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Direito Civil – Aula REVISÃO

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Direito Civil – Aula REVISÃO
Personalidade Jurídica
Conceito
Aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações na ordem jurídica, ou seja, é a qualidade para ser sujeito de direito.
Obs 01: Concepturo é aquele que nem concebido ainda foi, também chamado de prole eventual (no direito sucessório, há importantes efeitos práticos, como se lê no art. 1799, inciso I).
Teoria Natalista - Para esta, teoria a personalidade jurídica somente seria adquirida a partir do nascimento com vida, de maneira que, tecnicamente, o nascituro não deveria ser considerado pessoa, gozando de mera expectativa de direitos. Essa teoria enfatiza a primeira parte do art. 2º do CC, e ainda é considerada majoritária no Brasil.
Obs.: A simples leitura da ementa referente à ADI 3510, que discutiu a validade da Lei de Biosegurança, de certa forma reforçou a corrente natalista, no contexto da acirrada polêmica entre as teorias. Embora o foco do debate tenha sido o embrião humano, ficou assentado que a personalidade só tem início com o nascimento com vida.
Obs.: O STJ, em importantes julgados (REsp 399.028/SP), reforçando ainda mais o amadurecimento da corrente concepcionista, reconhece ao nascituro direito à indenização por dano moral (dano moral = lesão a direito da personalidade), bem como a legislação reconhece, em seu benefício, alimentos gravídicos, conforme acima abordado.
O que se entende por natimorto - É aquele que nasceu morto.
O enunciado nº 01 da primeira jornada de direito civil protege o natimorto, em caráter especial, à luz da teoria dos direitos da personalidade.
Capacidade
A capacidade se divide em capacidade de direito e capacidade de fato. A soma das duas resulta na capacidade civil plena, que, em geral, para as pessoas “saudáveis” é atingida aos 18 anos.
Capacidade de Direito
É a capacidade genérica que toda pessoa possui. É também conhecida como capacidade de gozo.
Capacidade de Fato
Traduz a possibilidade de, pessoalmente, exercer os atos da vida civil.
Obs.: Não posso confundir capacidade e legitimidade. Uma pessoa pode ter capacidade plena, mas estar circunstancialmente impedida de praticar determinado ato. Neste caso, falta-lhe legitimidade (arts. 1749, I e 1521, IV)
Incapacidade absoluta
São representados
Hipóteses – art. 3º:
A idade avançada, por si só, não é causa de incapacidade 
Incapacidade Relativa
São assistidos na prática dos atos da vida civil;
Hipóteses – art. 4º do CC.
A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. A Lei 6.001/73 – Estatuto do Índio, regra geral, e nos seus estritos termos, reconhece a incapacidade absoluta do índio não inserido em nossa sociedade, art. 8º.
Extinção da Pessoa Física
Nos termos dos arts. 77 e ss. da Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73), a morte deve ser atestada por um médico, ressalvada a hipótese de, não havendo profissional habilitado no local, duas testemunhas o declararem. 
Na forma do art. 6º do CC, a morte marca o fim da pessoa física. À luz do art. 6º CC, segunda parte c/c art. 7º, o CC admite duas situações de morte presumida:
Decorrente da ausência: 
Ausência, conceitualmente, ocorre quando uma pessoa desaparece do seu domicílio sem deixar notícia ou representante, nos termos dos arts. 22 e ss. do CC.
Nos termos do art. 6º do CC, durante o procedimento da ausência, no momento em que há sucessão definitiva dos bens do ausente, ele é considerado morto por presunção.
Decorrente de uma das hipóteses do art. 7º CC
Nas hipóteses do art. 7º, há morte presumida sem decretação de ausência.
Comoriência: este instituto não pode ser confundido com a premoriência, que traduz um estado de pré-morte e em que os herdeiros herdam por representação. A comoriência consiste na morte simultânea. A regra da comoriência não é aplicada se existir a ordem cronológica dos óbitos. Nos termos do art. 8º CC, aplica-se a regra da comoriência quando não se puder indicar a ordem cronológica dos óbitos. 
Domicílio
A principal razão de se estudar domicílio é a segurança jurídica, pois, em geral, o domicílio fixa a competência do processo.
Conceito de Domicílio:
O domicílio, nos termos do art. 70 CC é o lugar em que a pessoa física estabelece residência com ânimo definitivo transformando-o em centro da sua vida jurídica (intenção de permanência definitiva – animus manendi).
Espécies de domicílio:
Voluntário:
É o comum, o geral. É aquele fixado por simples manifestação de vontade do interessado.
Especial ou de eleição:
Trata-se do domicílio escolhido pelas próprias partes, segundo a sua autonomia privada, no próprio contrato, a luz do art. 78 CC.
