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a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 1 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 1 a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 2 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2 SUMÁRIO 1. DA JUSTIÇA DO TRABALHO ............................................................................. 03 2. DAS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA (CCP) .......................................... 14 3. LEGITIMAÇÃO E REPRESENTAÇÃO .................................................................. 15 4. AÇÃO TRABALHISTA / RECLAMAÇÃO TRABALHISTA ..................................... 28 5. DA FASE POSTULATÓRIA ................................................................................. 31 6. DA FASE CONTESTATÓRIA ............................................................................... 34 7. DA FASE PROBATÓRIA OU INSTRUTÓRIA ....................................................... 36 8. DA FASE DECISÓRIA ......................................................................................... 39 9. DOS RECURSOS ................................................................................................ 41 10.DA EXECUÇÃO TRABALHISTA ......................................................................... 67 11. DA FASE LIQUIDATÓRIA ............................................................................... 73 12. DA PENHORA (ATOS DE CONSTRIÇÃO) ......................................................... 75 13. EXPROPRIAÇÃO (ATOS DE ALIENAÇÃO) ....................................................... 77 14. CONCURSO DE CREDORES ............................................................................. 78 15. DA SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO ................................................ 78 16. EXECUÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ..................................... 79 17. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA .................................................... 80 18. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE ................................................................ 81 19. DAS NULIDADES ............................................................................................. 82 20. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO E PAGAMENTO..................................................... 83 21. AÇÃO DE CUMPRIMENTO ............................................................................. 84 22. INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE .......................... 85 23. PROCEDIMENTOS CAUTELARES .................................................................... 87 24. AÇÕES DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DE TRIBUNAIS DO TRABALHO ...... 92 a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 3 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 3 A Justiça do Trabalho, que é um órgão especializado da Justiça Federal, surgiu em 1943 e, até a promulgação da Emenda Constitucional n°. 45/04, tratava somente das demandas decorrentes da existência de vínculo de emprego ou de demandas que buscassem esse reconhecimento. No tocante à organização judiciária, a Consolidação das Leis do Trabalho está, em parte, desatualizada, uma vez que no artigo 644 ainda há referência às Juntas de Conciliação e Julgamento, as quais foram extintas pela Emenda Constitucional n°. 24/99, em razão da extinção da representação classista. Neste ponto, deve ser considerado, então, o disposto no artigo 111 da Constituição Federal de 1988, conforme segue transcrito: Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: I - o Tribunal Superior do Trabalho; II - os Tribunais Regionais do Trabalho; III - Juízes do Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 24, de 9.12.1999). Segundo o artigo 111-A da Constituição Federal de 1988, com redação conferida pela Emenda Constitucional n°. 45/04, a composição do Tribunal Superior do Trabalho se dará da seguinte forma: Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: (Caput, incisos e parágrafos incluídos pela Emenda Constitucional n. 45, de 8.12.2004) I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. § 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho. § 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante. A Lei n°. 7.701/88 prevê a organização interna do Tribunal Superior do Trabalho, subdividindo- o em: Tribunal Pleno, Seção de Dissídios Individuais (I e II) e Seção de Dissídios Coletivos. A Emenda Constitucional n°. 45/04 ainda faz a previsão de criação da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Os Tribunais Regionais do Trabalho, por sua vez, tem a sua composição prevista no artigo 115 da Constituição Federal de 1988, também modificado pela Emenda Constitucional n°.45/04, conforme segue transcrito: a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 4 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 4 Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: (Caput, incisos e parágrafos com redação dada pela Emenda Constitucional n. 45, de 8.12.2004) I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; II - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente. § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. A Emenda Constitucional n°. 24/99, conforme já visto, extinguiu a representação classista, atribuindo ao Juiz Singular a jurisdição no primeiro grau de organização da Justiça do Trabalho, nos termos do artigo 116 da Constituição Federal de 1988. Por fim, de acordo com o artigo 112 da Constituição Federal de 1988, a jurisdição trabalhista, na falta de Vara do Trabalho em determinada Comarca,poderá ser atribuída aos Juízes de Direito, permanecendo nesta hipótese, a competência do Tribunal Regional do Trabalho para o julgamento de eventual recurso interposto. Jurisdição e competência da Justiça do Trabalho A título de breve diferenciação, jurisdição é o poder de julgar, é a atividade de dizer o direito; já competência é a medida de jurisdição. Os critérios para a fixação da competência trabalhista são os seguintes: A) Competência pessoal ou material O artigo 114 da Constituição Federal de 1988, com redação conferida pela Emenda Constitucional n°. 45/04, fixa a competência da Justiça do Trabalho, cujo caput estabelece que compete à Justiça do Trabalho processar e julgar. Assim, os incisos e parágrafos pertencentes ao referido artigo especificam a competência material trabalhista, os quais serão examinados detidamente nos itens abaixo. - Inciso I A Justiça do Trabalho, quando de sua criação, solucionava tão somente conflitos oriundos da relação de emprego. Adotou-se, portanto, o critério material para a fixação da competência. A par a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 5 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 5 desse critério material, por exceção, nos casos previstos em lei, adotou-se também o critério pessoal, tal como ocorre no artigo 652, alínea “a”, inciso III, da Consolidação das Leis do Trabalho. O mesmo ocorre com o empregado doméstico que, por força do critério pessoal, tem sua relação de emprego sujeita à jurisdição trabalhista, eis que, tipicamente, não há a figura do empregador, mas sim do tomador de serviços domésticos. Ainda, estão sujeitos à Justiça do Trabalho, por força desse critério pessoal, os seguintes casos: trabalhador avulso, empregado público, “mãe-social” ou “mãe-crecheira” (Lei n°. 7.644/87). Com o advento da Emenda Constitucional n°. 45/2004, a competência da Justiça do Trabalho prevista no artigo 114 da Constituição Federal de 1988, em especial por força do inciso I, fora ampliada para abranger, não apenas as lides decorrentes da relação de emprego, mas também aquelas oriundas da relação de trabalho, passando-se, então, a privilegiar o critério pessoal, em lugar do material. Desta feita, ao realizar-se uma interpretação do aludido inciso I do artigo 114 da Constituição Federal de 1988, observa-se que, desde que haja uma prestação pessoal de trabalho, a competência para a solução do conflito daí decorrente é da Justiça do Trabalho, não importando o diploma legal a ser aplicado para o exame da relação material objeto da demanda (Consolidação das Leis do Trabalho, Código Civil, Lei n°. 