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PROCESSO PENAL AULA 03

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PROCESSO PENAL - AULA 03 (05/04/12)
Continuação de Princípios:
	Ação Penal Pública
	Ação Penal Privada
	Ne Procedat iudex ex officio
	Ne Procedat iudex ex officio
	Ne bis in idem processual
	Ne bis in idem processual
	Princípio da Intranscendência
	Princípio da Intranscendência
	Princípio da Obrigatoriedade
	Princípio da Oportunidade ou Conveniência
	Princípio da Indisponibilidade
	Princípio da Disponibilidade
	Princípio da Divisibilidade
	Princípio da Indivisibilidade
5) Princípio da Oportunidade ou Conveniência
- Mediante critérios próprios de oportunidade ou conveniência, cabe ao ofendido optar pelo oferecimento (ou não) da queixa-crime.
- Este princípio é aplicável antes do início do processo.
- Caso o ofendido não tenha interesse em exercer o direito de queixa, poderá:
Deixar fluir o prazo decadencial (6 meses).
Renúncia ao direito de queixa.
6) Princípio da Indisponibilidade:
- Ou da Indesistibilidade
- O MP não pode dispor do processo em andamento.
- É um desdobramento lógico do princípio da obrigatoriedade. Mas este princípio se aplica antes do início do processo, enquanto que o da indisponibilidade é aplicado durante o processo.
- Está descrito no art. 42 e 576 do CPP.
- A exceção é a suspensão condicional do processo (art. 89, L. 9.099/95).
OBS: Cabe suspensão em relação ao crime do art. 5º da L. 8137/90 (Crimes contra a ordem tributária e econômica), que trata da venda casada? R: A pena deste artigo é de 2 a 5 anos ou multa. Neste caso o STF entendeu que a suspensão será cabível, ainda que a pena mínima seja superior a 1 ano, se a multa for cominada alternativamente.
7) Princípio da Disponibilidade
- É um desdobramento lógico do princípio da oportunidade e conveniência, mas é aplicado durante o processo.
- O querelante pode dispor do processo em andamento.
- As formas de disposição do processo:
Perempção: é uma espécie de negligência do querelante.
Perdão do ofendido: depende de aceitação.
Reconciliação e desistência do processo no procedimento especial dos crimes contra a honra, de competência do juiz singular (art. 522 do CPP).
8) Princípio da Indivisibilidade
- Geralmente é este o princípio cobrado em prova, quando se fala em ação penal privada.
- O processo de um dos coautores ou partícipes obriga ao processo de todos.
- Não se pode escolher que vai ser processado. Se processar um, deverá processar todos.
- Desse princípio, são extraídas algumas conseqüências importantes:
A renúncia concedida a um dos agentes estende-se aos demais.
O perdão concedido a um dos agentes estende-se aos demais, mas desde que haja aceitação.
- O fiscal do princípio da indivisibilidade é o MP (art. 48 do CPP).
- Fiscalização do Princípio da Indivisibilidade: Como o MP não possui legitimidade ativa em crimes de ação penal privada, há duas possibilidades:
Verificando-se que a omissão do querelante foi voluntária, ou seja, o querelante ofereceu queixa contra apenas um dos coautores apesar de ter consciência quanto ao envolvimento de outros, deve ser reconhecida a renúncia tácita em relação àqueles que não foram incluídos na peça acusatória, renuncia esta que se estende aos demais em virtude do princípio da indivisibilidade.
Verificando-se que a omissão do querelante não foi voluntária, deve o MP requerer a intimação do querelante para incluir os demais coautores ou partícipes. Se o querelante permanecer inerte, há de se reconhecer renúncia tácita, que se estende a todos os coautores do delito.
9) Princípio da Divisibilidade
- Vigora o princípio da divisibilidade de acordo com a posição do STF e STJ. Isso porque o MP pode oferecer denúncia contra alguns investigados, sem prejuízo do prosseguimento das investigações em relação aos demais. Ex: caso do mensalão.
- Tomar cuidado porque parte da doutrina entende que na ação penal pública também vigora o princípio da indivisibilidade.
07) Representação do Ofendido
07.1) Conceito
- É a manifestação do ofendido, ou de seu representante legal no sentido de que possui interesse na persecução penal. É como se o Estado perguntasse para a vítima se ela tem interesse.
- O crime mais grave que depende de representação é o estupro.
- Não há necessidade de formalismo na representação. O simples fato de registrar um BO já pode ser considerado como representação, mesmo que a vítima não tenha assinado nenhum papel para representar. No caso do estupro, o fato da mulher fazer um exame pericial já é considerado como representação.
07.2) Natureza Jurídica
- Se o processo já estiver em andamento, a natureza é de condição de prosseguibilidade. Se o processo ainda não teve início, e a lei exige a representação, a natureza é de condição específica de procedibilidade.
- Quanto à representação, vigora o princípio da oportunidade ou conveniência, ou seja, ninguém é obrigado a oferecer representação.
07.3) Legitimidade para o oferecimento da representação
- Este raciocínio também vale para o caso da queixa-crime.
- O ofendido com 18 anos completos ou mais poderá oferecer representação (CC, art. 5º). Este ofendido não possui mais representante legal, e por isso o art. 34 do CPP e a súmula 594 do STF está tacitamente revogado e ultrapassada, respectivamente.
- Não há necessidade de curador para o acusado menor de 21 anos, também com base no art. 5º do CC.
