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Doenças parasitárias CISTICERCOSE, HIDATIDOSE, TOXOPLASMOSE E LEISHMANIOSE COMPLEXO TENÍASE – CISTICERCOSE Definição: Teníase: provocada pela presença do parasita adulto (Taenia solium ou Taenia saginata) no intestino delgado do homem. Nome popular: tênia, solitária. Cisticercose humana: causada pela larva da Taenia solium (Cysticercus cellulosae) nos tecidos. Nome popular: canjiquinha, pipoca. Agente etiológico: Teníase: • Forma adulta da Taeniasoliume da Taeniasaginata. • Filo Platyhelminthes • Classe: Cestoda • Família: Taeniidae Cisticercose: • Humanos => Cysticercus cellulosae (larva da T. solium) • Suínos => Cysticercus cellulosae • Bovinos => Cysticercus bovis (larva da T. solium) HD: apenas o homem. HI: apresentam a forma larval nos tecidos (cisticercose). Suínos domésticos e javalis => T. solium (Cysticercus cellulosae) Bovinos => T. saginata (Cysticercus bovis) Transmissão: Teníase: Ingestão de carne de boi ou de porco mal cozida contendo o Cysticercus bovis ou o Cysticercus cellulosae. Cisticercose humana: Ingestão acidental dos ovos da T.solium presentes no alimento ou água contaminados. Ciclo biológico: Período de incubação: Teníase: Aproximadamente 3 meses após a ingestão da larva. Cisticercose: De 15 dias a vários anos após a infecção. Sinais clínicos em humanos: Teníase: em geral ocorre infecção assintomática. Pode ocorrer náuseas, fraqueza, dores abdominais, perda de peso, flatulência, diarreia ou constipação. Presença de proglotes nas fezes. Cisticercose: Alterações dependem da localização do cisticerco, quantidade, fase de desenvolvimento e resposta imune do hospedeiro. Localização no SNC = neurocisticercose = convulsões, distúrbios de comportamento, hipertensão intracraniana e alterações oftálmicas. Sinais clínicos e lesões nos animais: Em geral, animais não apresentam sinais clínicos; Lesões são visíveis apenas nas avaliações post mortem. Diagnóstico: Teníase: eliminação de proglotes nas fezes, EPF. Cisticercose: • Teste sorológico específicos (fixação do complemento, imunofluorescência e hemaglutinação) no soro e líquor; • Exames de imagem (rx, tomografia e ressonância magnética) => identificação dos cisticercos; • Biopsia de tecidos => identificação microscópica da larva. • Em animais => achados post mortem. Prevenção e controle: Trabalho educativo em escolas e comunidades; • Não consumir carnes mal cozidas, medidas de higiene, etc Tratamento dos indivíduos afetados; Inspeção sanitária da carne; Fiscalização de produtos de origem animal; Cuidados na criação de suínos; Saneamento básico; Hábitos de higiene; HIDATIDOSE: Doença crônica causada pela forma larval da tênia Echinococcus granulosus (cisto hidático). Nome popular: bolha d’água, hidátide. Agente etiológico: Echinococcus granulosus Filo: Platyhelminthes Classe: Cestoda Família: Taeniidae Parasita adulto: • Escólexgloboso, • Possui quatro ventosas; • Presença de ganchos; • Contém 3-4 proglotes; • 0,5 cm comprimento; Ovos: • Pequenos e redondos; Cisto hidático: • 5 a10cm; • Contorno esférico; • Esbranquiçado; Ciclo biológico: HD: parasita adulto no ID; • Cães e canídeos selvagens. • Cães => adquirem o parasita através da ingestão de vísceras cruas de herbívoros contendo o cisto hidático fértil. HI: parasitados pela forma larval – cisto hidático. • Ovinos suínos e homem (acidental). • Herbívoros => adquirem a hidatidose através da ingestão dos ovos de E. granulosus presentes na pastagem ou água contaminados com as fezes de cães parasitados • Humanos => ingestão dos ovos presentes na água ou alimentos contaminados, ou através do contato direto com cães parasitados (ovos aderidos aos pelos e ao focinho). Período de incubação: Longo e geralmente assintomático. Infecção