4.886/65). Para alguns, a prestação de serviços regida pelo Código de Defesa do Consumidor - CDC submete-se à jurisdição trabalhista, desde que o prestador do serviço seja uma pessoa física. Para outros, contudo, não há essa submissão porque o CDC protege o consumidor e não o prestador do serviço. Esse tema é ainda bastante controvertido, muito embora o Tribunal Superior do Trabalho venha entendendo que relação de consumo não é de competência da Justiça do Trabalho, posição esta a que se filia o Autor do presente trabalho. Por fim, importante esclarecer que o servidor público estatutário, por decisão já definitiva do Supremo Tribunal Federal, não se submete à jurisdição trabalhista, muito embora a redação atual do inciso I induza a esta conclusão. - Inciso II Todas as discussões que envolvem o direito de greve de trabalhadores estão sujeitas à Justiça do Trabalho. Em relação ao exercício do direito de greve, o entendimento majoritário é que à Justiça do Trabalho fiquem reservadas as questões trabalhistas e cíveis (ajuizamento de interdito proibitório, por exemplo), mas não as questões penais. - Inciso III São de competência da Justiça do Trabalho as ações que versem sobre representação sindical, não bastando apenas a presença do Sindicato em um dos pólos da ação. Percebe-se, aqui, a interpretação segundo o critério material e não pessoal. Ainda, as ações entre Sindicatos, entre o Sindicato e o empregado ou entre o Sindicato e o empregador são de competência da Justiça do Trabalho. Importante ressaltar, nesse contexto, que essas ações, antes da Emenda Constitucional n°. 45/04, eram de competência da Justiça Comum. - Inciso IV As ações referidas no inciso IV do artigo 114 da Constituição Federal de 1988, apesar de não ensejarem entendimento pacífico antes da promulgação da Emenda Constitucional n°. 45/04, já a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 6 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 6 eram consideradas como de competência da Justiça do Trabalho. Nesse caso, a Emenda Constitucional n°. 45/04 veio apenas pacificar a questão. Especificamente, em relação ao mandado de segurança, cujo procedimento resta previsto na Lei n°. 12.016/09, o entendimento é de que se o fiscal do trabalho ou a Superintendência Regional do Trabalho praticarem ato ilegal caberá, de igual forma, a interposição de mandado de segurança perante o Juiz do Trabalho (Vara do Trabalho). Antes da Emenda Constitucional n°. 45/04 só cabia mandado de segurança contra ato do Juiz do Trabalho ou serventuário da Justiça, perante o Tribunal Regional do Trabalho, situação esta consolidada pelo inciso ora examinado. O habeas data é da competência da Justiça do Trabalho sempre que envolver matéria sujeita a sua jurisdição, bem como, na hipótese em que um órgão público se negue a prestar informações ou fornecer algum documento necessário, situação esta raramente verificada na Justiça do Trabalho, vez que tais provas ou esclarecimento podem ser resolvidos de forma mais célere durante a instrução processual, por meio de expedição de ofício judicial para que determinada diligência seja cumprida, por exemplo. Quanto à matéria acima ventilada, importante mencionar o que dispõe o inciso LXXII do artigo 5° da Constituição Federal de 1988, in verbis: Art. 5º. (omissis) LXXII - conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; Não obstante o acima declinado, o Tribunal Superior do Trabalho reconhece a competência material da Justiça do Trabalho para o julgamento do habeas corpus no caso da prisão civil de depositário infiel, uma vez que esta medida constritiva é considerada punição pelo ilícito civil- processual e não punição por ilícito penal1. Não obstante o exposto, importante registrar que, na prática, o Supremo Tribunal Federal tem afastado, em sua jurisprudência majoritária, tal entendimento, por adotar o Pacto de São José da Costa Rica. - Inciso V A competência para o julgamento dos conflitos de competência, prevista no artigo 808 da Consolidação das Leis do Trabalho, restou mantida e especificada pela Emenda Constitucional n°. 45/2004. - Inciso VI De início, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que a competência para o julgamento das lides decorrentes de acidente do trabalho, mesmo com o advento da Emenda Constitucional n°. 45/2004, continuava a ser da Justiça Comum, por aplicação do princípio da unidade de jurisdição, eis que essa mesma Justiça já detinha a competência para o julgamento de benefícios previdenciários contra o INSS. Posteriormente, o Supremo Tribunal Federal, passou a entender que se o INSS figurar no pólo passivo da ação que visa à reparação de dano advindo de acidente do trabalho, a competência será da Justiça Comum (Estadual), por aplicação da exceção previstano artigo 109, inciso I, da Constituição Federal de 1988. De outro lado, se o empregador figurar no pólo passivo da demanda decorrente de acidente do trabalho, a competência será da Justiça do Trabalho. 1 Ver: PROC. Nº TST-ROHC-709.140/2000.4, publicado no DJ em 27/09/02. a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 7 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 7 Imperioso destacar que a ocorrência de um acidente do trabalho, ao qual se equipara a doença ocupacional, produz efeitos em três ramos do Direito, quais sejam: 1) no Direito Previdenciário, pois pode gerar a percepção de benefícios previdenciários como o auxílio-doença- acidentário e, dependendo do caso, auxílio acidente, a serem prestados pelo INSS; 2) no âmbito do Direito do Trabalho, pois é possível que o empregado “acidentado” que tenha gozado do benefício previdenciário adquira garantia de emprego por 12 (doze) meses contra a despedida arbitrária ou sem justa causa, do retorno do benefício; e 3) no campo do Direito Civil, mais precisamente no que diz respeito à responsabilidade civil do empregador e aos danos materiais e morais decorrentes do infortúnio laboral. Reitera-se que com a promulgação da Emenda Constitucional n°. 45/2004 o artigo 114 da Constituição Federal de 1988 foi alterado, ampliando, por consequência, a competência material da Justiça do Trabalho, ou seja, além das questões atinentes à relação de emprego, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ações cujo objeto decorra de uma relação de trabalho, dentre elas ações que versarem sobre indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes da relação de trabalho (artigo114, inciso VI, da Constituição Federal de 1988). O cotidiano e a prática forense estão se encarregando de adequar este novo modelo à realidade do processo e do judiciário trabalhista. Fala-se em adequar vez que a Justiça do Trabalho passa a julgar causas de matéria vinculada ao Direito Civil, possuidoras de características e princípios norteadores diferentes do Direito do Trabalho, como é o caso das ações indenizatórias por acidente do trabalho. Nesse diapasão, a primeira dificuldade se vislumbra em qual prazo prescricional aplicar, pois sendo o direito objeto do processo vinculado ao Direito Civil, indaga-se se o prazo prescricional para ajuizamento da ação obedeceria a previsão desse diploma legal ou integraria a regra geral do Direito do Trabalho de 2 (dois) anos a contar da extinção da relação mantida. O Tribunal Superior do Trabalho pacificou a controvérsia, estabelecendo a prescrição trabalhista de dois anos também nesses casos, por entender que os danos reclamados advêm da relação de trabalho. Diante do entendimento acima exposto, importante transcrever algumas jurisprudências do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região acerca do tema: “EMENTA: PRESCRIÇÃO. ACIDENTE DO TRABALHO. Desde o advento dos incisos XXVIII e XXIX, do art. 7º da Constituição Federal, a prescrição das ações de reparação de danos, de empregado em face de seu empregador, decorrentes de acidente de trabalho, passou a ser a prevista no último inciso mencionado, qual seja, a de cinco anos, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, limitada a dois anos, computados da extinção do contrato de trabalho. E assim é porque a indenização por acidente de trabalho foi incluída entre os direitos dos trabalhadores constantes do referido artigo e também porque o inciso XXIX não limita sua incidência aos créditos de natureza exclusivamente trabalhista, mas a todos "os créditos resultantes das relações de trabalho", dentre os quais se acham os oriundos de acidente de trabalho. Tendo decorrido mais de dois anos entre a extinção do contrato de trabalho e o ajuizamento da demanda, está prescrito o direito de ação do autor. (Acórdão do processo 0001330-05.2012.5.04.0251 (RO) / Data: 20/03/2014/ Origem: 1ª Vara do Trabalho de Cachoeirinha/ Órgão julgador: 11A. TURMA Redator: Herbert Paulo Beck / Participam: João Ghisleni Filho, Flávia Lorena Pacheco)” “EMENTA: PRESCRIÇÃO. ACIDENTE DO TRABALHO. Entendimento predominante na Turma que, conforme consubstanciado na jurisprudência dominante no TST, incide o prazo prescricional trabalhista sempre que o acidente do trabalho e o ajuizamento da ação são fatos ocorridos posteriormente à Emenda Constitucional nº 45/04 e ao julgamento do Conflito de Competência n. 7.204-1 pelo STF, ressalvando o posicionamento do Relator. (PROCESSO nº 0020728-21.2013.5.04.0406 (RO) / RECORRENTE: VALMIR ANELLI VIEIRA / RECORRIDO: METALURGICA CNS LTDA - EPP / RELATOR: JOSÉ CESÁRIO FIGUEIREDO TEIXEIRA)” a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 8 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 8 “EMENTA: PRESCRIÇÃO. INDENIZAÇÕES DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO. Na medida em que os pedidos de indenizações por danos moral, material e estético resultam da relação de emprego, e não de acidente de trabalho, o