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2ª prova processo penal II - aulas digitadas

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Direito Processual Penal II – 2ª prova
1. Competência criminal da Justiça Federal
Competência criminal da Justiça Federal é diferente das atribuições da Polícia Federal (art. 144, CF).
1.1. Crimes políticos
São aqueles previstos nos arts. 1º e 2º da Lei de Segurança Nacional (7.170/83).
Havendo motivação política, será competência da Justiça Federal. Caso contrário, será competência da Justiça Estadual.
Havendo condenação por crime político, cabe recurso ordinário para o STF.
1.2. Crimes contra a União (Administração Direta – Ministérios, Diretorias, Secretarias Conselhos), Autarquias (IBAMA, INSS, DNIT), Empresas Públicas (Correios, Caixa Econômica)
Competência da Justiça Federal.
OBS.: Crimes praticados contra as franquias dos correios será competência da Justiça Estadual.
1.3. Crimes contra Entidades de Fiscalização Profissional (OAB, CREA, CRM, CRO)
Tais entidades têm natureza de autarquia federal.
Por conta da natureza jurídica será competência da Justiça Federal, porém, só se a entidade de fiscalização for diretamente prejudicada com a conduta criminosa. Ex.: furto de carro da OAB.
1.4. Crimes contra Sociedade de economia mista, Concessionárias e Permissionárias de serviços públicos federais
Aplica-se a Súmula 42 do STJ, sendo competência da Justiça Estadual. Por exemplo, roubo. O que diferencia é a natureza jurídica.
Súmula 42, STJ. Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
Concessionárias e Permissionárias: competência da Justiça Estadual. Por exemplo, crime de dano.
1.5. Crimes contra bens, serviços ou interesse da União, suas autarquias e empresas públicas
Será competência da Justiça Federal, desde que os bens sejam patrimônio da União (art. 20, CF).
OBS 1: Crime praticado contra bem do Presidente da República é de competência da Justiça Estadual. Por exemplo, invasão da fazenda de FHC.
OBS 2: Crime praticado contra Consulado estrangeiro é de competência da Justiça Estadual (o bem é estrangeiro e não da União).
OBS 3: Crimes contra bens tombados vai depender de quem realizou o tombamento. Se foi a União, será competência da Justiça Estadual. Se foram os Estados, será competência da Justiça Estadual.
1.6. Desvio de verbas federais
Súmulas 208 e 209, STJ.
Súmula 208: verba sujeita a prestação de contas a órgão federal (via de regra, o TCU), é competência da Justiça Federal.
Súmula 209: verba incorporada ao patrimônio municipal é competência da Justiça Estadual.
Súmula 208, STJ. Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209, STJ. Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
1.7. Serviços (Oferecidos pela União)
Estão relacionados às finalidades da União, suas autarquias e empresas públicas.
Interesse da União, suas autarquias e empresas públicas: é necessário que o interesse da União seja direto, particular e específico para que seja de competência da Justiça Federal. O interesse não pode ser genérico, como, por exemplo, o art. 151 do CP, passando a ser competência da Justiça Estadual.
1.8. Falsificação de moeda
Competência da Justiça Federal.
OBS.: Se a falsificação for grosseira, a competência é da Justiça Estadual, por conta de ter havido a prática do crime de estelionato (Súmula 73, STJ).
Súmula 73, STJ. A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.
1.9. Contrabando e Descaminho (art. 334, CP)
Súmula 151, STJ.
Contrabando: importação ou exportação de mercadoria ilícita (máquina de caça-níquel).
Descaminho: iludir, no todo ou em parte, o pagamento devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadorias.
Competência da Justiça Federal.
Art. 334. Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Súmula 151, STJ. A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens..
Ex.: mercadoria contrabandeada em Foz do Iguaçu e apreendida em BH => compete ao juízo federal do local da apreensão da mercadoria (Súmula 151, STJ).
1.10. Desenvolvimento clandestino de telecomunicações (rádio pirata)
Competência da Justiça Federal (a União quem explora o serviço de telecomunicações – art. 183 da Lei 9.472).
1.11. Recepção clandestina de sinal de TV a cabo
Competência da Justiça Estadual (em detrimento da operadora de TV a cabo).
Segundo alguns julgados do STF, é conduta atípica.
1.12. Interceptação telefônica sem autorização judicial
Competência da Justiça Estadual (não há atentado ao serviço público de telecomunicações como um todo).
1.13. Serviço Postal ou Correio Aéreo Nacional
Competência da Justiça Federal.
1.14. Apologia ao crime praticado em canal de televisão
Competência da Justiça Estadual (não há ofensa a interesse da União).
1.15. Crimes previstos no Estatuto do Desarmamento
Via de regra, são crimes que ofendem a incolumidade pública, portanto de competência da Justiça Estadual.
Na hipótese de tráfico internacional de armas será de competência da Justiça Federal.
Exemplos:
I. Pessoa presa com fuzil roubado do exército: porte ilegal + receptação.
=> Haverá a separação dos processos. O porte ilegal é de competência da Justiça Estadual e a receptação da Justiça Militar da União.
II. Fuzil da polícia federal
=> O porte de armas é de competência da Justiça Estadual e a receptação da Justiça Federal.
OBS.: Crime de competência da Justiça Estadual, praticado em conexão com crime de competência da Justiça Federal, prevalece a competência desta última (Súmula 122, STJ).
Súmula 122, STJ. Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do Art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal.
1.16. Crimes praticados contra a Justiça do Trabalho, Eleitoral e Militar da União
Qualquer crime praticado contra uma dessas três Justiças é de competência da Justiça Federal.
Tais Justiças não possuem competência criminal genérica.
OBS.: Súmula 165, STJ. Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista.