pode ocorrer na infância e a manifestação clínica surgir apenas na vida adulta. Doença de manifestação tardia => crescimento lento dos cistos hidáticos. Sinais clínicos em humanos: Grande volume de cistos => compressão dos órgãos afetados. Deformação dos órgãos => alteração da função; Localização hepática: • Dor abdominal, massas palpáveis, icterícia e hepatomegalia. Localização pulmonar: • Tosse, dor torácica, hemoptise e dispneia são os sintomas mais frequentes. Localização no SNC, coração e rins => sinais mais graves. Diagnóstico: Cão: EPF, expulsão da tênia adulta. Homem: exame clínico, diagnóstico por imagem, sorologia. Tratamento: Cão: praziquantel. Confinar cães por 48h após tratamento => coleta e descarte das fezes infectadas. Homem: remoção cirúrgica dos cistos. Mebendazol, albendazol e praziquantel => redução do tamanho do cisto. Prevenção e controle: Interrupção do ciclo evolutivo do parasita; Educação sanitária; Não alimentar cães com vísceras cruas; Ferver vísceras por 30-40min antes de oferecer aos cães; Destruir carcaças de animais mortos no campo; Vermifugação periódica de todos os cães da propriedade; Cercar hortas para impedir acesso dos cães; Higienização de legumes e verduras; Higienização das mãos após contato com os cães; Proteger fontes de água; TOXOPLASMOSE É uma zoonose cosmopolita, causada por protozoário coccídio intracelular. Apresenta quadro clínico variável, desde infecção assintomática até manifestações sistêmicas extremamente graves. Nome popular: doença do gato. Agente etiológico: Toxoplasma gondii Protozoário Filo: Apicomplexa Familia: Sarcocystiidae. Há três estágios infectantes: Taquizoítos: forma livre, é móvel, fase aguda da infecção; Bradizoítos: presente em cistos teciduais, fase crônica; Esporozoítos: presentes nos oocistos eliminados nas fezes dos felídeos. HD: gatos e outros felídeos; HI: todos os vertebrados homeotérmicos (mamíferos e aves). Transmissão: Seres humanos: • Ingestão de cistos (contendo bradizoítos) em carnes mal cozidas e oocistos maduros em água e alimentos (verduras, legumes e frutas); • Congênita; Animais: • Ingestão de oocistos maduros em água e alimentos; • Carnivorismo em algumas espécies (ingestão de bradizoítos); • Congênita; Ciclo biológico Período de incubação: Após ingestão de carne: 10 a 23 dias; Após ingestão de oocistos de fees de gatos: 5 a 20 dias; Período de transmissibilidade: Não ocorre transmissão direta entre uma pessoa e outra, exceto infecções intrauterinas; Felinos eliminam os oocistos durante uma a duas semanas; Os oocistos expulsos nas fezes de felídeos => esporulam e se torna, infectantes 1 a 5 dias após eliminação; Podem permanecer infectantes por até 18 meses. Manifestação clínica em humanos: Toxoplasmose febril aguda: em geral assintomática. Pode ser acompanhada de exantema e apresentar sintomas de acometimento pulmonar, miocárdico, hepático ou cerebral são evidentes. Evolução benigna. Linfadenite toxoplásmica: linfadenopatia localizada (nódulos linfáticos cervicais) especialmente em mulheres. Quadro persistir por 1 semana ou 1mês. Toxoplasmose ocular: 30 a 60% dos pacientes apresentam lesões na retina, podendo evoluir para cegueira. Toxoplasmose neonatal: resulta da infecção intrauterina, variando de assintomática à letal. Os achados comuns são abortos, prematuridade, baixo peso, coriorretinite, estrabismo, icterícia e hepatomegalia. Quando ocorre no 2º semestre de gestação:microcefalia com hidrocefalia, coriorretinite, retardo mental e calcificações intracranianas. Toxoplasmose no paciente imunodeprimido: as lesões são focais e vistas com maior frequencia no cérebro e, menos frequente, na retina, miocárdio e pulmões. Toxoplasmose e gravidez: a infecção da mãe é usualmente assintomática. Por