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DIREITO PROCESSUAL PENAL

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CURSO INTENSIVO I
DIREITO PROCESSUAL PENAL
(Renato Brasileiro)
(Data: 26.01.12/Aula 01)
Bibliografia sugerida
· Eugênio Pacceli
· Nestor Távora
INQUÉRITO POLICIAL
1. CONCEITO – É o procedimento administrativo inquisitório e preparatório presidido pela autoridade policial, consistente em um conjunto de diligências que visam a identificação das fontes de prova e colheita de elementos informativos quanto a autoria e materialidade do delito a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
	ATENÇÃO – O inquérito policial é um procedimento inquisitório muito importante, porém não é o único meio de que dispõe a autoridade para investigar crimes. A lei prevê uma investigação mais rápida através de um meio de investigação mais célere, é o termo circunstanciado (registro simplificado de uma infração penal).
O termo circunstanciado deve ser lavrado para as chamadas infrações de menor potencial ofensivo (que são as contravenções penais e crimes com pena máxima não superior a 02 – dois – anos, cumulada ou não com multa, submetidos ou não a procedimento especial, ressalvados os crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher).
2. NATUREZA JURÍDICA DO IPL – (Natureza jurídica nada mais é do que o significado do instituto no Direito) O IPL é um procedimento administrativo. É tratado como procedimento administrativo e não como processo administrativo, pois dele não resulta a imposição direta de nenhuma sanção (a sanção se for imposta será imposta por meio do processo judicial e não por meio do IPL).
Ainda que seja decretada uma prisão preventiva, tal fato não caracterizará a aplicação de sanção, pois tal fato ocorre em razão da persecução penal. 
	IMPORTANTE – Eventuais vícios do IPL não contaminam o processo a que der origem, ou seja, ainda que haja alguma ilegalidade no IPL, tal fato não contaminará o processo, salvo na hipótese de provas ilícitas. Exs.: confissão em função de tortura, grampo telefônico (desentranhamento das provas ilícitas e derivadas – Teoria das provas ilícitas por derivação).
3. FINALIDADE DO IPL – É a colheita de elementos informativos quanto a autoria e materialidade do delito.
A expressão elementos informativos não se confunde com provas (Art. 155 do Código de Processo Penal), veja-se o quadro diferenciador:
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
	ELEMENTOS INFORMATIVOS
	PROVA
	
· São colhidos na fase investigatória;
· Não há necessidade de observância do contraditório e da ampla defesa;
· Possuem duas finalidades importantes: 
1. Servem para subsidiar a decretação de medidas cautelares;
2. Servem para auxiliar na formação da convicção do titular da ação penal (opinio delicti).
· Art. 155 do CPP – Exclusivamente – elementos informativos isoladamente considerados, não podem fundamentar uma sentença condenatória. Porém, não devem ser desprezados, podendo se somar a prova produzida em juízo para formar a convicção do magistrado.
Obs: esse artigo, recentemente alterado, esposa o entendimento defendido a muito tempo pelo Supremo. Exs.: STF, RE 425.734 e RE 287.658.
	· É produzida, em regra, na fase judicial;
· Há observância, obrigatória, do contraditório real (contraditório que se dá no momento da prova – ciência das partes e possibilidade de defesa no momento da apresentação das provas) e da ampla defesa;
· Tem como finalidade o auxílio na formação do convencimento do juiz (condenação ou absolvição do acusado);
ATENÇÃO – (Lei 11.690/08) – Diferença entre as provas trazidas pelo aludido art. 155 do CPP, veja-se:
PROVAS CAUTELARES – São aquelas provas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova em virtude do decurso do tempo em relação as quais o contraditório será diferido (postergado). Podem ser produzidas tanto na fase preliminar (de investigação) e em juízo. Em regra, dependem de autorização judicial.
Exs.: interceptação telefônica, busca domiciliar.
	PROVAS NÃO REPETÍVEIS - São aquelas que uma vez realizadas não tem como ser novamente coletadas ou produzidas em virtude do desaparecimento da fonte probatória, em relação as quais o contraditório será diferido. Também podem ser produzidas na fase investigatória e em juízo. Em regra, não dependem de autorização judicial. 
	Ex.: exame pericial nas infrações cujos vestígios podem desaparecer.
	PROVAS ANTECIPADAS – São aquelas produzidas na presença do juiz com a observância do contraditório real, em momento processual distinto daquele legalmente previsto ou até mesmo antes do início do processo, em virtude de situação de urgência e relevância. Depende de autorização juducial.
Exs.: Art. 225 do CPP – Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. (Depoimento ad perpetuam rei memoriam)
Questões de concurso – Qual o papel do juiz quanto a produção dos elementos informativos???
	Na fase investigatória o juiz só deve intervir quando necessário e desde que seja provocado. O juiz não deve atuar na fase investigatória de ofício (manter a imparcialidade).
Qual o papel do juiz quanto a produção da prova???
	Vigora no processo penal o princípio da identidade física do juiz (Art. 399, pg. 2º do CPP – O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença).
	Na fase judicial, o juiz tem certa inciativa probatória a ser exercida subsidiariamente. Podendo determinar a produção de determinadas provas.
Ex.: Art. 212 do CPP – As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. 
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.
4.	ATRIBUIÇÃO PARA A PRESIDÊNCIA DO IPL
	NATUREZA DO CRIME E COMPETÊNCIA PARA O SEU JULGAMENTO
	ATRIBUIÇÃO PARA AS INVESTIGAÇÕES
	1. Crime Militar de competência da Justiça Militar da União. 
	1. Forças Armadas – será designado um oficial encarregado de Inquérito Policial Militar (presidência das investigações).
	2. Crime Militar de competência da Justiça Militar dos Estados.
	2. Policial Militar que praticou crime em serviço (concussão, extorsão) – investigação feita pela Polícia Militar ou Corpo de Bombeiros – será designado um oficial que será encarregado de IPM (presidência das investigações).
	3. Crime Eleitoral de competência da Justiça Eleitoral.
	3. Polícia Federal 
OBS: O TSE, por meio de vários julgados (ex.: HC 439), julgou que se não houver na cidade Delegacia da Polícia Federal, as investigações quanto a crime eleitoral poderão ser feitas pela Polícia Civil.
	4. Crime Federal de competência da Justiça Federal.
	4. Crime de moeda falsa, crime contra o INSS – Polícia Federal.
	5. Crime Comum de competência da Justiça Estadual.
	5. Polícia Civil e Polícia Federal (Segundo a Constituição Federal – Art. 144, pg 1º – a JF poderá investigar crimes comuns de competência da Justiça Estadual desde que os crimes investigados sejam dotados de repercussão interestadual ou internacional – Lei 10.446/02)
5. 	CARACTERÍSTICAS DO IPL
5.1 É uma peça escrita, de acordo com o art. 9º do CPP, “todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.”
A doutrina defende que, durante o IPL, possa haver gravações pautando-se no art. 405, pg 1º do CPP, veja-se: “Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maiorfidelidade das informações.”
 
5.2 	É uma peça dispensável – se o titular da ação penal contar com elementos informativos quanto a autoria e materialidade, poderá dispensar o IPL. Veja-se o aduzido no art. 39, pg 5º do CPP, “o órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a Denúncia no prazo de 15 (quinze) dias.”
5.3 	É uma peça sigilosa – em regra, o elemento as surpresa é essencial para assegurar a eficácia das investigações. 
Questões de concurso – a) Dê exemplo de caso em que a publicidade ampla e irrestrita é importante para as investigações.
Retrato falado.
		b) A quem não se opõe o sigilo do IPL? 
O juiz (acesso amplo), promotor (acesso amplo) e advogado (art. 5º, LXIII da Constituição Federal – assistência de advogado como direito do preso; e art. 7º, XIV da Lei 8.906/94).
OBS: O advogado não precisa de procuração, salvo se houver informações sigilosas (dados bancários, declarações de imposto de renda); seu acesso diz respeito as diligências já realizadas e documentadas, porém não abrange as diligências em andamento (súmula vinculante nº 014).
		Negado acesso aos autos ao advogado por parte do delegado, poderá o advogado impetrar reclamação para o STF e, o Mandado de Segurança. 
c) Pode se utilizar HC, nos casos de negativa de acesso aos autos do IPL, ainda que o réu esteja solto?
		O STF entende que sim, pois a liberdade do investigado corre certo risco. Ou seja, havendo risco potencial a liberdade de locomoção do investigado, poderá se valer o advogado de HC.
d) No caso de porte de drogas poderá ser utilizado o HC?
		Não, pois não a risco de liberdade de locomoção, pois o consumo de drogas não comina pena privativa de liberdade para o usuário de drogas.
5.4 	É uma peça inquisitorial – há posições divergentes quanto ao assunto. Segundo a posição majoritária da doutrina e da jurisprudência se comunga o entendimento de que no IPL não é obrigatória a observância do contraditório e da ampla defesa, já segundo a posição minoritária se comunga o entendimento de que é obrigatória a observância da ampla defesa.
	De acordo, ainda, com a posição minoritária, o exercício da ampla defesa no IPL pode ser exógeno (aquele efetivado fora dos autos do IPL, seja por meio da impetração de remédios constitucionais, seja por meio de requerimentos endereçados ao juiz ou ao MP) e endógeno (aquele praticado nos autos do IPL, seja por meio da oitiva do investigado, seja por meio de diligências solicitadas pela defesa à autoridade policial).
(Data: 01.02.12/Aula 02)
 
CONTINUAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
5. 	CARACTERÍTICAS DO IPL (continuação)
5.5 	É uma peça discricionária – Ou seja, é uma peça que confere liberdade de atuação nos limites traçados pela lei. Ex.: art. 14 do CPP, veja-se:
Art. 14.  O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
OBS: Há diligências cuja realização não pode ser indeferida pelo delegado. Ex.: exame de corpo de delito – por se tratar de prova indispensável, o legislador não confere discricionariedade em sua realização.
5.6 	É um procedimento indisponível – A autoridade policial não pode determinar o arquivamento do IPL.
5.7 	É um procedimento temporário – Se o investigado estiver preso, ter-se-á 10 dias para a conclusão do IPL, se estiver solto, 30 dias. Lembrando que, segundo doutrina majoritária, o prazo de conclusão do IPL não é prorrogável quando o investigado estiver preso, podendo, entretanto ser prorrogado nos casos em que o investigado estiver solto.
OBS: Em razão da prorrogação corriqueira dos IPLs, o STJ (HC 96.666 – IPL que se arrastava por sete anos – determinação do trancamento daquele) decidiu que o IPL tem que observar a razoável duração do processo. 
6. 	FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO IPL
6.1 	CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA OU DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA – Quanto a estes crimes há dependência de requisição do Ministro da Justiça (APP condicionada a requisição do Ministro da Justiça) e de manifestação da vontade da vítima (APPP – não há necessidade de formalismo, ou seja, não há que se procurar no IPL uma lauda contendo a representação escrita, basta que no caso haja uma manifestação da vítima que comprove o interesse na persecução penal – ex.: estupro e exame de corpo de delito).
6.2	CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA – Nos crimes de APP incondicionada várias são as formas de atuação, liste-se:
	a) De ofício – O delegado determinará a instauração do IPL de ofício através de peça inaugural (portaria do delegado) – Princípio da obrigatoriedade. (ex.: noticiário televisivo)
	b) Mediante requisição da autoridade judiciária ou do MP – Segundo o art. 5º do CPP, o IPL poderá ser instaurado mediante a requisição das autoridades supra, no entanto, há que ressalvar o fato de que tal artigo tem que ser interpretado a luz da Constituição Federal, tendo em vista que a atuação do magistrado, segundo posição majoritária da doutrina, viola o sistema acusatório e a garantia da imparcialidade. 
	O ideal no caso concreto é que o magistrado, ao tomar conhecimento de um crime, repasse as informações ao Ministério Público para que este proceda a denúncia dos fatos, o que assegura a observância do sistema acusatório e a garantia da imparcialidade daquele.
	Nesse sentido, veja-se o que prescreve o art. 40 do CPP: “Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia.”
ATENÇÃO – a própria requisição do MP é a peça inaugural do IPL.
	c) Requerimento do ofendido ou de se representante legal – Há que se atentar para o fato de que, diante de tal requerimento, cabe ao delegado verificar a procedência das informações antes de determinar a instauração do IPL.
OBS: em casos de indeferimento da instauração do IPL existe a possibilidade de interposição de Recurso Inominado para o Chefe de Polícia (No âmbito da polícia estadual essa atribuição corresponde ao Delegado geral da Polícia Civil ou ao Secretário de Segurança Pública, no âmbito da Polícia Federal essas atribuições são do Superintendente da Polícia Federal), ou ainda fazer requerimento ao Ministério Público (requisição do delegado, passando a ser obrigatório).
ATENÇÃO – a peça inaugural também será uma portaria do delegado de polícia.
	d) Notícia oferecida por qualquer pessoa do povo – (Delatio criminis) 
			Questão de concurso – O que vem a ser a delatio criminis inqualificada?
			Trata-se de denúncia anônima (telefone, internet).
	DENÚNCIA ANÔNIMA – Por si só, não serve para fundamentar a instauração de IPL. Porém, a partir dela, pode a polícia realizar diligências preliminares para apurar a veracidade das informações e, então, instaurar o IPL.
ATENÇÃO – a peça inaugural também será uma portaria do delegado de polícia.
	e) Auto de prisão em flagrante delito – Nesse caso o próprio APF será a peça inaugural do IPL.
	Art. 27 do CPPM – se o auto de prisão em flagrante constituir tudo que for importante para a elucidação dos fatos, o próprio auto será o IPL (economia processual). Ex.: tráfico de drogas.
7. 	NOTITIA CRIMINIS
7.1 	CONCEITO – É o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da autoridade policial acerca de um fato delituoso.
7.2	ESPÉCIES DE NOTITIA CRIMINIS
	a) NC de cognição imediata ou espontânea – A autoridade policial toma conhecimento do fato por meio de suas atividades rotineiras (exs.: noticiário televisivo, investigação x que leva a um crime y).
	b) NC de cognição mediata ou provocada – A autoridade policial toma conhecimento do fato por meio de expediente escrito (ex.: requisição do MP).
	c) NC de cognição coercitiva – A autoridade policial toma conhecimento do fato por meio da apresentação de indivíduo preso em flagrante (ex.: plantão policial – horário de saída do plantão – apresentação de um preso emflagrante).
8.	IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
	Há duas formas de identificação criminal, a identificação fotográfica (é um método de eficácia reduzida) e a identificação datiloscópica (é um método de maior eficácia na identificação das pessoas).
OBS: Antes da Constituição Federal a identificação criminal era obrigatória, mesmo que o agente se identificasse civilmente (Súmula nº 568 do STF), no entanto, depois da Constituição Federal, ou seja, na atualidade, o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei (Art. 5º, LVIII CF/88).
8.1	LEIS RELATIVAS À IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
· Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) Art. 109 – Não serão submetidos a identificação criminal se houver identificação civil, salvo nas hipóteses de constatação de falsidade;
· Lei das Organizações Criminosas (Lei nº 9.034/95) Art. 5º - A identificação criminal será realizada independentemente de identificação civil nos casos de organizações criminosas;
· Lei nº 10.054/00, Art. 3º - Lei exclusiva sobre identificação criminal – Trazia uma identificação criminal obrigatória para alguns delitos que eram contraditórias;
· Lei nº 12.037/09 – Nova lei de identificação criminal – Lei que revogou expressamente a Lei nº 10.054/00 – Art. 3º.
OBS: a doutrina majoritária afirma que, além de revogar a antiga lei de identificação criminosa, teria revogado tacitamente os artigos 109 e 5º, do ECA e da Lei de Organizações Criminosas, respectivamente, pois esta lei é que determina as hipóteses de identificação criminal e suas exceções.
	IMPORTANTE – Ao contrário da Lei nº 10.054/00 a Lei nº 12.037/09 não trouxe um rol de delitos nos quais a identificação criminal seria obrigatória.
 Arquivado o IPL ou absolvido o acusado é possível que o interessado requeira a retirada de sua identificação fotográfica, desde que apresente sua identificação civil. (Somente se pode retirar a identificação fotográfica e não a datiloscópica)
9. 	INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO
	Há que se atentar para o art. 21 do CPP que prevê a possibilidade de se determinar a incomunicabilidade pelo juiz pelo prazo de até 03 dias, veja-se:
A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.
A doutrina é uníssona ao afirmar o dispositivo supra não foi recepcionado pela Constituição Federal, pois a própria assegura a assistência da família e de advogado. Sendo também vedada a incomunicabilidade no estado de defesa (art. 136, pg. 3º, IV, da CF/88). 
	A INCOMUNICABILIDADE DO REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO – Não há incomunicabilidade, mas sim restrições mais severas quanto as visitas, conforme preceitua o artigo abaixo que se extrai da LEP:
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características:
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada;
II - recolhimento em cela individual; 
 III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; 
 IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol. 
§ 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. 
§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando.
10. 	INDICIAMENTO
10.1 	CONCEITO – Indiciar é atribuir a alguém a autoria ou participação em determinada infração penal.
									 CONDENADO (RÉU)
										 (Trânsito em julgado)
							 ACUSADO
					 (denunciado)
			 INDICIADO
SUSPEITO					 
(investigado)
10.2	MOMENTO – O STJ tem se consolidando no posicionamento de que o indiciamento só pode ser feito durante a fase investigatória.
10.3	ESPÉCIES DE INDICIAMENTO 
	a) Direto – É aquele que é feito na presença do indiciado.
	b) Indireto – è aquele feito na hipótese de ausência do indiciado.
10.4	PRESSUPOSTOS – Há que se ter em mãos elementos informativos quanto a autoria e materialidade do delito e, também, deve-se conter despacho fundamentando da autoridade policial.
10.5	DESINDICIAMENTO – Ocorre quando anterior indiciamento é desconstituído (pode ser utilizado habeas corpus para tanto – HC 54399).
10.6	SUJEITOS 
	a) Sujeito ativo – é uma atribuição privativa da autoridade policial.
	b) Sujeito passivo – em regra, toda pessoa pode ser indiciada.
Exceções: 
1. (Lei nº 8.625/93) Os membros da magistratura (juízes, desembargadores, ministros) e membros do Ministério Público (promotor);
2. Acusados com foro por prerrogativa de função/foro privilegiado (decisão do STF no IPL nº 2.411 MT – Indispensável prévia autorização do relator – ministro ou desembargador – não só para o início das investigações, como também para o indiciamento).
(Data: 09.02.12/ Aula 03)
CONTINUAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
11. 	CONCLUSÃO DO IPL
11.1	Prazo para a conclusão
	
	INVESTIGADO SOLTO
	INVESTIGADO PRESO
	CPP
	30 dias
	10 dias
	
Inquérito policial federal (tramita perante a PF)
	
30 dias 
	15 dias, podendo ser prorrogado por mais 15 dias desde que através de decisão fundamentada.
	CPPM
	40 dias
	20 dias
	Lei de drogas (11.343/06)
	90 dias, podendo ser duplicado, ou seja, poderá ser prorrogado.
	30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30 dias.
	Economia popular (1.521/51)
	10 dias
	10 dias
	Prisão temporária em relação a crimes hediondos e equiparados
	_________________________
	30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30 dias.
 
