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DIREITO CIVIL AULA EXTRA 05

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DIREITO CIVIL - AULA EXTRA 05 (20/07/12)
01) Análise do art. 927, p. único, CC
- Traz a cláusula geral de responsabilidade civil objetiva.
- Então, no CC/2002, a responsabilidade subjetiva é a regra, como está descrito no caput do art. 927.
- A responsabilidade civil objetiva pode ter duas origens: 1) A lei; 2) Uma atividade de risco.
- O ou que está entre a lei e a atividade de risco é importante, pois consagrou que a responsabilidade objetiva não depende de lei, podendo ter construção jurisprudencial.
- Ex. resp. objetiva derivada de lei: CDC; Responsabilidade objetiva ambiental (causador do dano), prevista no art. 14, § 1º, L. 6.938/81.
- Atividade de risco é uma cláusula geral que deve ser conceituada conforme o caso concreto. Atividade é uma soma de atos coordenados com finalidade específica (conceito de Túlio Ascarelli). Risco é uma probabilidade de dano ou prejuízo (conceito de Limongi França). O risco não é o perigo, mas está acima da situação de normalidade.
- O Enunciado 38 da I Jornada traz a idéia do que seria o risco: “configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar a pessoa determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade”.
- O Enunciado 448 da V Jornada afirma que: “O art. 927, p. único ... traz um risco especial e diferenciado (acima da situação de normalidade) ... São critérios de avaliação desse risco, entre outros, a estatística, a prova técnica e as máximas de experiência”.
- Ex. de aplicação da cláusula geral de resp. objet. (art. 927, p. único, segunda parte, CC): Acidente de trabalho, quando o empregado está submetido ao risco pela atividade do empregador. Pelo art. 7º, XXVIII, CF a resp. do empregador é subjetiva, mas como exceção, quando houver atividade de risco, a responsabilidade do empregador será objetiva. Alguns exemplos são atividade de motorista, motoboy, construção civil, segurança, etc.
- Ex2: Ambientes virtuais e sites de relacionamento. Existem julgados aplicando o art. 927, p. único, CC, o que geraria uma resp. objetiva das empresas que administram o site (TJMG, TJPR e TJRJ). O STJ entende que o art. 927, p. único, CC não se aplica aos ambientes virtuais, pois não haveria risco (REsp. 1.186.616/MG). A empresa que administra o site teria uma resp. subjetiva, só respondendo se não retirar a informação ofensiva após pedido da vítima.
- Ex3: Ver Enunciado 447, V Jornada: “As agremiações esportivas são objetivamente responsáveis pelos danos causados a terceiros pelas torcidas organizadas, agindo nessa qualidade, quando, de qualquer modo, as financiem ou custeiem, direta ou indiretamente, total ou parcialmente”.
02) Excludentes de responsabilidade civil (excludentes de nexo de causalidade)
- O nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta e o dano.
- Estas excludentes servem tanto para a responsabilidade subjetiva como para a objetiva. Muitos pensam que quando há responsabilidade objetiva, o agente já está condenado, mas não é assim, pois o agente tem argumentos de defesa, que são as excludentes.
- São as excludentes: 
02.1) Culpa ou fato exclusivo da vítima
- O evento danoso foi causado pura e exclusivamente por uma conduta da própria vítima.
- Trata-se como fato exclusivo da vítima quando diz respeito a responsabilidade objetiva, já que nesta modalidade não há culpa.
- Ex: fumante ou familiar de fumante que demanda a empresa de cigarro (Informativo 432 e 435 do STJ).
OBS: A culpa ou fato concorrente da vítima apenas atenua a responsabilidade civil (art. 945, CC), gerando diminuição da indenização.
- O Enunciado 459, V Jornada afirma que a conduta da vítima pode ser fator atenuante do nexo de causalidade na responsabilidade civil objetiva. Ex: “Pingente de trem” – fato concorrente da vítima, atenuando a responsabilidade objetiva do transportador (REsp. 226.348/SP) Para o próprio STJ, o caso de “surfista de trem” é fato exclusivo da vítima (REsp. 160.051/RJ). O pingente é o que fica ao lado e o surfista fica em cima do trem.
