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AFASIAS FLUENTES E NÃO FLUENTES

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AFASIAS FLUENTES E NÃO FLUENTES: ABORDAGEM TERAPÊUTICA
 Manuela Pierotte Luz Gondim João Pedro Paulino Ruas Molyana Kelly Pereira Dias Lucas Mendes Nobre Olivia Abreu Versiani Fernando Fernandes Gonçalves da Silva Ana Carine Gomes dos Santos manuelapierotte@hotmail.com
 Introdução 
Segundo Kunst (2013), afasia é descrita como um distúrbio adquirido da linguagem, podendo estar associado ou não a outras alterações cognitivas, caracterizado por perda da compreensão ou da capacidade de expressão da linguagem.
 As diferentes formas de afasia relacionam-se com a área lesionada. Normalmente, descrevem-se três aréas cerebrais relacionadas à linguagem: área de Wernick (parte posterior do sulco lateral (Sylvius), área de Heschl (giro temporal transverso anterior) e área de Broca (giro frontal inferior). A área de Broca é uma região de associação, importante no componente motor da fala, e as áreas de Heschl e de Wernick estão interligadas não só anatomicamente, como funcionalmente também, possuindo importância na composição da audição e compreensão da linguagem falada (Brandão, 2011). No entanto, de acordo com Vieira (2011), ainda existem muitas controvérsias quanto à localização das lesões e as consequências nas alterações na linguagem; alguns autores destacam a importância da região cortical Sylviana para a função da linguagem. 
Atualmente, a classificação mais utilizada é a de Boston, que divide os principais quadros afásicos em dois grupos: afasias fluentes e afasias não fluentes. 
São consideradas afasias não fluentes: a afasia de Broca, a afasia transcortical motora e a afasia global. Enquanto a afasia de Wernicke, a afasia de condução, a afasia transcortical sensorial e a afasia anômica pertencem ao grupo das afasias fluentes.
 Essa clasifficação foi realizada avaliando-se, principalmente, a fluência e a repetição de palavras dos pacientes. As afasias são consideradas uma das disfunções neurológicas mais comuns após lesão focal adquirida no sistema nervoso central em áreas relacionadas à linguagem (KNUST, 2013).
 São mais comumente causadas por traumas cranioencefálicos (TCE) em crianças e acidente vascular encefálico (AVE) em adultos. Em 20% dos casos, não há explicação do ponto de vista anatomoclínico (DUARTE, 2011). 
Devido à complexidade e importância da compreensão das afasias e suas particularidades, o presente estudo tem por objetivo realizar uma revisão na literatura sobre afasias fluentes e não fluentes, destacando sua abordagem terapêutica. 
Materiais e Métodos
 Para a realização da presente revisão de literatura, foram feitas pesquisas sobre o tema “afasias fluentes e não fluentes: abordagens terapêuticas” na base de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), SciELO (Scientific Electronic Library Online) e PubMed (U. S. National Library of Medicine), utilizando os descritores “afasia”,”afasia de Wernick”, “afasia de Broca”, “tratamentos afasia”, “afasia de expressão” e “afasia de compreensão”. A busca resultou em 7 artigos elegíveis,  entre os anos de 2006 e 2014,  para compor este estudo. 
Resultados e Discussão 
A literatura descreve as diferentes formas de afasia, sendo assim: a afasia de Broca é caracterizada por 58 Anais do 2° Encontro Internacional de Pesquisadores - Esporte , Saúde, Psicologia e Bem-Estar fala espontânea não fluente, variando entre ausência total de emissão oral até dificuldades de verbalizar frases gramaticalmente corretas. Geralmente está associada à disartria ou apraxia da fala, e também à hemiplegia ou hemiparesia direita. A compreensão oral encontra-se preservada para materiais simples e prejudicada para contruções mais complexas. A escrita geralmente apresenta deficiência similar à da fala. 
A afasia transcortical motora assemelha-se com a afasia de Broca, mas sem prejuízo na capacidade de repetição (FONTOURA, 2011). 
Na afasia de Wernicke, a fluência não está prejudicada, mas há perturbação na compreensão e na repetição de palavras (DUARTE, 2011). Segundo Spezzano (2010), nesse tipo de afasia, parafasias verbais e neologismos são frequentes, tanto na fala espontânea quanto em testes formais de nomeação oral. 
Tabela 1: demonstra didaticamente essas diferenças. 
Tendo em vista as questões relacionadas à afasia, destaca-se primeiramente o tratamento fonoaudiológico, que objetiva a recuperação da comunicação do paciente afásico, levando-se em consideração seus limites e sua condição física e mental. O tratamento fonoaudiológico deve ser humano, sistemático e plástico, compreendendo o paciente como um todo. 
Na afasia não fluente, há um grau de recuperação espontânea - mais rápida nos primeiros três meses, tornando-se mais lenta a partir dos seis meses. Porém, as melhoras são mínimas sem o tratamento adequado. A melhora inicial é, em sua maioria, devida aos processos neurofisiológicos, principalmente com a atuação do hemisfério direito. As estratégias de exposição à linguagem e as práticas desenvolvidas pelo paciente são responsáveis por grande parte da recuperação tardia. 
O tratamento fonoaudiológico nesta situação consiste de avaliações e terapia. A avaliação busca identificar os sintomas linguísticos presentes no paciente, enquanto a terapia busca auxílio na supera- ção das dificuldades de comunicação, tornando-a funcional e tendo como metas manter o paciente verbalmente ativo, orientar a familia a comunicar-se com o paciente e admnistrar estratégias para melhorar a linguagem.
