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Pontuação desta tentativa: 30 de 30 Enviado 6 abr em 14:34 Esta tentativa levou 15 minutos. Pergunta 1 3 / 3 pts Leia o poema abaixo de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido. Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto, E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz. (In. Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1946, p. 39) Sobre o poema acima é correto afirmar que: Os versos “E os meus pensamentos são todos sensações” e “pensar uma flor é vê-la e cheirá-la” ilustram o sensacionismo de Caeiro. A realidade se expressa como aquilo que está a sua volta e a verdade é o conhecimento extraído do contato com as coisas, sem elucubrações racionais sobre elas. Pergunta 2 3 / 3 pts A respeito do periódico A Mulher (Porto, 1879) é correto afirmar: É a primeira publicação administrada e dirigida por uma mulher. O periódico enfatiza o único objeto de que se compromete ocupar: a mulher. Denuncia a educação burguesa das mulheres. Pergunta 3 3 / 3 pts Considere o seguinte trecho do romance A Sibila, romance de Agustina Bessa-Luís: Mas Quina amava o mundo, as suas manifestações de poder, de grandeza e superficiais ouropéis; amava, se não a multidão, os que venciam, o espalhafato e a exterioridade. Admirava todas as coisas bafejadas pelo êxito; invejava tudo quanto lhe parecia culminância de situações, de felicidade - moda, classe, saber. Isto condenou-a. Esse apego apaixonado ao momentâneo manteve-a sempre ao nível do efêmero. Criou asas, sem jamais poder voar. Havia nela uma admirável capacidade de entusiasmo que podia arrastá-la ao sobre-humano. Mas o instinto prático pesava-lhe como chumbo no coração, e ela subordinava aos interesses a chama que Prometeu furtou e cujo valor ela nunca compreendeu. A respeito do trecho, assinale a alternativa correta: A contradição que caracteriza a personalidade de Quina equilibra-se em dois pontos, sendo eles: uma certa propensão para coisas ou poderes impalpáveis e o espírito pragmático, materialista e mundano, presente no seu gosto pelos bens materiais. Pergunta 4 3 / 3 pts Leia o seguinte poema de Teixira de Pascoaes, parte final de O Doido e a Morte Ficara a sós o Doido e a sua vida; E três noites cantou aquela estranha, Milagrosa aventura que, depois, O Imaginar do Povo consagrou N’esta Lenda, em que a noite e a luz do sol, A vida e a morte, as lágrimas e os beijos, São como a própria Sombra da Saudade. E ele viu, através do delírio, Pela primeira vez, sua figura Enigmática, oculta, transcendente... Viu que existe n’ele um outro ser: O que domina as trevas e possui Sempiterna Presença Espiritual... Parte da sua vida inominada Que não é propriamente a sua vida, E constitui as vagas e remotas Fronteiras da sua alma que se perde, Em humildade e amor, na luz de Deus. Sim: foi a Morte, foi, que lhe mostrou O que havia de belo e de perfeito Na sua escura e misera existência, Com esse gesto descarnado e gélido Que os sorrisos apaga e que amortece Todas as vãs palavras e ironias, Derramando nas Cousas esta sombra Infinita e profunda que se chama Seriedade, Religião, Mistério... (PASCOAES, 1913, p. 30-31). Acerca do tema da saudade em Teixeira Pascoaes e sobre o Doide e a Morte é correto afirmar que: Enquanto poeta da saudade, a obra de Pascoaes também reverbera diálogos com o silêncio, o sonho e as sombras do “nada”. Em O Doido e a Morte, a Morte é o duplo do Doido e o leva ao entendimento da busca de uma unidade com Deus por meio da conversão ao belo, onde estão Seriedade, Religião e Mistério. Essa conversão sintetiza o saudosismo. Pergunta 5 3 / 3 pts Leia o seguinte poema de Ana Hatherly A máscara da palavra revela-esconde o rosto vago de um sentido mundo Paraíso acidental metódico exercício a máscara da palavra colou-se ao rosto: agora é o nosso mais vital artifício Com a máscara da palavra reinventamos o som da voz amada que nos inunda com seu luar de espuma O poema acima revela: a temática voltada para a própria atividade poética. Pergunta 6 3 / 3 pts Leia o trecho de Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, que retrata as experiências das personagens em um país atingido por uma epidemia. O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você, Não