Legal ou necessário:
Os diplomatas também têm domicílio legal (art. 77 CC).
O mais importante é o art. 76 CC. Tem domicílio legal ou necessário:
Incapaz: seu representante ou assistente
Servidor público: no lugar em que exerce permanentemente suas funções.
Militar: da Marinha ou Aeronáutica, a sede do comando a que estiver subordinado
Marítimo: onde o navio estiver matriculado
Preso: lugar em que cumpre sentença. 
Bens Jurídicos
O que é patrimônio jurídico?
Para os clássicos, patrimônio traduziria, principalmente, a representação econômica da pessoa (Clóvis Beviláqua). Complementando essa noção clássica, autores modernos, a exemplo de Carlos Alberto Bittar e Rodolfo Pamplona Filho, reconhecem também o denominado patrimônio moral da pessoa, vale dizer, o seu conjunto de direitos da personalidade.
Principais aspectos dos bens principais e acessórios:
Principal é o bem que existe por si mesmo; ao passo que o acessório pressupõe a existência do bem principal, Acessório: Fruto e Produto e Pertença. Pertença é um bem que, sem integrar a coisa principal, acopla-se ou justapõe-se a ela, melhorando a sua utilização – ex.: ar condicionado. 
Benfeitoria:
Conceito:
É toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma coisa com o propósito de melhorá-la (benfeitoria útil), conservá-la (benfeitoria necessária) ou embelezá-la (benfeitoria voluptuária). A benfeitoria é sempre artificial. 
Aquilo que aumenta a coisa é acessão.
Teoria do Fato Jurídico
FATO JURÍDICO - em sentido amplo é todo acontecimento, natural ou humano, que deflagra efeitos na órbita do direito. Pode ser subdividido em:
Fato jurídico em sentido estrito - Traduz todo acontecimento natural, ordinário ou extraordinário (inesperado, imprevisível), que deflagre efeitos na ordem jurídica. Não tem a carga da voluntariedade humana. 
ATO-FATO JURÍDICO - É uma categoria especial porque fica entre o fato da natureza e a ação do homem. Não é tratada com muita clareza na lei, mas é bem enfrentada pela doutrina, traduz um comportamento que, posto derive do homem, é desprovido de vontade consciente em face do resultado jurídico pretendido. Ex.: enfermo mental; a compra de um doce por uma criança em tenra idade.
ATO JURÍDICO - É um ato voluntário e consciente mas o efeito está na lei e não escolhido pelo agente.
NEGÓCIO JURÍDICO - Categoria mais importante do direito civil em muito se distancia do ato jurídico em sentido estrito. Isso porque, o negocio jurídico é uma declaração de vontade pela qual o agente, segundo a autonomia privada e a livre iniciativa, percebe efeitos jurídicos possíveis, respeitados os princípios da função social e da boa fé objetiva, efeitos modulados pela lei.
ATO ILÍCITO - Ações humanas ilícitas.
Planos de análise do negócio jurídico
Plano de existência – sem os quais o negócio é inexistente:
Manifestação de vontade
Agente emissor da vontade
Objeto 
Forma- Revestimento da vontade que se declara
Plano de validade (art. 104 CC) - sem os quais o negócio é inválido: 
Manifestação de vontade livre e de boa fé
Agente capaz e legitimado
Objeto lícito, possível determinado (ável)
Forma livre ou prescrita em lei
Plano de eficácia
	CONDIÇAO
	TERMO
	ENCARGO/MODO
	Evento futuro e INCERTO
	Evento futuro e CERTO
	Cláusula acessória à liberalidadeQuando suspensiva: suspende a aquisição e o exercício do direito
	Quando suspensivo: NAO impede a aquisição do direito, mas, apenas o seu exercício - gera direito adquirido.
	NAO impede a aquisição nem o exercício do direito - gera direito adquirido
	Condição incertus an incertus: há absoluta incerteza em relação à ocorrência do evento futuro e incerto
	Termo certus an certus: há certeza quanto ao evento futuro e quanto ao tempo de duração.
	
	Condição incertus an certus: não se sabe se o evento ocorrerá, mas, se acontecer, será dentro de um determinado prazo
	Termo certus an incertus: há certeza quanto ao evento futuro, mas incerteza quanto à sua duração.
	
(* ) - Potestativa: subdivide-se em puramente potestativa e simplesmente/meramente potestativa. A primeira (puramente potestativa), por se caracterizar como arbítrio de uma das partes, em detrimento da outra, é considerada ilícita. Apenas a simplesmente/meramente potestativa é aceita pelo Direito brasileiro. Nela, a eficácia do negócio jurídico depende da manifestação de vontade de apenas uma das partes, mas, também se sujeita à ocorrência de evento posterior.