1.17. Crimes contra Juiz Eleitoral
Competência da Justiça Federal
1.18. Crimes praticados por funcionário público federal
2 situações:
Em razão da função exercida (por exemplo, peculato, apropriação indébita): competência da Justiça Federal;
Caso contrário, não havendo relação entre a função e a conduta criminosa: competência da Justiça Estadual.
Funcionário público federal aposentado: competência da Justiça Estadual.
Funcionário do Tribunal de Justiça do Distrito Federal: crimes praticados por seus funcionários são julgados pelo próprio Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
Funcionários do TRT e TER: competência da Justiça Estadual.
1.19. Crimes praticados contra funcionário público federal
Súmula 147, STJ.
Em razão de suas funções (tráfico de influência, por exemplo): competência da Justiça Federal;
Não havendo relação com o exercício da função: competência da Justiça Estadual.
Súmula 147, STJ. Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
1.20. Crimes contra o Meio Ambiente
Antes, era competência da Justiça Federal. Hoje, regra geral, é competência da Justiça Estadual. A súmula 91 do STJ, que previa a competência da Justiça Federal, está revogada.
Súmula 91, STJ. Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna.
Exceções: 
Crimes praticados dentro de um bem da União são de competência da Justiça Federal (pesca em marterritorial, por exemplo).
Crimes praticados na Floresta Amazônica (art. 225, § 4º, CF): sendo patrimônio nacional (diferente de patrimônio da União), é de competência da Justiça Estadual do Estado do Amazonas.
1.21. Crimes contra a Fé Pública
a) Falsificação: a competência será determinada pela natureza do documento, ou seja, em razão do ente responsável pela confecção do documento.
Exemplos.: 
Falsificação de CNH: competência da Justiça Estadual; 
Falsificação de CNH arraes amador para pilotar embarcações (emitida pela Marinha): para o STJ e STM, é competência da Justiça Militar da União. Para o STF, é competência da Justiça Federal (princípio do juiz natural).
b) Uso de documento falso (indivíduo não responsável pela falsificação): a competência será determinada não pela natureza do documento, mas sim pela pessoa física ou jurídica prejudicada pelo uso.
Exemplos:
CNH: competência da Justiça Federal (a União foi prejudicada).
Passaporte falso: a competência é do juízo federal do local da apreensão do passaporte, pois tem que apresentar o passaporte perante o funcionário público federal da INFRAERO (Súmula 200, STJ).
Súmula 200, STJ. O Juízo Federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.
c) Autor da falsificação mais uso do documento falso: prevalece o entendimento que o delito de uso será mero exaurimento da falsificação anterior. A competência será definida pela natureza do documento.
OBS 1: Falsificação utilizada como crime meio para a prática do estelionato (Súmula 17, STJ)
O estelionato absorve o crime meio e define-se a competência pelo próprio crime de estelionato.
Súmula 17, STJ. Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
OBS 2: Quando houver ofensa a bens, interesses ou serviços da União será competência da Justiça Federal.
1.22. Contravenção Penal
A Justiça Federal não julga contravenções penais (art. 109, IV, CF).
Serão sempre julgadas pela Justiça Estadual.
Súmula 38, STJ. Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
OBS.: Juiz federal possui foro por prerrogativa de função, sendo julgado pelo TRF. Se praticar contravenção penal será julgado pelo TRF a qual ele é vinculado.
1.23. Atos infracionais
Conduta equiparada a crime.
São julgados pela Vara da Infância e Juventude da Justiça Estadual, ainda que em face de bens, serviços ou interesses da União.
2. Competência dos Juízes Federais
2.1. Art. 109, V, CF
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente
Requisitos:
I) O crime tem que estar previsto em tratado ou convenção internacional;
II) Deve haver a internacionalidade territorial do resultado relativamente a conduta delituosa.
Exemplo 1: Brasileiro que pratica crime de tortura na Inglaterra. Extraterritorialidade (art. 7, II, a, CP) prevista na lei de tortura.
Exemplo 2: Tráfico internacional de drogas => basta a intenção de transportar a droga para fora do país que será competência da Justiça Federal (art. 40, I, lei 11.343/06 – Lei de Drogas).
OBS: Para que haja o tráfico internacional é indispensável que a droga apreendida também seja considerada ilícita no país de origem.
2.1.1. Tráfico com avião da FAB (Força Aérea Brasileira)
Competência da Justiça Federal (Jurisprudência do STF).
2.1.2. Se na hora da sentença o juiz desclassificar o crime para tráfico doméstico ou tráfico nacional
2 correntes:
1ª: Prevalece a aplicação do art. 81 do CPP, devendo o juiz federal continuar a julgar (princípio da perpetuação da jurisdição).
2ª: Não se pode aplicar o art. 81 do CPP, devendo o juiz federal remeter os autos a Justiça Estadual (essa é a corrente que prevalece).
2.1.3. Tráfico internacional de armas (Lei 10.826/03, art. 18)
Competência da Justiça Federal.
2.1.4. Tráfico Internacional de Pessoas
2 Correntes:
1ª: Só será competência da Justiça Federal se tratar de mulheres e crianças (Denilson Feitosa).
2ª: É de competência da Justiça Federal (corrente majoritária).
2.1.5. Internacionalidade da conduta
Vai prevalecer a Justiça Federal.
2.2. Art. 109, V-A, CF – Compete aos juízes federais
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
V-A. as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
Requisitos:
Crime praticado com grave violação aos direitos humanos;
Demonstração concreta de descumprimento e obrigações previstas em tratados internacionais firmados pelo Brasil, resultante de negligência ou inércia do estado-membro. Ex.: Assassinato da freira Dorothy Stang.
=> Ocorre por meio do IDC (Índice de deslocamento de competência), ajuizado pelo Procurador Geral da República no STJ.