Prazo penal – computa-se o primeiro dia e exclui-se o dia final.
Prazo processual – exclui-se o primeiro dia e inclui-se o último.
	Na hipótese de investigado solto, é possível a prorrogação do prazo. O que é justificado pela doutrina, apenas na hipótese do investigado estiver solto. 
Natureza jurídica do prazo
	Em se tratando de investigado solto este prazo é de natureza processual, no entanto, se estiver o investigado preso, há controvérsias quanto a natureza do prazo, não havendo consenso na doutrina, havendo duas correntes na mesma, quais sejam, a que defende que o prazo tem natureza penal (Guilherme de S. Nucci) e a que defende que o prazo tem natureza processual (Júlio F. Mirabete).
11.2	Relatório da autoridade policial
	Deve ser este visualizado como uma peça de caráter descritivo, na qual devem ser descritas as diligências realizadas na fase investigatória. Nesse sentido, veja-se o disposto no art. 10, §§ 1° e 3º do CPP:
 § 1o  A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
§ 3o  Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
	Em regra, não deve o delegado fazer juízo de valor, quando da elaboração do IPL. No entanto, de acordo com a Lei de Drogas é de fundamental importância o relatório elaborado pelo delegado seja feito com juízo de valor. É o que prescreve o art. 52, I, da Lei de Drogas, confira-se:
Relatará sumariamente as circunstânciasdo fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente (...)
11.3	Destinatário dos autos do IPL
	De acordo com o CPP o destinatário imediato doa autos do IPL é a autoridade judiciária, mas atenção, atualmente há várias portarias de tribunais estaduais (Resolução nº 63 do Conselho da Justiça Federal) que estabelecem uma tramitação direta dos autos do IPL entre a polícia e o Ministério Público, salvo se houver pedido de medida cautelar ou se for necessária a intervenção do Poder Judiciário.
11.4 	Providências a serem adotadas pelo Ministério Público após a remessa dos autos do IPL
	Em se tratando em crimes de ação penal privada, deve ser requerido a permanência dos autos em cartório aguardando-se a iniciativa do ofendido.
	Já nos casos de crimes de ação penal pública, há várias possibilidades, veja-se:
a) Oferecimento de denúncia;
b) Promoção de arquivamento;
c) Requisição de diligências (Tais diligências devem ser requeridas desde que indispensáveis ao oferecimento da denúncia e devem ser requisitadas diretamente a autoridade policial, salvo se houver necessidade de intervenção do Poder Judiciário)
d) Requerimento de declinação de competência (Caso o MP entenda que o juiz perante o qual atua não tem competência para julgar o crime deve requerer a declinação da competência)
e) Suscitar conflito de competência ou de atribuições
No pedido de declinação de competência, nenhum outro órgão jurisdicional havia se manifestado anteriormente quanto a incompetência. Quando o MP suscita um conflito de competência, significa dizer que já houve prévia manifestação de outro órgão jurisdicional acerca da competência. 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
	Deve ser compreendido como um conflito entre duas ou mais autoridades judiciárias acerca da competência.
	Há duas espécies de conflito, o positivo e o negativo. No conflito positivo os órgãos jurisdicionais se consideram competentes para o julgamento do feito, já no conflito negativo os órgãos jurisdicionais se consideram incompetentes para o julgamento do feito.
	Nessa esteira, veja-se o previsto no CPP nos seguintes artigos:
Art. 113.  As questões atinentes à competência resolver-se-ão não só pela exceção própria, como também pelo conflito positivo ou negativo de jurisdição.
Art. 114.  Haverá conflito de jurisdição:
I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes (Conflito positivo), ou incompetentes (Conflito negativo), para conhecer do mesmo fato criminoso;
II - quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos.
	Para resolver problemas de competência basta “subir” na ordem hierárquica de jurisdição. 
JUIZ ESTADUAL ES X JUIZ FEDERAL RJ
	TJ/ES		TRF/2º região
		STJ
STL X Juiz federal/MG – STF
JUIZ DOS JUIZADOS FEDERAIS/SP X JUIZ FEDERAL/SP – TRF 3ª região
	Súmula 428 STJ – Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juiz estadual federal e juízo federal da mesma seção judiciária.
JUIZ DOS JUIZADOS FEDERAIS/SP X JUIZ FEDERAL/MS – TRF 3ª região (pertencem os dois ao mesmo TRF)
JUIZ DOS JUIZADOS FEDERAIS/SP X JUIZ FEDERAL/RS – STJ (tribunais regionais federais distintos)
CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES
	É aquele estabelecido entre órgãos do Ministério Público acerca da responsabilidade ativa para a persecução penal.
	Exemplos:
1. MP/SP X MP/SP – PGJ/SP
2. MPF/RJ X MPF/MG – CCR/MPF
3. MP/GO X MPF/DF 
Há quem entenda que tal conflito pode ser determinado como conflito virtual de competência. E a ideia que vale é a de que a competência para a solução acima é do STJ. No entanto, a corrente que prevalece é a de que trata-se de conflito entre o estado e a União, portanto, de acordo com o art. 102, I, f, da CF/88, compete ao STF o julgamento do conflito.
4. MPM/SP X MPF/RJ – PGR
5. MP/CE X MP/RN – STF
12. 	ARQUIVAMENTO DO IPL
	Trata-se de uma decisão judicial, por se tratar de ato complexo.
	O MP poderá realizar uma promoção de arquivamento, cabendo ao juiz por meio de decisão judicial de arquivamento.
12.1	Fundamentos do arquivamento
a) Ausência de pressupostos processuais ou das condições da ação; CJF
b) A falta de justa causa (lastro probatório) para o início do processo; CJF
c) Atipicidade formal/material da conduta delituosa (ex.: princípio da insignificância); CJFM
d) Causa excludente de ilicitude; CJFM
e) Causa excludente de culpabilidade, salvo na hipótese de inimputabilidade do art. 26, caput, do CP (deve ser denunciado, porém com pedido de absolvição imprópria que resultará na aplicação de medida de segurança) 
· STF – Habeas Corpus 95211 a primeira turma do STF entendeu que o arquivamento com base em excludente de ilicitude só faz coisa julgada formal.
· Habeas Corpus 87395 (plenário do Supremo) o ministro Ricardo Levandovski se posicionou no sentido de que o arquivamento com base na excludente de ilicitude só faz coisa julgada formal, enquanto 3 outros ministros disseram que o referido faz coisa julgada formal e material.
f) Causa extintiva de punibilidade (ex.: prescrição) CJFM
· Certidão de óbito falsa – para os Tribunais Superiores essa decisão não está protegida pelo manto da coisa julgada material, sendo plenamente possível o oferecimento de denúncia (STF HC 84525).
12.2	Coisa julgada na decisão de arquivamento de IPL
	A decisão judicial contra a qual não cabe mais recurso, tornando-se imutável.
Coisa julgada formal – imutabilidade da decisão dentro do processo em que foi proferida (natureza endoprocessual)
Coisa julgada material – imutabilidade da decisão fora do processo em que foi proferida (extraprocessual) – pressupõe a coisa julgada formal.
12.3	Desarquivamento e oferecimento de denúncia 
	Nos casos em que a decisão de arquivamento só faz coisa julgada formal, é plenamente possível que ocorra o desarquivamento do IPL (reabertura das investigações) mediante o surgimento da notícia de provas novas.
	Art. 18 CPP
	O oferecimento de denuncia somente será possível mediante o surgimento de prova novas capazes de alterar o contexto probatório dentro do qual foi proferida a decisão de arquivamento.
	Súmula 524 do STF – Arquivado o IPL, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas.
	Prova Formalmente Nova x Prova Substancialmente Nova
		Prova nova é aquela que já era conhecida, mas ganhou nova versão após o arquivamento. Enquanto prova substancialmente nova é aquele inédita, ou seja, aquela que estava oculta à época da decisão de arquivamento.
(Data: 13.02.12/Aula 04)
CONTINUAÇÃO DO ARQUIVAMENTO DO IPL
12.3.1 	Arquivamento na JUSTIÇA ESTADUAL 
Súmula 696 do STF
Art. 28 do CPP
Princípio da devolução
O juiz exerce uma função anômala de fiscal do princípio da obrigatoriedade.
Remetidos os autos ao PGJ
1. Poderá oferecer denúncia;
2. Requisitar diligências para formação de convicção (opinio delictio);
3. Insistir no pedido de arquivamento, hipótese que vincula o juiz;
4. Poderá designar outro órgão do MP para atuar no caso (OBS: No caso de designação de outro órgão do MP, em virtude da independência funcional, esta designação não pode recair sobre o MP que requereu o arquivamento)
OBS: segundo a maioria da doutrina, este outro órgão do MP está obrigado a oferecer denúncia.
	O que é o promotor do art. 28??? É o promotor que trabalha diretamente com o PGJ nos moldes do 
12.3.1 	Arquivamento na JUSTIÇA FEDERAL 
Promoção de arquivamento juiz federal concorda	 Arquivamento
				
