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Literatura Aula 01 apostila quinhentismo - cpma.comunidades.net

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Aula 01 
A Literatura no Período 
Colonial Brasileiro 
 
Estudar literatura é, basicamente, ampliar 
nossas habilidades de leitura do texto literário. 
No Ensino Médio, esse estudo é acrescido da 
história literária, que objetiva acompanhar a 
evolução cronológica da literatura de 
determinado povo e cultura, observando suas 
transformações de acordo com o momento 
histórico. Por isso, a história da literatura 
organiza-a em movimentos, períodos e 
gerações. 
 
Quinhentismo (Século XVI) 
“Viemos buscar cristão e especiarias” 
 O Quinhentismo corresponde à época do 
descobrimento do Brasil, movimento paralelo 
ao Classicismo Português que, por sua vez, 
possui ideias relacionadas diretamente ao 
Renascimento. A literatura do Quinhentismo 
tem como tema central os próprios objetivos 
da expansão marítima: a conquista espiritual e 
a conquista marítima. 
Literatura Informativa 
A literatura informativa se refere aos relatos 
dos viajantes, que eram enviados a corte 
portuguesa. O conteúdo deste tipo de literatura 
descrevia a natureza brasileira, com foco nos 
aspectos exóticos, nos nativos e nas riquezas 
naturais. Dentre os autores destes relatos, 
destacam-se: 
Pero Vaz de Caminha – Carta a El-Rei Dom 
Manuel; 
Fernandes Brandão – Diálogos das Grandezas 
do Brasil; 
Pero Magalhães Gândavo – História da 
Província de Santa Cruz. 
Viagem ao Brasil – Jean de Léry 
Entre os Tupinambás – Hans Staden 
 
Literatura de Catequese 
Ligada à Contrar-reforma a literatura de 
catequese tinha como objetivo de ampliar a fé 
cristã, através da catequização dos nativos. 
Utilizava como recursos o teatro e a 
compreensão da língua Tupi, por parte de seus 
autores. Dentre os escritores desta literatura, 
destacam-se: 
O Padre José de Anchieta – que utilizava o 
teatro e a poesia como forma de expressão. 
Padre Manuel da Nóbrega – conhecido por 
“Cartas do Brasil” e “Diálogo sobre a 
conversão do gentio”. 
Barroco (século XVII) 
Principais características: 
 
Convivendo com o sensualismo e os prazeres 
trazidos pelo Renascimento, os valores 
espirituais – tão fortes na Idade Média e 
desprezados pelo Renascimento – voltaram a 
exercer forte influência sobre a mentalidade 
da época. Uma nova onda de religiosidade foi 
trazida pela Contra-Reforma e pela fundação 
da Companhia de Jesus. Neste sentido, o 
homem do século XVII era um homem dividido 
entre duas mentalidades, duas formas 
diferentes de ver o mundo: 
 
 
Renascimento – influência dos clássicos 
(racionalismo, equilíbrio, clareza, linearidade 
de contornos), visão antropocêntrica ou 
humanista, sensualismo, valorização da vida 
corpórea, etc.; Idade Média – teocentrismo, 
valorização da vida espiritual, fé, etc. 
A Arte Barroca irá expressar esta tensão entre 
ideias e sentimentos opostos. Destacam-se 
dois autores da literatura barroca no Brasil: 
Gregório de Matos Guerra, nascido na Bahia 
em 1633, também conhecido como “Boca de 
Inferno”, é o primeiro poeta brasileiro e o 
maior poeta do Período Colonial. Sua obra 
costuma ser dividida em três vertentes 
básicas: lírico-amorosa, lírico-religiosa e 
satírica. 
Abaixo citamos alguns poemas de Gregório de 
Matos Guerra: 
 
A Jesus Cristo Nosso Senhor 
 
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, 
Da vossa alta clemência me despido; 
Porque, quanto mais tenho delinqüido, 
Vos tenho a perdoar mais empenhado. 
 
