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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA E MICROBIOLOGIA DISCIPLINA PARASITOLOGIA VETERINÁRIA CURSO MEDICINA VETERINÁRIA PROFª. LUANNA SOARES TOXOPLASMOSE Toxoplasmose • Classificação • Reino : Protista • Sub-reino: Protozoa • Filo: Apicomplexa • Classe: Coccidea • Subclasse: Coccidiasina • Ordem: Eucoccidiorida • Família: Sarcocystidae • Gênero: Toxoplasma • Espécie: Toxoplasma gondii Toxoplasmose • Histórico • Inicialmente descrito em 1908 por Charles Nicolle e Louis Hubert Manceaux (1865-1943) em amostras de fígado do roedor Ctenodatylus gondii na África • Em 1909 Nicolle e Manceaux descreveram o parasito e criaram o gênero Toxoplasma e a espécie T. gondii • O nome do gênero deriva do grego “toxon”= arco, em referência à forma crescente do organismo Toxoplasmose • Histórico • 1923: primeiro caso humano de toxoplasmose descrito por Jankú na Rússia (lesão de retina em uma criança) • 1937: transmissão congênita humana descrita por Wolf & Cohen • 1940: transmissão adquirida demonstrada por Pinkerton • Década de 70: vários laboratórios estabelecem que os felinos são os hospedeiros definitivos Toxoplasmose • Epidemiologia • Parasita intracelular obrigatório • Infecta quase todos os tipos de células nucleadas • Distribuição mundial • Prevalência aumenta com a idade • OMS estima 50-60% da pop mundial esteja infectada • Reservatórios naturais: mamíferos e aves • Hospedeiro definitivo: gato doméstico e outros felídeos • Hospedeiros Intermediários: Homem e outros animais • Caráter oportunista em pacientes imunocomprometidos Toxoplasmose • Epidemiologia • Estima-se que a prevalência de infecção crônica varie de 10-75% na população de diversos países do mundo • A maioria das pessoas não apresentam sintomas ou somente sintomas benignos (dor de cabeça, dor de garganta, linfoadenomegalia e febre) • Doença severa: • 1) toxoplasmose congênita (transmissão materno-fetal) • 2) toxoplasmose ocular em adultos imunocomprometidos • 3) neurotoxoplasmose Toxoplasmose • Epidemiologia Toxoplasmose • Morfologia e Habitat • Nos felídeos podem ser encontradas as formas do ciclo sexuado nas células do epitélio intestinal, formas do ciclo assexuado em outros locais do hospedeiro e também formas de resistência no meio exterior junto com as fezes • As formas infectantes que o parasito apresenta durante o ciclo biológico são: taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos Toxoplasmose Toxoplasmose • Ciclo intestinal no gato Toxoplasmose • Oocistos • Não é infeccioso antes da esporulação • Oocistos não esporulados são esféricos • Oocistos esporulados são elipsóides • Cada oocisto possui 2 esporocistos elipsóides • Cada esporocisto contém 4 esporozoítos • Os oocistos aparecem nas fezes dos gatos entre 3-5 dias após a ingestão de cistos teciduais ou entre 20-34 dias após a ingestão de oocistos Toxoplasmose • Infecção do Hospedeiro Intermediário • O oocisto esporulado libera os esporozoítos • Os Esporozoítos penetram no epitélio intestinal e invadem vários tipos celulares, particularmente células mononucleares • Taquizoítos (do grego taqui=rápido) são liberados e irão invadir novas células • Disseminam-se por via sanguínea ou linfática • Invadem o tecido muscular, nervoso (cérebro) e vísceras → Fase aguda da doença Toxoplasmose • Taquizoítos causam a patologia da infecção aguda • Eles dividem-se rapidamente e agressivamente, destruindo tecidos • Podem cruzar a barreira hemato-encefálica e transplacentária Toxoplasmose • Infecção do Hospedeiro Intermediário • Quando a resposta imune torna-se mais potente, o parasita passa a se dividir mais lentamente e formam-se cistos teciduais contendo formas conhecidas como bradizoítos (do grego bradi=lento) • Fase crônica em que se perpetua a infecção Toxoplasmose • Cistos contendo bradizoítos latentes mantém a infecção por toda vida • Bradizoítos: • Marcam o início da fase crônica da infecção • São resistentes a pH baixo e a enzimas digestivas quando passam pelo estômago • São resistentes a várias as drogas disponíveis atualmente Toxoplasmose • Cistos contendo bradizoítos latentes mantém a infecção por toda vida • Cistos: • Formam-se preferencialmente no cérebro, nos músculos esquelético e cardíaco e no globo ocular • São altamente infectivos se ingeridos Toxoplasmose Toxoplasmose • Transmissão • Ingestão de oocistos maduros (contendo esporozoítos) eliminados pelas fezes de gatos ou de outros felinos • Ingestão de cistos (contendo bradizoítos) presentes em carne crua ou mal cozida (porco, carneiro, bode) • Ingestão de leite cru (não pasteurizado) contendo taquizoítos • Transplante de órgãos ou transfusão sanguínea → taquizoítos • Transmissão placentária → taquizoítos • Inoculação acidental de taquizoítos Toxoplasmose • Sintomatologia • Normalmente assintomática (~ 90% dos indivíduos) • Forma Adquirida (em indivíduos imunocompetentes) • Período de incubação (10 a 20 dias) • Sintomas: • Febre • Mialgia • Linfoadenomegalia • Cefaléia • Lesão ocular (Coriorretinite) – normalmente unilateral Toxoplasmose • Patogenia • Forma congênita: • Gestante em fase aguda • Marcador sorológico – IgM e IgA • Risco de transmissão aumenta com o tempo de gravidez • 1º trimestre – 25% • 2º trimestre – 40% • 3º trimestre – 65% • Gravidade da doença no feto é inversamente proporcional ao tempo de gestação Toxoplasmose • Toxoplasmose Congênita Toxoplasmose • Neurotoxoplasmose/HIV Toxoplasmose Toxoplasmose • Diagnóstico em Humanos • Clínico (sugestivo) • Laboratorial - Fase aguda: • Sorológico – detecção de IgM ou IgG • Parasitológico - demonstração do parasita em biópsia ou necropsia • Isolamento em cultura de células • Inoculação de amostras clínicas em animais de laboratório • Molecular – PCR Toxoplasmose • Diagnóstico em Humanos • Laboratorial – Fase crônica • Sorológico – detecção de IgG • Pesquisa de anticorpos: • Perfil I (fase aguda): IgM, IgA e IgE presentes, IgG de baixa avidez • Perfil II (período de transição): IgA e IgE ausentes, IgM baixa, IgG com avidez crescente • Perfil III (fase crônica): IgG com alta avidez Toxoplasmose • Diagnóstico em Humanos • Toxoplasmose Congênita • Feto/Recém nascido: • Pesquisa de ACs no sangue (pode ser mais difícil por causa dos Acs da mãe) • No recém-nascido, o isolamento do parasita pode ser feito a partir de amostras do líquido amniótico • Pesquisa de DNA do parasita no líquido amniótico Toxoplasmose • Diagnóstico em Gatos • Testes sorológicos – IFI e ELISA • Presença de oocistos nas fezes • Necrópsia – inflamação, necrose das céls intestinais Toxoplasmose • Tratamento para Humanos Toxoplasmose • Tratamento para Gatos • Pirimetamina com sulfadiazina (15mg/kg) eficaz contra taquizoítos, mas não contra bradizoítos, porém parece ser tóxica em gatos • A clindamicina é o medicamento de escolha para cães e gatos, 15-25mg/Kg, V.O, 2-3x ao dia, 21 dias • Nos casos de uveíte anterior: administração tópica de acetato de prednisona a 1%, 2 gotas em cada olho, 3-4x ao dia Toxoplasmose • Profilaxia • Educação sanitária • Saneamento ambiental • Evitar contato direto com fezes de gatos • Limpeza de caixas de areia, remoção de fezes • Controlede roedores e de insetos sinantrópicos • Não ingerir carne crua ou mal cozida • Não ingerir leite cru Toxoplasmose • Profilaxia • Higiene pessoal • Higienização adequada das frutas e verduras • Alimentar gatos somente com ração e mantê-las em recipientes fechados • Monitorar a infecção do rebanho, pela utilização de testes sorológicos • Monitorar as causas de aborto no rebanho Toxoplasmose • Profilaxia • Acompanhamento da Gestante • Exame pré-natal: • IgM, se