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DIREITO CIVIL AULA 03


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DIREITO CIVIL - AULA 02 (03/04/12)
Teoria do Fato Jurídico
- Conceito: Fato jurídico é todo acontecimento natural ou humano apto a criar, modificar ou extinguir relações jurídicas.
- Não se trata de qualquer eventualidade da natureza, mas todo fato relevante para o direito.
- Ex: uma chuva no meio do mar não pode ser entendida como fato jurídico. Mas uma chuva em uma cidade que destrói uma casa segurada é fato jurídico, pois é relevante para o direito.
- O Fato Jurídico, na visão do professor, se subdivide nas seguintes espécies:
Fato Jurídico em sentido estrito: esta expressão foi consagrada por Santoro Passarelli (jurista italiano). Os autores não divergem contra ele. Esta espécie é todo acontecimento natural que deflagre efeitos na órbita jurídica, podendo ser ordinário ou extraordinário. Ordinário é um fato comum, que pode ser uma chuva de verão que gera um alagamento. Extraordinário é um fato imprevisível, como é o caso de um tufão.
Ato-Fato: Ver subtópico.
Ações Humanas: É a principal espécie de fato jurídico. Se subdividem em ações humanas lícitas e ilícitas. 
Ações Humanas Lícitas: é denominado de ato jurídico. Se subdivide em:
Ato Jurídico em sentido estrito (não negocial): Ver subtópico.
Negócio Jurídico: Ver subtópico.
Ações Humanas Ilícitas: é denominado de ato ilícito
OBS: Autores existem, na linha do sociólogo Machado Neto, que colocam o ato ilícito como espécie de ato jurídico. Trata-se de uma posição filosófica respeitável. Todavia, preferimos seguir a linha de autores como Zeno Veloso, segundo o qual o ato ilícito é uma categoria própria, especialmente se considerarmos a autonomia de tratamento normativo dispensado pelo CC/2002. Vale acrescentar ainda que o ato ilícito, que será objeto das aulas de responsabilidade civil, é tratado separadamente, juntamente com o abuso de direito.
O CC/2002 tem uma estrutura sistemática, e demonstra que o ato jurídico está em um título próprio e o ato ilícito está em outro título diferente, separando-o em categoria própria.
OBS: Geralmente quando se pergunta a natureza jurídica de algo em direito civil, ou é pessoa, ou é bem, ou é um fato. Ex: O tempo tem que natureza jurídica? R: O decurso do tempo é um fato jurídico em sentido estrito de caráter ordinário.
Ato Jurídico em Sentido Estrito:
- Conceito: O ato jurídico em sentido estrito consiste em um comportamento humano voluntário e consciente, que deflagra efeitos jurídicos predeterminados na lei.
- Há uma autonomia para realizar o comportamento, mas não há liberdade negocial, ou seja, da escolha dos efeitos jurídicos, pois eles são predeterminados pela lei.
- Ex: O sujeito anda na rua e vê uma pedra no chão, e o sujeito se apropria desta pedra. O ato é voluntário, mas ao se assenhorar de uma propriedade de ninguém é um efeito que não é escolhido, mas sim automático.
- Ex: A tomada de posse é um ato jurídico em sentido estrito. Ao tomar a posse do imóvel, toma-se um ato voluntário. O efeito da posse é automático. Ao praticar os atos referentes à posse, o efeito é dado pela lei automaticamente.
- Ex: atos de comunicação, como a intimação, a citação, a notificação são de sentido estrito, já que o ato é voluntário. Mas o efeito é automático e predeterminado na lei, que é justamente comunicar. Não poderá pedir na notificação do descumprimento do contrato e a condenação ao pagamento de indenização por este descumprimento.
- Ex: O reconhecimento de paternidade é um ato em sentido estrito, pois é um comportamento voluntário exercido pelo direito, mas os efeitos quem dá é a lei. Não poderá o pai delimitar a abrangência deste reconhecimento, pois os efeitos já estão predeterminados.
Negócio Jurídico:
- Diferentemente, o negócio jurídico, categoria desenvolvida pela escola alemã, é espécie de ato jurídico de envergadura muito maior, na medida em que, à luz do princípio da autonomia privada, em maior ou menor grau, sempre haverá algum espaço de liberdade de escolha no âmbito dos efeitos jurídicos que se pretende alcançar.
