Buscar

PROCESSO PENAL AULA 01

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

PROCESSO PENAL – AULA 02 (28/03/12)
Prof. Renato Brasileiro
Ação Penal
01) Conceito do Direito de Ação
- É o direito público subjetivo de se pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito objetivo ao caso concreto.
- O fundamento do direito de ação está descrito no art. 5º, inciso XXXV da CF.
02) Condições da Ação Penal
- São condições necessárias para o exercício regular do direito de ação.
- A ação é um direito autônomo e abstrato, que não pode ser exercido de maneira abusiva/irregular.
- As condições são impostas exatamente para não utilizar esse direito de maneira abusiva/irregular.
- A conseqüência da ausência das condições da ação penal, se forem observadas:
a) por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória: há a rejeição da peça acusatória (denúncia/queixa). Art. 395, inciso II do CPP;
b) durante o curso do processo: A corrente majoritária afirma que haverá a nulidade absoluta do processo, aplicando-se por analogia o art. 564, inciso II do CPP (se a ilegitimidade de parte gera nulidade, as outras condições da ação também gerariam). A corrente minoritária afirma que haverá a extinção do processo sem a apreciação do mérito, nos mesmos moldes do Processo Civil, de acordo com o art. 267, inciso VI do CPC, que pode ser aplicado de forma subsidiária de acordo com o art. 3º do CPP.
- Espécies de condições da ação penal (ou condição de procedibilidade):
a) Condição Genérica: É aquela que deve estar presente em toda e qualquer ação penal. Independe da pessoa do acusado, do crime cometido ou do procedimento adotado.
b) Condição Específica: É aquela que deve estar presente apenas em certas situações, a depender do crime praticado (representação), da pessoa do acusado (autorização para instauração do processo contra o Presidente – art. 51, inciso I da CF) ou do procedimento a ser observado (laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial que deixam vestígios – art. 525 do CPP).
- Depende de representação lesão corporal leve e culposa, estupro, nos casos de crimes patrimoniais que recaiam na situação do art. 182 do CP.
03) Condições Genéricas da Ação Penal
a) Possibilidade Jurídica do Pedido
- O pedido formulado deve se referir a uma providência admitida em tese pelo direito objetivo.
- No âmbito do processo penal, a possibilidade jurídica do pedido deve ser entendida na medida em que só é possível a instauração de um processo penal se a peça acusatória imputa (atribui) ao acusado a prática de fato típico, ilícito e culpável. O pedido em si não é tão importante, pois se o Promotor fizer um pedido errado, o Juiz poderá consertar, como é o caso da imputação de furto quando na verdade é roubo.
- O Juiz deve verificar que o fato imputado na denúncia, em tese, caracteriza a prática de algum crime. Esta é a possibilidade jurídica do pedido.
- Ex: No curso do processo penal, descobre-se que o acusado à época do delito, era menor de 18 anos. Neste caso, o acusado era inimputável, ou seja, não é dotado de capacidade de culpabilidade. Assim, não é possível instaurar um processo penal, visando a aplicação de uma pena. A conclusão é que está ausente a possibilidade jurídica do pedido, pois não é possível a instauração de processo penal contra menor de 18 anos. Deve se pedir a nulidade absoluta do processo ou a extinção do feito sem o julgamento de mérito. O Juiz, ao final, deve remeter os autos ao Juizado da Infância e Adolescência.
b) Legitimidade para Agir (Legitimatio ad causam)
- Trata da pertinência subjetiva da ação, ou seja, é quem é que pode exercer o direito de ação e contra quem este direito de ação pode ser exercido.
- Legitimidade Ativa - Dentro do processo penal o polo ativo pode ser ocupado (direito de propor a ação) de acordo com o tipo de ação:
 Ação Penal Pública: Ministério Público (art. 129, I, CF);
 Ação Penal Privada: Ofendido ou seu Representante Legal.
- Ex. de polo ativo: Tício e Mévio, ambos candidatos a prefeito, trocam ofensas durante a propaganda eleitoral. O Tício contrata um advogado, que oferece queixa-crime em face de Mévio pela prática do crime de difamação (CP, art. 139), perante a Justiça Eleitoral. R: Quando as ofensas são praticadas durante a propaganda eleitoral, ele deixa de ser crime comum e não é mais o crime de difamação, passando a ser um crime eleitoral (Art. 325, Cód. Eleitoral). Portanto, neste caso, há um crime eleitoral de difamação. Por estar no Código Eleitoral, a ação penal é pública incondicionada (art. 355 do CE), pois diz respeito a direitos públicos, como o direito a voto. Desta forma, o crime eleitoral de difamação é de Ação Penal Pública Incondicionada, o que faz com que haja a ilegitimidade ativa do feito. Só poderia oferecer queixa-crime no caso de inércia do MP, que daria ensejo a Ação Privada subsidiária da Pública. Resposta do Professor: Deve ser reconhecida a ilegitimidade ativa de Tício, com a conseqüente rejeição da peça acusatória.
