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Currículo Escolar

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Apresentação:
Currículo escolar: o que ensinar nas escolas de educação básica
			para que ensinar nas escolas de educação básica
			como ensinar nas escolas de educação básica
CURRÍCULO é uma produção social que passou por diversas mudanças que interferiram diretamente na organização do trabalho pedagógico.
INTRODUÇÃO:
Educação: prática social que de humanização dos seres humanos em determinada cultura.
Sobre o papel da instituição escolar: ela deve preparar para o trabalho, para o vestibular, ou deve, ainda, instrumentalizar os alunos para a vida em sociedade?
A função social da escola deve ser a formação da consciência humana por meio do conhecimento científico.
A escola tenta formar o trabalhador para atender as necessidades do mercado de trabalho, o que causa graves problemas sociais, como a perda da capacidade de luta social e a ausência de reflexões sobre o mundo em que vivemos. A escola deve resistir a todas as tentativas de interferência da ideologia dominante que, além de miséria material, provoca miséria intelectual.
Currículo: conceituação do termo
Envolve um conhecimento sobre o que o ser humano produziu e produz ao longo da história, bem como os saberes que são apropriados e modificados a cada nova geração.
O currículo define o que, como e para que os conteúdos são trabalhados nos diferentes níveis de ensino.
A organização do currículo escolar pode simplesmente preparar para o mercado de trabalho ou capacitar a compreensão da dimensão histórica e ideológica dos conhecimentos escolares.
O currículo é uma ponte entre a sociedade e a escola.
A dupla dimensão do fenômeno educacional pode ser compreendida por permanência e transformação.
Delineando a definição do termo
Currículo, do latim curriculum, significa “ato de correr, atalho, corte”. É transformação, não apenas no que se refere a mudar o sentido, de ir por outro caminho, mas de buscar novas alternativas, novas soluções, nova conquistas.
O currículo representa a caminhada que o sujeito irá fazer ao longo de sua vida escolar, em relação aos conteúdos e as atividades realizadas sob a sistematização da escola.
O currículo tem uma dimensão ampla com função socializadora e cultural, bem como forma de apropriação da experiência social acumulada e trabalhada a partir do conhecimento formal que a escola escolhe, organiza e propõe como centro das atividades escolares.
Deve ser pautado no Projeto Político Pedagógico (PPP) que envolve toda a comunidade escolar: professores, alunos, pais e funcionários.
Considerações iniciais sobre o currículo no contexto escolar
O currículo brasileiro se estruturou no americano. Autores brasileiros que discutem o currículo se apropriaram, na maioria das vezes, da produção estrangeira para propor políticas públicas para a educação.
Sacristán – conjunto de conhecimentos ou matérias a serem superadas pelo aluno dentro de um ciclo, manual ou guia do professor, resultados pretendidos de aprendizagem.
Zotti – plano de estudos, conjunto das matérias a serem ensinadas em cada curso ou série e o tempo reservado a cada uma.
Saviani – o conjunto de atividades desenvolvidas pela escola. Tudo o que a escola faz; assim, não faria sentido falar em atividades extracurriculares.
Sacristán – para o aluno adquirir o conhecimento elaborado pelo ser humano historicamente situado, é necessária a compreensão crítica da realidade e não somente a repetição de conteúdos sem uma verdadeira reflexão. Como é o caso da formação profissional, currículo de reprodução, não são consideradas as questões sociais, ideológicas, culturais, políticas e históricas, e sim considerada uma sociedade ideal, perfeita, em que os alunos devem estar preparados para agir nesse contexto, ser um bom trabalhador, uma boa mão de obra, aceitar sem ser crítico.
Soares – sucesso ou fracasso se deve as características dos indivíduos: a escola oferece igualdade de oportunidades; o bom aproveitamento depende do dom (ideologia do dom: aptidão, inteligência, talento) dessa forma, não seria a escola responsável pelo fracasso do aluno.
Sacristán – currículo: programa que proporciona conteúdos e valores para que os alunos melhorem a sociedade em relação a reconstrução social da mesma. Escola redentora: pela aquisição dos conhecimentos tecnicamente selecionados, os alunos seriam capazes de melhorar a sociedade, como se apenas a aquisição de conteúdos, sem a devida reflexão, significasse sinônimo de mudança social.
A escola não é e nem pode ser símbolo único e exclusivo de mudança social. Ex: enaltece exclusivamente a língua padrão, esquecendo-se das variações linguísticas, pensando que poderá sanar as mazelas da sociedade, pois todos estariam aptos a se expressar adequadamente.
Soares – a escola censura e rejeita a linguagem própria das classes populares e ao mesmo tempo fracassa em lavá-las ao domínio da linguagem de prestígio, mantendo as discriminações e a marginalização, reproduzindo as desigualdades.
Deve-se ensinar o português padrão, é uma forma de falar e escrever e seu ensino só pode trazer benefícios, mas é preciso ficar claro a forma com que se processa esse ensino para contribuir para a aquisição dos elementos culturais necessários para se tornar humano.
É imprescindível também relacionarmos a intenção política que envolve o currículo, ou seja, que tipo de ser humano queremos formar e como o professor poderá realizar a sua prática docente.
Saviani – “a escola existe para propiciar a aquisição dos instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (ciência), bem como o próprio acesso aos rudimentos desse saber. As atividades da escola básica devem se organizar a partir dessa questão. Se chamarmos isso de currículo, poderemos então afirmar que é a partir do saber sistematizado que se estrutura o currículo da escola elementar. A primeira exigência para o acesso a esse tipo de saber é aprender a ler e a escrever. Além disso, é preciso também aprender a linguagem dos números, a linguagem da natureza e a linguagem da sociedade. Está aí o conteúdo fundamental da escola elementar: ler, escrever, contar, os rudimentos das ciências naturais e das ciências sociais (história e geografia humanas).
Essa compreensão do currículo como produção requer a busca constante do conhecimento sistematizado e da compreensão efetiva da realidade socioeconômica e cultural que influencia e condiciona o processo educacional.
Pedra – polissemia do termo currículo – vários sentidos – dependendo das visões filosóficas de mundo, ser humano, história e educação. Os teóricos que discutem sobre o tema podem dar mais ênfase ao currículo como resultado, experiência ou princípio, mas não descrevem realidades diferentes, apenas informam a interpretação que determinado autor ou escola teórica lhe deu.
Zotti – até o final do século XIX as definições de currículo referiam-se restritamente à matéria. Significou uma relação de matérias/disciplinas com seu corpo de conhecimento organizado numa sequência lógica, com o respectivo tempo de cada uma (grade ou matriz curricular). Possui estreita relação com “plano de estudos”, conjunto de matérias a serem ensinadas em cada curso ou série e o tempo reservado a cada uma.
Currículo inclui não apenas o conhecimento escolar, mas também as experiências de aprendizagem.
Moreira e Candau – currículo é o conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com as intenções educativas. A palavra tem sido usada para qualquer espaço organizado para educar pessoas (currículo da mídia, currículo da prisão). Empregamos a palavra currículo somente para atividades organizadas por instituições escolares.