- O ofendido menor de 18 anos, mentalmente enfermo ou retardado mental terá o seu direito exercido através do representante legal. O Representante Legal é qualquer pessoa responsável pelo incapaz. Ex: a avó que criou o neto.
- Quanto à inércia do representante legal, no prazo de 06 meses, há duas correntes na doutrina:
A corrente majoritária entende que não que se falar em decadência do direito de queixa/representação em relação a um direito que não pode ser exercido. Esta é a posição de Nucci e Mirabete.
A corrente minoritária entende que se o incapaz tem representante legal, significa dizer que seu direito de queixa/representação pode ser exercido. Logo, se o representante legal permanece inerte, haverá decadência e extinção da punibilidade.
- Se o incapaz não tiver representante legal ou colidirem os interesses destes com os daquele, a lei prevê a nomeação de curador especial pelo juiz (art. 33 do CPP). Este curador especial não é obrigado a oferecer queixa/representação, pois caberá a ele o juízo de oportunidade ou conveniência. O curador pode entender que não atende aos interesses do representado.
- O ofendido com idade entre 16 e 18 anos casado. A emancipação não confere a esta vítima a capacidade para oferecer representação/queixa. Este ofendido funciona como se fosse um incapaz, mas que não tem representante legal. Neste caso, a doutrina entende que seria necessário a nomeação de um curador especial, ou aguardaria a vítima completar 18 anos (não haverá decadência).
- O ofendido morre. Neste caso, acontecerá a sucessão processual, em que o direito de representação/ação penal privada será transferido ao CADI (cônjuge, ascendente, descendente e irmão). Grande parte da doutrina também coloca o Companheiro como sucessor.
OBS quanto à sucessão processual:
A ordem do art. 31 do CPP é uma ordem preferencial, ou seja, se todos os sucessores tiverem interesse, prevalece primeiro o cônjuge e assim por diante.
Havendo divergência entre os sucessores, prevalece a vontade daquele que tem interesse da persecução penal.
O sucessor terá direito ao prazo decadencial restante, prazo este que só começará a fluir a partir do conhecimento da autoria.
07.4) Prazo decadencial para o oferecimento da representação
- Este tópico também é aproveitado para o caso da queixa-crime.
- A Decadência é a perda do direito de ação penal privada ou de representação em virtude do seu não exercício no prazo legal.
- A Decadência acarreta a extinção da punibilidade.
- Hoje o prazo decadencial é de 06 meses, contados, em regra, a partir do conhecimento da autoria (art. 38 do CPP). A exceção a esta contagem do prazo decadencial é o crime do art. 236, p. único doCP (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento).
- Se a decadência causa a extinção da punibilidade, deve se ficar atento à contagem do prazo decadencial. Ela deve ser feita de acordo com o direito penal (CP, art. 10), sendo que o dia do início deve ser computado. Ex: o crime (de ação penal privada) aconteceu dia 08/04/12. A decadência se dará em 06 meses, que será no dia 07/10/12.
- O prazo decadencial é um prazo fatal e improrrogável, ou seja, a instauração do inquérito policial em crimes de ação penal privada não interrompe e nem suspende o curso do prazo decadencial.
- O curso do prazo decadencial será obstado com o exercício do direito de queixa ou de representação, pouco importando se a queixa foi proposta perante o juízo incompetente. Portanto, não há mais que falar em decadência quando há o exercício do direito. (STJ, HC 11.291).
07.5) Retratação da Representação
- Retratação significa voltar atrás, arrepender-se de um direito que foi exercido.
- A retratação da representação é possível até o oferecimento da denúncia (art. 25 do CPP). Na hora da prova, a palavra oferecimento é trocada por recebimento.
- Ficar atento ao teor do art. 16 da L. 11.340/06:
A lei usa a palavra “renúncia” de maneira equivocada, pois se o direito de representação já foi exercido, trata-se de retratação. Logo, na Lei Maria da Penha, a retratação à representação pode ser feita até o recebimento da denúncia em audiência especialmente designada para esta finalidade. Ex: estupro e ameaça.
Essa audiência só deve ser realizada se porventura a vítima tiver manifestado prévia vontade de se retratar.
- É possível que haja retratação da retratação da representação? R: Na verdade ela seria uma nova representação, e é possível desde que antes do prazo decadencial.
07.6) Eficácia objetiva da representação
- Imagine que um papel contém uma representação contra Tício pela prática do crime de estupro (art. 213 do CP), que foi praticado no dia 12/04/12. Contudo, o inquérito descobriu que, além de Tício, o crime também foi praticado por Mévio, e além do crime praticado no dia 12/04/12, descobriu-se que também houve o mesmo crime no dia 05/04/12. Neste caso, para cada crime é necessário uma representação, mas se houver somente um acusado para aquele crime, a ação pode repercutir para todos os outros autores, pois a ação é pública.
- Portanto, feita a representação em relação a um crime, o MP é livre para oferecer denúncia contra todos os coautores e partícipes.
- Feita a representação em relação a um delito, o MP não pode oferecer denúncia em relação a outros crimes que não foram objeto de representação.
08) Requisição do Ministro da Justiça
- Também é uma condição específica da ação penal.
- Ex: Crime contra a honra do Presidente da República ou do chefe do governo estrangeiro.
- A palavra requisição não é sinônimo de ordem, pois o MP continua sendo o titular da Ação Penal Pública (CF, art. 129, I).
- A requisição não está sujeita à decadência, porém o crime está sujeito à prescrição.
- A maioria da doutrina entende que é possível a retratação da requisição, até o oferecimento da denúncia.

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