VÍCIOS DO CONSENTIMENTO
Defeitos do Negócio Jurídico
ERRO - Em havendo erro ou ignorância a conseqüência é a anulação do negócio jurídico. Em teoria, sustenta-se que o erro é calcado de espírito positivo, a falsa percepção da realidade. O erro tem que ser:
Essencial ou substancial - Ele deve atacar a essência, o núcleo da declaração de vontade.
Perdoável ou escusável - A parte que invoca o erro deve ter cometido um erro que seria praticado pelo “homem médio”.
Espécies de erro (art. 139 CC)
Sobre o objeto - É o erro que incide nas características do objeto do negócio
Sobre o negócio. É o erro que incide no enquadramento da declaração negocial – ex.: confundir “emprestar com dar”
Sobre pessoa - A principal aplicação do erro sobre pessoa opera-se no casamento.
Erro de direito - Esse erro traduz a idéia do erro incidente sobre a licitude do próprio ato negocial.
Inexistindo prejuízo, não haverá erro.
DOLO 
Conceito - Segundo Clóvis Bevilaqua, o dolo é o artifício ou expediente astucioso empregado para induzir a parte a praticar um ato negocial que a prejudica.Para que o negócio jurídico seja invalidado, o dolo deve ser principal, ou seja, atacar a essência ou a causa do negócio. Caso o dolo seja apenas acidental, ou seja, incidir em aspectos secundários do negócio, nada invalidade, impondo apenas a obrigação de pagar perdas e danos (art. 146 CC).
Estado de perigo - Configura-se o estado de perigo, previsto no art. 156 CC, quando o agente, diante de uma situação de perigo de dano material ou moral conhecida pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa com o objetivo de salvar a si mesmo ou a pessoa próxima. Pela lei a aplicação da teoria do estado de perigo pressupõe que a outra parte do negócio conheça a situação de perigo (é o chamado dolo de aproveitamento). Ex.: exigência de cheque-caução nos hospitais como condição para o atendimento de emergência (REsp 796.739).
Lesão - A lesão, causa de invalidade do negócio jurídico, decorre da desproporção existente entre as prestações do negócio, em face do abuso da necessidade ou da inexperiência de uma das partes. Pelo art. 157 se extrai dois elementos da lesão, um elemento objetivo (“manifesta desproporção”) e outro elemento subjetivo (“necessidade ou inexperiência”). Vale lembrar que no âmbito da relação de consumo, a lesão é causa de nulidade absoluta por traduzir cláusula abusiva (art. 6, V, CDC).
Coação - Entende-se como coação a violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio que a sua vontade interna não deseja efetuar, não se pode considerar coação a ameaça do exercício regular de um direito nem o temor reverencial, Temor reverencial é o medo em relação a uma autoridade (pode ser sogro, patrão, etc.)
VÍCIOS SOCIAIS
Fraude contra credores - É um vicio do negocio jurídico que caracteriza-se pela prática de um ato negocial que diminui o patrimônio do devedor, prejudicando o credor preexistente. A doutrina clássica aponta dois elementos na fraude contra credores:
Consilium fraudis (má fé)
Eventus damni (dano ao credor) 
Ação que combate a fraude contra credores - Ação Pauliana
Simulação
Toda simulação é bilateral. Celebra-se um negócio jurídico que tem aparência normal, mas que, em verdade, não pretende atingir o efeito que juridicamente deveria produzir.
Tipos de simulação:
Simulação absoluta - As partes criam um negócio jurídico, destinado a não gerar efeito algum.
Simulação relativa ou dissimulação - As partes criam um negócio destinado a encobrir outro negócio de efeitos jurídicos proibidos por lei. Ex.: o cara simula uma compra e venda para mascarar uma doação à concubina (o que é proibido por lei).
Havendo simulação relativa ou absoluta o negócio deverá ser invalidado. Para o CC/02 a simulação é causa de nulidade absoluta. 
Prescrição e decadência 
O que prescreve na verdade é a pretensão e não a ação. A pretensão nasce no dia em que o direito é violado e morre no último dia do prazo prescricional – art. 189 CC.
Pretensão é o poder jurídico conferido ao credor de coercitivamente exigir o cumprimento da prestação inadimplida. 
Os prazos prescricionais no CC/02 encontram-se em dois artigos: 205 (geral de 10 anos) e 206 (prazos especiais). 
Todo prazo prescricional é legal (art. 178 CC).
Decadência
Direito potestativo - Não se caracteriza pelo conteúdo prestacional. Trata-se de um mero direito de sujeição que interfere na esfera jurídica de outrem sem que esta pessoa nada possa fazer.Prazo decadencial nada mais é do que o prazo para o exercício de um direito potestativo.

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