- Ex de pólo ativo: Tício foi vítima do crime de injúria racial em data de 30 de agosto de 2009. No dia 30 de setembro de 2009, Tício procura um advogado. Qual é a peça acusatória? De quem é a legitimidade? R: Na época que o crime foi praticado, o CP afirmava que o crime de injúria racial era de ação penal privada. Ocorre que no dia 30/09/09, quando o cliente procurou o advogado, entrou em vigor a L. 12.033/09, que transformou este delito em um crime de ação penal pública condicionada à representação. Resposta do Professor: Trata-se a lei 12.033/09 de norma processual mista. Isso porque, ao transformar a espécie de ação penal no crime de injúria racial, antes de ação penal privada e hoje de ação penal pública condicionada à representação, esta lei repercute no direito de punir do Estado, pois priva o acusado de causas extintivas da punibilidade aplicáveis exclusivamente em crimes de ação penal privada: renúncia, perdão e perempção (a outra causa é a decadência). Portanto, se o crime foi praticado antes da entrada em vigor dessa lei, a ação penal continuará sendo privada, ainda que a peça acusatória seja oferecida a partir do dia 30/09/09.
- Legitimidade Passiva: é o pólo passivo, ou seja, contra quem deve ser oferecida a peça acusatória.
- A peça acusatória deve ser oferecida em face do suposto autor do delito. É suposto porque a certeza só se terá ao final do processo.
- Ex: homônimo e falsa identidade.
- Quanto à legitimidade da pessoa jurídica no processo penal: A legitimidade ativa existe, como é o caso da propositura de queixa-crime pela prática do crime de difamação. A legitimidade passiva existe, de acordo com a teoria da dupla imputação.
OBS – Teoria da dupla imputação: Tem sido admitido o oferecimento de denúncia em face da pessoa jurídica pela prática de crimes ambientais, desde que haja a imputação simultânea à pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício.
OBS: Há um precedente do STF no sentido de que, apesar da necessidade de dupla imputação, é plenamente possível que apenas a pessoa jurídica seja condenada (RE 628.582 – Informativo 639, STF).
- Legitimidade Ordinária e Extraordinária no Processo Penal: A ordinária significa dizer que alguém age em nome próprio na defesa de interesse próprio (esta é a regra). O melhor exemplo ocorre no caso da Ação Penal Pública (art. 129,I, CF). Na extraordinária alguém age em nome próprio na defesa de interesse alheio (são situações extraordinárias, previstas em lei). Os exemplos são a Ação Penal Privada (qualquer espécie, inclusive na privada subsidiária da pública), pois quando a vítima propõe a queixa, ela está correndo atrás do direito do Estado, já que é ele que tem o direito de punir o sujeito. Então age em nome próprio, na defesa do interesse do Estado. Ditado pelo professor: O direito de punir pertence ao Estado, que transfere a legitimidade para a propositura da ação penal ao ofendido ou ao seu representante legal. O segundo exemplo de legitimação extraordinária é quando se dá a nomeação de curador especial (art. 33 do CPP). O último exemplo é a Ação Civil Ex Delicto proposta pelo MP em favorde vítima pobre.
OBS: A Ação Civil Ex Delicto é uma ação cível indenizatória que buscar reparar o dano causado pelo delito. O art. 68 do CPP afirma que quando a vítima for pobre, o MP poderá propor esta ação. Neste caso o MP atua em nome próprio, em defesa de interesse alheio. Para o STF, o art. 68 do CPP é dotado de inconstitucionalidade progressiva: enquanto não houver defensoria pública na comarca, subsiste a legitimidade do MP para a ação civil ex delicto em favor de vítima pobre (RE 135.328).
c) Interesse de Agir:
- A doutrina afirma que o interesse de agir é composto pela necessidade, adequação e utilidade da prestação jurisdicional.
- A necessidade é presumida no processo penal, pois não há pena sem processo (salvo nos juizados).
- A adequação no processo penal condenatório não tem relevância, pois não há diferentes espécies de ações penais condenatórias. Mas no processo penal não condenatório, como é o caso do habeas corpus, a adequação é verificada. No caso do habeas corpus deve haver a demonstração da ameaça ou violência na liberdade de locomoção. Se não há previsão de pena privativa de liberdade, não há como impetrar o habeas corpus, pois não há risco à liberdade de locomoção (Súmula 693, do STF).
- A utilidade consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. No processo penal, esta matéria está diretamente ligada à prescrição em perspectiva (virtual ou hipotética).
OBS: Prescrição em perspectiva consiste no reconhecimento antecipado da prescrição, em virtude da constatação de que, no caso de possível condenação, eventual pena estará fulminada pela prescrição da pretensão punitiva retroativa, tornando inútil a instauração do processo penal.

Continue navegando