prazo prescricional incidente é trabalhista, previsto no inciso XXIX do artigo 7º da CF. Logo, considerando ter o reclamante tomado ciência inequívoca da consolidação da lesão sofrida durante o contrato de trabalho e extinto este há mais de 04 anos do ajuizamento da presente ação, incide a prescrição bienal, e por consequência, prescrito o direito às indenizações postuladas. (Acordao do processo 0000213-15.2013.5.04.0551 (RO) / Data: 29/05/2014 / Origem: Vara do Trabalho de Frederico Westphalen / Órgão julgador: 9A. TURMA / Redator: João Alfredo Borges Antunes De Miranda / Participam: Ana Rosa Pereira Zago Sagrilo, Lucia Ehrenbrin)” Outro grande desafio aos intérpretes do Direito é examinar se a responsabilidade do empregador que está sendo questionada numa ação indenizatória é objetiva ou subjetiva. A adoção do entendimento da responsabilidade subjetiva (artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição Federal de 1988) ou da responsabilidade objetiva (artigo 927, parágrafo único, do Código Civil) pode alterar os rumos do ônus de provar as alegações aduzidas e postuladas no processo. Outro grande sintoma das dificuldades existentes em relação ao tema é o procedimento adotado pela Justiça do Trabalho na apreciação e julgamento das ações indenizatórias de acidente decorrente do trabalho, cujo andamento continua em adaptação ao novo e peculiar procedimento trabalhista, qual seja, a realização de audiência inaugural, a tentativa mais incisiva de conciliação, a ausência de um departamento especializado em perícias médicas, o cumprimento de prazos diferenciados, o manejo de recursos diferentes, sem falar na típica execução trabalhista, a qual possui dispositivos diferenciados do processo civil – prazos e recurso, por exemplo – e que de regra impõe uma busca mais célere e efetiva pela satisfação do crédito obreiro. Como exemplo mais atual desse quadro cita-se a satisfação dos honorários periciais quando o Reclamante estiver ao abrigo da Justiça Gratuita, na medida em que, conforme dispõe o artigo 790-B da Consolidação das Leis do Trabalho, se incumbir ao Reclamante o pagamento dos honorários periciais e ele estiver sob o pálio da Justiça Gratuita, em tese, o perito não receberá pelo trabalho prestado. Diante disso e no intuito de corrigir tal injustiça o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (Rio Grande do Sul) expediu o Provimento nº. 1 de 2007, cujo teor filia-se à Resolução nº. 35 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e determina que nos casos de concessão de Benefício da Justiça Gratuita ao Reclamante, incumbindo a este o pagamento dos honorários periciais, o Perito poderá requerer o pagamento ao Tribunal, o qual possui o teto de R$1.000,00 (hum mil reais) para tal verba.Ademais, importante observar que a adequação em comento é buscada pela Instrução Normativa n°. 27 do Tribunal Superior do Trabalho, cujo teor “ajusta”, de início e provisoriamente, as dificuldades decorrentes da ampliação da competência material da Justiça do Trabalho, preconizando, de forma expressa, que em matéria de relação de trabalho, processualmente, aplicam-se as disposições contidas na Consolidação das Leis do Trabalho, porém, ressalva alguns aspectos em que se admite a aplicação do Código de Processo Civil, como é o caso dos honorários de sucumbência, indevidos no processo do trabalho, exceto quando da concessão da Assistência Judiciária Gratuita. Nota-se que o próprio teor da mencionada Instrução Normativa é contraditória, o que, logicamente, na prática, gera problemas ou divergências na sua interpretação. - Inciso VII As ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização do trabalho deverão ser ajuizadas perante a Justiça do Trabalho, por força do disposto no artigo 653, alínea “f”, da Consolidação das Leis do Trabalho, como por exemplo, execução fiscal de multas administrativas não pagas pelo empregador e ações declaratórias de nulidade de auto de infração e da multa impostas. a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 9 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 9 - Inciso VIII Somente as contribuições previdenciárias decorrentes das sentenças de mérito ou acordos judiciais serão executadas, de ofício, na Justiça do Trabalho, na forma do artigo 876 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho. - Inciso IX O legislador constituinte deixou ao legislador ordinário a atribuição de definir as outras matérias sujeitas à competência da Justiça do Trabalho. No intuito de regulamentar o inciso IX do artigo 114 da Constituição Federal, para dispor sobre competências da Justiça do Trabalho referentes à relação de trabalho, no sentido de especificar quais “as outras matérias” decorrentes da relação de trabalho poderão ser incluídas no rol das matérias sujeitas à jurisdição trabalhista, foi proposto o Projeto de Lei n°. 6542, de 24 de janeiro de 2006, o qual está sujeito à apreciação pelo plenário. Parágrafo 1º - assim dispõe: § 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. Esse parágrafo incluído pela Emenda Constitucional n°. 45/2004 implementou expressamente a possibilidade das partes utilizarem a arbitragem, quando do conflito de matéria coletiva. Parágrafo 2º - assim dispõe: § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 45, de 8.12.2004) Resta evidente que, de início, entende-se que o “comum acordo” somente é exigível para os dissídios econômicos e não para os dissídios de natureza jurídica ou de interpretação. Antes da promulgação da Emenda Constitucional n°. 45/2004 havia referência à atribuição da Justiça do Trabalho de “estabelecer normas”. Agora, a Constituição Federal faz referência a “decidir o conflito”. Diante disso, poder-se ia suscitar a hipótese de que teria sido extinto o poder normativo da Justiça do Trabalho, entendimento esse elidido pela doutrina e jurisprudência dominantes, até porque o mencionado parágrafo prevê expressamente o julgamento do conflito a Justiça do Trabalho. A tendência é considerar o “comum acordo” como condição da ação. Para Arnaldo Sussekind 2 o “comum acordo” pode ser tácito ou expresso, mas o primeiro só poderia ocorrer em Juízo. Para a doutrina, como um todo, o consentimento tácito pode ser extrajudicial ou judicial. Na hipótese de extrajudicial, se não houver manifestação após a notificação para a negociação coletiva, considera-se que houve o “comum acordo”. Em sendo judicial, tal hipótese de comum acordo vislumbrar-se-ia na situação em que a parte suscitada, na peça de defesa, nada refira sobre a sua discordância com o ajuizamento do dissídio coletivo. O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (Rio Grande do Sul) tem entendido que a presença do “comum acordo” é requisito facultativo, ou seja, havendo ou não essa condição da ação, o dissídio coletivo é processado. Nesse sentido, colaciona-se jurisprudência: 2 SUSSEKIND, Arnaldo. Do ajuizamento dos dissídios coletivos. Revista LTr. v. 69, n. 9, p. 1031-1032, set. 2005. a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 10 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 10 EMENTA: PRELIMINARMENTE: AJUIZAMENTO DE AÇÃOCOLETIVA. NECESSIDADE DE ‘COMUM ACORDO’.A expressão “comum acordo”, inserta no § 2º, do art. 114da Constituição Federal, com a redação introduzida pela Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004, trata-se de mera faculdade das partes em, consensualmente,ajuizarem ação coletiva e não conflita com o direito de ação assegurado nos incisos XXXIV e XXXV, do art. 5º,também da Constituição Federal. Preliminar de extinção do feito, sem resolução do mérito, rejeitada. MÉRITO: DISSÍDIO COLETIVO ORIGINÁRIO.CLÁUSULA A CLÁUSULA. Em consonância com o teor dos precedentes normativos do C. TST e deste Tribunal, bem como dos entendimentos prevalecentes nesta Seção de Dissídios Coletivos, defere-se parcialmente as vantagens postuladas na representação, limitadas ao poder normativo desta Justiça Especializada. (Acórdao do processo 0007277-51.2011.5.04.0000 (DC) / Data: 10/11/2014 / Origem: Tribunal Regional do Trabalho / Redator: FLÁVIA LORENA PACHECO) O Tribunal Superior do Trabalho, ao contrário, tem entendido que, não havendo o “comum acordo” e sendo esse suscitado pela parte contrária na peça de defesa, o dissídio coletivo deve ser extinto sem julgamento de mérito, por carência de ação decorrente da falta de interesse. No intuito de melhor elucidar a questão, transcreve-se jurisprudência sobre o tema: DISSÍDIO COLETIVO. COMUM ACORDO. NÃO CONCORDÂNCIA DO SUSCITADO. JURISPRUDÊNCIA DO TST. EXTINÇÃO. O comum acordo, pressuposto específico para o ajuizamento do dissídio coletivo, exigência trazida pela Emenda Constitucional nº 45/2004 ao art. 114, § 2º, da CF, embora de modo ideal devesse ser materializado sob a forma de petição conjunta da representação, é interpretado de maneira mais flexível pela Justiça do Trabalho, no sentido de se admitir a concordância tácita na instauração da instância, desde que não haja a oposição expressa do suscitado, na contestação. No presente