=> A conduta, a princípio, é da Justiça Estadual. Para haver deslocamento para a Justiça Federal tem que comprovar a inércia total da Justiça Estadual.
2.3. Art. 109, VI, CF
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
Crimes contra a organização do trabalho (arts. 197 a 207 do CP).
São de competência da Justiça Federal quando houver violação a direitos dos trabalhadores considerados coletivamente. Ex.: traficantes que obrigam o fechamento do comércio.
Se ofender somente direito individual é competência da Justiça Estadual.
2.3.1. Crime de redução a condição análoga de escravo (art. 149, CP)
Antes, era competência da Justiça Estadual.
Na visão recente do STF e STJ, passou a ser competência da Justiça Federal.
2.3.2. Crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira
Tem que haver previsão legal para que seja de competência da Justiça Federal (quando a lei assim expuser). Caso contrário, é competência da Justiça Estadual (art. 26, lei 7.492/86).
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.
OBS: Súmula 498, STF => Crimes contra a economia popular não é crime contra o sistema financeiro.
Súmula 498, STF. COMPETE À JUSTIÇA DOS ESTADOS, EM AMBAS AS INSTÂNCIAS, O PROCESSO E O JULGAMENTO DOS CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR.
2.3.3. Crime de lavagem de capitais
Em regra, competência da Justiça Estadual.
Quando houver ofensa a bens, interesses ou serviços da União, suas autarquias e empresas públicas será competência da Justiça Federal.
Quando o crime antecedente for de competência da Justiça Federal. Ex.: Assalto ao Banco Central.
2.4. Art. 109, IX, CF
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
X - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
Navio: toda embarcação apta a navegação em alto-mar.
Lancha: competência da Justiça Estadual.
Aeronave: todo aparelho manobrável em vôo que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas e coisas.
Avião no solo=> competência da Justiça Federal.
Crime praticado na escada do avião => competência da Justiça Estadual
2.4.1. Foro Competente (Comarca)
Crimes praticados a bordo de navios => a Justiça Federal do primeiro porto brasileiro onde o navio atracar após o crime ou, quando se afastar do país, pela Justiça do último porto que houver atracado.
Não precisa estar em alto-mar.
Art. 89.  Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado.
2.4.2. Navio abortador
Pertence a uma ONG holandesa, destinado a fazer abortos. Fica atracado em alto-mar.
Deve-se observar a bandeira/pavilhão.
Por ele estar em alto-mar, a jurisdição brasileira não tem competência.
2.4.3. Aspectos processuais
Crimes cometidos a bordo de embarcação privada estrangeira em alto-mar aplica-se o princípio da bandeira ou do pavilhão (não incide a jurisdição brasileira).
Crime a bordo de aeronave nacional => Justiça Federal da comarca de onde se verificar o pouso após o crime ou na comarca de onde partiu a aeronave quando esta se destinar ao estrangeiro.
Art. 90.  Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave.
2.4.4. Regras fundamentais sobre a extensão do território brasileiro
I. Embarcações e aeronaves públicas brasileiras ou a serviço do estado brasileiro => aplica-se sempre a lei brasileira, onde quer que esteja;
II. Embarcações e aeronaves privadas brasileiras => aplica-se a lei brasileira se estiverem no território nacional ou em alto-mar;
III. Embarcações e aeronaves privadas estrangeiras => só se aplica a lei brasileira se estiver em território brasileiro.
IV. Embarcações e aeronaves públicas estrangeiras ou a serviço do poder público estrangeiro => não se aplica a lei brasileira.
OBS: Crime militar praticado em alto-mar, a bordo de navio da Marinha.
Exemplo: O navio partiu de Santos para Salvador. A competência será da Justiça Militar da União de Salvador. Caso não tenha, vai para uma vara militar competente.
Se fosse entre dois civis, iria para a Justiça Federal comum.
2.5. Art. 109, XI, CF – Crimes contra direitos indígenas
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
Regra geral: crimes contra índios (art. 231, CF) => competência da Justiça Estadual.
Crimes contra direitos indígenas => competência da Justiça Federal.
Súmula 140, STJ. Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima.
3. Competência por foro com prerrogativa de função
É estabelecida em razão do cargo e não em razão da pessoa.
É irrenunciável.
3.1. Regras para fixação da competência
I. Crime praticado antes do exercício funcional
A depender do momento, o processo sobre para o foro que a pessoa passa a ter.
Todos os atos praticados são válidos.
Ex.: governador, deputados.
II. Crime praticado durante o exercício funcional
Súmula 394, STF. COMETIDO O CRIME DURANTE O EXERCÍCIO FUNCIONAL, PREVALECE A COMPETÊNCIA ESPECIAL POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO, AINDA QUE O INQUÉRITO OU A AÇÃO PENAL SEJAM INICIADOS APÓS A CESSAÇÃO DAQUELE EXERCÍCIO (CANCELADA).
Com a renúncia do mandato perde-se o foro.
STF => 2 precedentes:
Aplicou o princípio da perpetuação da jurisdição;
Foram condenados pelo STF, mesmo renunciando ao mandato.
III. Crimes praticados após o exercício funcional
Perde o foro.
Súmula 451, STF. A COMPETÊNCIA ESPECIAL POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO NÃO SE ESTENDE AO CRIME COMETIDO APÓS A CESSAÇÃO DEFINITIVA DO EXERCÍCIO FUNCIONAL.
OBS 1: Pouco importa o local da infração penal. Ex.: Deputado Federal sempre será julgado pelo STF.
OBS 2: O duplo grau de jurisdição é incompatível com quem tem foro com prerrogativa de função.
IV. Foro por prerrogativa de função de homicídio doloso
Se o foro por prerrogativa de função estiver previsto na CF prevalece o Tribunal do Júri.
