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Ação Penal

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Ação Penal:
Direito de ação penal: O direito que a parte acusadora (MP ou ofendido) tem de se dirigir ao estado pleiteando a aplicação do direito penal objetivo ao caso concreto.
Direito de ação não se confunde com o direito material e com a ação propriamente dita.
OBS. Não se pode confundir o direito de ação propriamente dita. A ação é um ato jurídico. Trata-se do exercício do direito de ação- por isso, pode ser chamada de ação exercida. A ação também é conhecida como demanda. Além do fato gerador do processo, define a imputação, fixando os limites da atividade jurisdicional. Ação é o ato concreto de ingressar em juízo.
 OBS.2: Também não se pode confundir o direito de ação com o direito que se afirma ter quando se exercita o direito de ação. O direito afirmado compõe a “res in iudicium deducta” e pode ser designado como o direito material deduzido em juízo ou a ação material processualizada. O direito de ação é abstrato, pois independe do conteúdo do que se afirma quando se provoca a jurisdição.
Fundamento constitucional = art.5º, XXXV. – Inafastabilidade da análise jurisdicional.
Condições da Ação Penal:
Teoria da Asserção: análise das condições de acordo com a inicial. Tomando os fatos como verdadeiros, sem desenvolvimento de cognição aprofundada, utilizando cognição sumária.
- Fim dessa categoria das condições da ação pelo NCPC?
1ª corrente: defende pela sua extinção;
2ª corrente: defende a validade dessa categoria.
Independente das alterações no processo Civil, essa categoria possui validade no processo penal.
Espécies de Condições da Ação Penal:
- Condições Genéricas: que deverá estar presente em toda ação penal.
	- Possibilidade jurídica do pedido (doutrina diverge 
	- Legitimidade para agir;
	- Interesse de agir;
	- Justa Causa*
- Condições Específicas: só será necessária em algumas hipóteses, a depender da pessoa do acusado, do delito em questão e do tipo de procedimento. Ex. representação do ofendido, requisição do MJ.
*condição de procedibilidade = há divergência doutrinária, quanto a sua utilização. Alguns usam tal expressão para se referir as condições específicas, outros doutrinadores usam como sinônimo de condição de ação de maneira genérica.
Consequências da ausência de uma condição de ação:
- Depende do momento:
	- Por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória Rejeição da peça acusatória;
	- Verificada durante o curso do processo 
		- 1ª corrente: nulidade absoluta do feito;
		- 2ª corrente: art.465, VI do CPC – extinção do processo sem apreciação do mérito. 
Condições genéricas da ação penal:
- Possibilidade jurídica do pedido:
	- O pedido deve se referir a uma providência admitida em abstrato. 
	- A imputação deve versar sobre fato típico, ilícito e culpável, cuja punibilidade não esteja extinta.
	Ex. princípio da insignificância.
Alguns doutrinadores defendem que a possibilidade jurídica do pedido não é condição genérica da ação penal, mas sim mérito.
A doutrina sustenta que em caso de impossibilidade jurídica do pedido deve ser julgado à improcedência liminar do pedido.
No processo penal deve haver a cominação do art.397 do CPP, com o art.332 do CPP, para que haja absolvição sumária mais célere, visto que o art.397 do CPP, só permite a absolvição sumária após citação e apresentação de defesa prévia pelo acusado.
- Legitimidade para agir (“legitimatio ad causam”)
	- Pertinência subjetiva do direito de ação;
- Legitimidade “ad causam” ativa no processo penal
	- Depende da ação penal:
	*Ação Penal Pública Ministério Público – art.129, I CF/88. 
	OBS. No caso de inércia do MP, o ofendido possui legitimidade para ingressar com ação privada subsidiária da pública.
	*Ação penal privada Ofendido, ou seu representante legal. 
	OBS. Em caso de ausência – sucessão processual CAD – cônjuge, ascendente e descendente.
Exemplo - Crime de injúria racial cometido em data de 30/08/2009, com a peça acusatória oferecida em 30/10/2009 legitimidade será do acusado, uma vez que a lei em regência a época dos fatos previa que a injúria seria ação penal privada.