caso, verifica-se que, na primeira audiência de conciliação, o Sindicato suscitado, apresentando a sua defesa, mostrou-se contrário à instauração do dissídio coletivo, reiterando em diversas ocasiões seguintes o seu posicionamento. O entendimento desta Corte, portanto, é o de que, ao alegar a ausência de comum acordo como causa extintiva do feito, o suscitado evidenciou de forma inexorável seu inconformismo com a instauração unilateral da instância, não cabendo a esta Justiça Especializada o exercício espontâneo e abusivo da jurisdição contra a vontade manifesta das partes de se oporem ao ajuizamento do dissídio coletivo, respaldada na Constituição Federal. Assim, nega-se provimento ao recurso, mantendo-se a decisão regional que extinguiu o feito, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, IV, do CPC. Recurso ordinário não provido. (Processo: RODC - 82300- 35.2008.5.03.0000 Data de Julgamento: 12/04/2010, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Datade Publicação: DEJT 30/04/2010) Não restam dúvidas de que a intenção constituinte foi e é de incentivar ou estimular a negociação coletiva, não só como forma de propiciar uma solução mais rápida ao conflito, mas também como forma de desafogar o judiciário. Parágrafo 3º - assim dispõe: § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) O referido parágrafo limita a legitimidade do Ministério Público do Trabalho para ajuizar dissídio coletivo no caso de greve, pois tal situação somente poderá ocorrer quando a greve envolver atividades essenciais e houver lesão ou ameaça a interesse público. B) Competência funcional ou hierárquica O Juiz da Vara tem, de regra, competência originária. O Tribunal, por sua vez, tem, em regra, competência recursal. Por exceção, o Tribunal terá competência originária nos seguintes casos: ação rescisória, habeas corpus, mandado de segurança contra Juiz do Trabalho, medidas cautelares, a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 11 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 11 dissídios coletivos e ação anulatória de cláusulas normativas ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho. Os critérios de fixação de competência material ou pessoal e funcional ou hierárquica são absolutos, ou seja, tal matéria pode ser conhecida em qualquer tempo ou grau de jurisdição, extinguindo-se o processo em caso de incompetência. C) Competência territorial Pelo critério territorial, a competência poderá ser do Tribunal Superior do Trabalho, do Tribunal Regional do Trabalho ou do Juiz do Trabalho. O dissídio coletivo é de competência originária do Tribunal Regional do Trabalho, razão pela qual é ajuizada nesse pretório. Se o dissídio coletivo abranger mais de uma categoria, a competência originária passará a ser do Tribunal Superior do Trabalho. A competência territorial do Juiz do Trabalho é definida pelo artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho, ou seja, a competência é estabelecida segundo o local da prestação do trabalho. Privilegia-se, desse modo, o princípio da imediatidade do Juiz com a prova e o fato de o trabalhador, de regra, residir no local da prestação do trabalho. Os parágrafos do artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho excepcionam a regra de que a ação deve ser ajuizada no local da prestação do trabalho. - Parágrafo 1º do artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho – agente ou viajante comercial § 1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. (Redação dada pela Lei nº 9.851, de 27.10.1999) No caso previsto pelo diploma acima, a reclamação trabalhista deve ser proposta perante a Vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e à esta o empregado esteja subordinado. Não estando o empregado subordinado a agência ou filial, mas à matriz, por exemplo, será competente a Vara da qual o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima, caso não haja Vara do Trabalho na localidade. Há, portanto, uma condição alternativa, sendo que nessa hipótese o empregado poderá escolher entre propor a ação na Vara de seu domicílio ou na localidade mais próxima. Tal determinação, segundo Sérgio Pinto Martins3, “mostra a aplicação do princípio protecionista, no sentido de que a ação deve ser proposta no local de maior facilidade para o empregado, onde tenha menores gastos para propor a ação ou então onde possa melhor produzir sua prova”. Somente será aplicada a orientação de que a ação deve ser proposta no local do domicílio do empregado ou na localidade mais próxima quando o obreiro não esteja subordinado a agência ou filial, eis que a lei limita tal possibilidade quando indica a expressão na falta. Importante salientar que, embora a redação do parágrafo 1° do artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho faça referência a “viajante comercial”, que poderia dar a entender que se trata de representante comercial autônomo, a regra versa sobre empregado, pois é do que trata a legislação trabalhista. Assim, o agente ou viajante deve ser empregado e não representante comercial autônomo. - Parágrafo 2º do artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho – transnacionais brasileiras 3 MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 709 a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 12 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 12 § 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário. O dispositivo em análise refere que será competente a Justiça do Trabalho brasileira do local da contratação ou da prestação dos respectivos serviços, para dirimir assuntos inerentes a relação contratual. Importante mencionar que, a Lei n°. 7.064/82 dispõe sobre os trabalhadores contratados ou transferidos para prestar serviços no exterior. - Parágrafo 3º do artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho – empresa que promove atividade fora do local da contratação § 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. O empregado terá a faculdade de optar entre o lugar em que foi celebrado o contrato de trabalho e o lugar onde os serviços são prestados, sempre que a atividade do empregador for promovida fora do local da contratação. Reitera-se que, no processo do trabalho, a competência em razão do lugar (ex ratione loci), resta determinada pelo artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho. A regra geral da competência territorial é a do local da prestação dos serviços (artigo 651, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho), ou seja, a reclamação trabalhista deve ser processada na Vara da localidade em que houve a prestação dos serviços. Neste caso, tendo o empregado, ao longo da contratualidade, trabalhado em vários locais, seguindo a regra geral, a reclamação pode ser ajuizada em qualquer dos locais em que ocorreu a prestação de serviço. Ainda, importante referir que o caput do artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho refere que a regra geral aplica-se para o caso do empregado ser reclamante ou reclamado, isto é, a regra de competência vale para o caso da reclamação trabalhista, assim como para a ação de consignação em pagamento ou para o inquérito para apuração de falta grave, por exemplo, em que o empregador pode ajuizar contra o empregado. No parágrafo primeiro do artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho, resta prevista a regra para o reclamante que é ou que tenha sido agente ou viajante comercial, sendo que neste caso, a reclamação trabalhista será ajuizada na Vara da localidade em que existe agência ou filial da empresa em que o empregado é ou era subordinado. Em não havendo agência ou filial, será competente a Vara da localidade do domicílio do empregado ou a localidade da sede da empresa. No parágrafo segundo do artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho, resta fixada uma possibilidadede facilitar o acesso à justiça do empregado que tenha trabalhado no estrangeiro. Quando houver dissídio (lide) decorrente de trabalho do estrangeiro, o empregado que voltar para o Brasil poderá ajuizar a reclamação perante a Justiça do Trabalho brasileira, desde que presentes três requisitos: 1) o empregado deve ser brasileiro; 2) o trabalho deve ter sido prestado em agência ou filial, no estrangeiro, de empresa brasileira ou sediada no Brasil; 3) não exista norma internacional que preveja disposição contrária. Preenchidos estes requisitos, o empregado poderá propor a ação perante a Vara da localidade do domicílio do empregado ou da localidade da sede da empresa. Importante destacar que, neste aspecto, vislumbra-se regra de competência material, no tocante ao acesso à Justiça, sendo que não se está examinando a legislação que será aplicável, eis que tal matéria integra disposições de Direito Internacional do Trabalho. No caso em questão, o que se discute é onde será processada a reclamação trabalhista e não qual legislação o Juiz aplicará. a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 13 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 13 No terceiro e último parágrafo do artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho, a lei trabalhista fixa outra regra que facilita o acesso do empregado à Justiça, restando considerada a atividade do empregador. Em se tratando de empregador que promova a realização de atividades fora do local da celebração do contrato de trabalho (circos, feiras, exposições, construtora, por exemplo), o empregado poderá ajuizar a reclamação trabalhista no foro da celebração do contrato de trabalho ou no foro da localidade em que houve prestação de serviços. Diante do arrazoado acima, é preciso ser feita interpretação sistemática e harmônica entre o caput do artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho e seu parágrafo 3°, pois do contrário irá chegar-se à conclusão de que esse último dispositivo dispõe exatamente o contrário. O parágrafo 3° do citado artigo é exceção à regra geral. As exceções, por natureza, devem ser interpretadas restritivamente. Dessa forma, a regra contida no parágrafo 3° do artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho deve ser utilizada nos casos em que o empregador desenvolve suas atividades em locais incertos, transitórios ou eventuais. No que tange aos aspectos processuais, a competência territorial deve ser arguida através de exceção de incompetência (artigo 799, da Consolidação das Leis do Trabalho), em peça apartada ou oralmente, se a defesa for oral (e não como preliminar de contestação, como ocorre com as demais exceções). A exceção de incompetência territorial é julgada pelo próprio Juiz e suspende o feito e o prazo para a contestação, ou seja, o Juiz não receberá a contestação (artigo 799, da Consolidação das Leis do Trabalho). Apresentada a exceção, será aberto o prazo de 24 horas para o excepto responder a exceção (artigo 800, da Consolidação das Leis do Trabalho). A decisão que julga a exceção de incompetência territorial é irrecorrível de imediato, salvo se a decisão for terminativa do feito (artigo 799, parágrafo 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho). Todavia, conforme entendimento consubstanciado na letra c da Súmula 214 do Tribunal Superior do Trabalho é possível a interposição de Recurso Ordinário, na forma do artigo 895 da Consolidação das Leis do Trabalho, contra decisão interlocutória que acolhe exceção de incompetência em razão do lugar e determina a remessa dos autos para a Vara do Trabalho abrangida por outro Tribunal (outro estado). Nesse caso, o recurso será interposto na Vara do Trabalho que proferiu a decisão e o recurso será julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho dessa região (exemplo: decisão da 1ª Vara do Trabalho de Porto Alegre; o recurso será interposto nessa Vara e julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região – Rio Grande do Sul). Por fim, importante salientar que a competência em razão do lugar é relativa, ou seja, diferentemente da competência material, a questão territorial não enseja a declaração de incompetência ex officio, razão pela qual, caso não alegada pela parte reclamada no momento próprio (será visto no tópico da defesa), ocorrerá a prorrogação da competência e, a Vara que, inicialmente, pela regra do artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho era incompetente, torna- se competente para apreciar e julgar a demanda. a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 14 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 14 As Comissões de Conciliação Prévia poderão ser instituídas pelas empresas e sindicatos com representantes dos empregadores e dos empregados (composição paritária), cuja atribuição será a de tentar conciliar as partes nos conflitos individuais de trabalho (artigo 625-A da Consolidação das Leis do Trabalho). Uma vez instituídas estas Comissões, passa a ser obrigatória a apresentação da demanda na comissão, inclusive como pressuposto de admissibilidade de reclamação trabalhista individual, se existentes na localidade da prestação de serviços. Assim, dispõe o artigo 625-D da Consolidação das Leis do Trabalho, in verbis: Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000) § 1º A demanda será formulada por escrito ou reduzida a tempo por qualquer dos membros da Comissão, sendo entregue cópia datada e assinada pelo membro aos interessados. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000) § 2º Não prosperando a conciliação, será fornecida ao empregado e ao empregador declaração da tentativa conciliatória frustada com a descrição de seu objeto, firmada pelos membros da Comissão, que devera ser juntada à eventual reclamação trabalhista. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000) § 3º Em caso de motivo relevante que impossibilite a observância do procedimento previsto no caput deste artigo, será a circunstância declarada na petição da ação intentada perante a Justiça do Trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000) § 4º Caso exista, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de empresa e Comissão sindical, o interessado optará por uma delas submeter a sua demanda, sendo competente aquela que primeiro conhecer do pedido. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000) As Comissões instituídas no âmbito da empresa serão compostas de 2 (no mínimo) a 10 (no máximo) membros, sendo que a metade dos mesmos será eleita pelos empregadores e a outra, pelos empregados, cujo mandato será de 1 (um) ano, podendo serem reconduzidos ao cargo. Haverá uma proporcionalidade entre o número de titulares e o número de suplentes (artigo 625-B e incisos da Consolidação das Leis do Trabalho). Sendo instituídas no âmbito do sindicato, terão sua constituição e normas de funcionamento definidas em convenção ou acordo coletivo (artigo 625-C da Consolidação das Leis do Trabalho). Aos membros titulares, assim como aos suplentes, será conferida a garantia de emprego (ou estabilidade provisória) no prazo de até 1 (um) ano após o final do mandato, ressalvadas as hipóteses configuradas como falta grave que ensejem a despedida por justa causa do mesmo (artigo 625-D, parágrafo 1°, da Consolidação das Leis do Trabalho). A demanda será formulada por escrito ou verbalmente (reduzida a termo). Resultando inexitosa a conciliação será fornecida ao empregado e ao empregador uma declaração com a descrição e o objeto da insurgência do demandanteque, em caso de eventual reclamação trabalhista, deverá ser juntada aos autos. Existindo um motivo relevante que impossibilite a submissão da demanda à Comissão de Conciliação Prévia, tal situação deverá constar da petição inicial (artigo 625-D da Consolidação das Leis do Trabalho). Entretanto, caso resulte exitosa a conciliação, será fornecido um termo assinado pelas partes (empregado e empregador) e pelos membros da Comissão, que terá eficácia liberatória geral, exceto a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 15 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 15 quanto às parcelas expressamente ressalvadas (artigo 625-E e parágrafo único, da Consolidação das Leis do Trabalho), assim como valerá como título executivo extrajudicial (artigo 876 da Consolidação das Leis do Trabalho). Caso a tentativa de acordo não se realize no prazo de 10 (dez) dias a partir de propositura do interessado, será fornecido ao mesmo, uma declaração de que a conciliação resultou inexitosa, nos termos do parágrafo 2° do artigo 625-D da Consolidação das Leis do Trabalho (artigo 625 – F da Consolidação das Leis do Trabalho). O prazo prescricional para a propositura da reclamação trabalhista será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação Prévia e recomeçará a fluir pelo prazo que lhe restar ou do esgotamento do lapso de 10 (dez) dias para a realização de sessão de tentativa de conciliação (artigo 625-G da Consolidação das Leis do Trabalho). Por fim, relevante ressaltar que muito embora as disposições acima mencionadas estejam em plena vigência, imperioso ressaltar que, na prática, ao longo do tempo, a utilização da figura das comissões de conciliação prévia vem perdendo força, eis que os Tribunais Trabalhistas têm entendido que obrigar que a demanda seja submetida à comissão antes de ajuizar ação trabalhista ofende o princípio constitucional de garantia ao acesso à Justiça. Nesse sentido, aliás, destaca-se o entendimento da Súmula nº. 35 do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, de seguinte teor: Súmula nº 35 - COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. A ausência de submissão de qualquer demanda de natureza trabalhista à Comissão de Conciliação Prévia, não autoriza a extinção do processo sem julgamento do mérito. Resolução Administrativa nº 09/2004 Publ. DOE-RS dias 02, 05 e 06 de julho de 2004. Portanto, na prática, não há como entender que a prévia submissão do litígio à Comissão de Conciliação Prévia seja requisito indispensável à propositura da ação, cujo direito é constitucionalmente assegurado àquele que, em tese, tem seus direitos lesados. Todavia, para fins de exame da OAB, é importante considerar que a obrigatoriedade de submeter a demanda a Comissão de Conciliação Prévia, NA TEORIA, continua vigendo. A legitimação para propor reclamação trabalhista poderá ser ordinária (que é a legitimação do titular do direito material lesado) ou extraordinária (exercício do direito de ação por quem busca em nome próprio direito alheio; o titular do direito material lesado é pessoa diversa da que exercita o direito de ação). 