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Gabarito da AP1 de Literatura Portuguesa II – 2014/2 Questão 1: O aluno deve destacar tanto aspectos estruturais, como as subdivisões das cantigas de amor em cantigas de maestria e cantigas de refrão, assim como reconhecer características básicas no que tange ao uso da voz lírica masculina (que a diferenciará notavelmente das cantigas de amigo). A ambintação palaciana e os temas relativos à abordagem calaleiresca do amor cortês devem ser igualmente apontados, dentre os quais o aluno pode elencar a idealização da figura feminina, o amor adúltero, a relação de servidão amorosa entre vassalo e suserana, de modo a destacar a obediência ao código amoroso como obediência a um código de linguagem que deve ser dominado para obtenção de êxito na conquista amorosa. A poesia de D. Dinis é exemplar no que diz respeito a este gênero de cantigas. Questão 2: A cantiga de amigo é caracterizada, sobretudo, pelo uso da voz lírica feminina. A questão autoral proposta pela pergunta diz respeito ao labor ficcional implicado neste aspecto, posto se tratarem de homens a compor tais cantigas. Ora, este traço já demarca uma característica concernente à concepção moderna de poesia, a qual compreende a construçãopoética como fingimento. A forte carga erótica presente nas cantigas de amigo apontam para um deflagrado flerte deste gênero com a cultura pagã e os seus modos de entendimento do corpo como elemento fundamental de participação da experiência mística. A ambientação no lar e a presença de temas do universo da mulher são decorrentes da própria perspectiva assumida por este gênero no que diz respeito ao uso da voz lírica feminina. As cantigas de João Zorro são exemplares deste gênero. Questão 3: A afirmação de Helder Macedo aponta paraum caráter rvolucionário da poesia de Camões, em pleno século XVI. Em oposição a uma perspectiva filosófica que fundamentava a experiência amorosa em um plano ideal, deflagrando a evidente espeiritualização do amor, o poeta quinhentista aposta em uma confluência entre corpo e espírito, de modo que a sua idealização do amor compreende a vivência do amor tendo em vista a sua parcela material, corpórea. Neste sentido, a lírica camoniana, que é sobretudo lírica amorosa, dá-nos testemunho de um poderoso exercício de humanidade, na medida em que, assumindo a parte finita e precária do homem (o corpo), apresenta um quadro de composição da experiência amorosa tendo em vista suas inerentes contradições e limitações. Questão 4: Para responder esta questão, o aluno deve apresentar os argumentos que apontem para a relação entre a plenitude amorosa e a morte. O episódio de Inês descreve uma cena de sacrifício amoroso, de modo que a plenitude almejada só pode ser alcançada com a imolação de um corpo amante; aliás, é neste sentido que se funda a dimensão trágica do episódio, pois o amor de Pedro e Inês, e a força simbólica que a narrativa desta história ganha, só pode se consumar no post-mortem. A sagração de Inês rainha, após a morte, consubstancia plenitude amorosa e expeiência do trágico n'Os Lusíadas.
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