Se basta a vos irar tanto pecado, 
A abrandar- vos sobeja um só gemido: 
Que a mesma culpa, que vos há ofendido, 
Vos tem para o perdão lisonjeado. 
 
Se uma ovelha perdida e já cobrada, 
Glória tal e prazer tão repentino 
Vos deu, como afirmais na Sacra Historia, 
 
Eu sou, senhor, a ovelha desgarrada; 
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino, 
Perder na vossa ovelha a vossa glória. 
 
A Cidade da Bahia 
 
“A cada canto um grande conselheiro 
Que nos quer governar cabana e vinha 
Não sabem governar sua cozinha 
E podem governar o mundo inteiro 
 
Em cada porta um freqüentado olheiro 
Que a vida do vizinho, e da vizinha 
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha 
Para levar à Praça e ao Terreiro 
 
Muitos mulatos desavergonhados 
Trazidos pelos pés os homens nobres 
Posta nas palmas toda picardia* 
 
Estupendas usuras nos mercados 
Todos os que não furtam, muito pobres 
E eis aqui a cidade da Bahia.” 
 
À Mesma Dona Ângela 
 
Anjo no nome, Angélica na cara, 
Isso é ser flor, e Anjo juntamente, 
Ser Angélica flor, e Anjo florente, 
Em quem, senão em vós se uniformara? 
 
Quem veria uma flor, que a não cortara 
De verde pé, de rama florescente? 
E quem um Anjo vira tão luzente, 
Que por seu Deus, o não idolatrara? 
 
Se como Anjo sois dos meus altares, 
Fôreis o meu custódio, e minha guarda, 
Livrara eu de diabólicos azares. 
 
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda, 
Posto que os Anjos nunca dão pesares, 
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. 
 
 
 
 
Moraliza o poeta nos ocidentes do Sol a 
inconstância dos bens do mundo 
 
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, 
Depois da Luz se segue a noite escura, 
Em tristes sombras morre a formosura, 
Em contínuas tristezas a alegria. 
 
Porém se acaba o Sol, por que nascia? 
Se formosa a luz é, por que não dura? 
Como a beleza assim se transfigura? 
Como o gosto da pena assim se fia? 
 
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, 
Na formosura não se dê constância, 
E na alegria sinta-se a tristeza. 
 
Começa o mundo enfim pela ignorância, 
E tem qualquer dos bens da natureza 
A firmeza somente na inconstância. 
 
Padre Antônio Viera (1608 – 1697) 
Considerado o maior orador sacro da nossa 
história, Vieira escreveu cerca de duzentos 
sermões. Foi uma espécie de cronista da 
história imediata. Foi também um defensor 
dos índios e dos cristãos-novos. Sua obra se 
divide em quatro temáticas básicas: a arte de 
pregar, a causa do indígena, o problema da 
escravização do africano e a questão 
holandesa. Em todas elas, evidentemente, são 
debatidas questões existenciais e religiosas. 
Obra Principal: Sermões 
Arcadismo (século XVIII) 
Contexto Histórico 
- Influência do Iluminismo, representado por 
filósofos como Rousseau e Voltaire; 
- No Brasil: ocorre em Minas Gerais (ciclo do 
ouro); 
- Ouro incrementou o início de uma vida 
urbana; 
- Poetas são ligados ao movimento da 
Inconfidência Mineira. 
Principais características: 
 
O Arcadismo, também chamado 
neoclassicismo, recebeu este nome como uma 
referência à Arcádia, região campestre do 
Peloponeso, na Grécia antiga, tida como ideal 
de inspiração poética. Podemos dividir seus 
autores em líricos e épicos. 
 