OBS. Lei que modifica ação penal segue a aplicabilidade do direito penal. 
- Legitimidade passiva “ad causam” passiva no processo penal:
	- Provável autor do delito com 18 anos completos ou mais.
Mérito x Legitimidade passiva 
- Negatória de autoria mérito;
- Cognição sumária legitimidade passiva;
	Ex. Erro material (ação contra testemunha), homônimos... 
- Legitimidade “ad causam” ativa e passiva da Pessoa Jurídica no Processo Penal:
- Ativa:
- Ex. Difamação.
	- Ação privada ou ação privada subsidiária da pública;
- Passiva:
	-Ex. crimes ambientais;
OBS. antes era utilizada a teoria da dupla imputação, em que era necessário a imputação do crime à pessoa física e jurídica simultaneamente. Todavia, tal entendimento fora abandonado.
STF = a 1ª turma concluiu ser perfeitamente possível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela prática criminosa.
STJ segue a mesma linha do STF.
- Interesse de agir:
	- Necessidade: é presumida no processo penal, pois não há pena sem o devido processo legal.
	- Adequação: não tem relevância nas ações penais condenatórias, possuindo relevância nas ações penais não condenatórias. Ex. habeas corpus.
	- Utilidade: 
		- Prescrição em perspectiva (virtual/hipotética): consiste no reconhecimento antecipado da prescrição em virtude da contatação de que, no caso de possível condenação, eventual pena que venha a ser imposta ao acusado estaria fulminada pela prescrição da pretensão punitiva retroativa, tornando inútil a instauração do processo penal. Ex. furto simples cometido por menor de 21 anos em data de 25 de outubro de 2005, com abertura de vista dos autos do inquérito ao MP em 12 de maio de 2008.
OBS. Tal prescrição não é admitida pelo STF/STJ, visto que não há previsão legal, bem como fere o princípio da inocência por partir da premissa de condenação.
Súmula 438 do STJ: é inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.
	- Justa Causa (suporte probatório mínimo): indispensável para a instauração de um processo penal. Funciona como uma condição de garantia contra o uso abusivo do direito de acusar, evitando a instauração de processos levianos ou temerários. Art.393, III do CPP.
		- “fumus comissi delicti” – fumaça do cometimento do delito;
		Natureza jurídica da justa causa: 
		- 1ª corrente: condição da ação;
 		- 2ª corrente: pressuposto processual de validade* 
		Justa causa duplicada: passou a ser utilizada em relação ao crime de lavagem de capitais, que depende de infração penal antecedente. Deve haver suporte de probatório da infração penal antecedente além do crime em si.
Condição de Prosseguibilidade (condição superveniente da ação)
Condição de procedibilidade x Condição de prosseguibilidade
- Condição da ação 
- Condição que se faz necessário para o início da ação 
*Condição de prosseguibilidade:
 - Condição deve ser implementada para prosseguimento da ação. 
 - Processo criminal já está em curso
Ex. Lei 9.099/95 art.88 e 91:
    Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
   Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de decadência.
- Para os processos em andamento a representação passou a ser condição para o seu prosseguimento.