				 Não concorda
					Câmara de Coordenação de Revisão /MPF
					PGR		decisão final que poderá ser delegada a CCR
Manifestação opinativa, segundo a doutrina. Opina sobre a metéria, mas não possui decisão.
12.3.3	Arquivamento na JUSTIÇA ELEITORAL 
PROMOTOR ESTADUALJUIZ ELEITORAL CONCORDAR ARQUIVAMENTO
(FUNÇÕES ELEITORAIS) JUIZ ESTADUAL 
 							 NÃO CONCORDAR 
 CE PRE (procurador 
 ARQUIVAMENTO									regional eleitoral)
ATENÇÃO – Em que pese o art. 357, § 1º, do Código eleitoral, prevalece o entendimento de que compete à Segunda Câmara de Coordenação e Revisão do MPF manifestar-se nas hipóteses em que o juiz eleitoral não concorda com a promoção de arquivamento (enunciado 29 da 2ª CCR/MPF).
12.3.4	Arquivamento nas hipóteses de atribuição originária do PGJ ou do PGR
	Quando se tratar de atribuição originário do PGJ ou do PGR, prevalece o entendimento de que essa decisão administrativa de arquivamento não precisa ser submetida a análise do tribunal competente, já que este não teria como aplicar o princípio da devolução. Porém nos casos em que a decisão de arquivamento for capaz de fazer coisa julgada formal e material, é indispensável a análise do órgão jurisdicional competente (Inquéritos nºs. 1443 e 2341).
12.4	Arquivamento implícito
	Ocorre quando o promotor deixa de incluir na denúncia algum fato delituoso ou algum investigado, sem se manifestar expressamente quanto ao arquivamento. Como esse arquivamento implícito não é admitido pela doutrina e pela jurisprudência, cabe ao juiz aplicar o artigo 28 e remeter os autos ao PGJ.
12.5 	Arquivamento indireto
	Ocorre quando o juiz, em virtude do não oferecimento da denúncia pelo MP fundamentado em razões de incompetência, recebe tal manifestação como se tratasse de um pedido de arquivamento. Logo se não concordar deve aplicar o artigo 28 e remeter os autos ao PGJ.
12.6	Recorribilidade contra a decisão de arquivamento
	Em regra a decisão de arquivamento é irrecorrível, não sendo cabível ação penal privada subsidiária da pública.
EXCEÇÕES:
1. Crimes contra a economia popular e contra a saúde pública (Lei nº 1.521/51 – art. 7º) – Reexame necessário (recurso de ofício);
Questão de concurso – Se aplica ao caso de tráfico de drogas???
 Não, pois o mesmo está previsto em lei especial que não menciona nada a respeito. A lei especial prevalece sobre a lei geral referida.
2. Arquivamento nas contravenções do jogo do bicho e corrida de cavalos fora do hipódromo – há lei especial que prevê o cabimento de RESE (Lei nº 1.508/51 – art. 6º, § único)
3. Arquivamento do IPL pelo juiz de ofício – correição parcial.
4. Arquivamento nas hipóteses de atribuição originária do PGJ – cabe pedido de revisão ao colégio de procuradores (Lei nº 8625/93 – art. 12, XI)
12.7	Arquivamento determinado por juízo absolutamente incompetente 
	Para os tribunais, essa decisão é capaz de fazer coisa julgada formal e material a depender do fundamento do arquivamento (Ex.; HC 94982)
13.	TRANCAMENTO DO IPL
(Data: 21.03.12/ Aula 05)
AÇÃO PENAL
1. CONCEITO – Trata-se de direito público subjetivo de pedir ao Estado juiz a aplicação do direito objetivo a um caso concreto. O art. 5º, XXV, CF/88, traz o fundamento constitucional do direito de ação.
2. CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL – Necessárias para o exercício regular do direito de ação. (Direito de ação autônomo e abstrato)
2.1 Consequência da ausência das condições
· Por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória – rejeição da peça acusatória. Veja-se o aduzido no art. 395, do CPP: (.....................)
· No curso do processo – a doutrina diverge nesse sentido,, há quem diga que deverá ser reconhecida a nulidade absoluta do processo (em razão do art. 564, II, CPC) e, há quem defenda que haverá a extinção do processo sem apreciação do mérito (valendo-se do regramento contido no CPC em seu art. 267, VI – aplicação subsidiária – art. 3º, CPP)
2.2 Condições da ação – Segundo a classificação dos doutrinadores as mesmas podem ser denominadas condições de procedibilidade, havendo ainda uma subdivisão em condições genéricas (é aquela que deve estar presente em toda e qualquer ação penal) e condições específicas (são aquelas necessárias apenas em algumas ações penais).
Exs.: a depender da natureza do delito o crime dependerá de representação (crimes cometidos contra Presidente da República), são crimes com condições específicas; a depender de quem seja o acusado há que se ter a autorização da Câmara dos Deputados para instauração contra o Presidente, Vice e Ministros de Estado (CF/88, art. 51, I), são crimes com condições específicas; a depender do procedimento utilizado (laudo pericial nos crimes contra a propriedade material – art. 525, CPP). 
ATENÇÃO: Há doutrinadores que defendem que as condições de procedibilidade se referem apenas as condições específicas. 
3. CONDIÇÕES GENÉRICAS DA AÇÃO PENAL – São as mesmas condições do processo civil, com algumas adaptações, quais sejam:
a. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO – O pedido deve se referir a uma providência admitida pelo direito objetivo. No processo penal a peça acusatória deve imputar (atribuir) ao acusado a prática de fato aparentemente criminoso e punível (crime: tipicidade, ilicitude e culpabilidade + punibilidade). 
· Ex.: Durante o curso do processo apura-se que a época do delito o acusado era menor de 18 anos.
	Sendo inimputável, há falta de possibilidade jurídica do pedido e, portanto, pode-se pedir a nulidade absoluta do processo ou a extinção do processo sem a análise de mérito e, a consequente remessa dos autos ao juízo da infância e adolescência, onde poderá ser determinada a aplicação de medida socioeducativa. 
b. LEGITIMIDADE PARA AGIR (LEGITIMATIO AD CAUSAM) – Deve ser entendida como a pertinência subjetiva da ação (ex.: motociclista que “arranca” retrovisor de veículo e foge).
LEGITIMIDADE ATIVA – Se se está diante de um crime de ação penal pública a legitimidade, por força da Constituição (art. 129, I), será do Ministério Público, no entanto se se estiver diante de um crime de ação penal de iniciativa privada, a legitimidade será do ofendido ou de seu representante legal. 
· Exs.: I) Tício e Mévio, ambos candidatos, trocam ofensas durante a propaganda eleitoral. Tício ajuíza queixa-crime em face de Mévio pela prática do crime de difamação (art. 139, CP).
As ofensas foram trocadas durante a propaganda eleitoral e, sendo assim, o crime não será o previsto no Código Penal, passando a ser crime previsto no Código Eleitoral (art. 325).
Nos crimes eleitorais a ação penal é pública e incondicionada, logo há ilegitimidade da parte autora. 
II) Ticio foi vítima de injúria racial (art. 140, §3º, CP) no dia 30.08.09. No dia 30.09.09, Ticio procura um advogado. Qual a espécie de ação penal???
	Antes da Lei nº 12.033/09 o crime de injúria racial era crime de ação penal privada e, após a mesma (30.09.09 – dia em que a Lei entrou em vigor), o crime de injúria racial (art. 145, p. único, CP), passou a ser crime de ação penal pública condicionada a representação. 
	Há que se levar em consideração a data em que ocorreu o fato delituoso.
Se o crime era de ação penal privada e uma lei nova o transforma em crime de ação penal pública condicionada à representação, trata-se de norma processual material, pois repercute no direito de punir do estado já que quando o crime é de ação penal privada são quatro as possíveis causas extintivas de punibilidade (decadência, renúncia, perempção e perdão). Quando o crime passa a ser de ação penal pública condicionada à representação, subsiste apenas a decadência. Como se trata de norma mais gravosa, não pode retroagir. 
LEGITIMIDADE PASSIVA – Recai sobre o suposto autor do fato delituoso. 
Exs.: Homônimos, identidade falsa.
LEGITIMIDADE DA PESSOA JURÍDICA NO PROCESSO PENAL 
ATIVA – Propondo queixa-crime (difamação/calúnia – pessoa jurídica é dotada de honra objetiva).
PASSIVA – Teoria da dupla imputação: os Tribunais têm admitido o oferecimento de denúncia em face de pessoas jurídicas pela prática de crimes ambientais, desde que a imputação também seja feita contra a pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício. 
	No ano de 2011, o Supremo entendeu que, a despeito da Teoria supraé possível a condenação tão somente da pessoa jurídica.
	LEGITIMAÇÃO ORDINÁRIA E LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIO NO PROCESSO PENAL
	A legitimação ordinária (regra) ocorre quando alguém age em nome próprio na defesa de interesse próprio. Segundo a maioria da doutrina, no Processo Penal, ocorrerá legitimação ordinária nos casos de ação penal pública, pois de acordo com o art. 129, I, CF/88, o Ministério Público agirá em nome próprio na defesa dos interesses estatais. 
	Já a legitimação extraordinária ocorre quando alguém age em nome próprio na defesa de interesse alheio. No processo penal ocorrerá legitimação extraordinária nos casos de ação penal privada e nos casos de ação civil ex delicto (é uma ação civil indenizatória para tentar buscar a reparação pelo prejuízo causado pelo delito) proposta pelo Ministério Público em favor de vítima pobre (art. 68, CPP).
CUIDADO – de acordo com a Constituição Federal o Ministério Público só pode tutelar a defesa de bens individuais e indisponíveis. No entanto, em análise feita pelo Supremo, o art. 68, que visa tutela bens individuais disponíveis ($$$), é dotado de inconstitucionalidade progressiva, ou seja, onde houver defensoria pública, o Ministério Público não detém legitimidade para propor ação civil ex delicto em favor de vítima pobre (REsp 135328).
	Também ocorrerá legitimação extraordinária na hipótese de nomeação de curador especial (art. 33, CPP).
c. INTERESSE DE AGIR – É importante que se entenda este como um trinômio. Há que se demonstrar a necessidade da tutela jurisdicional, a adequação (via escolhida adequada) e a utilidade da prestação jurisdicional.
NECESSIDADE – É presumida no processo penal, pois não há pena sem processo, salvo no caso dos juizados especiais. 
ADEQUAÇÃO – Em se tratando do processo penal condenatório, a adequação não tem tamanha relevância, pois não há diferentes espécies de ação penal condenatória. 
CUIDADO – as ações penais não condenatórias a adequação terá maior importância (ex.: habeas corpus, trata-se de ação penal não condenatória adequada a tutela da liberdade de locomoção – Súmula 693 STF). 
	UTILIDADE – Consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor, ou seja, para mover a máquina do poder judiciário há que se demonstrar que a pretensão se mostra útil para a satisfação dos interesses.
	PRESCRIÇÃO EM PERSPECTIVA/ VIRTUAL/ HIPOTÉTICA – consiste no reconhecimento antecipado da prescrição em virtude da constatação de que no caso de possível condenação, dar-se-á a prescrição da pretensão punitiva retroativa. 
Ex.: No dia 12 de março de 2003 foi praticado fato delituoso (art. 155, caput – 1 a 4 anos – menor de 21 anos). No dia 20.06.11 os autos do inquérito estão com vista ao MP – política da pena mínima no Brasil – 01 ano de pena que prescreverá em 4 anos, mas como o acusado era menor de 21 anos, tal prescrição seria evidente em 2 anos).
Prescrição em perspectiva:
	Pela doutrina – deve o MP requerer o arquivamento dos autos com base na ausência de interesse de agir afinal, qual a utilidade de se levar adiante um processo penal fadado a prescrição?!
	Pela jurisprudência – os tribunais superiores não admitem o reconhecimento antecipado da prescrição (súmula nº 438, STJ).
	Lei 12.234/10 – produziu duas mudanças, pôs fim a prescrição retroativa entre a data do fato delituoso e a data do recebimento da peça acusatória. E determinou que quando a pena for inferior a 1 ano a prescrição se dará em 3 anos (lex gravior). 
	A referida lei entrou em vigor no dia 06.05.10, sendo aplicável somente aos crimes cometidos a partir da referida data. 
d. JUSTA CAUSA – Funciona como um lastro probatório mínimo para que se possa dar início a um processo penal (geralmente o Inquérito Policial é o instrumento principal na colheita desta justa causa). 
NATUREZA JURÍDICA – Há quem entenda que é uma condição genérica sui generis da ação penal (posição majoritária) e há quem entenda que a justa causa funciona como um pressuposto processual (posição minoritária – Direito Processual Civil)
(Data: 30.03.12/ Aula 06)
AÇÃO PENAL - CONTINUAÇÃO
4. CONDIÇÃO DE PROSSEGUIBILIDADE
A priori, é necessário que se faça a distinção entre condição de procedibilidade e condição de prosseguibilidade. Enquanto uma é sinônimo de condição da ação a outra é a condição necessária para o início d processo.
CONCEITO – Trata-se de condição necessária para o prosseguimento do processo, ou seja o processo já está em andamento e uma condição deve ser implementada para que o processo siga seu curso normal. Ex.: crime de lesão corporal leve e lesão corporal culposa. Antes da Lei 9.099/95 os crimes descritos eram crimes de ação penal pública incondicionada, mas com o advento da Lei supra transformou-se a ação penal desses delitos, que passou a ser crime de ação penal pública condicionada a representação (art. 88). 
Para os processos que estavam tramitando à época, a representação funcionou como com ação de prosseguibilidade (art. 91), para os processos que anda não tinham sido iniciado a representação funcionou como uma condição de procediblidade. (ex.: estupro cometido com emprego de violência real).
· Súmula nº 608,STF – estupro com violência real
Antes da Lei 12.015/09 0 crime era de ação penal pública incondicionada e, após esse lei o crime passou a ser de açõ penal pública condicionada a representação. 
Se à época da entrada da lei supra, estivesse tramitando processo referente a este delito, há dois posicionamentos: A primeira corrente aduz que se o processo já estava em andamento não haverá necessidade da representação e, a segunda corrente assevera que a representação deve ser implementada nos processos que estavam em andamento como uma condição prosseguibilidade sob pena de decadência. 
A maioria dos adeptos a primeira corrente assevera que a representação devera ser implementada no prazo máximo de 30 dias (Lei dos Juizados especiais – art. 91), no entanto, há quem prescreva o prazo de 6 meses com base no CPP. 
5. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS CONDENATÓRIAS
a. AÇÃO PENAL PÚBLICA – Tem como titular o Ministério Público (art. 129, I, CF/88). A peça acusatória nessa ação é a denúncia.
Poderá ser ainda ser classificada nas seguintes espécies:
a.1 	AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA – A atuação do Ministério Público não depende do implemento de qualquer condição, tais como representação, requisição etc. 
	Trata-se de ação que é a regra geral, sendo as demais espécies casos de exceção. (Arts. 182 e 183, do CP – ação penal pública incondicionada em casos específicos de furto)
a.2 	AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA – A atuação do Ministério Pública dependerá de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
a.3 AÇÃO PENAL PÚBLICA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA – Não são todos os doutrinadores que a elencam, cuidado!
Há quem diga que essa ação penal estaria prevista em três situações distintas, quais sejam:
I. Decreto-Lei nº 201/67, art. 2º, §2º - Trata dos crimes de responsabilidade dos prefeitos e vereadores, elencando no artigo supra que, se o Ministério Público estadual não tomar providências contra o prefeito pelos crimes de responsabilidade, é possível pedir providências ao Procurador-Geral da República. 
OBS: a maioria da doutrina entende que o parágrafo acima descrito não foi recepcionado pela Constituição Federal em função de dois motivos, por que atenta contra a autonomia dos Ministérios Públicos estaduais e, por que atenta contra a competência da justiça federal.
II. Art. 357, §§ 3º e 4º, do Código Eleitoral – dispositivo em pleno vigor. 
III. Incidente de deslocamento de competência (art. 109, V, a e § 5º, CF/88) – Competência da Justiça Estadual que poderá ser deslocada para a Justiça Federa.
b. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA – O titular desta ação é o ofendido ou o seu representante legal. A peça acusatória nessa ação é a queixa-crime.
Abarca três sub espécies, veja-se:
b.1 	AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA - O direito de queixa só pode ser exercido pelo ofendido (lembre-se o representantelegal não pode exercer este direito e não haverá sucessão processual). 
Questão de concurso – A morte da vítima extingue a punibilidade???
	Nos crimes de ação penal privada personalíssima não há sucessão processual. Atualmente a modalidade criminal que comporta esse tipo de ação é o crime previsto no art. 236, do Código Penal, é o induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento – induzimento em erro essencial a outro contraente (antes também havia o adultério). 
b.2 	AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVAMENTE PRIVADA – Se por acaso o ofendido for incapaz, o direito será exercido por seu representante legal e também haverá a sucessão processual (exs.: crimes contra a honra e crimes de dano).
b.3 	AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA – Só é cabível esta modalidade de ação diante da inércia do Ministério Público. 
6. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL 
	PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA
	PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA
	 