 
 
 A poesia lírica, no Brasil, tem como principais 
autores Tomás Antônio Gonzaga, que escreveu 
Cartas Chilenas, uma obra satírica e a 
principal obra árcade do país: “Marília de 
Dirceu”. Já Cláudio Manuel da Costa é autor de 
“Obras poéticas”, com influência da lírica 
camoniana, e “Vila Rica”, poema narrativo 
sobre Vila Rica, sendo este um poema épico. 
Tomás Antônio Gonzaga – foi dos maiores 
escritores do Arcadismo brasileiro. Sua obra, 
na verdade, vai além das limitações desta 
 
 
escola, rodeando o pré-romantismo, 
principalmente ao referir-se à mulher amada. 
Obras: 
Marília de Dirceu (1792) - Dividido em 3 partes: 
➥Pastor Dirceu declara seu amor e celebra a 
beleza de sua pastora, Marília; 
➥Traduz estado de espírito do tempo em que 
esteve na prisão; 
➥ Poemas variados. 
 
Cartas Chilenas (1845) – obra satírica: 
➥ Cartas de Critilo para Doroteu 
➥Críticas a Fanfarrão Minésio 
Na poesia épica do arcadismo brasileiro 
iniciou-se a delineação de uma literatura 
nacionalista, diferenteda europeia por utilizar 
como temática a história colonial em meio à 
descrição da paisagem tropical do país e a 
inserção do índio como personagem. 
Entre os autores de poesia épica destaca-se 
Santa Rita Durão, que escreveu a obra 
“Caramuru”, utilizando o Modelo de Camões 
para contar a Lenda do descobrimento, através 
dos personagens Diogo, Paraguaçu e Moema. 
Outro destaque é Basílio da Gama, autor de “O 
Uraguai”, poema épico pré-romântico, que 
aborda como tema a tomada das missões, 
através dos personagens Lindóia e Sepé 
Tiarajú. 
Cláudio Manuel da Costa - Utilizando o 
pseudônimo Glauceste Satúrnio (musa 
inspiradora é Nise, a pastora inacessível), foi 
um dos introdutores do Arcadismo no Brasil. 
No entanto, é considerado um poeta de 
transição (Barroco > Arcadismo) por 
apresentar, ainda, uma temática barroca (a 
brevidade dolorosa do amor e da vida). 
Cultuou o soneto de Camões como modelo 
para seus poemas. 
Obras: 
Obras Poéticas (1768) 
Vila Rica (1839): poema narrativo sobre a 
fundação de Vila Rica. 
 
Já rompe, Nise, a matutina aurora 
O negro manto, com que a noite escura, 
Sufocando do sol a face pura, 
Tinha escondido a chama brilhadora. 
 
Que alegre, que suave, que sonora 
Aquela fontesinha aqui murmura! 
E nestes campos cheios de verdura 
Que avultado o prazer tanto melhora! 
 
Só minha alma em fatal melancolia, 
Por te não poder ver, Nise adorada, 
Não sabe inda, que coisa é alegria; 
 
E a suavidade do prazer trocada, 
Tanto mais aborrece a luz do dia, 
Quanto a sombra da noite mais lhe agrada. 
 
Que deixa o trato pastoril amado 
Pela ingrata, civil correspondência, 
Ou desconhece o rosto da violência, 
Ou do retiro a paz não tem provado 
 
Que bem é ver nos campos transladado 
O gênio do pastor, o da inocência! 
E que mal é no trato, e na aparência 
Ver sempre o cortesão dissimulado! 
 
Ali respira amor, sinceridade; 
Aqui sempre a traição seu rosto encobre; 
Um só trata a mentira, outro a verdade: 
 
Ali não há fortuna que soçobre; 
Aqui quanto se observa, é variedade: 
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre. 
 
 
 
 
Exercícios 
 
Instrução: após a leitura do texto abaixo 
(extraído da Carta de Caminha), responda à 
questão 1. 
 
 “Nela até agora não pudemos saber que haja 
ouro nem prata, nem nenhuma cousa de 
metal, nem de ferro; nem lho vimos. A terra, 
porém, em si, é de muito bons ares.”(...) 
 “Mas o melhor fruto que nela se pode fazer 
me parece que será salvar esta gente. E esta 
deve ser a principal semente que vossa Alteza 
em ela deve lançar. E que não houvesse mais 
ter aqui esta pousada para esta navegação de 
Calecute, bastaria, quanto mais, disposição 
para se nela cumprir e fazer o que Vossa 
Alteza tanto deseja, a saber, acrescentando de 
nossa santa fé.” 
 