Se o foro for previsto exclusivamente na Constituição Estadual prevalece o Tribunal do Júri nos crimes dolosos contra a vida.
V. Crime praticado em co-autoria com quem possui foro
Ex.: civil + deputado federal.
Tem prevalecido que ambos serão julgados pelo STF.
Não há ofensa ao princípio do juiz natural (Súmula 704, STF).
Súmula 704, STF. NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO DO PROCESSO DO CO-RÉU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE UM DOS DENUNCIADOS.
O STJ prefere a separação dos processos.
No caso de homicídio doloso, a separação é obrigatória (tanto o deputado como o civil, ambas as competências têm previsão na CF).
O procedimento é o previsto na lei 8.038/90 (para quem possui foro por prerrogativa de função).
3.2. Decisões recentes
O suplente de Senador não possui, não tem direito ao foro por prerrogativa de função;
Juiz aposentado também não possui foro por prerrogativa de função, seja lá qual for o motivo da aposentadoria;
Juiz (estadual, de 1º grau) convocado para atuar em Tribunal, para substituir desembargador, continua considerado como juiz de 1º grau. Portanto, será julgado pelo próprio Tribunal de Justiça a que é vinculado.
4. Competência Territorial
Regra geral: art. 70, CPP.
Art. 70.  A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
É determinada pelo local da consumação do delito.
Exemplo 1: crimes formais, crime de consumação antecipada (extorsão praticada por meio de telefone) => a competência é do local onde a vítima é constrangida, pouco importando o local da consumação da vantagem.
Exemplo 2: crime plurilocal (envolve várias comarcas) de homicídio doloso => a competência é do local da conduta (construção jurisprudencial), por questões probatórias e questões de política criminal.
4.1. Crime de estelionato praticado mediante a falsificação de cheque
Competência do local da obtenção da vantagem ilícita (Súmula 48, STJ).
Súmula 48, STJ. Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.
4.2. Crime de estelionato mediante a emissão de cheque sem fundo
Competência do local da recusa do pagamento, onde está localizada a agência do emitente do cheque (Súmula 521, STF e Súmula 244, STJ).
Súmula 521, STF. O FORO COMPETENTE PARA O PROCESSO E JULGAMENTO DOS CRIMES DE ESTELIONATO, SOB A MODALIDADE DA EMISSÃO DOLOSA DE CHEQUE SEM PROVISÃO DE FUNDOS, É O DO LOCAL ONDE SE DEU A RECUSA DO PAGAMENTO PELO SACADO.
Súmula 244, STJ. Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos.
4.3. Infração de menor potencial ofensivo
Competência territorial definida pelo local da conduta (art. 63, lei 9.099/95).
Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
4.4. Crimes falimentares
Competência fixada pelo local da decretação da falência ou da homologação da recuperação judicial.
4.5. Local da consumação desconhecido
Prevalece o local de residência do acusado.
Quando o acusado não tiver domicílio, utiliza-se o critério da prevenção => quem primeiro tiver conhecimento.
4.6. Foro de eleição
Art. 73, CPP.
Nas ações penais exclusivamente privadas o querelante pode promover a ação penal no local da conduta ou no domicílio do acusado.
Local da conduta; ou
Domicílio de eleição (não tem relação como pleito eleitoral).
Art. 73.  Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
5. Competência dos Juizados Especiais – Violência Doméstica
Regra geral: competência da Justiça Estadual (art. 14, lei 11.340/06).
Art. 14.  Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Ou nas varas criminais dos locais onde não foram implantados os juizados especiais.
Existe a possibilidade do incidente de deslocamento de competência, pois envolve matéria de direitos humanos.
6. Execução Penal
LEP (Lei de Execução Penal) – lei 7.210/84.
Aplica-se tanto aos presos provisórios quanto aos definitivos e aos condenados por qualquer Justiça. Enfim, aplica-se a todo tipo de preso.
Regra geral: o juízo da execução penal definido na legislação local (Lei de Organização Judiciária).
Critério básico: local do cumprimento da pena (é possível o deslocamento do local).
6.1. Aplicação da “LEX MITIOR”
Lei melhor, mais favorável.
Em regra, quem aplica é o juízo da execução penal.
Se houver necessidade de analisar o mérito do processo, tem que haver o ajuizamento de uma revisão criminal (pode desconstituir tudo que foi configurado no processo).
6.2. Juízo competente para execução da pena de multa
Dá-se na Vara da Fazenda Pública (nova redação do art. 51 do CP).
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
6.3. Penas impostas pelos JECRIM
I. Pena de multa => competência do próprio juizado. Executa-se na própria secretaria.
II. PRD e PPL => no juízo da execução penal comum. Vara da execução penal.
7. Competência por Distribuição
Só existe nas comarcas onde houver mais de um juiz igualmente competente. Ex.: Mais de uma vara criminal em Petrolina.
A distribuição tem que ser de forma imediata e aleatória, em respeito ao princípio do juiz natural.
7.1. Comarca onde tenha vara especializada
Vara do Júri, Vara de Tóxicos, por exemplo.
Se uma comarca possuir 5 varas de tóxicos, vai haver distribuição entre as 5 varas.
Se houver só uma, será distribuída diretamente para a vara especializada.
Prevalece na Jurisprudência que, se não for observada a distribuição, é competência de nulidade relativa (o prejuízo tem que se provado e alegado imediatamente sua ocorrência).
7.2. Hipóteses em que não haverá distribuição
Competência em razão da matéria, em virtude da matéria (há na comarca vara especializada);
Em razão da prevenção (já existe um juízo prevento);
Em razão da conexão e continência.