 São princípios comuns às duas modalidades de ação penal:
· PRINCÍPIO DO NE PROCEDA IUDEX EX OFFICIO (PRINCÍPIO DA INÉRCIA DA JURISDIÇÃO) – Ao juiz não é dado iniciar de ofício um processo penal condenatório. 
CUIDADO – processo judicialiforme era um processo criminal instaurado através de portaria do juiz (acontecia nos casos de contravenções penais, homicídios e lesões culposas). Este processo não foi recepcionado pela Constituição Federal em seu art. 129, I. 
OBS: A ordem de habeas corpus pode ser concedida de ofício pelo juiz, pois o que está em jogo é a liberdade de locomoção, um bem de natureza indisponível (art. 654, § 2º, CPP).
· PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM PROCESSUAL – Ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação. 
Decisão absolutória ou declaratória extintiva da punibilidade, ainda que proferida por juízo absolutamente incompetente é capaz de transitar em julgado e de produzir seus efeitos regulares, dentre eles o de impedir novo processo pela mesma imputação (HC 86606 e HC 91505).
· PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA – A peça acusatória só pode ser oferecida em face do suposto autor ou partícipe do fato delituoso.
Deriva do princípio da pessoalidade da pena.
	
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE – Também conhecido como PRINCÍPIO DA LEGALIDADE PROCESSUAL. Presentes as condições da ação penal e havendo justa causa, o Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia. (Art. 24, do CPP)
Fiscalização do princípio da obrigatoriedade – De acordo com o art. 28, do CPP, aduz que na hipótese do juiz não concordar com o arquivamento determinado pelo MP, remeta os autos ao PGR. 
Exceções a este princípio ocorrem nos casos em que ocorrer: (não obrigatoriedade em oferecer denúncia)
1. Transação penal (art. 76, da Lei nº 9.099/95) – acordo entre o MP e o autor do delito. 
OBS: a doutrina costuma aduzir que não se aplica o princípio supra, mas sim o princípio da discricionariedade regrada ou princípio da obrigatoriedade mitigada.
2. Acordo de leniência (acordo de brandura ou doçura) – é uma espécie de delação premiada os crimes contra a ordem econômica. 
Tal acordo estava previsto no art. 35-C, da Lei 8.884/94, no entanto, esta está na iminência de ser revogado, pois entrará em vigor uma nova lei, sendo assim este acordo passará a constra no art. 87, da Lei 12.529/11. 
3. Termo de ajustamento de conduta (Lei nº 7.347/85) – Enquanto houver o cumprimento do termo não há necessidade de oferecimento de denúncia (HC 92921).
4. Parcelamento do débito tributário (Lei nº 9.430/96 com Redação dada pela Lei nº 12.382/11, art. 83, § 2º) – há que se ter aderido ao regime de parcelamento até o recebimento da denúncia criminal, ou seja, para que esse parcelamento tenha efeito é necessário que se tenha aderido ao mesmo antes do recebimento da denúncia. 
	 
PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA – Mediante critérios próprios de oportunidade ou conveniência, cabe ao ofendido optar pelo oferecimento (ou não) da queixa-crime.
 
É aplicável antes do início do processo.
Caso o ofendido não tenha interesse em exercer o direito de queixa, poderá:
· Deixar que o prazo decadencial (6 meses) atinja o seu direito;
· Renuncie ao direito de queixa.
OBS: ambas são causas de extinção de punibilidade. 
	
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE OU DA INDESISTIBILIDADE – O Ministério Público não pode dispor do processo em andamento. Trata-se de um desdobramento lógico do princípio da obrigatoriedade, no entanto, este é aplicado antes do início do processo (se o MP visualiza indícios de autoria e materialidade é obrigado a promover o processo), enquanto o princípio em análise é aplicado durante a condução processual. 
Está previsto no Código Penal nos arts. 42 e 576. 
A doutrina cita como exceção a este princípio é a suspensão condicional do processo (Lei nº 9.009/95, art. 89).
Questão de concurso – Cabe suspensão em relação ao crime do art. 5º, da Lei nº 8.137/90 (venda casada) ??? Em que pese cominar pena de 2 a 5 anos OU multa, o STF entendeu que a suspensão será cabível ainda que a pena mínima seja superior a um ano se a pena de multa for cominada alternativamente. 
	
PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE – Trata-se de um desdobramento lógico do princípio da indisponibilidade e deve ser suscitado durante o curso do processo. Significa que o querelante pode dispor do processo em andamento. Há a desistência de continuar com o processo que já está em andamento. 
Abarca as seguintes formas de disposição do processo:
· Perempção (espécie de negligência do querelante);
· Perdão do ofendido (depende de anuência do querelado);
· Reconciliação e desistência do processo no procedimento especial dos crimes contra a honra de competência do juiz singular (art. 522, do CPP)
	
PRINCÍPIO DA DIVISIBILIDADE – Abarca posição do STF e STJ, que aduzem que o Ministério Público pode oferecer denúncia contra alguns investigados, sem prejuízo do prosseguimento das investigações em relação aos demais. 
ATENÇÃO – há doutrinadores que aplicam que mesmo na ação penal pública vigora o princípio da indisponibilidade (Tourinho).
	
PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE – O processo de um dos coautores ou partícipes obriga ao processo de todos. 
Consequências:
· A renúncia concedida a um dos agentes estende-se aos demais;
· O perdão concedido a um dos agentes se estende aos demais, mas desde que haja aceitação.
Questão de concurso – Quem é o fiscal do princípio da indivisibilidade, a quem incumbe a fiscalização do princípio da indivisibilidade??? É o Ministério Público (art. 48, do CPP). 
E como serão os feitos o controle e fiscalização pelo referido órgão??? Como o Ministério Público não possui legitimidade ativa em crimes de ação penal privada, há duas possibilidades: 
1. Verificando-se que a omissão do querelante foi voluntária, ou seja, o querelante ofereceu queixa contra apenas um dos coautores apesar de ter consciência quanto ao envolvimento de outros, deve ser reconhecida a renúncia tácita em relação àqueles que não foram incluídos na peça acusatória, renúncia esta que se estende aos demais em virtude do princípio da indivisibilidade;
2. Verificando-se que a omissão do querelante não foi voluntária, deve o Ministério Público requerer a intimação do querelante para incluir a participação dos demais coautores ou partícipes. Se o querelante permanecer inerte, há de se reconhecer renúncia tácita, que se estende a todos os coautores do delito. 
(Data: 03.04.12/ Aula 07)
AÇÃO PENAL – CONTINUAÇÃO
7. REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO
7.1 CONCEITO – É a manifestação do ofendido ou de seu representante legal no sentido de que possui interesse na persecução penal, ou seja, a vítima dizer que tem interesse de que o autor do delito responda pelo delito praticado. 
7.2 DESNECESSIDADE DE FORMALISMO – Os tribunais, em decisões reiteradas, afirmam a desnecessidade de formalismo quando do momento da representação. 
	Exs.: furto de bem em que se busca na delegacia competente a lavratura de Boletim de Ocorrência, a mulher que vai até o IML fazer exame pericial em estupro.
7.3 NATUREZA JURÍDICA – Se o processo já estiver em andamento, tratar-se-á deuma condição de prosseguibilidade, no entanto, se o processo ainda não teve início e a lei exige a representação, tratar-se-á de uma condição específica de procedibilidade. 
	OBS: Vale dizer que quanto a representação vigora o princípio da oportunidade ou conveniência, ou seja, ninguém é obrigado a oferecer representação.
7.4 LEGITIMIDADE PARA O OFERECIMENTO DA REPRESENTAÇÃO (TAMBÉM VALE PARA O OFERECIMENTO TAMBÉM DA QUEIXA-CRIME) 
	Terá legitimidade para oferecer representação:
a) O ofendido com 18 anos completos ou mais (aplica-se o Código Civil que outorga capacidade plena com 18 anos – art. 5º)
OBS: em que pese o art. 34, do CPP e, a súmula nº 594 do STF, aduzirem a possibilidade de maior de 18 anos e menor de 21 anos poder oferecer representação por meio de representante legal, há que se destacar que, com o advento do Código Civil de 2002, o artigo supra foi revogado e a súmula referida encontra-se ultrapassada. A partir do momento em que se completa 18 anos, não há mais representante legal, não havendo, também, necessidade de curador para o acusado. 
b) O ofendido menor de 18 anos mentalmente enfermo ou retardado mental terá seu direito exercido por seu representante legal (qualquer pessoa responsável pelo incapaz).
Prazo decadencial para oferecimento de representação
Vale destacar o fato de que ao representante legal incumbe o prazo de 6 meses para oferecer representação. Nesse sentido há uma corrente (majoritária) que assevera que não há que se falar em decadência do direito de queixa e/ou representação em razão de um direito que não pode ser exercido (Nucci e Mirabete). No entanto, uma corrente (minoritária) assevera que no caso do incapaz ter representante legal, seu direito de queixa e/ou representação pode ser exercido, logo se o representante legal permanece inerte haverá decadência e extinção da punibilidade (Pacceli, LFG). 
Incapaz sem representante legal
	A lei prevê a nomeação de curador especial, pelo juiz (art. 33, do CPP – nomeação de curador especial também nos casos de colidência de interesses).
	CUIDADO – o curador especial não é obrigado a oferecer queixa e/ou representação, cabendo a este o juízo de oportunidade ou conveniência quanto ao oferecimento destas. 
c) O ofendido com idade entre 16 anos e 18 anos casado – A emancipação não confere a essa vítima capacidade para oferecer representação ou queixa-crime. Sendo assim, deverá haver nomeação de um curador especial para exercer o direito ou, ainda, aguardar que a vítima complete 18 anos. 
d) Morte do ofendido – O direito a sucessão processual será transmitido ao cônjuge (companheiro), ascendente, descendente ou irmão. 
Observações quanto a sucessão processual:
1. A ordem do art. 31, do CPP, é ordem preferencial, ou seja, se todos os sucessores tiverem interesse, prevalece primeiro o cônjuge e assim por diante. 
2. Havendo divergência entre os sucessores, prevalece a vontade daquele que tem interesse na persecução penal. 
3. O sucessor terá direito ao prazo decadencial restante, prazo este que só começará a fluir a partir do conhecimento da autoria. 
7.5 PRAZO DECANDENCIAL PARA O OFERECIMENTO DA REPRESENTAÇÃO (TAMBÉM VALE PARA O OFERECIMENTO TAMBÉM DA QUEIXA-CRIME) 
	Conceito de decadência – É a perda do direito de ação penal privada ou de representação em virtude do seu não exercício no prazo legal (extinção da punibilidade).
	Prazo decadencial – É de 06 meses contados, em regra, a partir do conhecimento da autoria (art. 38, do CPP).
	Exceção – O crime previsto no art. 236, parágrafo único, do Código Penal – induzimento a erro essencial em caso de contração de casamento – tem seu prazo decadencial fluindo, apenas, a partir do trânsito em julgado da decisão que anular o casamento. 
	Contagem do prazo decadencial – Deve ser feita de acordo com o Direito Penal (art. 10), ou seja, inclui-se o dia do início. 
	ATENÇÃO – O prazo decadencial é um prazo fatal e improrrogável, ou seja, a instauração de Inquérito Policial em crimes de ação penal privada não interrompe e nem suspende o curso do prazo decadencial.
OBS: Se o IPL não tiver findado em 6 meses utilizar-se-á o direito através dos indícios de autoria e materialidade já existentes. Mas se não houver indícios supra (não se sabe quem é o autor), o prazo não terá começado a fluir ainda, então aguarda-se o fim do IPL. 
	Curso do prazo decadencial – Tal curso será obstado com o exercício do direito de queixa ou de representação, pouco importando se a queixa foi proposta perante o juízo incompetente (STJ HC 11291).
7.6 RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO 
	