02.2) Culpa ou fato exclusivo de terceiro
- Terceiro é pessoa totalmente estranha à relação jurídica, sem qualquer relação de confiança ou de pressuposição (dar atribuição a terceiro - preposto).
- Ex: alguém tem o carro roubado à mão armada. O assaltante causa um acidente com o veículo. O dono do veículo não responde.
- No caso de empréstimo do veículo, o dono responderá.
- CUIDADO: A culpa ou fato exclusivo de terceiro não é excludente no transporte de pessoas, havendo acidente com o passageiro (art. 735, CC).
- Caso da GOL: aplica-se o dispositivo acima que é mais favorável aos consumidores do que o próprio CDC, pois pela última norma culpa exclusiva de terceiro (pilotos do Legassi e controladores de vôo) é excludente de responsabilidade civil (art. 14, § 3º). Trata-se da aplicação da teoria do diálogo das fontes, em que as normas não se excluem, elas se complementam.
02.3) Caso fortuito e força maior (art. 393, CC)
- 1ª Corrente (Pontes de Miranda): Os conceitos são sinônimos. Eventos não previstos pelas partes.
- 2ª Corrente (Orlando Gomes): O caso fortuito é o evento totalmente imprevisível. A força maior é o evento previsível mas inevitável.
- Doutrina e jurisprudência têm analisado o caso fortuito e a força maior de acordo com o risco do negócio ou risco do empreendimento. Assim, os eventos podem ser internos e externos. Os eventos internos têm relação com o risco do negócio e não são caso fortuito ou força maior. Os eventos externos não têm relação com o risco do negócio e são caso fortuito e força maior (fato desconexo à atividade – Enunciado 443 da V Jornada).
- Ex1: Assalto a ônibus. Trata-se de evento externo. A empresa de ônibus não responde (REsp. 783.743/RJ, REsp. 402.227/RJ e REsp. 714.728/MT).
- Ex2: Assalto a banco. Evento interno (entra no risco do empreendimento). O banco responde (REsp. 694.153/PE).
- Ex3: Assalto a Shopping Center. Evento interno. O shopping responde, pois “vende” segurança (REsp. 582.047/RS).
- Ex4: Ataque de psicopata a shopping (caso Mateus da Costa Meira). Evento externo, reformando decisão do TJSP. O shopping não responde, pois o ataque está fora do risco do empreendimento (REsp. 1.164.889/SP).
03) Dano moral. Aspectos principais
- Conceito de dano moral: Existem duas correntes principais:
1ª corrente (majoritária): o dano moral constitui lesão aos direitos da personalidade. Entendimento de Limongi França, Maria Helena Diniz e Venosa.
2ª corrente (minoritária): o dano moral constitui lesão à dignidade humana (Gustavo Tepedino, Maria Celinaa Bodin e Cristiano Chaves).
- Então, a 1ª corrente é majoritária, pois a PJ pode sofrer dano moral, mesmo não tendo dignidade humana (Súmula 227, STJ).
- O dano moral da PJ atinge a sua honra objetiva (reputação social) e nunca sua honra subjetiva (reputação pessoal). Ex: Inscrição indevida do nome da PJ em cadastro de inadimplentes.
- Prevê o art. 52 do CC que a PJ tem direitos da personalidade por equiparação. O tema é divergente na doutrina (ver Enunciados 189 e 286 das Jornadas STJ).
- ATENÇÃO: no dano moral não há necessidade de sentimentos humanos desagradáveis, como dor ou sofrimento (Enunciado 445 da V Jornada). Ex: dano moral da PJ.
- Também no caso de depósito antecipado de cheque pós-datado (Súmula 370 do STJ), não necessariamente haverá sentimento desagradável.