Classificação das Ações penais condenatórias:
· Ação Penal Pública:
Titular = Ministério Público;
Peça acusatória = denúncia;
- Ação penal pública Incondicionada: a persecução penal não depende da vontade da vítima;
- Ação penal pública Condicionada: a persecução penal depende da representação da vítima,ou de requisição do Ministro da Justiça;
- Ação penal pública subsidiária da pública: Diante da inércia do MP, outro membro/órgão do MP dará continuidade – Defendida por uma parte da doutrina;
· Ação Penal Privada:
Titular = ofendido ou seu representante legal. Em caso de morte ou ausência CADI;
Peça acusatória = queixa crime;
- Ação penal privada personalíssima: Só pode ser ajuizada pelo ofendido;
	- Não é possível a sucessão processual;
	 - Direito da vítima não é transmitido a ninguém;
	- Ex. art.235 CPP
		Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
        		Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
        		Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
- Ação penal exclusivamente privada;
	- Adite a sucessão processual;
	- Funciona como regra, no âmbito de ação penal privada;
- Ação penal privada subsidiária da pública;
	- Pressupõe a inércia do MP;
	- Crime originário de ação penal pública;
Princípios da Ação penal:
Princípios Comuns à Ação Penal Pública e à Ação Penal Privada:
· “Ne Procedat lutex ex Officio” – Inércia da jurisdição;
· Ao juiz não é permitido dar início a um processo penal condenatório de ofício;
· 
· Implicitamente - CF, art.129,I;
· OBS. Processo judicialiforme (ou ação penal ex officio) = processo que era iniciado de ofício pelo juiz;
· OBS.2: Quando se tratar de processo visando à proteção da liberdade de locomoção, o juiz pode agir de ofício. Ex. habeas corpus;
· “Ne bis in Idem” Processual (inadmissibilidade da persecução penal múltipla);
 	- Uma mesma circunstância não pode ser levada em consideração 2x sobre o mesmo indivíduo;
	- Ninguém pode ser processado 2 ou mais vezes pela mesma imputação;
	- Prevista CADH, art.8º, 4.;
	OBS. Pode haver imputações diferentes diante de um mesmo fato;
	OBS.2: Decisão absolutória ou declaratória extintiva da punibilidade, ainda que proferida por juízo absolutamente incompetente é capaz de transitar em julgado, e produzir seus efeitos regulares, dentre eles o de impedir novo processo versando sobre a mesma imputação;
· Intranscendência:
- Desdobramento do princípio da pessoalidade da pena;
- CF, art.5º - XLV;
- O processo penal só pode ser instaurado contra os supostos autores/partícipes do delito;
Princípios Específicos da Ação Penal Pública: 
· Princípio da Obrigatoriedade;
- Ação penal pública;
- Legalidade processual;
- Presente as condições da ação penal e havendo justa causa o MP é obrigado a oferecer denúncia;
- CPP – art.24: 
Art. 24.  Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo
- O CPP é uma lei ordinária, e por isso pode ser excepcionado por outra lei ordinária;
- MP pode opinar pela absolvição;
- Art.385 CPP: Art. 385.  Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
- Mecanismos de fiscalização do princípio da obrigatoriedade:
		- Art.28 do CPP;
		- Ação privada subsidiária da Pública;
- Exceções ao princípio da obrigatoriedade:
- Transação penal – Lei 9.099/95, art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. – Discricionariedade ou obrigatoriedade mitigada;
	- Acordo de leniência (acordo de brandura ou acordo de doçura): espécie de colaboração premiada, celebrado em crimes contra a ordem econômica financeira, e a lei que trata desse assunto prevê que uma vez celebrado tal acordo o MP está impedido de promover a denúncia.
	- Parcelamento do crédito tributário – suspensão da prescrição e da pretensão punitiva – Lei 9.430/96, art.83;
	- Termo de ajustamento de conduta em crimes ambientais: 
		1ª corrente: impede o oferecimento da denúncia;
		2ª corrente: não impede o oferecimento de denúncia – entendimento do STJ;
	- Colaboração premiada na nova lei das organizações criminosas – Lei 12.850/13, art.4º, §4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o colaborador:     
I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.
	- Acordo de não persecução penal;
OBS. Hoje, há uma tendência ao princípio da oportunidade na ação penal pública;
· Princípio da Indisponibilidade (indesistibilidade): 
- Ação penal Pública:
	- MP não pode desistir da ação penal, nem do recurso interposto;
	Art. 42.  O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
	Art. 576.  O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.
	Exceções:
		- Suspensão condicional do processo – art. 89 da lei de juizados:   Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena
· Princípio da Divisibilidade:
- Ação penal pública;
- 1ª Corrente: defende que a ação penal pública é indivisível - Minoritária
- 2ª Corrente: defende a divisibilidade da ação penal pública – Majoritária;
 	- O MP pode oferecer denúncia quanto a alguns investigados, sem prejuízo do prosseguimento das investigações quanto aos demais.