3.1 DA LEGITIMAÇÃO ORDINÁRIA O Reclamante (autor da reclamação trabalhista) terá plena capacidade para ajuizar a reclamação trabalhista a partir dos 18 anos. O reclamante que possuir idade entre 16 e 18 anos será considerado relativamente incapaz, razão pela qual deverá ser assistido em eventual demanda pelo a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 16 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 16 detentor do pátrio poder, sendo que os menores de 16 anos serão representados pelo mesmo. Os maiores de 18 anos e menores de 21 anos poderão demandar em Juízo em nome próprio (artigo 792 da Consolidação das Leis do Trabalho). O litisconsórcio é a soma de duas ou mais pessoas, em um ou em ambos os pólos de uma relação processual. Esta reunião de pessoas poderá ser voluntária (não existe obrigatoriedade legal) ou decorrente de previsão legal. Assim, o litisconsórcio quanto à sua obrigatoriedade na formação poderá ser necessário, conforme previsto no artigo 46, inciso I, do Código de Processo Civil, utilizado analogicamente por força do artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho; ou facultativo, previsto nos demais incisos do artigo 46 do Código de Processo Civil. Quanto ao momento da formação poderá ser inicial ou ulterior ao ajuizamento da ação e, em relação à posição nos pólos da ação poderá ser ativo (mais de um autor), passivo (mais de um réu) e misto (mais de um autor e mais de um réu). Em relação aos efeitos da sentença, poderá ser unitário (decisão uniforme para todos os litisconsortes) ou simples (quando a decisão não for igual para todos), conforme previsão exposta pelo artigo 47 do Código de Processo Civil Salienta-se que, havendo litisconsórcio, ao ocorrer a revelia, seus efeitos não serão verificados para todos os litisconsortes, se alguns deles contestar a ação (artigo 320 do Código de Processo Civil). A confissão é, pois, o efeito da revelia. Logo, nos termos do artigo 350 do Código de Processo Civil, subsidiariamente aplicado ao processo do trabalho, a confissão judicial fará prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes. Nas ações plúrimas (litisconsórcio ativo facultativo), previstas no artigo 842 da Consolidação das Leis do Trabalho ou nas ações de cumprimento previstas no parágrafo único do artigo 872 da Consolidação das Leis do Trabalho, as partes poderão ser representadas pelo Sindicato de sua categoria. Nas ações plúrimas, em que pese não haja previsão legal para a instituição de uma comissão representativa de todos os empregados, havendo concordância do Juiz poderão os mesmos ser representados por esta. A representação processual das partes pode ser legal ou convencional. A representação legal decorrerá de lei (menores pelos seus pais, tutores ou curadores - artigo 439 da Consolidação das Leis do Trabalho); categoria profissional pelos sindicatos (artigo 8°, inciso III, da Constituição Federal de 1988 e artigo 513, alínea “a”, da Consolidação das Leis do Trabalho); pessoas jurídicas pelas pessoas designadas em seus estatutos ou por seus diretores (artigo 12, inciso VI, do Código de Processo Civil); massa falida pelo síndico; pessoa jurídica estrangeira pelo gerente ou administrador de sua filial (artigo 12, inciso VII, do Código de Processo Civil). A representação convencional, por sua vez, quando baseada em autorização legal, facultará à parte se fazer representar em Juízo, sendo que o empregador poderá ser representado por seu preposto4 tanto nos dissídios individuais quanto nos dissídios coletivos5. Aqui, destaca-se o entendimento consubstanciado na Súmula 377 do Tribunal Superior do Trabalho, na qual o preposto deve ser empregado da reclamada, exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário (inteligência do artigo 843, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho e do artigo 54 da Lei Complementar nº. 123, de 14 de dezembro de 2006). Já em relação ao Reclamante, o parágrafo 2° do artigo 843 da Consolidação das Leis do Trabalho prevê situação excepcional de representação em audiência, ou seja, havendo impossibilidade de comparecimento do mesmo por motivo de doença ou qualquer outro motivo 4 Ver Súmula 377, do TST. 5 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 198. a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 17 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 17 ponderoso, devidamente comprovado, poderáfazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão ou pelo sindicato. No caso de falecimento do Reclamante, a habilitação dos sucessores far-se-á nos termos dos artigos 1.055 a 1.062 do Código de Processo Civil, ressalvada a hipótese prevista no artigo 1° da Lei n° 6.858/80. Como já visto, a sucessão do empregador poderá ocorrer por “causa mortis” ou “inter vivos”, independentemente da forma, ante ao princípio da despersonalização da pessoa jurídica os direitos adquiridos dos empregados não serão afetados (artigos 10 e 448 da Consolidação das Leis do Trabalho). A assistência judiciária gratuita é a defesa gratuita promovida pelo Estado (artigo 5°, inciso LXXIV, e artigo 134 da Carta Federal de 1988), através de seus advogados ou promovida pelo Sindicato (artigo 14 da Lei n° 5.584/70), ao trabalhador (ainda que não seja associado do respectivo sindicato - artigo 18 da Lei n° 5.584/70). A lei n° 7.510/86 dispõe que a simples afirmação da situação de pobreza do Reclamante, na peça inicial, é suficiente para a prestação desta assistência. Tem-se que a única hipótese em que haverá a sucumbência e a consequente condenação em honorários advocatícios6 (em benefício ao sindicato - artigo 16 da Lei n° 5.584/70), na Justiça do Trabalho, é no caso de deferimento da assistência judiciária. Diferentemente, a Justiça Gratuita7 é a isenção de custas e honorários periciais nos termos da Lei n° 1.060/50, que é concedida quando a parte é pobre e não possui condições de arcar com as custas e demais gastos decorrentes da ação sem que haja prejuízo ao seu sustento e de seus familiares. Súmula nº 219 do TST: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HIPÓTESE DE CABIMENTO (nova redação do item II e inserido o item III à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. (ex-Súmula nº 219 - Res. 14/1985, DJ 26.09.1985) II - É cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista. III – São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego. Pelo teor da Súmula acima transcrita conclui-se que para o deferimento de honorários advocatícios são necessários dois requisitos: (1) assistência por sindicato da categoria profissional e (2) comprovação da percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. 8 3.2 DA LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA Ocorre a representação extrajudicial quando o sindicato representar a categoria extrajudicialmente nos acordos e convenções coletivas (artigo 611, parágrafo 1°, da Consolidação das Leis do Trabalho). A substituição processual consiste numa legitimação extraordinária, autorizada por lei, para que alguém pleiteie, em nome próprio, direito alheio em processo judicial9. No processo do trabalho 6 Ver Súmula 383, do TST e OJ n° 269, 304, 305 do SDI-I do TST. 7 Ver artigo 790, parágrafo 3°, da CLT. 8 Súmula 329. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 133 DA CF/1988 (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Mesmo após a promulgação da CF/1988, permanece válido o entendimento consubstanciado na Súmula nº 219 do Tribunal Superior do Trabalho. 9 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 218. a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 18 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 18 a substituição processual será faculdade exercida pelo sindicato (artigo 8°, inciso II, da Constituição Federal de 1988; artigo 513, alínea “a”, da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 3° da Lei n° 8.073/90; artigo 25 da Lei n° 8.036/90, e artigo 240, alínea “a”, da Lei n° 8.112/90). Todavia, não haverá substituição processual por questões que envolvam prova individual para cada substituído10. Nas palavras de Sérgio Pinto Martins: “Havendo juntada de procuração dos substituídos, existirá representação e não substituição processual” 11. Mister frisar que nas ações rescisórias o Sindicato não terá legitimidade passiva como substituto processual, uma vez que o artigo 6° do Código de Processo Civil, ao dispor que “ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei”, não prevê a possibilidade de defender direito alheio, mas, tão somente pleitear. A Súmula 310 do Tribunal Superior do Trabalho, a qual impunha limites à substituição processual exercida pelo Sindicato, foi cancelada, denotando a opção pelo entendimento de que o Sindicato possui ampla legitimação para atuar na defesa da categoria, inclusive como substituto processual. 