 CURRÍCULO: maneira como os conteúdos são dosados e sequenciados no processo pedagógico. Como os conhecimentos são organizados e sistematizados no contexto escolar. Define o que, como e para que os conteúdos são trabalhados nos diferentes níveis de ensino.
Lei 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN) não existe um currículo único a ser seguido, existe uma base nacional comum e uma parte diversificada,competindo a escola a elaboração de sua proposta pedagógica.
Arroio – o ordenamento curricular não é neutro, é condicionado por essa pluralidade de imagens sociais que nos chegam de fora. Imagens de crianças, adolescentes, jovens ou adultos nas hierarquias sociais, raciais ou de gênero, no campo e na cidade ou nas ruas e morros. Essas imagens são a matéria-prima com que configuramos as imagens e protótipos de alunos.
É possível a formação da consciência humana por meio da escola, a partir do que de melhor o ser humano produziu.
Lima – o conhecimento é um bem comum, devendo, portanto, ser socializado a todos os seres humanos. O currículo é o instrumento por excelência dessa socialização. É necessário o conhecimento formal na escola, o conhecimento sistematizado criado a partir do desenvolvimento cultural da humanidade.
A escola é considerada como espaço privilegiado de apropriação do saber.
Informação: disponível na mídia em geral, não pode ser considerada como um conhecimento formal, pois a informação precisa ser analisada, interpretada e mediada pelo professor.
Conhecimento: resulta da “organização” de informações e redes de significados. Passível de ser ampliada por novos atos de conhecimentos, por outras informações ou, ainda, ser reorganizado em função de atividades específicas à apropriação do conhecimento.
É no espaço escolar, de modo particular, que o processo de ensino e aprendizagem ocorre de maneira formal determinado pelas concepções de ser humano, sociedade e educação dos envolvidos no processo.
Vários autores discutem atualmente sobre o tema currículo, temática que vem sendo refletida e ampliada com base em situações ocorridas na sociedade brasileira, na década de 1980, em virtude do processo de redemocratização e das críticas feitas ao sistema escolar visto como hegemônico.
Um breve histórico sobre currículo
Transferência ou transplante cultural – influência de teorias de outros países na organização curricular.
A influência primeiramente francesa e, posteriormente americana, permearam as ideias sobre o currículo no Brasil, todavia, não são uma mera cópia, houve adaptações em virtude das peculiaridades do contexto brasileiro.
Saviani – pedagogia brasílica – procurava se adequar às condições específicas da colônia, como o fato de Anchieta realizar seu trabalho pedagógico utilizando o idioma tupi tanto para se dirigir aos nativos como aos colonos.
Conteúdos humanísticos e enciclopédicos – selecionados da cultura universal e repassados como verdades absolutas no programa de ensino.
Método expositivo – os conteúdos são racionalmente repassados aos alunos pela exposição verbal, com ênfase nos exercícios, na repetição, na memorização e na verificação de resultados, com base em interrogatórios orais e escritos.
A pedagogia tradicional permeou os programas de ensino no Brasil até o início do século XX, entre a chegada dos jesuítas, as reformas pombalinas até a sociedade republicana, sempre com base na “lista de conteúdos”, fácil de regular, controlar, assegurar sua inspeção, etc., do que qualquer outra fórmula que contenha considerações do tipo psicopedagógicas, diferenciando apenas na metodologia adotada conforme os interesses da época.
Método Lancaster (1827) – se baseava no aproveitamento de alunos adiantados para auxiliarem o professor em classes numerosas.
Lições das coisas (final XIX ao início de XX) – “método intuitivo” com a finalidade de resolver os problemas de ineficiência do ensino, relacionado aos materiais didáticos como suporte físico, como quadros negros, gravuras, globos, mapas, que começaram a ser disseminados a partir das exposições universais.
Escola nova – movimento que defendia a educação ativista, o desenvolvimento da individualidade e a autonomia. A ênfase se dava na capacidade do aluno em aplicar os conhecimentos em situações vividas e não apenas na acumulação de conhecimentos.
Dewey – o valor dos conhecimentos sistematizados está na possibilidade, que dá ao educador, de determinar o ambiente, o meio necessário à criança, e, assim, dirigir indiretamente sua atividade mental. (Dewey compreendia o currículo com foco a prática do professor).
Franklin John Bobbitt – currículo é aquele conjunto ou série de coisas que as crianças e jovens devem fazer e experimentar a fim de desenvolver habilidades que os capacitem a decidir assuntos da vida adulta. (Bobbitt compreendia o currículo com foco no aluno).
A industrialização norte-americana fundamentou o início dos estudos sobre o currículo e a emergência de mudança de ensino.
Bobbitt propunha que as escolas se organizassem como empresas, com resultados, métodos, mensuração para verificar resultados. (racionalidade instrumental técnica)
Ralph Tyler – sua obra respondia a quatro questões do modelo técnico-linear:
Como selecionar objetivos;
Como selecionar as experiências de aprendizagem;
Como organizar essas experiências e 
Como avaliar sua eficácia.
Tyler entendia o currículo nem focando no aluno e nem no professor, e sim no método.
Zotti – Dewey (professor), Bobbitt (aluno) e Tyler (método): três concepções de currículo com respostas diferenciadas na forma, mas defendendo e articulando um mesmo objetivo – adaptar a escola e o currículo à ordem capitalista, com base nos princípios de ordem, racionalidade e eficiência. Em vista disso, as questões centrais do currículo foram os processos de seleção e organização do conteúdo e das atividades, privilegiando um planejamento rigoroso, baseado em teorias científicas do processo ensino-aprendizagem, ora numa visão psicologizante, ora numa visão empresarial.
Moreira – as origens do pensamento curricular brasileiro (1920-1930) constituíram um processo que se caracterizava pela reconstrução e reconstituição da experiência; um processo de melhoria permanente da eficiência individual. (destaque entre os teóricos renovadores para Fernando Azevedo e Anísio Teixeira)
Anísio Teixeira – reorganizou a instrução publica na Bahia. Chamou a atenção para a importância de se organizar o currículo escolar em harmonia com os interesses e os estágios de desenvolvimento das crianças baianas. Currículo foi ainda centrado nas disciplinas, mas de acordo com a realidade e as possibilidades do estado.
Francisco Campos e Mário Casassanta – reforma em Minas Gerais, o currículo e os programas eram concebidos como instrumentos para desenvolver na criança as habilidades de observar, pensar, julgar, criar, decidir e agir. Não preocupação com a quantidade, mas sim com a qualidade do conhecimento a ser aprendido.
Fernando Azevedo – reforma no Rio de Janeiro, o Distrito Federal da época, principal finalidade era levar em consideração a sociedade moderna e a interação entre esta e a escola. A escola é o lugar para a alocação dos indivíduos segundo suas aptidões. Uns para o trabalho manual, outros para a produção intelectual e a todos a possibilidades de mobilidade e ascensão social.
Sacristán – a metodologia e a importância da experiência estão ligadas indissoluvelmente ao conceito de currículo. O importante do currículo é a experiência, a recriação da cultura em termos de vivencias, a provocação de situações problemáticas. Os conteúdos são selecionados com base nos interesses e nas experiências vividas pelos alunos e transpostos por técnicas de ensino que exigem o uso de muitos recursos didáticos.