8. Competência por Prevenção (Art. 69, VI, CPP)
Só existe quando dois ou mais juízes igualmente competentes e um deles se antecede na prática de algum ato ou na determinação de alguma medida, mesmo ates do oferecimento da denúncia ou da queixa-crime.
Não tem processo, está na fase investigatória.
Ex.: Determinação de prisão preventiva, busca e apreensão, prisão provisória. Vai estar prevento para o julgamento do processo penal.
Na vara criminal, é praticada com algum ato pelo juiz que tenha carga decisória (medidas assecuratórias, por exemplo). Tem que decidir fundamentadamente.
Art. 69.  Determinará a competência jurisdicional:
VI - a prevenção;
- Preenchimento de duas condições
I. Tem que haver prévia distribuição da medida a ser analisada pelo juiz
A medida tomada na investigação que deve ser distribuída (pedido de prisão preventiva entre as varas criminais, por exemplo).
II. A diligência a ser analisada pelo juiz deve possuir o mesmo caráter cautelar ou contra cautelar encontrado nas hipóteses do parágrafo único do art. 75 do CPP.
Ex.: Concessão de fiança, prisão preventiva, prisão provisória, busca e apreensão, medidas assecuratórias.
Art. 75.  A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único.  A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal.
OBS 1: A inobservância da competência por prevenção é hipótese de nulidade relativa.
OBS 2: A prevenção pode fixar a competência em:
Crimes cometidos na divisa de dois estados, duas comarcas ou dois municípios;
Acusado que não possui domicílio;
Crimes permanentes ou habituais.
9. Conexão e Continência
São hipóteses de alteração da competência.
Não fixa a competência, quem fixa é a lei.
Ocorrendo a conexão e continência, a competência pode ser alterada, modificada.
9.1. Efeitos da Conexão e Continência
I. Processo e julgamento simultâneos.
Ex.: Ação de revisão de contrato de financiamento de veículo e ação de busca e apreensão => vão ser julgados simultaneamente (princípios da celeridade e economia processual).
II. Um juízo exercerá força atrativa sobre o outro.
Um deles vai julgar os dois processos, muitas vezes definido pela própria prevenção.
9.2. Conexão (art. 76, CPP)
O nexo ou a dependência recíproca que dois ou mais fatos criminosos guardam entre si, recomendando-se a reunião dos processos para que haja o julgamento simultâneo das ações.
Art. 76.  A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
9.3. Efeitos da Conexão
1. Conexão Intersubjetiva (art. 76, I, CPP)
Envolve vários crimes e várias pessoas e subdivide-se em 3 subespécies:
Art. 76.  A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
1.1. Por simultaneidade
Ocorre quando duas ou mais infrações penais são praticadas por duas ou mais pessoas ao mesmo tempo, quando essas pessoas estão reunidas ocasionalmente (não há liame subjetivo entre os agentes). Ex.: caminhão carregado de mercadoria que tomba na estrada.
1.2. Por concurso
Duas ou mais infrações praticadas por duas ou mais pessoas em tempo e local diversos. Ex.: atuação de quadrilhas em várias cidades praticando roubo. Aqui existe liame subjetivo, concurso de agentes.
1.3. Por reciprocidade
Duas ou mais infrações praticadas por duas ou mais pessoas, umas contra as outras. Ex.: torcida organizada, confusão em estádio de futebol, briga entre torcedores.
2. Conexão Lógica ou Material (art. 76, II, CPP)
Quando o crime é praticado para facilitar, ocultar ou assegurar a impunidade ou vantagem em relação ao outro delito. Ex.: duas pessoas roubam 100 mil de um banco e um mata o outro comparsa.
Art. 76.  A competência será determinada pela conexão:
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
3. Conexão Instrumental (art. 76, III, CPP)
Ocorre quando a prova de um crime influencia na prova de outra infração penal.
Ex.: roubo em Petrolina e receptação em Lagoa Grande; lavagem de capitais e crime antecedente.
Art. 76.  A competência será determinada pelaconexão:
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
9.4. Continência (art. 77, CPP)
Ocorre quando uma demanda, em face dos seus elementos, está contida em outra.
2 espécies:
I. Continência por cumulação subjetiva
Ocorre quando várias pessoas são acusadas da mesma infração penal.
Concurso de agentes, crimes praticados em co-autoria.
II. Continência por cumulação objetiva
Ocorre nas hipóteses de concurso formal de crimes (art. 70, CP – 1 ação, 2 ou mais crimes), aberratio ictus (erro na execução – art. 73, CP) e aberratio criminis (art. 74, CP).
Art. 77.  A competência será determinada pela continência quando:
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal.
9.5. Juízo que exercerá a força atrativa
Tornar-se-á competente para julgar as duas ações simultâneas.
Se já houve julgamento de uma das ações, não há que se falar em conexão e continência (Súmula 235, STJ). Não haverá reunião dos processos para julgamento simultâneo.
Súmula 235, STJ. A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.
9.6. Regras da força de atração (entre processos conexos)
I. Prevalecerá a competência do Tribunal do Júri, salvo nas seguintes exceções:
Crimes eleitorais;
Crimes militares;
Atos infracionais.
Obrigatoriamente deverá haver a separação dos processos.
II. Prevalece a comarca em que for praticada a infração mais grave.
Ex.: roubo em Petrolina + receptação em Lagoa Grande. O juízo competente será o de Petrolina.
A gravidade é medida de acordo com a pena.
Sendo igual as penas, prevalece a comarca onde for praticado o maior número de infrações penais.
Se nenhum desses critérios resolver, a competência é fixada pela prevenção.
10. Provas
Terminologia da Prova
10.1. Conceitos
a) Prova como atividade probatória
É o ato ou complexo de atos que tendem a formar a convicção do órgão julgador sobre a existência ou não de uma situação fática.
