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DISTURBIOS ELETROLÍTICOS NO ECG André Aquino Potássio Sabemos que o potássio deve estar mais concentrado no meio intracelular (MIC), Constituindo quase 98%. A importância dessa concentração alta no MIC e baixa no maio extracelular (MEC) é o que mantem um gradiente de concentração adequado para o processo de repolarização, após a abertura dos canais de K+. O valor sérico normal de potássio é 3,5-5,5mEq/L. As vezes algumas situações promovem o aumento (hipercalemia ou hiperpotassemia) ou diminuição (hipocalemia ou hipopotassemia) do potássio sérico. Vamos ver como se apresenta no ECG cada distúrbio desse. Hipercalemia (valores de potássio sérico acima de 5,5 mEq/L) Os achados encontrados na hipercalemia são: - Onda T apiculada (figura 1) - Intervalo Q-T encurtado - Onda P achatada, podendo desaparecer (ritmo sinoventricular) - QRS alargado (>0,12s) - Intervalo Q-R alargado (Bloqueio atrioventricular de 1°grau) - Supra de ST (diferencia-se de infarto por ocorrer em todas as derivações o que não acontece no infarto). - Junção da onda T com o complexo QRS (onda em sino). Para entender porque cada achado aparece basta entender uma coisa: Os níveis elevados de potássio no sangue (MEC), dificulta a despolarização e acelera a repolarização (tanto ela é adiantada como acontece mais rápido). Estas duas afirmações explicam todos os achados!! veja: - Onda T apiculada (A repolarização acontece mais rápido) - Intervalo Q-T encurtado (A repolarização é adiantada) - Onda P achatada, podendo desaparecer (ritmo sinoventricular) (Há uma dificuldade na despolarização) - QRS alargado (>0,12s) (dificuldade de despolarizar) - Intervalo Q-R alargado (Bloqueio atrioventricular de 1°grau) (dificuldade de despolarizar) - Supra de ST (diferencia-se de infarto por ocorrer em todas as derivações o que não acontece no infarto). - Junção da onda T com o complexo QRS (onda em sino). (repolarização é adiantada) Figura 1 Classificação da hipercalemia 1-Leve (5,5 - 7,0mEq/L) -Onda T em tenda e intervalo Q-T encurtado 2-Moderada (7,0 – 9,0mEq/L) - Onda P achatada podendo desaparecer (>8mEq/L) – Ritmo sinoventricular - QRS alargado - Intervalo P-R alargado (BAV 1°grau) 3- Grave ( >9,0mEq/L) - Supra de S-T (pseudoinfarto) - >12mEq/L fusão de onda T com complexo QRS ( onda em sino). Descreva o ECG acima, observando cada alteração que indica hipercalemia, e caracterize o tipo de hipercalemia (leve, moderada ou grave). Hipocalemia Quando os níveis de potássio estão baixos....tente raciocinar....o potencial de repouso irá ficar mais negativo, pois a diferença entre o meio interno e externo de potássio aumenta (lembre-se que o potássio é o principal responsável pelo potencial de membrana). veja o esquema abaixo para entender melhor. Onde o potássio estiver mais concentrado é negativo...Como, se o potássio é um íon positivo?...controle ansiedade garotchinho!! vamos reponder.... Os íons potássio, que estão dentro da célula tendem a saírem por difusão (já que estão mais concentrados em relação ao meio externo), porém não passam livremente pela membrana, passam pelo canal específico de potássio. Quando “eles” estão saindo pelo canal, atraem íons negativo que estão em abundância no meio intracelular, estes por sua vez ficam na face interna da membrana pois não conseguem passar pelo canal junto com o potássio (o canal é específico para potássio). O acúmulo de íons negativo na face interna da membrana, deixa ela negativa. O mesmo acontece do lado de fora da membrana porém a quantidade de potássio é menor, por isso fica menos negativo. Portanto se fizermos a diferença de potencial entre o meio interno e o meio externo dará um valor negativo, que na imagem define como -90mV. Agora imagine se o potássio fora estiver menor (hipocalemia), a diferença de potencial será maior (em valor numérico, mais entenda que é um potencial mais negativo). Conclusão....”O quadro de hipocalemia deixa o potencial de repouso mais negativo”. O quadro de hipocalemia causa alterações tanto na repolarização como na despolarização. A repolarização será mais demorada, pois o novo valor de repouso é mais negativo, por isso precisa retornar mais potássio, durante o processo, para alcançar o potencial de repouso. A despolarização vai acontecer mais rápida pois a diferença de contração dos íons potassio entre o meio externo e interno é maior, aumentando assim a velocidade de difusão deste íon na despolarização. Entendeu tudo isso? Agora vamos observar essas coisas no ECG Já é de se esperar que a onda T seja alongada e achatada, podendo até sumir ( na hipocalemia a repolarização é mais lenta, e a onda T representa a repolarização ventricular), o intervalo QT alargado (>440ms), como a despolarização é mais rápida a onda P fica apiculada. Um fenômeno que também ocorre é a repolarização tardia das fibras de purkinje, que divide a onda T em dois componentes T e U (onda U). O aparecimento da onda U é o achado mais típico da hipocalemia. Veja o quadro com todos os achados de acordo com os níveis séricos. Veja o ECG abaixo Cálcio Os canais de cálcio se abrem na repolarização (deixando ela mais lenta), com isso as principais alterações irão ocorrer nesse período, principalmente no segmento ST. Hipercalcemia Na hipercalcemia surgem três alterações no ECG, encurtamento do segmento ST, que pode ser tão curto que causa um supradesnivelamento deste segmento (simulando um infarto) e o surgimento da onda J de Osborn. Veja a representação da onda J abaixo: Ela também aparece na hipotermia (<30°C) mas associado com outros achados, a saber: bradicardia sinusal, prolongamento de PR/QRS/QT, arritmias atriais, fibrilação ventricular, assistolia e artefatos (devido ao tremor do paciente). Agora veja estes dois ECG e tende observar essas alterações: Uma questão que pode ter sido pensada, já que tanto a hipercalemia como a hipercalcemia causam supra de ST, ou seja simula um infarto, como diferenciá- las dele. O infarto aparece em paredes específicas pois a lesão é localizada, já os distúrbios hidroeletrolíticos alteram todo o coração por isso este último é visível em todas as derivações. Hipocalcemia A principal alteração no ECG é o aumento do seguimento ST diferencia-se da hipocalemia pois nesta aparecem outros achados como citado anteriormente. Veja exemplos abaixo:
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