3.3 DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS No plano geral, poderá ocorrer a Intervenção de Terceiros quando pessoas estranhas à lide ingressarem no processo, voluntariamente ou por provocação de uma das partes, para defender interesse próprio. O tema da intervenção de terceiros no processo do trabalho enseja a utilização dos princípios de Direito Processual do Trabalho, sobretudo do princípio da subsidiariedade previsto no artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho, tendo em vista a lacuna da lei trabalhista a respeito. Porém, nesta aplicação deve-se ter cuidado para não acarretar aplicação equivocada, tanto pela falta de compatibilidade com as normas processuais trabalhistas, como também pela desfiguração dos institutos, na tentativa de adaptação às referidas normas. Esta é uma problemática recorrente no âmbito doutrinário e jurisprudencial trabalhistas, ou seja, a possibilidade ou não de aplicabilidade das formas de intervenção de terceiros no processo do trabalho. Tal discussão já criava muita polêmica mesmo antes da Reforma do Judiciário. A referida reforma, que trouxe a nova competência material tratada anteriormente nesse trabalho, não acrescentou respostas a estes problemas, ao contrário, incluiu novos problemas e novas polêmicas na questão da aplicabilidade da intervenção de terceiros na Justiça do Trabalho, tendo em vista o ingresso das novas demandas. Portanto, aponta-se algumas possibilidades de aplicação da intervenção de terceiros, mas sempre fazendo-se o alerta de que existe muita divergência na doutrina e na jurisprudência acerca do tema. Da Assistência A assistência é instituto plenamente aceito na Justiça do Trabalho, sendo que tal aceitação não é de hoje, tendo em vista que, inclusive, pode-se encontrar previsão na Súmula 82 do Tribunal Superior do Trabalho, segundo a qual a assistência é admitida no Processo do Trabalho desde que demonstrado o interesse jurídico. Súmula 82. ASSISTÊNCIA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A intervenção assistencial, simples ou adesiva, só é admissível se demonstrado o interesse jurídico e não o meramente econômico. 10 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 224. 11 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 224 a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 19 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 19 A totalidadeda doutrina aceita a assistência no processo do trabalho. Como exemplo de autores que concluem pela aceitação do instituto no âmbito processual trabalhista, pode-se citar Manoel Antônio Teixeira Filho12, Samuel Angelini Morgero13, Carlos Henrique Bezerra Leite14 e Wagner D. Giglio15. Manoel Antônio Teixeira Filho16 já enfatizava, antes da Reforma do Judiciário, cinco hipóteses de aplicação da assistência no processo do trabalho, sendo que algumas delas sofreram algumas críticas por parte da doutrina. São elas: empregado em relação a outro empregado; o sindicato, em relação ao empregado; o empregado, em relação ao sindicato; o sindicato, em relação ao empregador; e o empregador, em relação a outro empregador. No que se refere a estas hipóteses de assistência referidas por Manoel Antônio Teixeira Filho no âmbito do processo individual do trabalho, duas delas sofreram críticas por parte de outros autores, tais como Samuel Angelini Morgero17, quais sejam, os exemplos de empregados como assistentes de empregados e empregadores como assistentes de empregadores. O referido autor baseia-se no fato de que nestas hipóteses, o interesse dos assistentes seria o de evitar a sedimentação de novas teses, ensejando novos processos de mesma natureza o que, na opinião do autor, não se pode ingressar em Juízo baseando-se em hipóteses e potencialidades. Já quanto às hipóteses de assistência dos sindicatos aos trabalhadores ou empregadores, a doutrina é praticamente uníssona em admitir tal hipótese, tendo em vista que é evidente o interesse jurídico do sindicato no êxito dos seus representados. Dentre os que defendem esta posição, pode-se citar, por exemplo, o Professor Wagner D. Giglio18. O professor Manoel Antônio Teixeira Filho, ainda, refere o exemplo do dissídio coletivo em que um sindicato de trabalhadores deseja ter o reconhecimento da ilegitimidade do outro, tendo em vista que é ele quem deveria estar no processo representando a categoria. Neste caso, afirma o autor, deverá o sindicato dos trabalhadores “requerer a sua intervenção nos autos, na qualidade de assistente simples do sindicato representativo da categoria econômica”.19 Esta assistência, na opinião deste autor, para ser admitida deve cumprir a exigência de que o sindicato dos empregadores deve ter alegado a ilegitimidade do sindicato que ingressou com o dissídio coletivo, nas palavras do autor: c) para que a assistência seja admitida, é imprescindível que o sindicato dos empregadores haja alegado a ilegitimidade do sindicato que ajuizou a ação coletiva. Sem essa arguição-pressuposto, por parte do sindicato da categoria econômica, o sindicato assistente não estará vinculado a nenhum interesse convergente, manifestado por este. Ausente essa impugnação pelo sindicato dos empregadores, não se pode dizer que o assistente possua interesse em que a decisão seja favorável àquele (CPC, artigo 50, caput); 20 Neste exemplo, ainda, deve ser ressaltado que o sindicato assistente, em sendo declarada pelo Tribunal a ilegitimidade ativa do sindicato dos trabalhadores que ajuizou o dissídio coletivo, não irá assumir o lugar do autor no mesmo processo. Deverá proceder ao Tribunal a extinção do processo 12 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Litisconsórcio, assistência e intervenção de terceiros no processo do trabalho: oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide, chamamento ao processo. 3.ed. São Paulo: LTr, 1995. p. 137. 13 MORGERO, Samuel Angelini. Intervenção de terceiros no processo do trabalho. São Paulo: LTr, 2006. p. 81-85. 14 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 8. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 373. 15 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 143. 16 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Litisconsórcio, assistência e intervenção de terceiros no processo do trabalho: oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide, chamamento ao processo. 3.ed. São Paulo: LTr, 1995. p. 137. 17 MORGERO, Samuel Angelini. Intervenção de terceiros no processo do trabalho. São Paulo: LTr, 2006. p. 82 18 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 143. 19 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Litisconsórcio, assistência e intervenção de terceiros no processo do trabalho: oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide, chamamento ao processo. 3.ed. São Paulo: LTr, 1995. p. 297. 20 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Litisconsórcio, assistência e intervenção de terceiros no processo do trabalho: oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide, chamamento ao processo. 3.ed. São Paulo: LTr, 1995. p. 297 a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 20 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 20 sem julgamento do mérito por carência de ação. Isso ocorre porque, como se nota pela simples leitura dos parágrafos do artigo 114 da Constituição Federal, o dissídio coletivo possui outros requisitos, quais sejam, a tentativa frustrada de negociação prévia e o comum acordo, e estes requisitos não foram cumpridos juntamente com o sindicato assistente. Tal exemplo foi classificado por Samuel Angelini Morgero como caso de oposição21 e não de assistência, posição esta que parece equivocada, tendo em vista que, como será visto mais detalhadamente no próximo tópico, o instituto da oposição tem por objeto a coisa ou direito disputado pelas partes primitivas e não se presta para resolver problemas de legitimidade da causa. Anteriormente à Emenda Constitucional nº. 45/2004, chegou-se a cogitar que esta questão da representatividade não poderia ser julgada pelo Tribunal do Trabalho em face de incompetência material da Justiça do Trabalho para julgamento destas causas, sendo então, após muitas discussões a respeito, admitido que o Tribunal resolvesse a questão de forma incidental, não tendo a decisão o condão de fazer coisa julgada material. Porém, com o advento da referida Emenda, mais especificamente com a inclusão do inciso III, do artigo 114, na Constituição Federal, a Justiça do Trabalho passou a ser expressamente competente para julgamento de ações de representação sindical, o que, entende-se, tenha transformado a assistência nestes casos, litisconsorcial, tendo em vista que influirá diretamente na relação existente entre assistente (sindicato assistente) e o adversário do assistido (sindicato dos trabalhadores primitivo, autor do dissídio