Desdobramento do direito de ação (tanto ao MP como ao acusado).
b) Prova como resultado
Consiste na convicção do órgão julgador acerca da existência ou não de determinada situação fática.
c) Prova como meio
Os instrumentos aptos a formar a convicção do julgador quanto à existência de determinada situação fática. Ex.: prova testemunhal.
10.2. Destinatário da Prova
O órgão julgador (Juiz, Comarca do Tribunal, Turma, Sessão, Pleno, Plenário).
Para a doutrina majoritária, também pode ser destinada ao MP.
10.3. Sujeitos da Prova
São as pessoas responsáveis pela produção da prova (a testemunha, o perito, o ofendido, o acusado).
10.4. Fonte da Prova
Fonte é tudo aquilo que indica algum fato ou afirmação que necessita de prova.
Ex.: a denúncia indica fato ou fatos e estes devem ser provados.
Para outra doutrina, outra corrente, são as pessoas ou coisas (o objeto do crime) que podem produzir provas.
10.5. Forma da Prova
Forma de como a prova pode ser produzida.
I. Forma material
O objeto material do crime. Ex.: faca, revólver. Tudo aquilo que deriva do objeto do crime.
II. Forma documental
Prova escrita.
III. Forma oral
O depoimento de uma testemunha.
10.6. Meio de Prova
Instrumentos aptos a formar a convicção do juiz.
Vigora o sistema da livre produção de provas ou sistema da liberdade de provas.
A prova pode ser produzida, a princípio, de qualquer forma.
Típicas => aquelas previstas no CPP.
Atípicas => aquelas não previstas no CPP.
No processo penal brasileiro pode ser utilizado qualquer tipo de prova, salvo as ilegais, imorais ou inconstitucionais.
10.6.1. Exceções ao princípio da liberdade de provas
I. Art. 107, CPP
Pessoas que tem o dever de ofício não podem prestar depoimento, tem que guardar sigilo profissional.
Art. 107.  Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.
II. Art. 479, CPP
Não se pode juntar documento para o júri com menos de 3 dias úteis, sob pena da prova tornar-se ilegítima por ofensa a norma processual.
Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte.
III. Estado das pessoas (art. 155, PU, CPP)
Ex.: acusado que preso que alega ser menor de idade. Vai provar com o documento.
Art. 155.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.
IV. Crimes materiais (deixam vestígios)
Tem que haver o exame pericial.
Art. 158.  Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
V. Questões prejudiciais heterogêneas (art. 92, CPP)
Diz respeito a outro ramo do Direito. Está relacionada ao estado civil das pessoas. A prova é produzida no outro ramo do Direito.
Art. 92.  Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente.
10.6.2. Meios de Prova x Meios de Pesquisa
	Meios de Prova
	Meios de Pesquisa
	Atividade desenvolvida dentro do processo (endoprocessual), desenvolvida perante o juiz, portanto, sujeita ao contraditório. Ex.: degravação de uma diligência de uma interceptação telefônica.
	Dizem respeito a certos procedimentos, vai de regra, extraprocessuais (fora do processo), que visam a colher provas materiais e que podem ser realizados por outros funcionários que não seja o juiz.
Não estão sujeitos ao contraditório.
Existe o elemento surpresa. Ex.: busca e apreensão.
10.7. Objeto da Prova
São os fatos que interessam a solução da causa ou da lide.
	O que precisa ser provado
	O que não precisa se provado
	O fato narrado pelo acusado ou pela defesa;
Os costumes também têm que ser provados;
Regulamentos e portarias;
OBS 1: Se a portaria é um complemento de uma norma penal em branco não precisa de comprovação. Ex.: 344/98 da ANVISA (Ministério da Saúde);
Direito estrangeiro, estadual e municipal;
Fato narrado e não contestado mesmo assim deve ser provado;
OBS 2: O único efeito da revelia no processo penal é a não intimação para os atos subsequentes do processo. Não há presunção de veracidade, como ocorre no processo civil.
	Os fatos notórios;
Os fatos axiomáticos ou intuitivos (fatos evidentes);
Fatos banais;
Presunções legais (a vulnerabilidade da criança, por exemplo).
10.8. Elementos da Prova
São dados objetivos que confirmam ou negam a existência de uma situação fática ou não. Os dados concretos que estão dentro do processo.
10.9. Prova Direta e Prova Indireta
	Prova Direta
	Prova Indireta
	Recai diretamente sobre o fato a ser provado.
Ex.: testemunha ocular do crime.
	Para se alcançar o resultado ou conclusão sobre o fato o juiz ou o órgão julgador deve fazer juízo de valor por meio de outro fato;
Sinônimo de indícios;
OBS: Pode-se condenar uma pessoa com base em prova indireta, bastando que exista um quadro robusto de provas, ou seja, que a situação seja coerente a tal ponto que possa assegurar-se a autoria do crime.
10.10. Indícios
Arts. 239 e 312, CPP.
Art. 239 => prova indireta.
Art. 312 => prova sempre plena, que autoriza a decretação da prisão preventiva.
Art. 239.  Considera-se indício a circunstância conhecidae provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
Art. 312.  A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Indício x Suspeita
	Indício
	Suspeita
	É sempre um dado objetivo;
É um fato demonstrado que autoriza a conclusão de outro fato.
	É o mero estado de ânimo, ou seja, pura intuição, que pode gerar desconfiança e também induzir a erros.
10.11. Prova Positiva e Prova Negativa
	Prova Positiva
	Prova Negativa
	Serve para demonstrar a existência do fato criminoso;
Utilizada pela acusação.
	Utilizada para negar o fato;
O próprio álibi.
10.12. Prova Emprestada
É a prova produzida em um processo e posteriormente transportada para outro processo.
E possível sua utilização desde que observado o contraditório em ambos os processos (onde ela foi produzida e onde vai ser introduzida).
