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atitudes dos universitarios

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-
I , 
• 
, PSICOLOGIA DA . CULTURA I 
Sondagem de atitudes frente à morte em um grupo de unlversltérlos· 
Coordenadora: WILMA DA COSTA TOBREs** 
Equipe: W ANDA GURGEL GUEDES 
RUTH DA COSTA ToBRES 
THEREZINHA HENRIQUES EBERT 
1. Introdução; 2. Metodologia; 3. Resul-
tados; 4. Discussão dos resultados; 5. 
Conclusões. 
o presente estudo tem por objetivo uma sondagem das atitudes 
escatOlógicas, pSicológicas e sociais de estudantes universitários 
frente à morte. 
Um Questionário de Atitudes Frente à Morte (QAFM) foi espe-
cialmente elaborado para a sondagem das atitudes frente à morte 
nas três áreas. . 
Os resultados foram analisados considerando-se a amostra total, 
os diferentes grupos de formação universitária, os dois sexos e os 
diferentes grupos de posição escatológica. 
Com base nos resultados obtidos foi possível descrever, ana-
lisar e caracterizar as atitudes dos diferentes grupos considerados. 
1. Introdução 
A morte, como diz Feifel (1959), é um símbolo multifacetado cuja 
importância depende do tipo de desenvolvimento individual e do con-
texto cultural dos indivíduos. Na medida em que se vive em uma 
sociedade negadora da morte, é possível que a forma pela qual os 
indivíduos se orientem para a morte caracterize-se pela mesma ati-
tude. Desta forma, como assinalam Kastenbaum & Costa Jr. (1977), 
• Projeto desenvolvido pelo Programa. de Estudos e Pesquisas em Tanatologla 
do Centro Brasileiro de Pesquisas PSicossociais do ISOP/FOV. (Artigo apresen-
tado à Redação em 2.6.83.) 
•• Endereço da autora: Rua da Candelária, 6 - 29 andar - Rio de Janeiro, RJ. 
Arq. bras. Pelc. Rio de JaneIrO 35(4) :3-48 aut./dez. 1983 
mesmo não estando presente o medo manifesto da morte, a negação 
defensiva pode ser freqüentemente inferida. 
A análise de Aries (1977; 1982) é uma brilhante inferência da 
presença não manifesta deste medo em nossa sociedade - medo 
que leva os homens desta sociedade ocidental moderna a usar de 
todas as justificativas para eliminar a presença da morte e do morto 
a fim de reforçar a negação. 
Como demonstram Kastenbaum~ & Costa Jr. (1977), os estudos 
disponíveis sobre as atitudes frente à morte apresentam dados con-
sistentes acerca da negação da morte em relação a médicos e enfer-
meiros (Browers, Brandon, Glaser & Strauss, Livington). Entretanto, 
a afirmação de que as pessoas em geral mantêm uma atitude de 
excessiva negação frente à morte não tem sido objeto de verificação 
empírica 'através de estudos controlados. Por outro lado, como cha-
mam atenção Kastenbaum & Costa Jr. (1977), estes estudos para 
serem realizados requerem considerações cuidadosas tanto de aspec-
tos conceituais quanto metodológicos, envolvendo, portanto, uma série 
de dificuldades. Assim, a distinção entre medo e ansiedade, por exem-
plo, requer pesquisa sistemática na medida em que são termos fre-
qüentemente usados para caracterizar as atitudes frente à morte. 
Lester, em 1976, mostrou a importância de se distinguir, quando da 
elaboração de escalas psicométricas, entre ansiedade livre flutuante 
e medo de um objeto que está disponível a um conhecimento cons-
ciente. Aliás, como observam Kastenbaum & Costa Jr. (1977), é 
muito questionável que medidas diretas de auto-relato sejam usadas 
como indicadores de ansiedade frente à morte. Altos escores em tais 
medidas podem indicar grande medo da morte, o que por definição 
é distinto de ansiedade que é considerada sendo inconsciente. Bai-
xos escorés em tais medidas são geralmente considerados índice de 
ansiedade, uma vez que se presume derivarem de fortes defesas. Entre-
tanto, a menos que existam outros dados disponíveis, esta interpre-
tação é gratuita. Sujeitos com baixos escores podem simplesmente 
não estar muito preocupados com a morte. 