Zotti – a escola era vista como instituição responsável pela compensação dos problemas da sociedade mais ampla. O foco do currículo foi deslocado do conteúdo para a forma, ou seja, a preocupação foi centrada na organização das atividades, com base nas experiências, diferenças individuais e interesses da criança.
Os métodos da criados não se concretizaram efetivamente, embora as reformas não tenham chegado a propor procedimentos detalhados de planejamento curricular, a ênfase na metodologia de ensino compensava essa falta e oferecia diretrizes para a prática curricular. Os programas empreendidos pelos escolanovistas podem ser considerados o princípio da organização curricular do pais.No período do Estado Novo a ênfase se deu no ensino profissionalizante sob uma visão mais conservadora (Senac / Senai) os escolanovistas foram afastados das discussões educacionais mas continuaram influenciando o pensamento pedagógico nacional com a criação do Inep que foi responsável pela Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos que discutia os problemas educacionais e difundia o pensamento pedagógico vigente. O Inep também tinha como finalidade a criação de órgãos subordinados a ele, com a finalidade de organizar ações, como cursos sobre currículo e metodologia.
Um marco nas ações do Inep, sob a direção de Anísio Teixeira, foi o lançamento do primeiro livro-texto sobre currículo, denominado “Introdução ao estudo da escola primária”, de João Roberto Moreira, afirma que o currículo escolar é o conjunto organizado de atividades de aprender e ensinar. A organização de currículos deveria ter como princípios: atendimento às possibilidades da criança; adequação do currículo aos interesses sociais do meio; tratamento das matérias escolares como instrumentos de ação e não como fins em si.
Outra grande influência no currículo foi o Programa de Assistência Brasileiro-Americano ao Ensino Elementar (Pabaee) com o objetivo a melhoria do ensino elementar brasileiro, o primórdio dos acordos que mais tarde se concretizariam com o tecnicismo.
O tecnicismo foi introduzido no Brasil no final de 1960, com ênfase na produtividade.
Lei nº 5.540/1968 – referente ao ensino universitário
Lei nº 5.692/1971 – referente ao ensino de 1º e 2º grau, sob uma concepção produtivista, pretendia moldar todo o ensino brasileiro por meio da pedagogia tecnicista, que tinha como objetivo a exatidão, com base no pressuposto da neutralidade cientifica e inspirada nos princípios da racionalidade, eficiência, produtividade, a pedagogia tecnicista advoga a reordenação do processo educativo de maneira que o torne objetivo e operacional. Para tanto, o currículo deve contemplar conteúdos baseados nos princípios científicos e manuais que visam a objetivos e a habilidades que levem a competência técnica a partir de procedimentos e estratégias que possibilitem o controle efetivo dos resultados.
Os acordos entre o MEC e a Usaid (United States Agency for International Development) trouxeram a influência da Usaid sobe as políticas públicas para a educação no país, que foi influenciada também pelo momento político e econômico que passava o Brasil.
Mesmo com as ideias inovadoras, o que predominava era a tendência não crítica, fato que começa a mudar na década de 1970, quando os estudos de Pierre Bordieu, Jean-Claude Passeron e Louis Althusser assinalam a escola como reprodutora e marginalizadora, em prol de uma classe dominante que detém o poder.
Em 1970 surgem movimentos de reação as concepções de currículo utilizadas, configurando-se a tendência reconceitualista, tendo como característica não prescrever modelos tradicionais, considerando necessária a reconcentualização de o que é currículo, de como ele funciona e de como pode funcionar.
Dois autores americanos, Apple e Giroux, procuram revelar a função ideológica do currículo e como ele se relaciona com a economia, estado, ideologia, poder e cultura, as análises de currículo passam a ser compreendidas à luz das concepções de sujeito, educação e sociedade, principalmente as relações de poder presentes de forma mais ampla na sociedade. O currículo é visto como instrumento de dominação ideológica que permite ver como uma sociedade se reproduz e como perpetua suas condições de existência pela seleção e transmissão de certas formas de capital cultural.
É com a aprovação da Constituição Federal de 1988 que a organização do ensino no Brasil passa por alterações que culminam na aprovação da LDBEN de 1996, em seguida nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica, nos projetos políticos pedagógicos e nos regimentos escolares.
A partir da década de 1990 o currículo passa a ser compreendido com ênfase à subjetividade, aos saberes pedagógicos e epistemológicos relativos ao conteúdo escolar a ser ensinado/aprendido. Inicia-se o desenvolvimento de pesquisas que consideram as diferenças culturais dos grupos sociais, segundo Zotti, sobre a necessidade de o currículo dar voz às culturas excluídas, negadas ou silenciadas.
Tivemos avanços, no entanto, os desafios ainda são grandes, o conceito de currículo é multifacetado, sofre influencias de ordem política, social, econômica, cultural, histórica e que se modificou historicamente atendendo a realidades sociais distintas.
O currículo e o nascimento da escola
O currículo é um instrumento para organizar pedagogicamente o trabalho formativo, desenvolver os processos de conservação, transformação e renovação dos conhecimentos historicamente acumulados como para socializar as crianças e os jovens segundo valores tidos como desejáveis.
Currículo pode ser entendido como a espinha dorsal do trabalho pedagógico:
processos de aquisição e construção do conhecimento: define os conteúdos necessários para uma determinada série ou ciclo.
função socializadora: cria condições para que os educandos consigam subsídios que viabilizem a sua movimentação em todos os contextos, espaços e tempos.
É preciso tornar o currículo num instrumento capaz de munir o educando para atuar em um presente histórico consciente da realidade do seu tempo e do seu papel como cidadão.
O currículo deixou de ser uma área voltada para técnicas e métodos. Orientado por questões sociológicas, políticas e epistemológicas, ele passou a ser considerado um mecanismo social e cultural. Com isso, o currículo deixa de ser visto como um elemento inocente, neutro, destituído de comprometimento político, e passa a ser compreendido com base em seu poder, sua ideologia, sua cultura, capaz de produzir identidades individuais e sociais particulares.
Os currículos oficiais foram elaborados ao longo da história para atenderem às demandas econômicas. Nesse sentido todas as mudanças no campo curricular que já foram realizadas seguiram os interesses políticos do modelo econômico vigente.
Refletir sobre o currículo não é apenas selecionar conteúdos, é pensar nas possibilidades de concretização de uma estrutura pedagógica que rege uma instituição escolar entendendo seu cunho politizador.
É necessária uma reflexão acerca do currículo como instrumento que deve viabilizar a apropriação, a compreensão e o aprofundamento dos conhecimentos na escola e seu reflexo na vida prática dos sujeitos. O currículo escolar deve possibilitar não apenas a apropriação dos conteúdos, mas os meios para os educandos compreenderem melhor o mundo no qual estão inseridos e saberem usar esses conhecimentos de acordo com as adversidades das situações-problema enfrentadas diariamente.
Falar sobre currículo e suas implicações no campo educacional consiste em remeter a uma série de valores que, implícita ou explicitamente, estão atrelados às finalidades sociais, políticas e econômicas de uma instituição escolar.
O valor social e político da escola se manifesta pelo currículo, independentemente do discurso e das declarações que tentam justificá-lo.
Durante toda história o sistema educativo serviu a certos interesses, por isso é indispensável discutir continuamente a complexidade curricular.