	Conceito – Voltar atrás, arrepender-se de um direito que foi exercido. 
	Momento – É possível até o oferecimento da denúncia. 
	OBS: Vale se atentar ao disposto na Lei nº 11.340/06, art. 16, veja-se: a lei usa a palavra “renúncia” de maneira equivocada, pois se o direito de representação já foi exercido trata-se de retratação. Logo, na Lei Maria da Penha a retratação à representação pode ser feita até o recebimento da denúncia, em audiência especialmente designada para esta finalidade (exs.: estupro e ameaça); essa audiência só deve ser realizada se por ventura a vítima tiver manifestado prévia vontade de se retratar 9audiência não é obrigatória). 
Questão de concurso – É possível que haja retratação da retratação da representação???
	A maioria da doutrina entende ser possível tal fato desde que ocorra antes do prazo decadencial. 
7.7 EFICÁCIA OBJETIVA DA REPRESENTAÇÃO
	Feita a representação em relação a um delito, o Ministério Público é livre para oferecer denúncia contra todos os coautores e partícipes. Feita a representação em relação a um delito, o Ministério Público não pode oferecer denúncia em relação a outros crimes que não foram objeto de representação. 
8. REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA
Trata-se de condição específica da ação penal. É uma mera condição da ação, não podendo ser entendida como sinônimo de ordem, pois o Ministério Público continua sendo o titular da ação penal pública (art. 129, I, da CF/88).
NÃO ESTÁ SUJEITA À DECADÊNCIA – não consta da lei prazo decadencial de 6 meses para seu oferecimento. Mas cuidado, a requisição não está sujeita a decadência, mas o crime está sujeito ao prazo prescricional.
RETRATAÇÃO – A doutrina majoritária entente que é possível a retratação da requisição, nos moldes da representação, ou seja, até o oferecimento da denúncia.
(Data: 11.04.12/ Aula 08)
AÇÃO PENAL - CONTINUAÇÃO
9. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA
PREVISÃO – Art. 5º, LIX, CF/88.
CONCEITO – Essa espécie de ação penal só é cabível diante da inércia do MP, funcionando como importante mecanismo de controle do princípio da obrigatoriedade.
Só se pode pensar em A.P.P.S.P se o crime contar com uma vítima determinada*.
* Lei 8.078/90, arts. 80, 82, III e IV.
* Lei 11.101/05, art. 184, parágrafo único.
Prazo decadencial para o ajuizamento da queixa subsidiária: 6 meses, só começando a fluir/ contar após a inércia do MP (art. 38, CPP).
Como a ação penal é de natureza pública, o decurso do prazo decadencial não irá acarretar a extinção da punibilidade (decadência imprópria).
Questão de concurso. Autos do inquérito policial de investigado solto com vista ao MP em data de 02/05/ 2011 (2a feira). Quando vai se dar a decadência do direito de A.P.P.S.P?
1. Lembrar a inércia do MP;
2. Primeiro dia do prazo do MP: 03/05/11
3. Contar 15 dias para se chegar até o último dia do prazo do MP, como contar este dia? Nos dedos da mão, que será no dia 18/05/2011 (3a feira), essa data representa o último dia do prazo do MP.
4. Desde que o MP não ofereça denúncia, no dia 18/05/2011(contar 6 meses após essa data) surge o direito de ação penal privada subsidiária da pública
5. No dia 17/11/11, opera-se a decadência da queixa subsidiária.
6. Entre o dia 18/05 e 17/11, ainda que eu promotor tenha perdido o prazo de 15 dias do MP, eu posso dentro desses 6 meses oferecer denúncia até o advento prescrição
→ Poderes do MP na A.P.P.S.P (art. 29, CPP)
PRAZO DECADENCIAL – tem prazo decadencial de 06 meses, noentanto há que se observar que a decadência não configura a extinção da punibilidade. 
PODERES DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA AÇÃO PENAL PROVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA – Art. 29
1. Opinar pela rejeição da peça acusatória; 
2. Aditar a queixa crime tanto para incluir elementos secundários (ex.: lugar ou modus operandi) como também para incluir novos fatos delituosos, coautores e partícipes; 
3. Intervir em todos os termos do processo;
4. Repudiar a queixa-crime (a doutrina entende que pode ser rejeitada ainda que esteja em perfeitas condições);
OBS: trata-se de hipótese em que o Ministério Público estaria obrigado a oferecer denúncia substitutiva. 
5. Negligência do querelante deve o Ministério Público retomar a ação como parte principal (ação penal indireta).
10. AÇÃO PENAL POPULAR – Trata-se de ação que pode ser ajuizada por qualquer pessoa do povo.
 Exs.: habeas corpus (Pode ser impetrado por qualquer pessoa, capaz ou incapaz, física ou jurídica. Importante lembrar ainda que o mesmo não se trata de uma ação penal condenatória, mas tão somente uma ação constitucional vocacionada a liberdade de locomoção) e a faculdade de qualquer cidadão oferecer denúncia contra agentes políticos por crimes de responsabilidade (Deve ser entendida como uma infração político administrativa. Importante lembrar ainda que a denúncia in casu trata-se de mera notitia criminis, pois estar-se-á diante de mera comunicação de crime).
11. AÇÃO PENAL ADESIVA – Sobre isso, há duas correntes, veja-se:
1ª Corrente: No direito alemão é possível que o Ministério Público ofereça denúncia em crimes de ação penal privada, desde que visualize a presença de interesse público. Nesse caso o ofendido pode se habilitar como acusador subsidiário, como se fosse uma espécie de ação penal adesiva. (Tourinho)
2ª Corrente: Segundo outros doutrinadores, seria a possibilidade de litisconsórcio entre o Ministério Público, que oferece denúncia em crime de ação penal pública, e o querelante, que oferece queixa em relação ao crime conexo de ação penal privada. (Nestor Távora)
12. AÇÃO DE PREVENÇÃO PENAL – É aquela ajuizada com o objetivo de se aplicar medida de segurança ao inimputável do art.26, caput, do CP. 
13. AÇÃO PENAL SECUNDÁRIA – Ocorre quando as circunstâncias do crime fazem variar a espécie de ação penal (exs.: crimes contra a honra, crimes contra a dignidade sexual – estupro contra incapaz).
14. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA 
REGRA – Em regra a ação penal é de iniciativa privada, no entanto comporta várias exceções.
EXCEÇÕES 
a. Injúria Real – É aquela praticada através de violência ou através de vias de fato (exs.: trote na faculdade, tapa na cara, atirar copo d’água).
Se praticado mediante vias de fato (não produz lesão corporal) entende-se que a ação penal é privada, mas se o delito for praticado mediante lesão corporal leve entende-se que seguirá a regra da lesão corporal leve sendo a ação penal pública condicionada a representação. No entanto, se for praticado mediante lesão corporal grave ou gravíssima a ação penal terá natureza pública incondicionada. 
b. Crimes contra a honra praticados durante a propaganda eleitoral – Ter-se-á natureza de crime eleitoral e, portanto, terá natureza de crime de ação penal pública incondicionada.
c. Crimes militares contra a honra – São crimes de ação penal pública incondicionada (grande parte dos crimes militares o são). 
d. Crime contra a honra do Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro – São crimes cuja ação penal será pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
e. Crime contra a honra do funcionário público em razão do exercício funcional (crime propter officium) – Há que se atentar para a súmula nº 714 do STF que aduz haver legitimidade concorrente entre o ofendido e o Ministério Público na propositura de ação em função de crime contra a honra de funcionário público em razão do exercício funcional. Ou seja, poder-se-á ter ação penal privada (advogado particular ou AGU) ou, ainda, uma ação penal pública condicionada a representação. 
OBS: não se trata de legitimidade concorrente, pois não são duas pessoas que podem oferecer denúncia ao mesmo momento. No Inquérito 1939, o STF entendeu que, uma vez oferecida a representação, não mais será possível o ajuizamento da queixa-crime. Portanto, apesar da súmula supra fazer menção a uma legitimação concorrente, trata-se na verdade de legitimação alternativa, pois o ofendido tem duas opções: ou ele ajuíza a queixa-crime ou ele oferece representação, autorizando a atuação do Ministério Público. 
f. Injúria Racial – Antes da Lei 18.033/09 a ação penal era privada, no entanto, com o advento da lei referida a ação penal tornou-se pública condicionada à representação. 
OBS: não pode ser confundida a injúria racial (art. 140, §3º, CP) com o racismo, previsto na Lei 7.716/89. Na injúria racial há ofensa a uma pessoa determinada, já no racismo há oposição indistinta a toda uma raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. 
15. AÇÃO PENAL NOS CRIMES DE LESÃO CORPORAL LEVE E CULPOSA PRATICADOS NO CONTEXTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER (LEI 11.340/06)
LESÃO CORPORAL LEVE E CULPOSA – Antes da Lei nº 9.099/95 a ação penal era pública incondicionada e com o advento da referida norma os crimes passaram a ser de ação penal pública condicionada à representação. 
LEI MARIA DA PENHA – Possui dois dispositivos contraditórios (antinomia normativa), o art. 16 e o art. 41. No art. 16 fala-se em ação penal pública condicionada à representação da ofendida (posição consolidada pelo STJ – REsp 1047.042), já no art. 41 fala-se que não será aplicada a Lei nº 9.099/95, sendo assim, a ação penal seria pública incondicionada (teor das decisões recentes do STF – ADI 4.424 e ADC 19).
	De acordo com o STF deve ser dispensado à mulher uma proteção especial, pois há certa vulnerabilidade da mulher, firmando, com isso a constitucionalidade da Lei Maria da Penha. 
	Mas atenção, a ação será pública incondicionada apenas nos casos de lesão leve e culposa, pois nos casos de ameaça e estupro (p.ex.), ainda que praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher a ação penal será pública condicionada à representação. 
16. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (LEI Nº 12.015/09)
Em regra os crimes são de ação penal pública condicionada à representação, no entanto, nos casos da vítima ser incapaz a ação será pública incondicionada. 
	ANTES DO ADVENTO DA LEI Nº 12.015/09
	APÓS DO ADVENTO DA LEI Nº 12.015/09
	
Regra: AÇÃO PENAL PRIVADA. (Estupro com violência presumida – absolutamente incapaz)
Exceções: 1) Se a vítima fosse pobre a ação penal era pública condicionada à representação, mesmo que houvesse defensoria pública na comarca.
2) Se o crime sexual fosse cometido em razão do abuso do poder familiar a ação penal era pública incondicionada. 
3) Se o crime sexual fosse praticado com o emprego de violência real (emprego de força física sobre o corpo da vítima para a prática do ato sexual. Exs.: soco, chute, amarrar a vítima) a ação penal era pública incondicionada. 
OBS: súmula nº 608 do STF – No crime de estupro praticado mediante violência real a ação penal é pública incondicionada. (Tinha seu fundamento legal no art. 101, do CP – ação penal extensiva – aplica-se aos crimes complexos. Se um dos crimes que compõem o crime complexo for de ação penal privada e o outro for de ação penal pública, opera-se uma extensão da ação penal pública, a qual estará sujeito o crime complexo). 
OBS: o estupro, segundo a doutrina, não é crime complexo. 
4) Se o crime sexual fosse qualificado pela lesão grave ou morte (APPI).
	