infecção aguda • IgG, se infecção crônica ou já teve contato com o parasita Toxoplasmose • Profilaxia • Acompanhamento da Gestante: • Exame pré-natal • IgM trimestralmente • IgG se infecção crônica ou já teve contato com o parasita Toxoplasmose A culpa não é do gato!!! Neospora caninum • ESPÉCIE: Neospora caninum • HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cão • HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS: Bovinos, caprinos, ovinos, bubalinos, equinos e cervídeos Neospora caninum • Morfologia • Oocistos medem entre 10 a 12μm • Os taquizoítos e cistos são as formas encontradas intracelularmente no hospedeiro intermediário • Os taquizoítos possuem forma de meia lua e medem em torno de 6 X 2μm e podem ser encontrados em diferentes células do corpo • Os cistos possuem forma oval, sendo encontrados nas células do sistema nervoso • Dentro dos cistos estão presentes os bradizoítos, que são alongados medindo em torno de 7 x 1,5μm Neospora caninum • Ciclo Biológico • O parasito, sob reprodução sexuada, se reproduz no intestino do cão e, posteriormente, seus oocistos são levados ao ambiente pelas fezes • A esporulação ocorre no meio, dentro de três dias, não sendo, portanto, infecciosos em fezes frescas • Os oocistos esporulados contêm dois esporocistos, com quatro esporozoítos cada um • Os oocistos são resistentes no ambiente e permanecem viáveis por longo período até serem consumidos pelo hospedeiro intermediário Neospora caninum • Ciclo Biológico • Após a ingestão dos oocistos esporulados, pelo hospedeiro intermediário, os esporozoítos desencistam- se e invadem os tecidos desenvolvendo uma infecção sistêmica (reprodução assexuada, esquizogonia) • O parasito forma principalmente no cérebro, cistos chamados de bradizoítos. Estes, apesar de estarem em estado latente, quando ingeridos pelo cão são infecciosos • No cão esses bradizoítos penetram nas células intestinais onde fazem a reprodução sexuada (gametogonia) eliminando oocistos para o meio ambiente Neospora caninum • Sinais Clínicos • Abortamento no hospedeiro intermediário em qualquer época da gestação, fetos podem morrer no útero • Reabsorção fetal, mumificação fetal, fetos autolisados, natimortos, bezerros deformados • Nascimento de bezerros com sinais neurológicos: encefalomielite, paralisias, ataxia motora (incoordenação motora), perda de peso, exoftalmia, olhos assimétricos • A maioria dos bezerros com neosporose morrem nas quatro primeiras semanas de vida • Não há relatos de infecção em humanos Neospora caninum • Diagnóstico • Testes sorológicos: imunofluorescência indireta (IFI) e ensaio imunoenzimático (ELISA) • Fetos abortados – exames histopatológicos (cérebro, fígado e coração) e testes sorológicos • Teste de imunohistoquímica dos tecidos fetais • Isolamento e cultura do agente • Testes moleculares – PCR Neospora caninum • Diagnóstico • Exame Parasitológico de Fezes de cães – presença de oocistos de Neospora caninum • Para confirmar se o aborto foi causado por Neospora caninum, o parasito deve ser encontrado nos tecidos fetais Neospora caninum • Controle • Evitar que os cães contaminados defequem nos depósitos de alimentos e bebedouros das fazendas • Usar depósitos fechados cobrindo os silos com lonas plásticas após sua abertura • Educar a população a castrar os cães nas fazendas vizinhanças • Castrar cães que não são necessários à reprodução • Orientar seus vizinhos que mantenham seus cães nas suas propriedades Neospora caninum • Controle • Fetos abortados ou restos placentários devem ser enterrados e/ou incinerados • Alimentar os cães somente com ração comercial, evitando que os mesmos se alimentem de carne crua ou mal cozida • Comunicar as autoridades locais (vigilância sanitária) sobre a presença de cães sem dono
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