Desta forma, a evidência sobre fidedignidade e validade das medi-
das de auto-relato é insuficiente, exigindo estudo sistemático sobre 
estes instrumentos. Face às dificuldades mencionadas, as investiga-
ções têm focalizado sobretudo as atitudes conscientes e públicas mais 
do que as motivações profundas da personalidade. 
Em uma das suas investigações,. Feüel (1959) comparou as ati-
tudes frente à morte de doentes mentais, velhos, pessoas normais 
jovens e adultos de diferentes profissões. Observou que em relação 
ao significado da morte dois pontos de vista foram predominantes: 
um, que chamou filosófico, que percebe a morte como processo 
final, natural da vida; outro, que chamou religioso, que percebe a 
morte como dissolução da vida corporal e começo de uma nova vida. 
A perspectiva filosófica surgiu como principal em todos os grupos, 
à exceção do grupo norm~l de jovens. 
No que se refere à orientação religiosa, as pesquisas têm demons-
trado que a mesma desempenha um papel importante nas atitudes 
frente à morte (Shneidman, 1971; Wass et alü, 1978/79). Entre-
tanto, . com relação ao tipo de influência que a orientação religiosa 
4 A.B.P.4/83 
• 
I 
t 
f ~ 
• 
pode desempenhar nas atitudes frente à morte, os dados não pare-
cem ser conclusivos. Bell & Batterson (1979) mencionam os estu-
dos de Alderstein que enfatiza a importância de uma orientação 
religiosa positiva para dominar a ansiedade suscitada pela morte 
e de Fulton que aponta para o fato de que pessoas muito religiosas 
revelam maior medo da morte. Os resultados da pesquisa de Kierniesky 
& Groelinger (1977) parecem apontar para um menor medo da morte 
nos seminaristas do que nos universitários, o que reforça, segundo 
esses autores, os dados de outras pesquisas. Por outro lado, os resul-
tados de Feifel (1959) revelam que pessoas religiosas, quando com-
paradas com as não religiosas, são mais temerosas diante da morte. 
Verificar se as pessoas religiosas estão sendo mais honestas na 
admissão de seu medo pessoal da morte será, portanto, fundamental 
para determinar a relação entre o medo individual da morte e a 
orientação religiosa .• 
Malimowiski, citado por Lenüng (1979/80) em séu trabalho sobre 
o papel da magia e da religião, afirma que a religião funciona para 
aliviar a ansiedade causada pelas experiências de crise porque pro-
porciona aos individuos meios de lidar com os fenômenos extraordi-
nários. Radcliffe-Brown, citado no mesmo artigo de Leming, discorda 
da argumentação de que a religião é a grande aliviadora da ansie-
dade e afirma que se não houvesse religião o homem não teria 
ansiedade frente à morte. A hipótese de Radcliffe-Brown é a de 
que a religião provoca no homem medos e ansiedades dos quais, sem 
ela, estaria livre. O conflito entre essas duas perspectivas tem sido 
objeto de discussão por parte de sociólogos e antropólogos requerendo, 
portanto, que os estudos prossigam. 
Em relação à forma como as pessoas se defrontam com a morte, 
quando situações hipotéticas sugerindo a. iminência da morte são 
apresentadas aos sujeitos, alguns dados relativos aos mecanismos do 
ego podem ser inferidos. Na pesquisa de Feifel (1959), à pergunta 
"se você pudesse fazer apenas uma coisa antes de morrer, o que faria?" 
as respostas características dos doentes mentais deram prioridade 
às atitudes que Feifel considera de conteúdo social e religioso, tais 
como "daria meus bens para fins de caridade", "cessaria a guerra 
se fosse possivel", "conheceria mais aDeus", em contraste com as 
respostas do grupo normal que enfatizaram prazeres pessoais e gra-
tificações como, por exemplo, "viajar pelo mundo", "viver em uma 
nova casa". Estes dados parecem apontar para uma diferença na 
utilização dos mecanismos de defesa, evidenciando ênfase na subli-
mação no caso dos doentes mentais enquanto nos normais parece 
predominar a negação e a formação reativa. 