coletivo), na forma específica do artigo 54 do Código de Processo Civil. Em sendo assim, de acordo com o que se afirmou quando se tratou do procedimento da assistência, o assistente litisconsorcial deverá suportar os efeitos decorrentes do artigo 55 do Código de Processo Civil ou, ainda, filiando-se à corrente doutrinária que atribui ao assistente litisconsorcial a condição de parte, submeter-se-á, este à coisa julgada. Outros casos podem ser levantados como possibilidade de assistência no direito processual do trabalho brasileiro, tais como: assistência entre empresas de um mesmo grupo econômico (artigo 2°, parágrafo 2°, da Consolidação das Leis do Trabalho), assistência do sucedido ao sucessor na sucessão de empregadores (artigos 10 e 448 da Consolidação das Leis do Trabalho) e assistência no caso de subempreitada (artigo 455 da Consolidação das Leis do Trabalho). Da Oposição A oposição é uma das formas de intervenção de terceiros que mais discordâncias traz no âmbito doutrinário do direito processual do trabalho. Alguns autores, como por exemplo, Manoel Antônio Teixeira Filho22, anteriormente à Emenda Constitucional nº 45/2004, sustentam ser a oposição incompatível com o processo do trabalho, sendo, portanto, inadmissível na justiça especializada. Outros, como, por exemplo, Wagner D. Giglio23, sustentam que há sim,casos em que seria facilmente aplicável o instituto na Justiça do Trabalho. No intuito de melhor elucidar a questão, traz-se à baila alguns exemplos, conforme segue: Exemplo 1: o empregador promete aos seus empregados uma espécie de gratificação ao empregado que atingir a maior produtividade, observada determinada produtividade mínima e, em um determinado momento um dos empregados ingressa com ação pedindo a dita gratificação. O empregador contesta o pedido afirmando que a produtividade mínima exigida não foi completada. 21 MORGERO, Samuel Angelini. Intervenção de terceiros no processo do trabalho. São Paulo: LTr, 2006. p. 95. 22 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Litisconsórcio, assistência e intervenção de terceiros no processo do trabalho: oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide, chamamento ao processo. 3.ed. São Paulo: LTr, 1995. p. 186 23 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 145. a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 21 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 21 Outro empregado da mesma empresa ingressa, então, com a oposição afirmando que produziu mais do que o autor e atingiu o mínimo de produtividade exigido, sendo, portanto, seu o direito reclamado. Exemplo 2: o empregador que ingressa em Juízo contra empregado a fim de ter de volta mostruário que alega ser seu e que entregou ao empregado por força do contrato de trabalho. Outro empregado, então, ingressa com oposição para que o mostruário venha para ele, tendo em vista que o empregador lhe deu o mostruário a título de gratificação. As situações acima são somente alguns exemplos encontrados na doutrina dentre vários. Não se faz necessária a reprodução de todos estes exemplos, tendo em vista que as críticas dos que defendem o não cabimento da oposição no processo do trabalho são as mesmas para qualquer dos exemplos e os argumentos dos que defendem a oposição também se encaixam para explicar qualquer um deles. Assim, os que sustentam o não cabimento da oposição no processo do trabalho baseiam sua tese em dois argumentos essenciais, sendo que Manoel Antônio Teixeira Filho, o qual encabeça esta corrente afirma o seguinte: (...) repelimos a possibilidade de oposição no processo do trabalho em virtude de ela acarretar, invariavelmente, a incompetência dessa Justiça Especializada, no que tange à solução do conflito de interesses que acaba se estabelecendo entre trabalhadores. Se, em certo caso, essa incompetência não aflorar é porque estaremos diante de uma falsa-oposição (ou de uma oposição-aparente), tal como acontece quando alguém se intromete em processo alheio não na qualidade formal e típica de opoente, mas sim de pessoa que deduz pretensões conexas com as formuladas pelo autor, mesmo que contrastantes entre si e sabendo-se que apenas as de um deles poderão ser acolhidas. 24 Ou seja, a tese dos defensores desta corrente se baseia em dois aspectos, quais sejam, a possibilidade de, no possível reconhecimento de procedência da oposição por parte do empregador, criar-se um conflito entre trabalhadores, o qual não seria da competência da Justiça do Trabalho, e, além disso, mesmo que não se reconhecesse a incompetência da Justiça do Trabalho, não estaria presente o pressuposto da oposição segundo o qual o opoente pretende direito ou coisa objeto da disputa entre autor e réu e, nos exemplos apresentados, mesmo que o trabalhador parte no processo reconhecesse a procedência da oposição, esta intervenção será simplesmente uma ação comum, o que se afasta totalmente da característica da oposição. Porém, existe uma parcela da doutrina que defende a oposição na Justiça do Trabalho, sendo que nesta corrente se destaca o professor Wagner D. Giglio25, o qual citando Celso Agrícola Barbi, afirma que, em primeiro lugar, não há a necessidade imperiosa da controvérsia entre autor e réu sobre a coisa ou direito, uma vez que o empregador nada teria reivindicado, sustentada por Teixeira Filho, conforme referimos, tendo em vista que pode ocorre de o réu nem mesmo contestar a ação e mesmo assim caberá a oposição. Já no que se refere ao argumento da incompetência da Justiça do Trabalho, Giglio afirma o seguinte: A objeção baseada na incompetência prova demais, salvo melhor juízo: pelo mesmo fundamento não seria possível discutir, na Justiça do Trabalho, a caracterização da sucessão de empresas (rectius: de empregadores), da responsabilidade do empreiteiro principal, da existência de grupo de empresas, da responsabilidade por factum principis do ente de direito público interno etc., porque tais hipóteses implicariam dirimir controvérsia entre empregador e empregador, ou entre empregador e Estado, que escapariam da competência da Justiça do Trabalho, fixada no art. 114 da Constituição Federal. 24 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Litisconsórcio, assistência e intervenção de terceiros no processo do trabalho: oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide, chamamento ao processo. 3.ed. São Paulo: LTr, 1995. p. 185-186 25 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 145 a DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 22 DIREITO CONSTITUCIONA DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 22 A Emenda Constitucional nº 45/2004 superou grande parte dessas objeções ao estender a competência da Justiça do Trabalho (art. 114, I) “para processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho” (grifamos). Assim, basta agora que o debate decorra desta relação para estabelecer a competência, ainda que a discussão se trave entre empregado e empregado, ou trabalhador e trabalhador. 26 Para esta corrente, portanto, além de não ser necessária a controvérsia entre autor e réu referida, não há que se falar em incompetência, principalmente após o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004, a qual estendeu a competência para todas as ações oriundas da relação de trabalho e, tendo em vista que no processo a lide secundária é atraída pela principal, a Justiça do Trabalho é competente para julgar a oposição. Todavia, entende-se que nenhuma das correntes está com a completa razão neste tema. De fato, os casos apresentados pela doutrina, não só os expostos acima, mas todos os demais, possuem os defeitos defendidos pela primeira corrente, tendo em vista que, em primeiro lugar, em nenhum deles há a controvérsia exigida para a existência da oposição, ou seja, só há identidade entre os direitos reclamados pelos empregados, faltando esta identidade em relação ao empregador. A questão da falta de competência da Justiça do Trabalho para julgar lides entre trabalhadores também subsiste, mesmo após o advento da Reforma do Judiciário, tendo em vista que, em primeiro lugar, como se viu no capítulo referente a esta reforma, o texto do artigo 114, inciso I, da Constituição Federal de 1988 deve ser visto com cuidado, sobretudo a expressão “ações oriundas das relações de trabalho”, sob pena de transformar a Justiça Especializada em Justiça Comum. Por outro lado, os integrantes de ambas as correntes doutrinárias incidem no mesmo erro, o de nos casos que apresentam se preocuparem quase que exclusivamente com as relações entre empregados e empregadores. Após a Emenda Constitucional nº 45/2004, a competência da Justiça do Trabalho é muito mais ampla do que a relação de emprego ou a relação de trabalho. Mesmo aqueles, como, por exemplo, o professor Samuel Angelini Morgero27, que procuraram abordar algumas situações em direito coletivo, erraram ao afirmar que o caso típico de oposição seria aquele no qual o sindicato de trabalhadores ingressa como opoente,
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