03.1) Classificações do dano moral
I) Quanto à necessidade de prova:
a) Dano moral subjetivo: É aquele que necessita ser provado.
b) Dano moral objetivo: É o dano moral presumido ou in re ipsa. Ex: morte de pessoa da família (art. 948, CC); lesão à personalidade do morto (art. 12, P. único, CC); uso indevido de imagem para fins patrimoniais (Súmula 403, STJ).
OBS: O STJ tem entendido que a inscrição indevida em cadastro negativo gera dano presumido. Porém, se a pessoa já tiver inscrições anteriores de valores devidos, não cabe indenização por dano moral (Súmula 385, STJ).
II) Quanto à pessoa atingida:
a) Dano moral direto: atinge a própria pessoa, a sua honrasubjetiva ou objetiva. Ex: crimes contra a honra (art. 953, CC).
b) Dano moral indireto ou “em ricochete” (Caio Mário da Silva Pereira): atinge a pessoa de forma reflexa. Ex: morte de pessoa da família (art. 948, CC), lesão à personalidade do morto (art. 12, p. único, CC) e perda de objeto de estima (art. 952, CC).
03.2) Questões controvertidas quanto aos danos morais
A) Danos morais x transtornos:
- O dano moral não se confunde com os meros aborrecimentos que a pessoa sofre no seu dia-a-dia, principalmente com aqueles decorrentes de prejuízo material (Enunciado 159, III Jornada).
- Ex1: A perda de uma frasqueira contendo objetos de maquiagem não gera dano moral (STF, RE. 387.014/SP).
- Ex2: Encontrar inseto em um produto e não consumi-lo não gera dano moral (Informativo 426, STJ). Se o produto for consumido, o dano moral estará presente (Informativo 472, STJ).
- Ex3: O medo descumprimento de um contrato, por si só, não gera dano moral (STJ, AgRg 303.129/GO). Porém, se o contrato envolver valor fundamental presente na CF/88 o dano moral pode estar configurado (Enunciado 411, V Jornada). Ver sobre plano de saúde REsp. 880.035/PR.
B) Dano Estético
- Para o STJ, o dano estético é terceira modalidade de dano, cumulável com o dano moral (Súmula 387). Para o STJ, haveria uma lesão a mais à personalidade.
C) Dano moral coletivo
- Atinge vários direitos da personalidade ao mesmo tempo. Existem polêmicas a respeito de sua reparação na jurisprudência do STJ (ver Informativo 418, STJ).
- No âmbito privado, cabe indenização por dano moral coletivo, por expressa previsão do CDC (art. 6º, VI). Ex: caso das “pílulas de farinha” (REsp. 866.636/SP).
03.3) Tabelamento e Quantificação dos danos morais
- Os civilistas não são favoráveis ao tabelamento do dano moral, havendo lesão à isonomia constitucional (art. 5º, caput, CF).
- O STJ também não admite tabelamento (Súmula 281 e Informativo 470, STJ).
- São os critérios para a quantificação da indenização por danos morais, para compensação da vítima:
a) Extensão do dano (art. 944, caput, CC). Ex: Número de vítimas.
b) Grau de culpa do agente e contribuição causal da vítima (art. 944, p. único e art. 945, CC).
c) Condições gerais dos envolvidos: sociais, econômicas, psicológicas e culturais.
d) Caráter pedagógico, educativo ou até punitivo da indenização (EUA – “punitives damages”). A indenização por dano moral tem natureza principal reparatória e natureza acessória educativa ou punitiva (Enunciado 379, IV Jornada).
e) Vedação do enriquecimento sem causa (art. 884, CC). A indenização deve ser fixada com razoabilidade.
OBS1: É comum a fixação em salários mínimos (Súmula 490, STF).
OBS2: O Min. Paulo de Tarso Sanseverino criou um modelo bifásico de quantificação (Informativo 470, STJ). Na 1ª fase, deve-se levar em conta os precedentes do STJ sobre a matéria (grupo de julgados). Na 2ª fase o magistrado aplica os critérios acima para o caso concreto.

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