A construção curricular brasileira sempre atendeu aos interesses do poder hegemônico, não levou em consideração os aspectos e aas necessidades da realidade sócio-histórica dos educandos, restringindo-se à manutenção de uma segregação social que modela a formação educacional.
O educador não se pode limitar a desenvolver o que diversos agentes decidem, mas deve estar atento aos diversos contextos em que são gestadas as propostas curriculares, pois esse é o instrumento de intervenção e defesa de propostas coerentes com uma educação e uma sociedade mais condizentes com os desejos da maioria da população.
É preciso pensar no currículo, nos conflitos de interesses implícitos no uso desse instrumentoe nos valores dominantes que devem ser superados.
A realidade sócio-histórica e a construção curricular na educação brasileira
A complexidade da união entre teorias e as vivências prática nos exigem desconsiderar as tradições educacionais, ultrapassando as ideologias impostas e transitar em diferentes formas de ver, analisar e pensar a educação, buscando uma maior aproximação entre a escola e a vida dos indivíduos escolares.
A escolha dos conteúdos a serem ensinados pressupõe as finalidades e os objetivos da educação formal.
Um povo mais desenvolvido político e economicamente impõe a sua cultura, seu modelo de civilização e a sua organização social, determinando os seus interesses sobre um outro grupo, usando a educação formal como instrumento civilizatório, com a finalidade primordial de exploração econômica, submissão e subserviência.
Essa situação ocorreu na primeira fase da educação brasileira, o período da educação jesuíta, quando Manuel de Nóbrega elaborou o primeiro plano de instrução, iniciando com o ensino do português, prosseguindo para a doutrina cristã e o ensino da leitura e da escrita, culminando no aprendizado profissional e agrícola e com a gramática latina para aqueles que se destinavam à realização de estudos superiores na Europa. A escolha dos conteúdos revela o uso educacional com a finalidade de exercício de poder e submissão.
A aplicação do plano de instrução de Nóbrega não alcançou o sucesso esperado e foi substituído pelo Ratio Studiorum, organizado pela Companhia de Jesus, seus membros ficaram conhecidos como jesuítas.
Ratio Studiorum (1549) – foi um plano constituído de regras que delineavam todas as atividades das pessoas diretamente envolvidas com o ensino. De um lado tinha um caráter universalista, pois foi adotado por todos os jesuítas. Por outro lado, era elitista, restringindo-se à formação dos filhos dos colonos e excluindo os indígenas.
A organização do Ratio Studiorum segue uma estrutura curricular linear, cuja transmissão dos conteúdos específicos orienta a prática pedagógica. Nesse caso, os objetivos curriculares visavam moldar o indivíduo de acordo com uma essência universal e adequá-lo ao modelo de conduta social concebido como ideal. O que mais tarde se denominou concepção pedagógica tradicional.
Desde a educação jesuíta, o currículo já era organizado mantendo um distanciamento entre a educação escolar e a vida prática do educando, desconsiderando qualquer conhecimento que ele poderia trazer para o contexto educacional. O poder político do currículo impõe aos indivíduos escolares oportunidades e condições de atuação cidadã diferenciadas não por desejo ou habilidades, mas pela estrutura política vigente. Esse modelo de ensino já caracterizava fortemente a segregação social como consequência dos interesses políticos, econômicos e religiosos.
Inicialmente as escolas reuniam filhos de índios e filho de colonos, mas os objetivos da educação jesuítica sempre apresentaram distinção entre os indivíduos a serem catequizados e os indivíduos a serem instruídos. A ação sobre os índios se resume à cristianização e na pacificação, tornando-os dóceis para o trabalho.
O ensino jesuítico durou 210 anos, de 1549 a 1759, quando foram expulsos pelo Marquês de Pombal. Foi uma grande ruptura para a educação brasileira, toda a organização metodológica e curricular foi levada embora com os jesuítas.
As críticas ao ensino jesuítico ocorreram fortemente no século XVIII, crescendo com o suporte das ideias iluministas, as quais defendiam que a escola precisava ser leiga (não religiosa) e livre (independente de privilégios de classes). O ensino jesuítico foi considerado excessivamente dogmático, decadente, autoritário e ultrapassado.
O Marques de Pombal tentou, ineficazmente, a reconstrução do ensino. As medidas educacionais eram desconexas, fragmentadas, prevalecendo o enciclopedismo. Os professores leigos eram despreparados, o sistema funcionava com aulas régias, e essas eram aulas avulsas, os alunos podiam frequentar umas ou outras indiferentemente, pois, além de avulsas eram isoladas, isto é, sem articulação entre si.
Na reforma educacional pombalina permanecemos no tradicionalismo, persistindo o analfabetismo e o ensino precário destinado a uma fração reduzida da população, tinha como objetivo criar a escola útil ao Estado em substituição àquela que servia aos interesses eclesiásticos.
Os objetivos do Estado português estavam bem distantes da formação de uma sociedade brasileira igualitária.
Com a chegada da família real, o Brasil passou por expressivas mudanças econômicas e culturais. Ocorreram modificações na educação favorecendo principalmente a corte e a aristocracia rural.
A Proclamação da Independência favoreceu algumas tentativas de implantação de um sistema educacional, sendo uma das medidas mais importantes a criação da Lei das Escola de Primeiras Letras.
Essa lei determinava a criação de escolas de primeiras letras, cuja proposta pedagógica impôs o uso do método mútuo em as cidades e todos os lugares mais populosos. Apresentava o currículo do ensino fundamental da escola primária: leitura, escrita, gramática da língua nacional, as quatro operações de aritmética, noções de geometria. Método que pôde instruir um grande número de pessoas ao mesmo tempo e com baixos custos, mas sem potencial de instrução.
Desde os seus primórdios a educação brasileira é organizada com base em uma proposta curricular distante da vida prática. Ainda hoje quando o currículo é aproximado da vida do educando, essa aproximação é meramente instrumental, técnica, pragmática.
As reformas educacionais brasileiras não ultrapassaram a finalidade tecnocrática de treinamento dos educandos para diversos setores profissionais. O currículo prove aos educandos conteúdos restritos a atividades ocupacionais necessárias à expansão econômica industrial. Se manteve distante de preocupações com a justiça social, com a equidade e com a formação de cidadãos críticos.
A escola é usada para produzir e legitimar os interesses sociopolíticos e econômicos da elite empresarial e política, negando a realidade e os interesses dos educandos.
Freire elabora uma proposta pedagógica para educação de jovens e adultos, na tentativa de produzir mudanças no contexto educacional. Nessa perspectiva, os educandos devem ser conduzidos a refletir sobre a realidade, distanciando-se da consciência ingênua e mágica para se aproximar da compreensão das relações de poder e das ideologias que subsidiam ocultamente as relações sociais.
O método pedagógico freireano – caracterizado como educação não formal e em seguida como educação popular – se aproxima da realidade do sujeito, tem cunho emancipatório no qual a conscientização e a politização devem superar as formas de opressão. A atuação pedagógica é organizada com base nas vivências do educando. A consciência da realidade sociocultural e política na qual estão inseridos possibilita que os educandos transformem a sua realidade e a realidade do grupo a que pertencem.