Princípios Específicos da Ação Penal Privada:
· Princípio da oportunidade/conveniência:
- Mediante critérios próprios de oportunidade ou conveniência cabe ao ofendido optar pelo exercício ou não do direito de queixa;
- Esse princípio também é aplicável a representação (isoladamente considerada);
- Antes do exercício do direito de queixa;
Opções do ofendido caso não queira exercer o direito de queixa:
- Decadência: perda do direito em virtude do seu não exercício dentro do prazo legal;
- Renúncia: abrir mão do direito de queixa;
· Princípio da Disponibilidade:
- Ação penal privada;
- Depois do exercício do Direito de queixa;
Opões do ofendido caso queira desistir do processo:
	- Perdão do ofendido – causa extintiva da punibilidade que precisa de aceitação;
	- Perempção – perda do direito de prosseguir com a ação, em razão de abandono, ou morte por exemplo.
	- Conciliação nos crimes contra a honra da competência de juiz singular – art.522 do CPP. OBS. Não se aplica aos juizados.
· Princípio da Indivisibilidade:
- Ação penal privada;
- O processo de um obriga ao processo de todos;
Art. 48.  A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
- A renúncia ou perdão concedido a um dos coautores ou partícipes estende-se aos demais;
- Fiscal desse princípio = MP:
	- Omissão voluntária do querelante: Extinção da punibilidade (renúncia), em razão da renúncia em relação a um dos acusados, que consequentemente se estende a todos;
	- Omissão involuntária do querelante: MP requer prazo para que o querelante adite a peça, incluindo o coautor, sob pena de extinção da punibilidade (renúncia);
OBS. MP não pode aditar a queixa;
Representação do ofendido:
Conceito: é a manifestação do ofendido ou de seu representante legal no sentido de que possui interesse na persecução penal do fato delituoso.
- Não há necessidade de formalismo;
Ex. Exame de corpo de delito, e B.O podem “suprir” a representação;Natureza Jurídica: Em regra, como uma condição de procedibilidade;
Exceção: Em alguns casos a representação pode ser uma condição de prosseguibilidade;
- Deve haver uma vítima determinada, pois a mesma terá legitimidade para o oferecimento da representação;
Ex. Art. 154-B CP Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos.
OBS. O crime do §1º não se dá por representação do ofendido, visto que não possui vítimas determinadas. (há divergências doutrinárias).
Princípio da Oportunidade;
Retratação da Representação:
- Voltar atrás/ se arrepender;
- Em regra é possível, até o oferecimento da denúncia;
Art. 25 do CPP:  A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
Exceção: Lei Maria da Penha: Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
OBS. Não é aplicada ao crime de lesão corporal leve no âmbito da Maria da Penha, visto que é ação penal pública incondicionada.
OBS.2: A doutrina dispõe que na verdade é retratação e não renúncia.
OBS.3: Audiência só será designada se antes do recebimento da denúncia a vítima se manifestar no interesse de se retratar.
Eficácia Objetiva da Representação:
STF = Feita a representação em relação a um crime, o MP poderá denunciar todos os envolvidos por este crime, mas a representação feita em relação a um crime não abrange outros delitos que dependam de representação.
Requisição do Ministro da Justiça:
Conceito: manifestação da vontade no Ministro da justiça demonstrando que tem interesse na persecução penal.
Natureza Jurídica: Em regra, como uma condição de procedibilidade;
Princípio da oportunidade/conveniência;
Retratação da Requisição:
	- 1ª corrente: defende que não é cabível;
	- 2ª corrente: é cabível (posição majoritária), até o oferecimento da denúncia.
Inexistência de prazo decadencial:
A representação está sujeita a decadência – 6 meses.
A Requisição não está sujeita a decadência. Todavia o crime em si está sujeito a prescrição.
- Requisição não é sinônimo de ordem, pois o MP continua sendo o titular da ação penal pública. (art.129, I CF/88).