Se não houve o contraditório em ambos os processos, a prova passa a ser documental e não prova emprestada.
11. Princípios relacionados à prova
1) Princípio da presunção de inocência
Com a Constituição Federal, passou a ter previsão expressa (art. 5º, LVII, CF).
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
2 regras decorrentes:
I. Regra probatória
Consiste na divisão do ônus da prova.
Quem alegou o fato deve provar (art. 156, CPP).
Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício (...)
II. Regra de tratamento
Ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
2) Princípio da proporcionalidade
Coeficiente de medição da razoabilidade dos atos estatais, utilizado para conter os excessos do Estado.
2.1. Prova ilícita pró réu
Apesar da proibição constitucional da utilização de provas ilícitas, tem-se admitido julgamento absolutório com base em provas ilícitas.
2.2. Prova ilícita pró sociedade
Não se admite de forma nenhuma.
Apesar de haver controvérsia a respeito da possibilidade da utilização da prova ilícita a favor da sociedade, doutrina e jurisprudência, em sua maioria, não admitem sua utilização.
3) Princípio da busca da verdade real
É muito criticado.
Como o juiz vai reconstruir verdadeiramente os fatos?
O juiz presidente do processo deve tentar reconstruir a verdade dos fatos. O juiz produz prova de ofício.
No processo civil é chamado de verdade formal (as partes que trazem para o processo).
Em virtude dos direitos individuais indisponíveis em jogo no processo penal, cabe ao juiz a busca da verdade real.
4) Princípio da não auto-incriminação (NEMO TEWETUR SE DETECERE)
Art. 5º, LXIII, CF (o preso => interpretação de modo ampliativo => o indiciado, o acusado, o condenado, o sentenciado, a testemunha).
Ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
4.1. Abrangência do princípio
I. Todo acusado tem o direito de permanecer em silêncio ou ficar calado.
II. Nenhum acusado é obrigado a praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo (o acusado não é obrigado à participação da reconstrução do crime).
III. Todo acusado tem o direito de não produzir nenhuma prova incriminadora que envolva o corpo humano. Ex.: ninguém é obrigado a ceder sangue (DNA), bafômetro.
4.2. Prova invasiva
Envolve o corpo humano e implica na utilização de alguma parte dele. Ex.: DNA, bafômetro.
Depende da anuência do acusado.
4.3. Prova não invasiva
Consiste numa inspeção ou numa verificação corporal, ou seja, não há extração de nenhuma parte do corpo humano. Ex.: exame clínico.
Não depende da anuência do acusado.
4.4. Coleta de DNA da pessoa sem a sua anuência
Elementos apreendidos relativos ao corpo humano, produzidos de forma voluntária ou involuntária, podem ser utilizados como prova lícita.
4.5. Gravação feita pela imprensa com preso e gravação feita por policial em conversa informal com preso
Prova ilícita, pois o acusado não foi advertido do direito de ficar calado.
Gravações feitas sem advertência do direito ao silêncio constituem prova ilícita.
5. Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meio ilícito
Art. 5º, LVI, CF.
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
6. Princípio da comunhão das provas
Toda prova produzida e juntada aos autos pode ser utilizada por qualquer das partes.
7. Princípio da auto-responsabilidade das partes
Toda parte assume as consequências pela sua atividade probatória.
8) Princípio da oralidade
Só prevalece no JECRIM (lei 9.099/95).
Com a reforma de 2008, passou a prevalecer no procedimento comum e no procedimento do júri, com as devidas conseqüências:
I. A prova deve ser preponderantemente oral;
II. Concentração de atos;
III. Imediatidade;
IV. Identidade física do juiz.
9) Princípio da liberdade de produção de provas
Vigora o sistema da livre produção de provas ou sistema da liberdade de provas.
A prova pode ser produzida, a princípio, de qualquer forma.
Típicas => aquelas previstas no CPP.
Atípicas => aquelas não previstas no CPP.
No processo penal brasileiro pode ser utilizado qualquer tipo de prova, salvo as ilegais, imorais ou inconstitucionais.
12. Sistemas de Valoração da prova (art. 155, CPP)
1) Sistema da certeza moral ou da íntima convicção do juiz
Permite-se que o magistrado aprecie a prova com toda liberdade, porém, sem a necessidade de fundamentar.
Prevalece no Brasil com relação ao Tribunal do Júri.
2) Sistema tarifado ou tarifário ou da verdade formal
Atribui-se a cada prova um determinado valor, cabendo ao juiz fazer apenas um somatório.
Era adotado no sistema inquisitivo.
Quem decide a apreciação de cada prova é o próprio legislador.
Com relação aos crimes materiais, a prova a ser utilizada é a prova pericial.
Adota-se esse sistema com relação aos crimes materiais.
Ex.: prova do estado das pessoas (art. 155, PU, CPP).
Art. 155.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.
3) Sistema do livre convencimento motivado ou persuasão racional
Art. 93, IX, CF.
O juiz é livre para decidir da forma que entender o seu conhecimento, porém é obrigado a fundamentar
Respalda no próprio Estado Democrático de Direito.
Princípio da publicidade.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
3.1. Efeitos desse sistema
I. Não existe nenhuma prova de valor absoluto;
II. O juiz tem obrigação de valorar todas as provas do processo, ainda que seja para afastá-las;
III. Somente são válidas as provas constantes no processo, ou seja, os conhecimentos privados do juiz não têm validade (extra autos).
13. Elementos informativos x Provas
	Elementos Informativos
	Provas
	São aqueles colhidos na fase de investigação, sem a participação dialética das partes, ou seja, não há contraditório nem ampla defesa;
Servem para fundamentar medidas cautelares e também para auxiliar na opinião do delito;Elementos informativos isoladamente (exclusivamente) não são aptos a fundamentar a sentença penal condenatória, porém, somados a provas produzidas em juízo, podem servir na formação da convicção do juiz.