O ensino tradicional iniciado em 1549 com os jesuítas durou até 1932.
No governo de Getúlio Vargas (1932) se iniciou um movimento proclamando mudanças no sistema educacional e fazendo emergir a escola nova.
No entanto é possível encontrar resquícios da escola tradicional na atualidade.
A escola nova durou até 1964 quando se instalou a ditadura militar e em foram implantadas as ideias pedagógicas tecnicistas.
Em 1985 tivemos a queda da ditadura militar e com o início da democracia fez surgir os movimentos pedagógicos embasados nas teorias críticas e pós-críticas.
A estrutura teórica que embasou a organização curricular brasileira pode ser pensada a partir de três subdivisões:
teorias não críticas: neutralidade diante das questões sociais e políticas, também denominadas de tendências liberais, não exercem compromisso com as transformações sociais, legitimando a ordem econômica capitalista, a função da escola é preparar o indivíduo para desempenhar papéis sociais.
tradicional
escola nova
escola tecnicistateorias críticas: junto com as teorias pós-críticas, também denominadas de tendências progressistas, partem de uma análise crítica do sistema capitalista, dando ênfase à finalidade sociopolítica da educação, vislumbrando minimizar as desigualdades
pedagogia crítico-reprodutivista
teorias pós-críticas
pedagogia histórico-crítica
Teorias sobre currículo são conjunto de representações, significações, ideias, imagens que descrevem o que se pretende fazer, em termos educacionais, com os conhecimentos produzidos ao longo da história humana. Uma área de estudo que se define pelos conceitos e representações que utiliza para descrever a realidade.
As teorias não críticas decorrem de uma época em que a escola foi direcionada a seguir os princípios da administração fabril, da racionalidade técnica e do modelo taylorista/fordista. Os teóricos visavam à padronização dos processos pedagógicos com o objetivo de atender à escolarização em massa, preparando os indivíduos para o sistema mecânico de produção. Ensinava controle do tempo e do espaço e as repetições necessárias às práticas profissionais.
Escola tradicional: conteúdos isolados e disciplinas específicas. Visa preparar para atuação na sociedade, com base em ensino enciclopédico desconexo. Enfatiza a quantidade de conteúdos, que são apresentados de forma fragmentada, descontextualizados e sem articulação com a realidade prática. O professor é o detentor do saber e o educando é passivo, apenas memoriza os conteúdos por repetidas atividades de fixação. Normas autoritárias muito rígidas que inviabilizam debates, discussões e o desenvolvimento da criticidade.
Escola nova: ensaia uma aproximação da realidade dos educandos, pela elaboração de projetos focados nos interesses apresentados em sala de aula. O professor é o facilitador e o educando é ativo, participativo, construtor do seu conhecimento. Ênfase nos processos de aprendizagem, na descoberta e no respeito aos diferentes ritmos. Falha por não valorizar a organização sistemática de conteúdos e por se esquivar da importância da criticidade.
Escola tecnicista: exalta o desenvolvimento das competências e das habilidades específicas, excluindo aqueles alunos que não se tornam aptos para as funções produtivas. Concentra-se nos melhores recursos de ensino. O currículo enfatiza o desenvolvimento do pensamento e da ação instrumentais, o comportamento deve ser moldado de acordo com técnicas específicas. É implantado o modelo americano de Tyler. O professor é um técnico do ensino e o educando apenas para quem se transmite informações, desconsiderando-se seu potencial de criar, pensar, analisar, somente podendo verbalizar o que está no material didático.
As teorias críticas surgem denunciando o poder da hegemonia dominante, cujos processos de convencimento, de adaptação e de perpetuação das desigualdades são reforçados pelas práticas escolares. Seus fundamentos emergem de duas escolas: a escola de Frankfurt, que defende a elaboração do currículo visando à emancipação e à libertação; e a escola francesa que critica a reprodução das desigualdades sociais no contexto escolar por meio da elaboração curricular que privilegia a cultura e a língua da elite dominante.
Pedagogia crítico-reprodutivista: considera a escola como aparelho ideológico do Estado, o ensino privilegia a cultura da elite dominante. Elimina os componentes crítico-reflexivos, gerando educandos que aceitam passivamente as diferentes formas de submissão e opressão.
Apesar de muitas críticas, não apresentam uma proposta bem delineada que forneça aos educadores subsídios suficiente para a construção de sua prática pedagógica.
As teorias pós-críticas destacam o multiculturalismo como um movimento de adaptação e resistência. O currículo deve ser elaborado a partir da preocupação com a formação da identidade dos indivíduos e de acordo com os significados sobre a realidade expressa nos discursos desses indivíduos.
Pedagogia histórico-crítica: organização curricular com base em áreas de conhecimento nas quais as múltiplas dimensões de conteúdo sejam integradas e inter-relacionadas entre si, despertando uma análise crítica e reflexiva nos educandos. Conteúdos trabalhados com base na relação direta de experiências trazidas da realidade social e confrontadas com o conhecimento sistematizado. O professor é o mediador da aprendizagem e deve valorizar a subjetividade do educando.
A estrutura curricular e a prática correspondente ainda apresentam o reprodutivismo como uma característica marcante das escolas brasileiras. Essa situação decorre de uma imposição socioeducacional, cujo objetivo primordial das escolas seja centrar-se na aprovação dos educandos em testes avaliativos quantitativos usados como instrumentos de seleção para ingresso nas universidades, na progressão educacional e na avaliação do próprio sistema educacional. Assim a escola não cumpre sua função prioritária de munir o educando com os conhecimentos que proporcionam a sua compreensão sobre as confusas relações da vida cotidiana.
A sociedade deve orientar uma prática pedagógica baseada em uma visão de um mundo social mais justo no futuro, capaz de afrontar o real e de esboçar um novo panorama de possibilidades. Isso reafirma o caráter político da educação, o papel da escola e do currículo no desenvolvimento de uma transformação de ordem social.
O currículo não pode ser entendido e trabalhado como um simples conglomerado de disciplinas isoladas, mas deve se adequar para atender às necessidades da atual sociedade.
O pensar educativo e a organização escolar
a sociedade evoluiu e os avanços tecnológicos permitiram saltos qualitativos em todos os campos científicos. As emoções emergiram como um fator considerável nas ações cognitivas, cujas condições motivadoras ou desmotivadoras se impõem à razão. Por isso não há mais espaço para uma estrutura curricular tradicional ou meramente tecnicista.
A organização curricular ainda mantém seu eixo central no ensino por transmissão, que privilegia apenas o desenvolvimento da racionalidade.
Para Tyler, o conhecimento é tratado como um conjunto de conteúdos objetivos, distantes da realidade do educando, não devendo ser questionado, analisado, discutido, apenas aprendido ou memorizado. E mesmo diante das críticas e do surgimento de novas perspectivas apresentando as relações entre a organização curricular e as diferentes formas de dominação, de poder e de controle social, ainda encontramos resquícios do modelo de Taylor no que é trabalhado e na forma como se trabalha.
Sistema educacional: instancia social de mediação entre os diferentes elementos de aprendizados e com as diferentes formas de aprender e as múltiplas maneiras de usar esses aprendizados nas situações do cotidiano.