Causas extintivas da punibilidade relativas à ação penal privada:
· Decadência do direito de ação privada (ou de representação): 
 Conceito: perda do direito de ação penal privada ou de representação em virtude do seu não exercício dentro do prazo legal.
Natureza jurídica: causa extintiva da punibilidade;
- Nos casos de ação penal privada, só ocorre nos casos de ação penal exclusivamente privada e ação privada personalíssima.
Não se aplica a ação penal privada subsidiária da pública.
Prazo decadencial: 
Art.38 do CPP: Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Art.29 = ação penal privada subsidiária da pública.
- Prazo penal – art.10 do CP (o dia no início se inclui no computo do prazo);
	- Prazo fatal – improrrogável, ao contrário da prescrição que pode haver suspensão e interrupção;
- OBS. O prazo decadencial não é suspenso nem interrompido pelo pedido de instauração do inquérito policial.
Oferecimento da queixa perante juízo incompetente no último dia do prazo decadencial: Mesmo diante do juízo incompetente não há que se falar em decadência, pois houve exercício do direito.
Ex. Art.529 CPP – exceção ao prazo de 6 meses do art.38.
Decadência imprópria: 
Haverá a perda do direito de propor sua queixa, mas não haverá extinção da punibilidade;
Ocorre na ação penal pública subsidiária da pública.
 
· Renúncia ao Direito de Queixa;
Conceito: ano unilateral e voluntário por meio do qual a pessoa legitimada ao exercício da ação pena privada abdica do seu direito de queixa. Cuida-se de causa extintiva da punibilidade nas hipóteses de ação penal exclusivamente privada ou privada personalíssima.
- Não depende de aceitação;
- Princípio da oportunidade
- Em regra, só é válida quanto ao direito de queixa. Exceção: composição civil dos danos – prevê a renúncia do direito de queixa e da representação.
Renúncia pode ser expressa ou tácita;
Art.104, CP - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.    (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. 
- Princípio da indivisibilidade – se a renúncia for concedida a uns, se estende aos demais. 
Art. 49 do CPP-  A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.
· Perdão do Ofendido:
- Ato bilateral – depende de aceitação;
- Princípio da Disponibilidade;
- Momento = após o exercício do direito de queixa e até o trânsito em julgado de sentença condenatória;
Conceito: Ato bilateral e voluntário por meio do qual o querelante resolve não prosseguir com o processo que já estava em andamento, perdoando o acusado. Trata-se de causa extintiva da punibilidade nos casos de ação penal exclusivamente privada ou privada personalíssima.
- Não se confunde com o perdão judicial, uma vez que o perdão judicial, se previsto em lei pode ser aplicado independente do tipo de ação penal e não depende de aceitação.
- Expresso ou tácito;
- Aceitação pode ser expressa ou tácita;
	- Silêncio do querelado no prazo de 3 após intimação, configura-se aceitação tácita;
Art. 58 do CPP.  Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
Parágrafo único.  Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
- Princípio da indivisibilidade- perdão de um se estende aos demais, todavia, desde que haja aceitação.
· Perempção:
- Conceito: é a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada em virtude da negligência do querelante, com a consequente extinção da punibilidade nos crimes de ação penal exclusivamente privada ou privada personalíssima.
- Se difere da decadência, uma vez que a decadência ocorre a perda do direito de dar inicio a ação penal, enquanto que a perempção é a perda do direito de dar prosseguimento a ação.
Causas de perempção:
Art. 60.  Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
 III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
Ação penal privada subsidiária da pública (Ação penal acidentalmente privada/supletiva):
- Previsão Legal – art.5º, LIX CF/88;
- De acordo com entendimento do supremo, a adoção de medidas procrastinatórias pelo MP, também considera-se inércia, o que possibilita a adoção da ação penal privada subsidiária da pública;
- O crime continua sendo crime de ação penal pública, por mais que seja permitido ao particular agir emface da inércia do MP;
- Não se aplica as espécies de exclusão de punibilidade;
- Necessita de vítima determinada. 
Exceções:
	-   Art. 80. Do CDC: No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal. 