Regra: AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO. 
Exceções: 1) Se o crime for cometido contra vítima menor de 18 anos (ação penal pública incondicionada).
2) Se o crime for cometido contra vítima vulnerável a ação será pública incondicionada. 
Mudanças com o advento da lei:
a) Deconsidera-se a súmula 608, pois a ação será pública condicionada a representação.
b) Tramita noSTF a ADI 4.301 na qual o MP busca que o Tribunal faça interpretação conforme para que o delito de lesão corporal grave ou gravíssima continue sendo de APPI. 
(Data: 25.04.12/ Aula 10)
PROVAS
1. PRINCÍPIOS RELATIVOS À PROVA PENAL
a) PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA – Previsto no art. 5º, LVII, da CF/88.
“Ninguém será considerado culpado (...)” – Tem direito a que se presuma sua inocência. 
b) PRINCÍPIO DA NÃO CULPABILIDADE – Previsto na CADH, art. 8º, §2º.
“Será considerado NÃO culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória” – Será inocente enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. 
	A Convenção Americana de Direitos Humanos assegura o duplo grau de jurisdição, sendo assim, a culpa estará legalmente comprovada até a prolação de um acórdão condenatório no exercício do duplo grau de jurisdição.
· Prevalecerá a Constituição sobre a CADH em função do princípio pro homini.
Do princípio da inocência derivam duas regras fundamentais, veja-se:
a. REGRA PROBATÓRIA – Recai sobre o acusador o ônus de provar a culpabilidade do acusado, além de qualquer dúvida razoável, devendo o juiz absolvê-lo em caso de dúvida (princípio do in dubio pro reo – Art. 386, VI, CPP).
Ex.: Briga na balada entre duas pessoas, não se sabe quem iniciou a briga, sendo assim, a doutrina determina que ambos os envolvidos sejam considerados inocentes. 
Questão de concurso – qual é o princípio aplicável à revisão criminal???
	Segunda a doutrina é o princípio contra reum. Não se aplica o princípio da presunção de inocência, pois a revisão criminal só pode ser ajuizada após o trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria.
b. REGRA DE TRATAMENTO – Em regra, o acusado deve permanecer em liberdade durante o processo (é tratado como inocente). Medidas cautelares de natureza pessoal só podem ser decretadas em casos excepcionais e desde que comprovada sua necessidade. 
	CUIDADO – O STF, por meio do HC 84.078, consolidou entendimento de que enquanto não houver o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, não será possível o recolhimento do acusado à prisão, salvo se presentes os pressupostos da preventiva. O que antes entendido que, como o RE e o REsp não são dotados de efeito suspensivo, ser possível a execução provisória da pena após a prolação de um acórdão condenatório pelos Tribunais de segunda instância. (Decisão esta que foi positivada pela Lei nº 12.403/11, nova redação dada ao art. 283, do CPP).
	Hoje não é mais possível a execução provisória da pena, o que, no entanto, não impede a concessão antecipada de benefícios prisionais. 
	Ex.: Tício praticou um roubo com emprego de arma de fogo, sendo-lhe prolatada sentença condenatória. Em primeira instância, ele foi condenado a 6 anos. No entanto, o mesmo foi preso em flagrante e está preso a 2 anos. 
	Contra a sentença foi interposto um recurso exclusivo da defesa, sendo assim, sua situação não poderá ser prejudicada (non reformatio in pejus). Sendo assim, ele terá direito a progressão de regime, de imediato 9cumprimento de 1/6 da pena). 
c. PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE
Nesse sentido há que se destacar que a doutrina antiga destacava a existência de verdade real, no Direito Processual Penal e verdade formal, no Direito Processual Civil.
No entanto, é de se salientar que tal classificação é ultrapassada.
Ademais, a verdade real não existe, uma vez que a verdade existente no processo jamais será uma verdade absoluta. Tal modalidade de verdade passou anos justificando a utilização de provas ilícitas. 
O que existe hoje é uma verdade processual, que não consegue reproduzir 100% o que aconteceu no processo, se tratando apenas de uma verdade aproximativa. 
Questão de concurso – Como funciona a questão da prova, pelo juiz, no processo penal?? 
	O juiz, segundo a doutrina, é dotado de certa iniciativa probatória durante o curso do processo, a ser exercida de maneira residual, subsidiária.
Durante as investigações, não possui o juiz iniciativa acusatória, sob pena de violação ao sistema acusatório e a garantia da imparcialidade.
A doutrina vem considerando que o art. 156, I, do CPP é inconstitucional, pois não pode se admitir que o juiz, durante a investigação, determine a produção de provas. 
· A verdade consensual seria a busca da verdade no âmbito dos Juizados Especiais (composição civil dos danos, transação penal, suspensão condicional do processo). Ao contrário dos processos conflitivos ocorridos nos demais tribunais, nos Juizados, o que se busca é justamente o consenso.
c. PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE – O acusado não é obrigado a produzir provas contra si mesmo.
	Previsto na Constituição Federal e na Convenção Americana de Direitos Humanos. Na Constituição, em seu art. 5º, LXIII, prevê o direito ao silêncio, que trata-se de um dos desdobramentos do princípio em análise. Na CADH, assegura o aludido direito em seu art. 8º, §2º, g. 
TITULAR DO DIREITO A NÃO AUTO INCIRMINAÇÃO – O titular é o suspeito, o investigado, o indiciado, o acusado (preso ou solto).
	E a testemunha??? Não tem direito ao silêncio, mas sim obrigação de revelar a verdade, sob pena de ser punido. Mas há que se observar a situação concreta, na qual poder-se-á estar na iminência de produzir provas contra si mesmo, razão pela qual poderá se revestir da garantia constitucional em comento (HC 73035). 
ADVERTÊNCIA QUANTO AO DIREITO – O acusado deve ser informado de que não é obrigado a produzir provas contra si mesmo (HC 80949 – STF julgou caso concreto de gravações clandestinas por autoridade policial sem prévia advertência – prova ilícita).
Questão de concurso – O que é o aviso de Miranda???
	Surgido no direito norte americano. Trata-se de um caso concreto julgado pela corte americana em que uma pessoa (Miranda...) ao ser presa não foi avisada dos direitos que lhe eram inerentes. 
Nenhuma validade pode ser conferida às declarações do preso a polícia se não ouve prévia advertência dos avisos de direito a não responder as perguntas formuladas, de que tudo que disser pode ser usado contra ele e, de que tem o direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado. 
NO BRASIL O AVISO É SOMENTE COM RELAÇÃO AO DIREITO DE PERMANECER CALADO. 
	O dever de informação quanto ao direito de não produzir provas contra si mesmo não estende-se à mídia (HC 59558 – STF entendeu que o dever de advertência só é aplicado ao Poder Público). 
DESDOBRAMENTOS DO NEMO TENETUR SE DETEGERE – O sujeito poderá fazer qualquer coisa pra proteger seu direito??? Não, há limitações quanto ao direito, veja-se:
a. DIREITO AO SILÊNCIO
Há o direito ao silêncio, mas atenção, este não importa em confissão ficta (art. 198, CPP – a parte final do artigo não foi recepcionado pela Constituição; art. 478, II, CPP – o MP não pode fazer referência ao silêncio do acusado em seu prejuízo). 
O CPP, após o advento da Lei nº 11.689/08, determina que a presença do acusado no plenário do júri não é mais obrigatória, sendo assim, na vontade de permanecer calado quando da realização do júri, é melhor que não se compareça. 
b. INEXIGIBILIDADE DE DIZER A VERDADE (MENTIRA)
No Brasil não há o crime de perjúrio (quando o acusado mente).
Acusado inventa um falso álibi. 
Eventual medida agressiva (incriminando terceiro inocente) pode caracterizar crime (arts. 138 e 339, ambos do CP).
c. DIREITO DE NÃO PRATICAR NENHUM COMPORTAMENTO ATIVO QUE POSSA INCRIMINÁ-LO 
Reconstituição – O acusado não é obrigado a participar. 
Exame grafotécnico – O acusado não é obrigado a participar.
Reconhecimento - O acusado é obrigado a participar, pois não demanda nenhum comportamento ativo por parte do acusado, tendo apenas um comportamento passivo, apenas se sujeitará ao reconhecimento. 
Bafômetro – O acusado não será obrigado a participar, mas atenção, isso dependerá da conduta:
	Se a conduta for soprar, o acusado não é obrigado a participar.
	Etilômetro passivo, o acusado é obrigado a participar. 
d. DIREITO DE NÃO PRODUZIR NENHUMA PROVA INCIRMINADORA INVASIVA
Prova invasiva são as intervenções corporais que pressupõem

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