Conhecimento: composição social que surge com base em uma construção simbólica, fruto das relações e das interações sociais.
Para uma educação crítica e reflexiva requer do ensino formal novas dimensões que devem ser pensadas quanto á organização, ao planejamento e à estrutura pedagógica curricular.
Na elaboração do currículo, os educadores precisam considerar a realidade do educando. A construção do conhecimento ocorre em um contexto sócio-histórico, dependendo da cultura, dos costumes, das especificidades históricas, das políticas educacionais e sociais, das diferentes formas de ver e viver o mundo. Nesse aspecto entra em jogo o subjetivismo, cuja construção simbólica, consequência do aprendizado de diferentes conhecimentos, atrela-se a relações entre o significante e o significado.
Devemos pensar no papel e na importância da escola para a sociedade e como a escola deve ser planejada para que contribua expressivamente com a sociedade que queremos. É preciso pensarmos nos educandos, na sua vida, nos seus interesses, na sua realidade, nas características da comunidade que eles fazem parte. Devemos considerar também professores e os funcionários, pois no ambiente escolar todos se tornam educadores e educandos como consequência do processo.
A educação deve ser concebidacomo um processo dialético, crítico e reflexivo, que promova o contínuo desenvolvimento de todos que fazem parte do contexto escolar. Portanto, pensar na elaboração de um currículo não é simplesmente selecionar conteúdos a serem trabalhados como se fossem peças de diferentes quebra-cabeças e acreditar que se pode montar algo coerente no final da brincadeira. Os conteúdos isolados, trabalhados como conhecimentos distantes da realidade do nosso educando, não possibilitam aprendizagem significativa.
Elaborar um currículo é compreender a organização escolar como um instrumento que deve auxiliar na estruturação social e cultural. É perceber que a escola é parte integrante da sociedade e não uma instancia dissociada da vida real de propósitos insignificantes. É disponibilizar aos educandos conhecimentos para que possam atuar como cidadãos conscientes de seu papel, cujos direitos e deveres são iguais a todos.
O processo de construção de um currículo é baseado na demanda cultural, econômica e política de uma sociedade. De acordo com um eixo central (aspecto estrutural), surgem três outros eixos: dimensão funcional, dimensão organizacional e campo curricular.
ASPECTOS ESTRUTURAIS:
Estrutura física: todos os espaços e todas as condições físicas da escola. Os espaços da escola e da comunidade em que ela se localiza precisam ser conhecidos, aproveitados, melhorados, modificados quando necessário para o uso adequado para atividades pedagógicas.
Estrutura material: recursos materiais e tecnológicos.
Estrutura ideológica: conjunto de ideias que devem direcionar o que a escola pretende no ato de educar. O que os educadores querem com a educação, a organização curricular e com a escolha dos conteúdos.
Estrutura pedagógica: pressupostos teóricos, bases didático-metodológicas. Direciona a atuação dos educandos e dos educadores, definindo e delineando os aprendizados.
3 dimensões da instituição escolar
Dimensão funcional: finalidade da escola, objetivos propostos, função social e política que representa. Pensar nessa dimensão é compreender a importância de construir o Projeto Político-Pedagógico com toda comunidade escolar para o desenvolvimento dos indivíduos, do grupo escolar e da sociedade.
Dimensão organizacional: é a maneira como a escola é, ou deve ser, organizada, preparada e planejada para atender as necessidades reais de um grupo social a que atende. Como deve ser organizada a secretaria, a diretoria, o intervalo, as salas de aula, a portaria (entrada e saída dos educandos), a produção e distribuição da merenda escolar, o material didático, etc.
Campo curricular: deve ser pensado, elaborado e trabalhado atentando para a realidade sócio-histórica dos educandos.
A fragmentação dos conteúdos e a subjetividade na escola
A educação caminha com passos lentos pela dificuldade de se desprender de antigas tradições. É assombroso como as grandes conquistas científicas recentes ainda são desconhecidas ou menosprezadas no contexto educacional.
Há uma nova organização social surgindo com força e intensidade focada nas diferenças sociais, culturais, religiosas, éticas, de gênero, entre outras. Por isso o modelo educacional precisa ser revisto e reelaborado. 
O que impede a evolução e mudanças no modelo educacional é que ela está enraizada na concepção empirista, que desconsidera todo e qualquer conhecimento que o educando possa ter e trazer para o contexto escolar. Outra situação é o aparente orgulho da educação por seu arraigamento na racionalidade descartiana, que enaltece a divisão em dois tipos de conhecimentos, o inválido e o válido que é conveniente para a submissão de classes desfavorecidas economicamente.
Há uma dualidade implícita na realidade do contexto escolar: nas linhas, um discurso com traços de contemporaneidade, declarando abraçar a diversidade e, nas entrelinhas, uma prática que mantem o mesmo estado político-social, deflagrando uma antidemocrática na qual a busca por padronizações parece ser mais conveniente para muitos.
A sociedade da massificação até admitia uma condição estática da pedagogia porque as pessoas deveriam ser preparadas com o único objetivo de atender as demandas socioindustriais, e o não pensar, o não refletir, era o mais conveniente em termos políticos e econômicos. No entanto, a sociedade contemporânea – que ressalta a diversidade, a valorização de todas as pessoas independentemente de suas diferenças individuais e a garantia dos direitos humanos – requer mudanças nas suas estruturas, serviços e instituições.
Precisamos oferecer ao educando a condição de descobrir e entender o valor e o sentido dos aprendizados. O currículo deve ser elaborado com base em uma grade curricular universal sob análise das condições contextuais, históricas e concretas do ser humano.
Na perspectiva freireana, o posicionamento da prática docente ignora o saber do educando e apresenta uma rigidez de posições, na qual a posição do educador é sempre a de quem sabe tudo e a do educando é a posição do ignorante que não sabe nada.
Os educandos devem entender os conteúdos e estes devem estar interligados à sua participação na complexa vida cultural de sua comunidade, podendo, assim, construir significações.
A relação homem-mundo deve fazer parte da elaboração curricular. As transformações na elaboração curricular devem proporcionar indagações constantes, decorrentes de análises críticas, desenvolvendo o potencial reflexivo e de (re) significações dos educandos.
Os meios de comunicação garantem que o educando traga para o ambiente escolar um repertório de conhecimentos adquiridos nas mais variadas fontes. O mundo informatizado, propiciam experiências e conhecimentos de mundos culturais diversificados, possibilitam reflexões sobre o mundo externo, sobre si e sobre as outras pessoas. Assim a organização do currículo escolar não pode mais considerar o educando como um sujeito abstrato, não localizado historicamente e supondo o seu desconhecimento de determinados conteúdos.
A estrutura curricular de conteúdos fragmentados, dispostos hierarquicamente dentro de disciplinas específicas e isoladas reforça a ideia de aprendizado pela padronização e não possibilita a flexibilidade necessária para abarcar a diversidade de pensamentos, conhecimentos e as diferentes formas de aprendizagens.
A antiga tradição educacional de homogeneidade e crença em uma proposta pedagógica que atinja a todos da mesma forma e do mesmo jeito, produzindo resultados idênticos, é ultrapassada.