- Alguns autores afirmam que o negócio jurídico é a categoria mais importante do direito privado.
- O negócio jurídico movimenta as engrenagens das relações privadas em todo o planeta, e por esse motivo, foi crucial para a evolução da sociedade humana.
OBS: O denominado contrato por adesão, figura jurídica reconhecida por Raymond Saleilles em 1901, não infirma ou afasta a básica idéia segundo a qual todo negócio pressupõe uma margem mínima de liberdade, ainda que seja para aderir ou não à proposta formulada.
Ato-Fato:
- Pontes de Miranda é que criou esta categoria, que de acordo com ele, estaria entre o fato da natureza e o ato jurídico.
- Esta categoria não está prevista no CC/2002, e não é todo autor que aceita. Para concurso é muito aprofundado e devemos ter somente uma idéia do que seria.
- Conceito: O ato-fato, diferentemente do ato jurídico em sentido estrito, é um comportamento que, embora derive do homem, é desprovido de vontade consciente na sua realização e produção dos seus efeitos jurídicos.
- O ato-fato é uma conduta involuntária, e que ainda sim deflagra efeitos na órbita do direito. Quem realiza o ato-fato não tem consciência dos efeitos jurídicos que serão produzidos.
- Ex: Uma criança vai até a padaria e pede um chocolate. Neste caso, não seria um contrato de compra e venda, pois a criança não tem noção do seu ato. Mas este fato tem efeitos no negócio jurídico, apesar da criança não ter consciência na produção de seus efeitos. Desta forma, estaria caracterizado o ato-fato.
NEGÓCIO JURÍDICO (DE FORMA ESPECÍFICA):
- O direito positivo brasileiro adotou um sistema dualista, reconhecendo, ao lado do ato jurídico em sentido estrito (art. 185), a categoria mais importante do negócio jurídico (arts. 104 e ss. do CC).
- Conceito: O Negócio Jurídico, baseado na autonomia privada, traduz uma declaração de vontade limitada pelos princípios da função social e boa-fé objetiva, pela qual o agente pretende livremente alcançar determinados efeitos juridicamente possíveis.
- A Escola Antiga do Direito Civil dava autonomia irrestrita para o negócio jurídico. Mas hoje, o negócio jurídico deve estar respaldado pela Constituição, limitada a parâmetros sociais, no que diz respeito aos limites da função social e da boa-fé objetiva. Assim, a autonomia não é absoluta, mas restrita a estes princípios. A autora Judith Martins Costa afirma que nós vivemos hoje na era da “autonomia solidária”.
Teorias Explicativas do Negócio Jurídico:
- A doutrina se dividiu em duas teorias fundamentais para tentar explicar o negócio jurídico (são de origem alemã):
Teoria da vontade: chamada de Willenstheorie;
Teoria da declaração: chamada de Erklärungstheorie.
- A teoria da vontade afirma que o núcleo essencial do negócio jurídico seria a vontade interna, a intenção do agente. É verificada no art. 112, do CC.
- A teoria da declaração afirma que o negócio jurídico teria a sua essência, não na vontade interna, mas na vontade externa ou declarada. Esta teoria é mais objetiva.
- As duas teorias não são contraditórias, mas sem complementam, no sentido que a vontade externa é a exteriorização da vontade interna. A vontade interna é a causa da vontade externa declarada.
- Assim, o negócio jurídico é a soma da vontade interna com a vontade externa declarada.
- Se houver um descompasso entre estas duas vontades, haverá um vício ou defeito no negócio jurídico.
OBS: O que é teoria da pressuposição? R: Baseada nas idéias de Windschied, esta teoria sustentava a invalidade do negócio jurídico, quando a certeza subjetiva do declarante não se confirmasse ao tempo da execução do negócio.
Planos de Análise do Negócio Jurídico:
- A análise do Negócio Jurídico é dividida em três planos: Plano de Existência, Plano de Validade e Plano de Eficácia.
- Alguns autores não aceitam a autonomia do Plano de Existência, por entenderem de que este plano é tão óbvio, que seria desnecessário analisá-lo. O nosso CC não diz sobre o Plano de Existência, iniciando-se, no art. 104 do CC,pelo Plano de Validade, passando para o Plano de Eficácia. Mas o professor entende que deve haver o Plano de Existência.
1) Plano de Existência:
- É um plano substantivo, em que estuda a substância, a existência do negócio, sem os quais ele nada é.