1) A respeito da Carta, de Caminha, podemos 
afirmar que 
(A) não há preocupação com a conquista 
material. 
(B) a única preocupação era a catequese dos 
índios. 
(C) é representativa do Barroco brasileiro. 
(D) apresenta tanto preocupação material 
quanto espiritual. 
(E) não cita, em momento algum, os nativos 
brasileiros. 
 
2) Considere as seguintes afirmações sobre o 
Barroco brasileiro. 
 
I.A arte barroca caracteriza-se por apresentar 
dualidades, conflitos, paradoxos e contrastes, 
que convivem tensamente na unidade da obra. 
II. O conceptismo e o cultismo, expressões da 
poesia barroca, apresentam um imaginário 
 
 
bucólico, sempre povoado de pastoras e 
ninfas. 
III. A oposição entre Reforma e Contra--
Reforma expressa, no plano religioso, os 
mesmos dilemas de que o Barroco se ocupa. 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
(B) Apenas II. 
(C) Apenas III. 
(D) Apenas l e III. 
(E) I, II e III. 
 
3) Pode-se reconhecer nos versos abaixo, de 
Gregório de Matos, 
 
“Que falta nesta cidade? Verdade”. 
Que mais por sua desonra? Honra. 
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha. 
O demo a viver se exponha, 
Por mais que a fama a exalta, 
Numa cidade onde falta 
Verdade, honra, vergonha." 
 
(A) o caráter de jogo verbal próprio do estilo 
barroco, a serviço de uma crítica, em tom de 
sátira, do perfil moral da cidade da Bahia. 
(B) o caráter de jogo verbal próprio da poesia 
religiosa do século XVI, sustentando piedosa 
lamentação pela falta de fé do gentio. 
(C) o estilo pedagógico da poesia neoclássica, 
por meio da qual o poeta se investe das 
funções de um autêntico moralizador. 
(D) o caráter de jogo verbal próprio do estilo 
barroco, a serviço da expressão lírica do 
arrependimento do poeta pecador. 
(E) o estilo pedagógico da poesia neoclássica, 
sustentando em tom lírico as reflexões do 
poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia. 
 
 
 
4) Quanto ao período barroco e seus 
representantes na literatura colonial 
brasileira, é correto afirmar que 
 
(A) os sermões de Antônio Vieira apresentam 
uma retórica complexa pela exuberância de 
imagens e pelos postulados morais e 
religiosos. 
(B) a obra de Gregório de Matos se distingue 
pela sua unidade temática, expressa por um 
tom satírico. 
(C) a poesia irreverente de Gregório de Matos 
satiriza diferentes tipos sociais, exceção feita 
aos representantes da Igreja. 
(D) o predomínio dos valores transcendentais, 
motivados pela Reforma, marca o estilo 
barroco da obra de Vieira. 
(E) Gregório de Matos se ateve ao uso da língua 
culta da Metrópole, ao contrário de Vieira, que 
utilizou termos indígenas, africanos e 
populares. 
 
5) Leia as afirmações abaixo sobre o 
Arcadismo brasileiro. 
 
I. Os poetas árcades colocavam-se como 
pastores para realizarem, dessa forma, o ideal 
de uma vida simples em contato com a 
natureza. 
II. O Arcadismo brasileiro, embora tenha 
reproduzido muito dos modelos europeus, 
apresentou características próprias, como a 
incorporação do elemento indígena e a sátira 
política. 
III. O tema do Carpe diem, em que o poeta 
expressa o desejo de aproveitar intensamente 
o momento presente, fugaz e passageiro, foi 
ignorado pelos árcades brasileiros, 
excessivamente racionalistas. 
 
 
 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
(B) Apenas III. 
(C) Apenas I e II. 
(D) Apenas II e III. 
(E) I, II e III. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito 
 
1 – D 2 – D 3 – A 4 – A 5 – C

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