Deve se tornar possível vivencias escolares que promovam a discussão do significado dos conhecimentos para o grupo e que torne possível a compreensão prática destes, podendo gerar a ascensão intelectual por meio de processos dialéticos.
A elaboração do currículo deve abranger as múltiplas formas de se ensinar e de se aprender, atentando para as novas exigências do contexto atual.
O currículo e as novas exigências socioeducacionais
A escola não pode mais treinar seu público com o objetivo da massificação, da padronização. Deve buscar novas formas de elaboração do currículo escolar que sejam flexíveis podendo se adequar para garantir a participação de todos. Isso requer de nós, educadores, a aceitação da nossa condição de constantes aprendizes dessa nova ordem social, reconstruindo conhecimentos todos os dias, desfazendo-se de ideias pré-concebidas.
Ross destaca que o conhecimento resulta muito mais de um trabalho pedagógico cooperativo e de cogestão do que de lecionação. As atividades em equipes, nas quais possam manifestar sua aprendizagem, seus talentos e, por consequência, suas diferenças.
As novas exigências sociais refletem um considerável desafio. E o “novo” sempre assusta.
No modelo conservador recebíamos instruções bem delineadas e bem ordenadas de onde os nossos educandos deveriam partir e até onde precisaríamos faze-los chegar. No entanto, os processos que envolvem a educação não são tão simples quanto eram tratados.
Com as mudanças e transformações sociais, surgiu a necessidade de múltiplas formas de aprender, dediferentes espaços do conhecimento, de valorizar a idiossincrasia com que cada indivíduo lida com as diversas aprendizagens e saberes, as interações concernentes à aceitação do outro, à convivência com o outro, a entender e aceitar a diversidade.
A escola exclui os educandos que ignoram o conhecimento que a instituição valoriza e assim, entende que a democratização é massificação de ensino.
O motivo maior dos propósitos educacionais deve ser favorecer a inserção de todas as pessoas, fazendo com que a inclusão ocorra com responsabilidade, viabilizando aprendizagens. O que impõe mudanças urgentes, tanto na estrutura da escola como também na postura e na prática dos educadores.
A inclusão reafirma e legitima a característica principal do aprendizado que, apesar de ter um caráter individual, é um processo que ocorre nas relações coletivas. O aprendizado é sempre mediado pelo outro, com o outro.
Na perspectiva de uma sociedade inclusiva, a tolerância deixa de ser característica das pessoas consideradas altruístas ou solidárias, passando a ser uma exigência de um comportamento que já está inscrito na individualidade de cada um.
As ações educativas devem ressaltar o convívio com as diferenças como uma interação fundamental na construção das identidades sociais, das individualidades. Mas o currículo subdividido em áreas específicas, em um modelo pragmático, distante da realidade do educando, pode não abranger as necessidades educacionais vigentes, tornando o currículo uma grande barreira para a inclusão.
Para ultrapassar o distanciamento curricular entre o conhecimento acumulado de gerações e as experiências práticas vivenciadas pelos educandos é preciso que o educador compreenda:
o homem e as suas múltiplas relações na sociedade;
como o homem faz e é feito pela cultura da sociedade;
o papel e a importância da escola na construção do homem e da sociedade;
a importância do “eu” e do “outro” para a reelaboração e a reconstrução de uma sociedade dinâmica e transitória, cujos conhecimento são (re)construídos a todo instante e nas diferentes situações sociais;
a importância de conteúdos universais que garantam a transição e a flexibilidade desse indivíduo nos diferentes contextos de acordo com os seus interesses pessoais e profissionais.
A importância dos conteúdos está atrelada tanto às mudanças que o indivíduo poderá promover no seu contexto social imediato quanto em saber analisar as possíveis interferências a longo prazo na sociedade. Os conteúdos devem possibilitar o entendimento dos pressupostos culturais, econômicos e políticos que interagem simultaneamente, influenciando o modo como os grupos sociais podem fortalecer ou enfraquecer a participação cidadã.
Todos os educandos, de alguma forma, apresentam necessidades educacionais individuais, dada a complexidade das aprendizagens que se revelam de diferentes formas.
A Declaração de Salamanca envolve um número maior de indivíduos a serem escolarizados: com deficiência, que vivem nas ruas, com condutas típicas ou são superdotados, que trabalham, imigrantes, nômades, grupos desfavorecidos ou marginalizados, minorias étnicas ou culturais. Conquistaram o direito de receber atenção especial visando a uma aprendizagem efetiva. Essa inclusão levou a reflexões tentando encontrar práticas pedagógicas e medidas mais adequadas para atender a essa demanda, com o objetivo de construir medidas educacionais que deem conta das especificidades de cada situação emergente. Dessa forma, a inclusão está crescendo e melhorando a cada dia.
Os professores consideram-se incompetentes para lidar com as diferenças em sala de aula, especialmente para atender aos alunos com deficiência. Isso aponta a necessidade de formação continuada.
Todos aprendem quando lhes são dadas oportunidades e condições, quando não são avaliados, subjugados ou rotulados com base em padrão de comportamento cognitivo fixado e previamente estipulado sob comparação com outras pessoas. O educando precisa ser avaliado com base em seu próprio ponto de partida e até onde já conseguiu chegar.
A educação inclusiva implica modificar atitudes tradicionais e romper preconceitos. Para isso é necessário criar ambientes acolhedores para que as diferenças individuais não se tornem motivos de qualquer tipo de discriminação que redunde na desigualdade de direitos e de oportunidades.
O currículo já não pode se manter fechado em um único objetivo de transmitir informações ao educando, é preciso que pensemos estratégias que tornem o currículo flexível para que seja adaptado às diferentes situações que surgem nessa nova realidade escolar.
3.3.1 Adaptações curriculares e inclusão socioeducacional
A inclusão não pode ser considerada um processo repentino, ela resulta de um longo processo histórico, a escola é que está caminhando lentamente diante das mudanças sociais atuais. Os medos e as incertezas são reflexos dos males que o conservadorismo educacional proclama nos corredores e nas salas de aula.
5 diferentes momentos vividos pelos portadores de necessidades especiais:
Era pré-cristã – a antiga Grécia, fase do extermínio. Eram considerados imperfeitos, “defeituosos”, eram comumente exterminados.
Idade Média – a primeira via acreditava que a deficiência era um mal proveniente de castigos de Deus, associadas a forças diabólicas, eram sacrificadas, queimadas. A outra via acreditava que eram enviadas por Deus para ensinar aos homens a compaixão e a caridade. Surgiram asilos, abrigos e instituições.
Século XVI – começou a ser visto como doente por influência dos avanços da medicina. Passaram a segregar para tratar, reabilitar e educar, visando a integração na sociedade.
Século XX – surgiram movimentos a favor da integração social. Sistema educacional estruturado em educação comum e educação especial. A sociedade não percebia a necessidade de se modificar, cabendo ao portador de deficiência os esforços necessários para se adequar à realidade.
