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Resumo arts. 130, 131 e 132 CP

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Perigo de contágio venéreo (art. 130)
	A figura delitiva do art. 130 revela a preocupação do legislador em evitar e sancionar o contágio e a consequente propagação de moléstia grave, na época em que foi instituído o artigo proliferavam os bordéis no Brasil e as medidas preventivas eram escassas.
A exposição de motivos da Parte Especial do Código Penal compara a moléstia venérea à lesão corporal de consequências gravíssimas, principalmente quando se trata da sífilis, por isso não poderia deixar de figurar como crime.
Modernamente, com fulcro nos avanços da medicina para o tratamento de muitas doenças, há posicionamento contrário à capitulação legal dessa conduta.
Objeto material e bem jurídico tutelado
Objeto material é a pessoa com quem o sujeito pratica relação sexual ou outro ato libidinoso, podendo ser homem ou mulher. 
O bem jurídico tutelado é a vida e a saúde que interessam não só ao indivíduo como também ao Estado que deve zelar pela saúde de cada integrante do corpo social.
	Há divergência quanto a possibilidade de na hipótese de consentimento pela vítima para a prática da relação sexual ou do ato libidinoso mesmo consciente da moléstia haver a desqualificação do delito.
1ª Corrente: Sim, no caso de a moléstia ser leve. No entanto, se de natureza grave ou mesmo conduzir a morte o consentimento da vítima não é válido em razão do fato de que cabe ao Estado proteger a saúde e a vida dos cidadãos, não podendo eles dispor de certos direitos. (Rogério Greco)
2ª Corrente: Não é possível, uma vez que o tipo tutela bem de interesse público e, portanto, indisponível. (Nélson Hungria e Cezar Roberto Bittencourt)
Este último posicionamento estaria em patente contradição com o §2º do art. 130 que confere a vítima direito de representação em juízo. Porém, na realidade o que o legislador visa é impedir a publicidade de informações pessoas que possam implicar em malefícios piores do que o próprio crime.
Elementos objetivos do tipo
Núcleo do tipo:
Verbo expor (colocar em perigo, arriscar, expor a vida de alguém).
Modo de execução
Trata-se de crime de forma vinculada, pois a lei exige o perigo de contágio se dá por via de relações sexuais termo esse que não abrange só a conjunção carnal como qualquer outro ato de libidinagem (p. ex. sexo oral, coito anal). Desse modo, é necessário que haja contato corpóreo entre autor e vítima, de modo que aquele possa transmitir diretamente a doença para esta. Se o crime se der por outro modo haverá a prática de outra figura típica.
Moléstia venérea
É um elemento normativo do tipo cuja definição compete à Medicina. Para efeitos penais, são somente aquelas catalogadas pelo Ministério da Saúde.
A AIDS não é considerada moléstia venérea e não se transmite somente por atos sexuais, poderá tipificar o crime do art. 131, lesão corporal seguida de morte ou até mesmo homicídio, dependendo da intenção do agente, mas nunca o crime de perigo de contágio venéreo.
Sujeito ativo
Crime próprio, pois exige como condição que o autor, homem ou mulher, seja portador(a) de doença sexualmente transmissível.
Sujeito passivo
A lei utiliza o termo “alguém” referindo-se a qualquer pessoa, seja homem ou mulher, criança ou adulto. Caso a vítima já esteja contaminada pela mesma doença a hipótese será de crime impossível pela absoluta impropriedade do objeto. O mesmo ocorre com o agente que acreditando ser portador de doença venérea tem relação sexual com a vítima com o intuito de transmiti-la, quando, na verdade, se encontra perfeitamente saudável, já estando curado. A prostituta pode ser vítima desse crime.
Elemento subjetivo do tipo
O artigo traz três modalidades do delito de perigo de contágio venéreo:
O agente “sabe que está contaminado” (caput) – dolo direto de perigo. O agente sabe que porta uma doença, mas não pratica os atos com intenção de transmitir efetivamente a moléstia e nem quer assumir o risco de transmiti-la. Ele quer, isto sim, consciente e voluntariamente, expor a vítima a situação de perigo.
O agente “deve saber que está contaminado” (caput) – Assunto controvertido: dolo eventual ou culpa?
1ª Corrente) A expressão “deve saber” indica culpa, o agente não tem consciência de que está contaminado, mas pelas circunstâncias (p. ex., sintomas após ter dormido com uma prostituta) devia sabê-lo, pois podia presumir. (Magalhães Noronha)
2ª Corrente) A expressão indica dolo eventual, pois a modalidade culposa deve vir sempre prevista e o princípio da reserva legal não pode ser desrespeitado. Também o núcleo empregado no tipo (“expor”) e a previsão do §1º reforçam essa orientação (Celso Delmanto, Rogério Greco e majoritária doutrina)
Obs.: Em qualquer das hipóteses previstas no caput o agente não pode agir com o fim de transmitir a doença, mas somente de expor a vítima a perigo de contágio, pois trata-se de crime de perigo concreto.
