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análise do poema Anjo és do autor almeida garet

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Análise do poema “Anjo és” do autor português Almeida Garret
O Romantismo em Portugal constituiu-se enquanto um movimento literário que iniciou no ano de 1825 e que influenciou as artes de modo geral. Logo, o referido movimento subdividiu-se em três fases, cada uma enfatizando temáticas distintas. Assim, a presente análise irá privilegiar a primeira fase do movimento romântico, mais especificamente, a análise do poema “Anjo és” do célebre autor português Almeida Garret, considerado introdutor do Romantismo em Portugal. Nesse sentido, o poema, composto por três estrofes, apresenta, em síntese, o papel desempenhado pela figura feminina na vida do homem romântico da época. 
Na primeira estrofe, o eu lírico enfatiza e reconhece a transformação de seu egocentrismo masculino, forte característica da primeira fase romântica, em uma espécie de fragilidade que culmina em um estado de subserviência à figura feminina. Logo, o sentimento e a urgência de entrega, quase que arrebatadores, se sobrepõem aos preceitos relacionados ao ego masculino. Assim, apesar de tentar resistir, o eu lírico se rende, angustiosamente, a esta condição de submissão. Nesse sentido, as afirmações podem ser evidenciadas nos seguintes versos: Minha razão insolente / Ao teu capricho se inclina, / E minha alma forte, ardente, / Que nenhum jugo respeita, / Covardemente sujeita / Anda humilde ao teu poder. Na referida estrofe, portanto, percebemos a presença do exagero sentimental referente à perturbação amorosa e da forte idealização da mulher, já que tamanho era o esplendor e encanto exercido sobre o eu lírico que este, ao decorrer de todo o poema, chega a se questionar se é um anjo ou mulher: Anjo és tu, não és mulher / Anjo és. Mas que anjo és tu?. 
Na segunda estrofe, dessa forma, encontramos aspectos relacionados à valorização de elementos da natura externados através de metáforas acerca de características do anjo-mulher. A afirmação evidencia-se nos versos: Em tua fronte anuviada / Não vejo a c'roa nevada / Das alvas rosas do céu / Teus olhos têm negra a cor, / Cor de noite sem estrela. Em seguida, a estrofe, fazendo referência à elementos religiosos, se encerra com questionamentos feitos pelo eu lírico acerca da procedência e motivação desse fenômeno anjo-mulher em sua vida. Em nome de quem viés / Paz ou guerra me trouxestes / De Jeová ou Belzebu?. Desse modo, vale salientar que o fato do eu lírico se referir à mulher como anjo está relacionado tanto com a idealização quanto com à religiosidade. 
	Na terceira estrofe o eu lírico externa a sua inteira rendição a este amor angelical e, ao mesmo tempo, aflito. Percebe-se, então, a gradação da intensidade emotiva e sentimental, ocasionando em um sofrimento amoroso, característico da segunda fase romântica. A afirmação evidencia-se nos versos: Me tens apertado, estreito! / Isto que me cai no peito / Que foi?... - Lágrima? - Escaldou-me / Queima, abrasa, ulcera... Dou-me, / Dou-me a ti, anjo maldito, / Que este ardor que me devora / É já fogo de precito. Nesse sentido, o termo “anjo maldito” denota um martírio consciente por parte do eu lírico, isto é, existe consentimento e participação emocional, mesmo que lhe escalde, lhe queime, lhe arde e lhe devore. Nessa perspectiva, aspectos egocêntricos também se apresentam em função do texto abordar, quase integralmente, a figura feminina, a figura do anjo-mulher e a inquietação do eu lírico referente a ela. Aponta-se, ainda, para questões relacionadas ao individualismo e ao subjetivismo, haja vista que ao decorrer de todo o poema é exposto exclusivamente as concepções deste, a partir de um ponto de vista meramente pessoal e singular.

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