- Para chegar ao plano de validade, obviamente deve se passar pelo plano de existência.
- Os pressupostos que compõem o plano de existência são quatro: manifestação de vontade, agente, objeto e forma.
- Se faltar qualquer um destes pressupostos, o negócio é inexistente.
- O objeto neste caso é o bem da vida envolvido.
- A forma é o meio pelo qual a vontade se manifesta. É o revestimento externo da vontade. Ex: forma escrita, forma oral, forma mímica (chamar o ônibus no ponto).
OBS: O requisito existencial da forma sofre uma mitigação. Seguindo sistemas estrangeiros como o belga, o francês, o alemão e o suíço, o direito brasileiro, em situações excepcionais (art. 111 do CC) aceita o silêncio como forma de manifestação da vontade. Ex: na doação pura, se houver um prazo para o donatário autorizar ou não a doação, o silêncio dele importa em aceitação.
OBS: Na próxima aula, ao estudarmos o dolo, veremos ainda a conexão do silêncio com a invalidade do negócio jurídico e o venire contra factum proprium.
2) Plano de Validade (art. 104, CC):
- É um plano que qualifica o negócio jurídico, é um adjetivo. 
- Só é possível perguntar sobre o plano de validade se o negócio jurídico existir.
- Os pressupostos de validade são pressupostos qualificativos, para que ele tenha aptidão para gerar efeitos. Se os pressupostos são qualificativos, obviamente que os planos de validade são os planos de existência qualificados.
- Para que o negócio jurídico exista, deve concorrer vontade, agente, objeto e forma. A vontade deve ser livre e de boa-fé, o agente deve ser capaz e legitimado, o objeto deve ser lícito, possível e determinado (determinável), e a forma deve ser livre ou prescrita em lei.
- Se a vontade não é livre, o agente não é capaz, o objeto não é lícito ou a forma não é a prescrita em lei, o negócio jurídico existirá, mas ele não será válido.
- Os defeitos do negócio jurídico geralmente atacam o pressuposto de manifestação de vontade (livre e de boa-fé).
- Para que o negócio exista, deve haver a vontade, mas para que seja válido, esta vontade deve ser livre e de boa-fé. Assim é com os outros pressupostos.
OBS: Quanto à forma, vigora no Brasil, à luz do art. 107, o princípio da “liberdade da forma”. Ou seja, a regra é que no Brasil o negócio jurídico tem forma livre.
- Ocorre que quando a lei prescreve a forma para determinado negócio jurídico, ela descreve para efeito de prova em juízo (art. 227) ou como pressuposto de validade (art. 108). Para efeito de prova em juízo, se não adotar a forma prescrita, não será possível provar em juízo o negócio jurídico. Quando a lei prescrever para efeito de prova em juízo, este negócio é chamado de ad probationem. Quando a lei prescreve a forma como pressuposto de validade, o negócio é solene, e é chamado de ad solemnitatem.
- Esta segunda forma, a ad solemnitatem é a que interessa para o Plano de Validade.
- Um exemplo de forma prescrita em lei é o art. 108 do CC, e é muito importante para o direito Brasileiro. Este artigo prescreve a forma pública, que, se não for observado, causará a invalidade do negócio jurídico. Esta é a regra, e a exceção está no OBS.
OBS: Independentemente do valor, não se exige escritura pública, por exemplo, para contratos de promessa de compra e venda (não importando o valor), ou que tenham por objeto aquisição de imóvel sujeito ao SFH (Sistema Financeiro de Habitação), nos termos do art. 61 da L. 4.380/64.
OBS: Diferença entre a forma (pressuposto de existência) e a forma (pressuposto de validade). Ex: Compra e venda de imóvel que é feita através de instrumento particular. Neste caso o negócio jurídico, apesar de existente, é inválido.
3) Plano de Eficácia:
- Estuda os elementos acidentais do Negócio Jurídico que são: condição, termo e modo e encargo.
- Será analisado em uma aula separada.
Esquematizando - Negócio Jurídico:
Plano de Existência:
Manifestação de vontade;
Agente;
Objeto;
Forma.
Plano de Validade:
Manifestação de vontade livre e de boa-fé;
Agente capaz e legitimado;
Objeto lícito, possível e determinado (determinável);
Forma livre ou prescrita em lei.
Plano de Eficácia:
Condição;
Termo
Modo/encargo.