O agente sabe que está contaminado e tem a intenção de transmitir a moléstia (§1º) – dolo direto de dano. Aqui, mais do que a exposição ao perigo, o agente pretende o efetivo contágio, o que qualifica o crime, com a consequente majoração da pena.
Obs.: Dolo eventual de dano quanto ao efetivo contágio da moléstia venérea é conduta enquadrada no art. 130, caput, do CP, pois o §1º exige incondicionalmente a intenção de contágio. Correta esta posição, pois não cabe nem analogia, nem interpretação extensiva in malam partem.
Momento consumativo
A consumação ocorre com a prática sexual ou de atos libidinosos capazes de transmitir a moléstia. Não é necessário o contágio, mas a exposição ao perigo de contágio.
Sobrevindo contaminação:
Se o dolo era de dano (§1º) e a contaminação é efetiva – responde nos termos do art. 130, §1º
Se o dolo era de dano (§1º) e a contaminação efetiva além de resultar em lesão corporal ou morte – art. 129, §§ 1º e 2º.
Se o dolo de perigo (caput) e há previsibilidade do contágio – art. 130, caput
Sobrevindo morte:
Se era intenção matar através da contaminação – responde por homicídio doloso
Se a intenção não era matar, somente contaminar, mas a morte era previsível (§1º - dolo de dano) – lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3º), crime preterdoloso.
Se a contaminação se dá por ato culposo e sobrevêm morte – homicídio culposo.
Isso porque o crime de dano é subsidiário, isto é, é sempre absorvido pelo delito mais grave.
Tentativa
Capez e Greco entendem ser possível a tentativa, desde que o crime apresente um iter. Nucci afirma ser inadmissível.
Forma qualificada
Prevista no §1º, exige tão somente a intenção de transmitir (dolo de dano) a doença e não a efetiva transmissão (dano).
Prova pericial
É preciso que se comprove que o agente estava contaminado no momento da ação para configuração do tipo penal. Porém, como ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo (nemo tenetur se detegere), o agente não é obrigado a se submeter a exame pericial. Com efeito, é esse delito é de difícil configuração. O exame de corpo de delito não é indispensável para provar o crime. Outras provas podem ser utilizadas em seu lugar em razão do fato de não deixar vestígios.
Concurso de crime
É possível haver concurso formal com crimes contra a dignidade sexual.
Perigo de contágio de moléstia grave (art. 131)
Objeto material e bem jurídico tutelado
Objeto material é a pessoa que sofre o contágio ou o risco de contagiar-se. Bens jurídicos tutelados são a saúde e a incolumidade física. Como bem observa alguns autores, entre ele Bittencourt, esse tipo penal não tutela a vida, visto que se sobrevier morte o agente responderá nos termos do art. 121 ou 129, §3º.
Classificação
É um crime próprio; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo ou de dano (forma mista); unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente, conforme o caso.
Elementos objetivos do tipo
Núcleo do tipo
Praticar ato capaz de expor a vítima a risco de contágio ou efetivamente contagiar.
Meios executórios
Trata-se de crime de forma livre. O agente pode praticaro crime por meios diretos ou indiretos. Meios diretos são aqueles em que há contato pessoal do agente, a exemplo do aperto de mão, beijo, abraço etc. Indiretos são o uso de utensílios pessoais contaminados. Também pode ocorrer por meio de relações sexuais ou outro ato libidinoso desde que a moléstia não seja venérea.
Moléstia grave
Elemento normativo que exige um juízo de valoração. Sua definição fica a cargo da medicina. A moléstia de que trata o artigo deve ser contagiosa como, por exemplo, febre amarela, tuberculose, AIDS. Importante ressalvar que para alguns doutrinadores a AIDS não configura o delito em comento, mas homicídio tentado ou consumado. Com o passar do tempo, a doença passou de letal para crônica e controlável. Com efeito, a transmissão dessa doença pode ser melhor tipificada em perigo de contágio de moléstia grave (art. 131) quando houver prática sexual; ou se o vírus transmitir-se gerando a síndrome, em lesão corporal gravíssima (art. 129, §2º, II).
Sujeito ativo
Crime próprio, pois somente pessoa contaminada pode praticá-lo.
Sujeito passivo
Qualquer pessoa que não esteja infectada, contrario sensu será crime impossível.
Elemento subjetivo
Além do dolo genérico de praticar o ato, exige-se para a configuração do delito o dolo especial de “transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado”. Não se exige o resultado naturalístico. Doutrina majoritária entende ser impossível dolo eventual, pois exige que o agente queira produzir o resultado com a prática da conduta. Nesse caso o agente poderá responder por tentativa de lesão corporal ou crime consumado de perigo para a vida ou saúde de outrem. Se ocorrer o resultado (contaminação) o crime poderá ser de lesão corporal doloso ou lesão corporal qualificada pela morte.