		- Crimes falimentares - Art. 184 da Lei falimentar Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se refere o art. 187, § 1º , sem que o representante do Ministério Público ofereça denúncia, qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderá oferecer ação penal privada subsidiária da pública, observado o prazo decadencial de 6 (seis) meses.
OBS. É entendimento do STF que o oferecimento de denúncia, promoção de arquivamento ou requisição ou determinação de diligências externas ao procedimento investigatório, posterior ao decurso de prazo para a propositura da ação penal pública, afastam o direito da ação penal privada subsidiária, pois não há inércia do titular da ação.
Prazo decadencial – não extingue a punibilidade por ser um crime de ação penal pública;
Termo inicial para contagem do prazo decadencial – quando se esgota o prazo para o MP;
Poderes do MP na ação penal privada subsidiária da pública:
 Art. 29 do CPP - Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
- Aditar a queixa: pode acrescentar elementos essenciais (autor, coautor) e elementos acidentais (tempo, modo);
 Intervenção do MP é obrigatória, sob pena de nulidade absoluta;
Ação penal Indireta: Quando o MP retoma a ação como parte principal.
Ação Penal Popular:
- Pode ser ajuizada por qualquer pessoa;
Alguns doutrinadores apontam 2 exemplos:
1º Habeas corpus;
2º Possibilidade de qualquer cidadão denunciar agentes políticos por crime de responsabilidade;
OBS. Não são ações penais condenatórias;
Ação penal adesiva:
1ª Posição: litisconsórcio entre o MP e querelante;
2ª Posição: Presente no Direito Alemão, quando o MP oferecer denúncia no crime de ação privada, em razão de interesse público. Hipótese em que o querelante poderia se habilitar no processo.
Ação de Prevenção Penal:
Ação em face de inimputável – art.26, caput, CP.
- Absolvição imprópria.
 Ação penal secundária:
A presença de algumas circunstâncias pode alterar a natureza da ação penal;
Ex. Crimes contra honra – crimes contra a honra contra o presidente da República;
Ação Penal nos Crimes contra a honra:
Regra: Ação penal exclusivamente privada;
- Honra é um bem de natureza disponível;
Exceções:
· Injúria Real: ofensa a honra subjetiva mediante vias de fato, mediante lesão corporal. Ex. tapa no rosto; 
CP- art.140, §2º: Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
		- Vias de fato – Ação privada;
		- Lesão leve – Ação pública condicionada a representação;
		- Lesão grave/gravíssima: Ação pública incondicionada;
· Crime contra a honra do presidente da república ou chefe de governo estrangeiro:
- Ação será pública condicionada a requisição do ministro da justiça;
· Crimes militares e eleitorais contra a honra;
- Ação penal pública incondicionada;
· Injúria Racial – 
Antes da Lei 12.033/09 – Ação privada. 
Após a Lei 12.033/09 – Ação pública Condicionada a Representação.
Art.140, §3ºSe a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:         
        Pena - reclusão de um a três anos e multa.  
· Servidor público em razão das funções – 
- Crime “propter officium”;
- Súmula 714 do STF: é concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
OBS. Legitimidade não é concorrente. O STF decidiu posteriormente, que após exercido o direito de representação, a possibilidade da ação penal privada fica preclusa.
· Ação Penal nos crimes de lesão leve praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher;
- Maria da Penha – Lei 11.340/06;
- Maria da Penha não se aplica a lei do juizado, que prevê que nos casos de lesão leve será ação pública condicionada a representação;
- Ação será pública Incondicionada;
OBS. Súmula nº 563 do STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
OBS.2: Súmula n.542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica e familiar contra a mulher é pública incondicionada.
OBS.3: Lesão Culposa: Crimes culposos não estão sujeitos à Lei Maria da Penha – Será Ação Penal pública condiciona a representação.
· Ação penal nos crimes contra a dignidade sexual:
Art.225 CP (redação original) -> Ação Privada
Art.225 CP (Lei 12.015/09) -> Ação pública condicionada a representação;
Art.225 CP (Lei 13.718/18) -> Ação pública incondicionada
	Atualmente Ação pública incondicionada.

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