum outro imposto poderá incidir 
sobre operações relativas à energia elétrica, serviços de 
telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais 
do País (art. 155, §3°); 
Observação: A imunidade se refere a todos os demais impostos, 
com exceção do II, IE e ICMS. Nesse sentido, vejamos uma 
importante súmula do STF: 
Súmula STF 659 - É legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do 
FINSOCIAL sobre as operações relativas a energia elétrica, 
serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, 
combustíveis e minerais do País. 
h) São isentas (imunes) de impostos federais, estaduais e 
municipais as operações de transferência de imóveis 
desapropriados para fins de reforma agrária (art. 184, §5°); 
i) A contribuição previdenciária não incide sobre aposentadoria e 
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social (art. 
195, II); 
j) São isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as 
entidades beneficentes de assistência social que atendam às 
exigências estabelecidas em lei (art. 195, §7°); 
l) A celebração do casamento é gratuita, portanto, imune a taxas 
(art. 226, § 1°).

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