Consumação
Por ser crime formal consuma-se com a prática dos atos de transmissão, não se exige o resultado naturalístico que se ocorrer será mero exaurimento do crime. Se ocorrer contaminação o agente responderá pelos delitos do art. 129, §§ 1º e 2º, lesão corporal grave ou gravíssima. Se a lesão for leve é absorvida pelo tipo. Se resulta morte e esta for previsível, enquadra-se no art. 129, § 3º.
Tentativa
Se for um crime unissubsistente a tentativa será inadmissível, mas se sua prática for plurissubsistente será admissível.
Modalidade culposa
Não há. Se alguém transmite moléstia grave por imprudência, negligência ou imperícia responde por lesões corporais culposas.
Concurso de crimes
Se o dolo do agente ultrapassa o de atingir somente a vítima, mas causar uma epidemia, haverá concurso formal com crime de perigo coletivo ou comum.
Perigo para a vida ou saúde de outrem (art. 132)
	
Trata-se de um crime de perigo concreto e, portanto, tem natureza subsidiária, funcionando, nas palavras de Nélson Hungria, como um “soldado de reserva”, isto é, na ausência ou impossibilidade de aplicação de norma penal mais grave, aplica-se a de natureza menos grave. Além disso, não incidirá o crime em tela se o fato puder enquadrar-se em delito específico.
Objeto material e bem jurídico tutelado
Objeto material é a pessoa que corre risco. Bem jurídico tutelado é a vida e a saúde, de natureza indisponível.
Elementos objetivos do tipo
Núcleo do tipo
Expor (colocar em perigo) a vida de ou saúde de outrem a perigo direto (dirigida a pessoa certa, determinada) e iminente (risco real, palpável, não presumido) quase próximo ao dano. Alguns doutrinadores consideram indevido o uso da expressão iminente que denota algo prestes a acontecer, pois o que é iminente é o dano, o perigo é atual.
Meios de execução
Crime de forma livre. Pode ser praticado por ação ou omissão, no último caso quando o agente se encontre na posição de garantidor (crime omissivo impróprio).
Sujeito ativo
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa.
Sujeito passivo
Pessoa determinada ou grupo determinado de pessoas.
Elemento subjetivo
Dolo de perigo. Pode ser direto ou eventual, mas não prevê culpa. Não exige o dolo de matar (animus necandi) nem de ferir (animus ladendi), de modo que se o agente praticar com a intenção de causar dano (dolo de dano), o crime será outro. 
Consumação
Ocorre com a produção efetiva do perigo. Trata-se de perigo concreto que deve ser analisado caso a caso. Se da exposição ao risco de dano sobrevêm lesão corporal, o agente não responderá por esta, já que a pena prevista é menor do que a do art. 132. Se da exposição sobrevêm morte, o agente responde por homicídio culposo (art. 121, §3º) e não lesão corporal seguida de morte, pois não teve intenção de lesionar.
Tentativa
É possível na forma comissiva e desde que o crime possa ser fracionado em um iter, é inadmissível na forma omissiva.
Causa especial de aumento de pena
O § único foi acrescentado pela Lei nº 9.777/98 com o escopo de coibir o transporte clandestino de pessoas sob condições de alto risco de dano, como comumente ocorre com os “boias-frias”. O aumento vai de 1/6 a 1/3. Quanto maior a probabilidade de dano maior o aumento percentual da causa de aumento. O transporte tem que visar a prestação de serviços, caso contrário não configurará a majorante.
Concurso de crimes
Alguns doutrinadores não admitem o concurso de crimes em face da natureza subsidiária do crime em comento. Em outras situações o concurso formal é possível, tendo em vista a inexistência da relação de subsidiariedade entre duas normas. Conforme exemplo de Fernando Capez há concurso formal quando “o patrão, ciente de que deve zelar pela segurança de seus funcionários, omita-se no fornecimento de equipamentos de segurança para cinco funcionários que trabalham em uma mina de carvão, expondo a vida ou a saúde deles a perigo direto e iminente”.
Disparo de arma de fogo e crime de periclitação a vida ou a saúde
O art. 15 da Lei nº 10.826/2003 criou o tipo penal de disparo de arma de fogo. Se o agente utiliza arma de fogo como meio para expor a vida de outrem a perigo estará configurado delito previsto nesse tipo. Somente configurará o art. 132 mediante o disparo de arma de fogo se o disparo for efetuado em lugar não habitado, não for em via pública ou em direção a ela e quando o dolo do agente não for de dano.
Referências bibliográficas
NUCCI, Guilherme. Manual de Direito Penal. 10ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense LTDA, 2014.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Especial. 13ª Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2013.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Especial. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus LTDA, 2015.

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