 As variáveis clínicas e psicossociais devem ser levadas em consideração durante o tratamento, sendo a localização da lesão o fator que mais influi no prognóstico de recuperação da afasia. A etiologia da afasia também é um importante fator na determinação do prognóstico, sendo que afasias decorrentes de AVE ou de tumores intracranianos possuem pior prognóstico (KUNST, 2013).
 Segundo Campos (2006), as afasias requerem uma abordagem multidisciplinar especializada, com um plano de tratamento holístico, integrado e personalizado, formado por especialistas em neurologia, neuropsicologia, fisioterapia, terapia ocupacional e psicologia e demais especialistas de que o paciente necessite. Há também a terapia de linguagem, que exerce um efeito positivo sobre a recuperação. Quanto mais cedo é iniciada e mais jovem é o paciente, melhores são os resultados. Os resultados obtidos sempre dependem da etiologia da afasia, e podem-se esperar resultados melhores se o paciente não possuir complicações associadas.
 É importante ainda ressaltar a importância dos fatores sociais, emocionais e familiares. O progresso do tratamento sofre influência das atitudes, valores e relações sociais do paciente. Cabe ressaltar que, em alguns casos, as terapias fonoaudiológas não produzem efeitos, mas a terapia da linguagem é a considerada a mais efetiva na maiora dos casos.
 Conclusões 
Após devida revisão na literatura, conclui-se que são diversos os tipos de afasias e suas classificações, sendo a mais comumente utilizada a de Boston, que as classifica de acordo com a manifestação clínica: presença de fluência na linguagem ou não.
 Nas afasias fluentes, o paciente consegue formular palavras, no entanto, sua capacidade de compreensão da linguagem falada está comprometida, não havendo, portanto, uma comunicação adequada; enquandram-se nessa classificação a afasia de Wernicke, a afasia de condução, a afasia transcortical sensorial e a afasia anômica. As afasias não fluentes são caracterizadas pela dificuldade em formular palavras, ainda que haja compreensão da linguagem falada; são consideradas afasias não fluentes a afasia de Broca, a afasia transcortical motora e a afasia global. As afasias possuem etiologias diversas, relacionadas a lesões no encéfalo (tumores, traumas, acidentes vaculares encefálicos) e vão se caracterizar de acordo com a localização destas lesões, sendo a área de Broca relacionada com afasias não fluentes e a área de Wernicke com afasias fluentes. 
Após um diagnóstico bem elucidado, é importantea realização de um tratamento adequado para cada paciente. As terapias para esse tipo de deficiência devem ser do tipo multidisciplinares, sempre visando ao bem-estar biopsicossocial do paciente. A abordagem terapêutica inclui tratamentos fonoaudiológicos que visam à recuperação da fala ou de parte dela, de modo a ressocializar o paciente, instruir a família e criar novas formas de comunicação. Podem ser solicitados psicólogos, linguistas, neurologistas e outros especialistas a depender das necessidades do paciente. 
Tanto na afasia fluente como na não fluente, o tratamento precoce e bem realizado é de fundamental importância para um bom prognóstico na recuperação do paciente. Outros fatores como tipo e extensão da lesão, etiologia da afasia, idade do paciente e adesão ao tratamento também determinam um melhor prognóstico. 
Referências
 BRANDÃO, M. V. T.; MENDES, P. D.; MACIEL, M. S.; RIBEIRO, C. P. S.; ANTONIO, V. E. Distúrbios da fala: conceitos atuais. Revista Ciências & Ideias. v. 3, n. 1, 2011.
 CAMPOS, R. V.; GIMENO, A. M. Intervención multidisciplinar en afasias. Actas del Primer. Congreso Nacional de Lingüística Clínica. v. 1, 2011. 
DUARTE, N.; VASCONCELOS, M. A.; BATALHA, I. Alterações adquiridas da linguagem na infância. Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação. v. 20, n. 1, 2011. 
FONTOURA, D. R. D. et al. Rehabilitation of language in expressive aphasias - A literature review; reabilitação da linguagem nas afasias expressivas - uma revisão da literatura. Dement. neuropsychol. v. 6, n. 4, 2012.
 FONTOURA, D. R. et al. Adaptação do Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve NEUPSILIN para avaliar pacientes com afasia expressiva: NEUPSILIN-Af. Ciências & Cognição. v. 16, n. 3, p. 78-94, 2011. 
KUNST, L. R.; OLVEIRA, L. D.; COSTA, V. P.; WIETHAN, F. M.; MOTA, H. B. Eficácia da fonoterapia em um caso de afasia expressiva decorrente de acidente vascular encefálico. Rev. CEFAC. v. 15, n. 6, p. 1712-1717, 2013. 
SPEZZANO, L. C.; RADANOVIC, M. Habilidade de nomeação: diferenciação entre objetos e verbos na afasia; Naming abilities: differentiation between objects and verbs in aphasia. Dement. neuropsychol. v. 4, n. 4, 2010.
 VIEIRA, A. C. C.; ROAZZI, A.; QUEIROGA, B. M.; ASFORA, R.; VALENÇA, M. M. Afasias e áreas cerebrais: argumentos prós e contras à perspectiva localizacionista. Psicologia: Reflexão e Crítica. v. 24, n. 3, p. 588-596, 2011.

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