	Em regra, são produzidas na fase judicial, com a participação dialética das partes.
14. Provas Cautelares
São aquelas que existe o risco do desaparecimento do objeto da prova pelo decurso do tempo. Ex.: interceptação telefônica.
O contraditório é diferido (não ocorre no momento da produção da prova). Só vai haver num momento posterior a prova.
Em regra, as provas cautelares dependem de autorização judicial.
15. Provas não repetíveis
São aquelas que não têm como ser novamente coletadas em virtude do desaparecimento ou da destruição da fonte probatória. Ex.: perícias em crimes sexuais.
O contraditório também é diferido.
Em regra, não necessitam de autorização judicial.
16. Prova antecipada
São aquelas produzidas com observância do contraditório real (ocorre no momento da produção da prova) perante o juiz, antes do seu momento processual oportuno e até mesmo antes de iniciar o processo em razão da sua relevância ou urgência.
Participação das partes no momento da produção da prova.
Ex.: arts. 225 e 366, CPP. O procedimento é o dos arts. 846 e seguintes do CPC.
17. Ônus da prova (art. 156, CPP)
O encargo que vai recair sobre a parte de provar a veracidade do fato alegado.
Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
	Ônus da Prova
	Acusação
	Defesa
	A existência do fato típico;
A autoria delitiva;
O elemento subjetivo do tipo (dolo ou culpa => tem que provar a modalidade ou espécie de culpa).
	Fato modificativo do direito do autor;
Fato extintivo (causas de extinção da punibilidade);
Fatos impeditivos (excludentes de culpabilidade).
Agir de ofício => criação do juiz inquisidor.
17.1. Sistema inquisitorial
Há extrema concentração de poder nas mãos do órgão jurisdicional (ele mesmo acusava, defendia e depois julgava);
Não há publicidade alguma, não há contraditório e nem ampla defesa. 
O acusado é mero objeto de investigação.
17.2. Sistema acusatório (art. 129, I, CF)
Separou-se as funções de acusar, defender e julgar;
Preservou-se a imparcialidade do juiz;
Há o respeito ao contraditório e a ampla defesa;
O acusado passa a ser sujeito de direito;
Sistema adotado no Brasil.
17.3. Produção de provas de ofício pelo juiz
	Antes do início do processo
	Após o início do processo
	Se ele o fizer, ofende o sistema acusatório, estará praticando iniciativa acusatória, atuando como juiz inquisidor.
	O juiz está tendo iniciativa probatória;
Justifica-se porque ele atua de forma subsidiária e com fundamento no princípio da busca da verdade real.
18. Art. 157, CPP
18.1. Prova ilegal
Toda vez que sua obtenção caracterize violação de normas legais ou de princípios gerais do direito, de cunho material ou processual.
Prova ilegal é gênero, sendo que as espécies são as provas ilícitas e provas ilegítimas.
18.2. Provas ilícitas x Provas legítimas
	Provas ilícitas
	Provas ilegítimas
	Quando há uma violação de direito material;
Ex.: tortura de alguém para obter confissão, violação de domicílio para obter prova;
Em regra, é obtida fora do processo;
Por força da CF, são inadmissíveis e devem ser desentranhadas do processo;
Surge o direito de exclusão, mediante o incidente de desentranhamento.
	Quando há violação de norma de direito processual;
Ex.: art. 479, CPP.
Art. 479.  Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte.
Em regra, é produzida durante o curso do processo;
Resolve-se pelo sistema nas nulidades:
Relativa: a parte prejudicada tem que alegar no primeiro momento e provar o prejuízo;
Absoluta: o prejuízo é presumido e pode ser alegado a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição.
18.3. Prova ilícita por derivação
São os meios probatórios que, apesar de produzidos validamente ou de forma legal, em momento posterior encontram-se afastados ou contaminados pelo vício da ilicitude originária que a ele se transmite por efeito de repercussão causal.
18.4. Princípio da proporcionalidade
É utilizado como balizador ou freio do poder estatal.
18.5. Prova ilícita pró réu x prova ilícita pró sociedade
	Prova ilícita pró réu
	Prova ilícita pró sociedade
	É perfeitamente aplicável ou válida;
Quando o réu a está utilizando, está agindo em estado de necessidade.
	Para alguns, é possível (Barbosa Moreira);
Para o STF e STJ, não é possível.
18.6. Inutilização da prova ilícita (art. 157, § 3º, CPP)
Preclusa a decisão que declarou a prova ilícita, o juiz decreta sua inutilização (não cabe mais recurso), mediante o incidente de inutilização ou eliminação da prova ilícita.
A ilicitude da prova pode ser reconhecida de ofício.
Art. 157.  São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
Duas situações em que a prova mesmo sendo ilícita não pode ser destruída (impossibilidade da utilização da prova ilícita pelo juiz não implica necessariamente a sua destruição física por dois motivos):
I. Quando essa prova ilícita pertencer a alguém ela deve ser devolvida a essa pessoa. Ex.: arma pertencente a terceiro.
II. Caso essa prova ilícita seja “o corpo do delito” (a materialidade) de outro crime, não poderá ser destruída.
18.7. Momento processual do desentranhamento
Em regra, o juiz deve analisar a ilicitude da prova antes da audiência de instrução e julgamento.
Se a prova for juntada durante a audiência, ele apreciará a ilicitude na própria sentença.
18.8. Descontaminação do julgado
O juiz que tivesse contato com a prova ilícita deveria ser afastado do processo.
Não existe essa descontaminação, esse afastamento.
Art. 157, § 4º, CPP => VETADO.

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