Contemporaneidade – movimento de valorização de todas as pessoas. Tanto as pessoas quanto as estruturas da sociedade precisam se transformar para garantir a participação de todos. A escola também precisa mudar, evitando a separação do ensino.
a educação inclusiva produz muitas dimensões:
Dimensão social da inclusão – o processo de inclusão envolve satisfazer as necessidades, exigências, direitos de ações, atuações e interações de indivíduos nos meios sociais. A função educativa está relacionada com o respeito à diversidade, promovendo meios para que haja a inserção de todos os indivíduos na sociedade, transcendendo qualquer barreira, eliminando qualquer obstáculo. A finalidade educativa está atrelada à elaboração, à expansão, à promoção de projetos pedagógicos imbuídos do compromisso de colaborar com a sociedade e os indivíduos, viabilizando a inclusão social.
Dimensão profissional – é difícil pensar em qualquer prática profissional que não exija pelo menos o conteúdo básico de cada área do conhecimento. A educação deve pensar em práticas pedagógicas que viabilizem o conhecimento específico e acadêmico a todos os educandos. A escola não deve somente socializar os portadores de deficiência, mas a socialização é uma consequência natural do processo de aprendizado coletivo, cooperativo, grupal.
Dimensão individual – é o significado que o indivíduo atribui à educação formal para ela mesma, o que ela representa na vida desse indivíduo, e de que maneiras ele a percebe necessária para a sua atuação pessoal, profissional e social.
Dimensão cognitiva – está atrelada à capacidade que todo indivíduo possui de aprender, uns mais facilidade outros mais dificuldades. Não somos capazes de determinar o potencial de aprendizado dos educandos, reduzindo a finalidade escolar somente à socialização, negando o direito que ele tem de realizar aprendizados do seu jeito, da sua maneira particular.
Para favorecer a todos não é necessário elaborar currículos diferenciados, o que reforçaria a segregação, é preciso adaptar o currículo às necessidades dos educandos portadores de deficiência.As adaptações são os ajustes, as modificações feitas no currículo para adequá-lo às necessidades específicas dos educandos.
Os conteúdos dos currículos podem sofrer modificações, não podendo ser negados aos educandos alegando falta de competência ou capacidade, não se trata de selecionar os conteúdos para estes ou aqueles, mas distinguir as necessidades educacionais e pensar criativamente em formas pedagógicas e recursos para trabalha-los.
Adaptações curriculares de grande porte – são aquelas que extrapolam a área de ação do professor e que são de competência formal dos órgãos superiores da política e da administração pública e da administração educacional. (Ex: aquisição de equipamentos específicos para alunos cegos, construção de rampas, barras de apoio, aquisição de computadores e softwares para superdotados, provisão do ensino de Libras para professores e alunos, currículo escolar)
Adaptações curriculares de pequeno porte – cabem ao professor implementar em sua sala de aula, a fim de fornecer a aprendizagem de seus alunos. (Ex: promoção do acesso ao currículo, objetivos de ensino, conteúdos ensinados, métodos de ensino, tempo das atividades, avaliações)
As adaptações curriculares são fundamentais no processo de inclusão educacional. Essa maneira de pensar o currículo se relaciona com a descentralização do ato pedagógico antes focado no ensino e agora centrado na aprendizagem do educando.
As adaptações não podem deixar de ser realizadas sob a desculpa de que o educando está ali somente para se socializar. Se as adaptações não forem realizadas o processo de socialização também é comprometido pois o educando não sentirá que pertence ao grupo. As experiências resultantes ajudam os outros alunos a perceber o outro, conhecer o outro, ajudar ao outro, ser ajudado, estabelecendo vínculos afetivos que resulta na autoaceitação e aceitação dos outros educandos.
O sistema de ensino se fundamenta na organização e nas finalidades contidas na estrutura curricular.
O ensino brasileiro pouco avançou nos objetivos da elaboração do curricular, que se restringem à organização de conteúdos em disciplinas isoladas.
As mudanças na estrutura curricular vigente representam a mola propulsora para práticas inovadoras que alicerçarão o sistema educacional inclusivo.
É preciso entendermos que a organização curricular deve estar atrelada às necessidades reais da comunidade escolar, pois só conseguimos mudar e transformar aquilo que faz parte da nossa realidade e de que temos consciência.
Síntese
Capitulo 3
Reflexão sobre o currículo como instrumento que deve viabilizar a apropriação, a compreensão e o aprofundamento dos conhecimentos.
Dissociação entre o currículo e a realidade sócio-histórica ao longo da história da educação brasileira.
Complexidade da organização curricular, devido à sua força política, que leva o currículo a ser usado pelo poder público de acordo com os interesses governamentais.
A organização pedagógica da escola e a cultura da fragmentação de conteúdos, que ainda é uma realidade na prática educativa.
A ênfase conteudista que ainda alicerça a construção curricular nas diversas escolas e que precisa ser superada.
O currículo como um instrumento que precisa estar interligado com as novas exigências socioeducacionais, adequando na medida em que as práticas pedagógicas precisam ser delineadas, atentando para as adaptações curriculares visando atender os educandos com necessidades educacionais especiais.
O currículo e a organização do trabalho pedagógico
A educação é uma prática social que possibilita a humanização dos seres humanos em uma determinada cultura, e a escola como instância formal de apropriação do saber também pode ser considerada um lócus privilegiado de disputa e conquista do exercício da hegemonia. A escola não cumpre somente a tarefa de preparar o aluno para atender as necessidades do mercado de trabalho, a função da escola é muito maior, pois trabalha diretamente com a formação da consciência humana.
A função social da escola e o currículo: uma reflexão necessária
Vivemos em uma sociedade capitalista e, como evidenciado pela dívida externa, dependente dos países estrangeiros. Os gastos do governa com o pagamento da dívida externa é muito maior que toda a porcentagem de recursos para a saúde, previdência e educação. Verbas públicas não vão para as instituições educacionais privadas e o financiamento privado não vão para instituições públicas, reduzindo verbas públicas para a política educacional.
O Estado se afasta financeiramente ao discurso do voluntariado e do apoio da comunidade para melhoria da escola. A escola assume uma missão de salvadora nos discursos políticos e na mídia, como se tivesse o poder de resolver as contradições do modelo capitalista. Ao mesmo tempo a escola precisa ser reformada devido aos baixos índices de aprendizagem. Essa reforma deve contar com a participação de todos, especialmente da comunidade, para o afastamento do Estado de suas responsabilidades.
Além da função de salvadora a escola passou a assumir tarefas que não lhe cabem – implementação de programas sociais, políticas de saúde, alimentação. A escola não pode ser vista como aquela que salvará a humanidade por meio da ascensão social e tão pouco como aquela que resolverá as contradições presentes no cenário capitalista.
A escola se constitui como um espaço de apropriação do saber elaborado pela humanidade ao longo da história. Para que cumpra essa função, é importante considerar a formação de um sujeito que seja capaz de compreender, via conhecimento, a realidade que o cerca e que possa interferir nessa sociedade com vistas à transformação social.
Perde-se muito tempo com diversas comemorações, Saviani: “...de semana em semana, de comemoração em comemoração a verdade é que a escola perdeu de vista a sua atividade nuclear que é a de propiciar aos alunos a aquisição dos instrumentos de acesso ao saber elaborado. ” (científico)
Desde o início da implantação da instituição escola temos um ensino dualista, ou seja, que vê o indivíduo de forma diferenciada, que divide a escola entre profissional e clássica. A profissional tem por função apenas instruir a classe menos favorecida para o trabalho, para servir pg.159

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