isso, é extremamente importante a realização de testes sorológicos na gestação, durante o acompanhamento pré-natal. Sinais clínicos e lesões em animais: Geralmente a infecção é branda e assintomática; Pode ocorrer hipertermia, anorexia, diarreia e aumento dos linfonodos; Sinais relacionados a enterite, pneumonia e encefalite; Ovinos e caprinos => abortos e natimortalidade. Diagnóstico: História clínica; Sorologia => Elisa => IgM e IgG; Testes moleculares => PCR Histopatologia/imunohistoquimica de tecidos suspeitos. Prevenção e controle: Evitar o consumo de produtos animais crus ou mal cozidos (caprinos, suínos e bovinos); Higienização de frutas e verduras; Eliminar fezes de gatos em lixo seguro; Proteger as caixas de areia, para que os gatos de rua não as utilizem; Lavar as mãos após manipular carne crua ou terra contaminada; Evitar contato de gravidas com fezes de gatos; LEISHMANIOSE É uma zoonose, caracterizada como doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoários do gênero Leishmania. Leishmanioses => conjunto de enfermidades diferentes entre si, que podem comprometer pele, mucosas e vísceras. Leishmaniose Visceral (LV) Leishmaniose tegumentar americana (LTA) LEISHMANIOSE VISCERAL Agente etiológico: Leishmania infantun (Leishmania chagasi) Protozoário Filo: Euglenozoa Familia: Trypanosomatidae Gênero: Leishmania Hospedeiros vertebrados: cães, humanos e animais selvagens (raposas, marsupiais); Hospedeiros invertebrados: Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi conhecidos como mosquito palha, tatuquiras, birigui. Ciclo biológico: O hospedeiro vertebrado é infectado com promastigotas quando picado pelo vetor; As promastigotas penetram nos macrófagos circulantes e multiplicam-se como agentes amastigotas; Os macrófagos morrer em as amastigotas são liberadas infectando outros macrófagos; O vetor ingere macrófagos infectados durante o repasto sanguíneo; As amastigotas são liberadas no intestino do mosquito e multiplicam-se como promastigotas. Sintomas nos seres humanos: Período inicial (aguda): febre com duração inferior a 4 semanas, palidez cutâneo-mucosa e hepatoesplenomegalia. Período de estado: febre irregular, emagrecimento progressivo, palidez cutâneo-mucosa e aumento da hepatoesplenomegalia. Quadro clínico arrastado, geralmente com mais de 2 meses de evolução. Período final: febre contínua, desnutrição, (cabelos quebradiços, cílios alongados e pele seca), edema dos membros inferiores, anasarca, hemorragias (epistaxe, gengivorragia e petéquias), icterícia e ascite. Óbito ocorre por infecções bacterianas e/ou sangramentos. Sinais clínicos nos animais: Cães assintomáticos: ausência de sinais clínicos sugestivos da infecção => 60% dos cães infectados. Cães oligossintomáticos: apresentação de alguns sinais clínicos como moderada perda de peso, lesões de pele e/ou pelos opacos. Cães sintomáticos: todos ou alguns sinais mais comuns da doença como: Sinais neuromusculares –paresia, convulsão, atrofia muscular; Adenomegalia – linfonodo poplíteo, pré escapular e submandibular; Sinais oftalmológicos – blefarite, uveíte, conjuntivite, ceratite; Mucosa –palidez, epistaxe, úlceras e nódulos; Derme – eritema, prurido, alopecia, hiperqueratose, onicogrifose; Outros sinais – gástricos (vômito, diarreia), insuficiência renal, artrose, abdominais (hepatomegalia, esplenomegalia). Diagnóstico: História clínica: Evolução lenta e insidiosa. Muitas vezes confundido com sarna demodécica. Animal é de área endêmica ou visitou região endêmica? Laboratorial: sorologia • Triagem => teste imunocromatográfico (TR DPP®) • Confirmatório => ELISA Exame parasitológico direto (padrão ouro) => punção de linfonodo e medula óssea. Testes moleculares => PCR Tratamento: Humanos: Antimoniato