sou daqui, Anda à procura de comida, Sim, há quatro dias que não comemos, E como sabe que são quatro dias, E um cálculo, Está sozinha, Estou com o meu marido e uns companheiros, Quantos são, Ao todo, sete, Se estão a pensar em ficar conosco, tirem daí o sentido, já somos muitos, Só estamos de passagem, Donde vêm, Estivemos internados desde que a cegueira começou, Ah, sim, a quarentena, não serviu de nada, Por que diz isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse momento percebemos que os soldados que nos vigiavam tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados devem ter sido dos últimos a cegar, toda a gente está cega, Toda a gente, a cidade toda, o país, (SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.) No diálogo, a violação de determinadas regras de pontuação: Caracteriza o estilo do autor e auxilia na representação do ambiente caótico. Pergunta 7 3 / 3 pts Leia esse trecho de “Ode Marítima”, de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa): Fazei de mim qualquer coisa como se eu fosse Arrastado — ó prazer, ó beijada dor! — Arrastado à cauda de cavalos chicoteados por vós... Mas isto no mar, isto no ma-a-a-ar, isto no MA-A-A-AR! Eh-eh-eh-eh-eh! Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh! EH-EH-EH-EH-EH-EH! No MA-A-AA-AR! Yeh eh-eh-eh-eh-eh! Yeh-eh-eh-eh-eh-eh! Yeh-eh-eh-eh-eh-eh-eh! Grita tudo! tudo a gritar! ventos, vagas, barcos, Marés, gáveas, piratas, a minha alma, o sangue, e o ar, e o ar! Eh-eh-eh-eh! Yeh-eh-eh-eh-eh! Yeh-eh-eh-eh-eh-eh! Tudo canta a gritar! FIFTEEN MEN ON THE DEAD MAN'S CHEST. YO-HO-HO AND A BOTTLE OF RUM! Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh! Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh! Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh! Eh-lahô-lahô-laHO-O-O-ôô-lahá-á á — ààà! AHÓ-Ó-Ó Ó Ó Ó-Ó Ó Ó Ó Ó — yyy!... SCHOONER AHÓ-Ó-Ó-Ó-Ó-Ó-Ó-Ó-Ó-Ó — yyyy!... Darby M'Graw-aw-aw-aw-aw-aw! DARBY M'GRAW-AW-AW-AW-AW-AW-AW! FETCH A-A-AFT THE RU-U-U-U-U-UM, DARBY! Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh eh-eh-eh! EH-EH EH-EH-EH EH-EH EH-EH EH-EH-EH! EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH EH EH-EH! EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH! EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH! Parte-se em mim qualquer coisa. O vermelho anoiteceu. Senti demais para poder continuar a sentir. Sobre o poema, assinale a alternativa correta: O trecho acima traz alguns elementos futuristas, tais como uso de onomatopeias, versos fragmentados que passam a ideia de movimento e dinamismo. Pergunta 8 3 / 3 pts Assinale a alternativa que apresenta um dos elementos fundadores da revista Orpheu. A poesia veiculada pela revista Orpheu é irreverente, pois a revista propõe-se como “exílio”, diferente de tudo o que se fazia até então. Pergunta 9 3 / 3 pts Leia o seguinte trecho de “A propósito de Jorge Amado”, de Mário Dionísio: Advogamos para toda a obra de arte uma estrutura realista, e o [...] real para nós não é também unicamente o palpável mas o que ainda não é, mas será. Vem a propósito citar a opinião de Marcel Gromaire: “o real não é somente o que é do domínio de nossa mão, do domínio da nossa vista, é também o que é do domínio do nosso espírito e o que ainda não é do domínio do nosso espírito.” (DIONÍSIO, 1937) O excerto acima revela os ideais de qual corrente literária portuguesa? Neorrealismo. Pergunta 10 3 / 3 pts Leia o poema “Gráfico”, de Sophia de Mello Breyner Andresen: I Curva dos espaços,curva das baías, Vida que não é vida com os gestos inúteis Quem me consolará do meu corpo sepultado? II Mostrai-me as anémonas, as medusas e os corais Do fundo do mar. Eu nasci há um instante. III A mulher branca que a noite traz no ventre Veio à tona das águas e morreu. IV Chego à praia e vejo que sou eu O dia branco. V Creio na nudez da minha vida. Sobre a presença do mar na poesia de Sophia e no poema acima é possível afirmar que: Em muitos momentos, os símbolos do mar se tornam em metáforas do inconsciente. O sujeito poético, cobiçando o conhecimento do fundo marítimo, intenta reabilitar o mistério da vida inconsciente, isto é, do mais íntimo e do mais profundo “eu”.
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