de N- metilglucamina, anfotericina B. Cães: A LV canina é mais resistente à terapia do que a LV humana e a cura parasitológica são raramente obtidas. Recentemente, uma nova droga baseada em miltefosina (Milteforan® Virbac) teve seu registro autorizado pelo MAPA/MS para o uso veterinário Prevenção e controle: Vigilância epidemiológica => distribuição da doença e de seu perfil clínico e epidemiológico. Busca ativa de casos e adoção de atividades educacionais junto à comunidade; Aplicação de inseticidas de uso residual Uso de medidas de proteção individual (mosquiteiros, telas finas nas janelas e portas, repelentes e roupas que protejam as áreas expostas; Evitar o acúmulo de lixo (matéria orgânica) e de detritos que possam atrair roedores; Eutanásia de cães infectados; Vacinação de cães soronegativos; LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA (LTA) Agente etiológico: Protozoário Filo Euglenozoa Família Trypanosomatidae; Gênero Leishmania No Brasil => identificadas 7 espécies, sendo => 6 do subgênero Vianniae 1 do subgênero Leishmania. As mais importantes são Leishmania (Viannia) braziliensis, L. (L.) amazonenses e L. (V.) guyanensis. Formas de apresentação do parasita: Forma promastigota (flagelada): encontrada no tubo digestivo do inseto vetor. Forma amastigota (aflagelada): presente nas células do sistema monocíticofagocitário dos hospedeiros vertebrados. Transmissão: Através da picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas com a forma promastigota. A presença do vetor é essencial para a disseminação do parasito. Não ocorre transmissão do parasito de hospedeiro vertebrado para hospedeiro vertebrado. Vetor: Flebotomíneosdo gênero Lutzomyia Nomes populares: mosquito-palha, cangalhinha, flebótomo, arrepiado, assadura, asa-da-palha, birigui, orelha- de-veado e tatuíra. Desenvolvimento em solo úmido ou locais ricos em matéria orgânica em decomposição e com pouca luminosidade. Possuem hábitos noturnos. Durante o dia vivem escondidos Ciclo biológico: Manifestações clínicas: Pequena lesão eritematosa no local da picada => multiplicação do protozoário no interior dos macrófagos. Surgimento de nódulo que dá origem à úlcera => formato arredondado, com bordas elevadas, podendo ser única ou múltipla, dependendo do número de picadas. Lesões de difícil cicatrização, não pruriginosas nem doloridas; Localização das lesões => saco escrotal, focinho, boca, prepúcio, e demais áreas rarefeitas ou sem pelos => maior exposição da pele ao vetor. Diagnóstico: História clínica: Lesões de pele suspeitas (localizada, única, múltipla); • Úlceras com bordas elevadas em moldura; • Fundo granuloso com ou sem exsudação; • Úlceras indolores; • No cordão linfático podem se desenvolver nódulos que ulceram Animal é proveniente de área endêmica ou visitou áreas endêmicas? Laboratorial: • Sorologia => ELISA • Exame parasitológico direto => Biopsia da lesão • Testes moleculares => PCR Tratamento: Animais: miltefosina. Nenhum tratamento é totalmente eficaz contra a LTA, visto que o animal permanece reservatório do parasito. Humanos: antimoniato de N – metilglucamina. Prevençãoe controle: Vigilância epidemiológica => distribuição da doença e de seu perfil clínico e epidemiológico. Busca ativa de casos e adoção de atividades educacionais junto à comunidade. Aplicação de inseticidas de uso residual Uso de medidas de proteção individual (mosquiteiros, telas finas nas janelas e portas, repelentes e roupas que protejam as áreas expostas; Distanciamento mínimo de 200 a 300 metros das moradias em relação à mata; Evitar o acúmulo de lixo (matéria orgânica) e de detritos que possam atrair roedores; Saneamento básico; Melhorias das condições habitacionais.
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