Na pesquisa realizada por Shneidman (1971), diante da possi-
bilidade de um tempo limitado de vida, quase a metade dos respon-
dentes afirmou que muc;iaria suas preocupações em relação aosoutros 
ou terminaria seus projetos. Embora 1/3 dos respondentes tenha 
focalizado a importância da contemplação e da introspecção na for-
mação de suas atitudes básicas frente à. morte, somente um em 20 
passaria o resto de seus dias contemplando ou rezando, 20% mu-
dariam seu estilo de vida, enquanto 19% satisfariam suas necessi-
dades hedonistas através de viagens, sexo ou droga. O aspecto con-
Sondagem de atitudes 5 
siderado mais desagradável em relação à morte foi o de "não mais 
poder ter nenhuma experiência" (36%), seguido. de "o processo de 
morrer pode ser penoso" (15%). A menor preocupação foi revelada 
em relação ao sustento dos dependentes (4%) e ao medo do que 
possa ocorrer com o corpo depois da morte (2%). 
Na pesquisa realizada por Wass et alii (1978/79), 1/4 dos respon-
dentes indicou que a possibilidade de dor era o aspecto mais desa-
gradável de morrer. Também os dados de Feifel (1959) parecem 
demonstrar que para certas pessoas o medo do processo da agonia 
devido às suas associações com dependência, vergonha e sofrimento 
pode ser mais assustador do que a própria idéia da morte. Segundo 
Feifel, a estrutura de caráter, o tipo de personalidade podem ser 
às vezes mais importantes do que o próprio estimulo da ameaça 
de morte para determinar uma reação frente à morte - daí a impor-
tância de estudos e pesquisas que relacionem as atitudes frente à 
morte com características de personalidade. 
Uma questão básica no estudo das atitudes frente à morte é 
aquela que se relaciona com a informação do diagnóstico de uma 
doença fatal. Apesar da negação defensiva frente à morte ser uma 
atitude constante, as pesquisas revelam que as pessoas desejam ser 
informadas do diagnóstico em caso de doença terminal (Blumenfield, 
1978/79; Shneidman, 1971). Ainda no que se refere a esta questão, 
um dos problemas reside no conflito entre as atitudes dos médicos 
e o desejo expresso pelos pacientes. Carey & Posavac (1978/79) refe-
rem-se aos achados de Shultz & Aderman que, em uma revisão da 
literatura, concluíram que a maioria dos médicos não comunica a 
seus pacientes o diagnóstico de uma doença terminal. Para embasar 
esta conclusão estes autores mencionam as pesquisas realizadas por 
Fitts & Ravdin, Rennick, Oken e Caldwell & Nishara. Pesquisas mais 
recentes, entretanto, parecem apontar para uma mudan(!a de ati-
tude por parte dos médicos, na última década. Rea e colaboradores, 
ainda citados por Carey & Posavac (1978/79), entrevistaram 152 
médicos de 10 especialidades. Destes, 61 % consideravam que o paciente 
portador de doença terminal deveria ser informado independente-
mente do estado físico, da idade ou da expectativa de vida do paciente. 
Na pesquisa de Carey & Posavac, finalmente, 87% dos médicos res-
ponderam que o paciente terminal tem o direito de ser informado 
acerca de suas condições. Nesta pesquisa, o médico é ainda apontado 
como aquele que deve fornecer a informação. 
Em relação à questão da eutanásia, uma revisão da literatura 
mostra uma mudança de atitude indicando que a população parece 
ter se tornado mais favorável à prática da mesma. Conforme men-
cionam Jorgenson & Neubecker (1980/81), enquanto uma pesquisa 
Gallup realizada em 1950 mostrou que 36% aprovavam a eutanásia, 
a mesma pesquisa em 1973 demonstrou que 53 % aprovavam. Em 
ambas, as perguntas envolviam decisões a serem tomadas pelo paciente, 
família e médico. Na pesquisa de Carey & Posavac (1978/79) houve 
também um apoio quase unânime à eutanásia passiva por parte dos 
médicos (91 % ). Por outro lado, observou-se uma quase total rejei-
ção da eutanásia ativa, pois somente 17% dos médicos declararam-se 
a favor desta. Na pesquisa de Shneidman (1971), menos de um indi-
6 A.B.P.4/83 
• 
-
r , 
viduo em 10 declarou que todos os esforços devem. ser feitos para 
manter vivo o paciente, em qualquer circunstância, sendo que os 
homens se revelaram mais propensos que as mulheres a acreditar 
que a vida é boa, mesmo quando existe dor ou senilidade. Jorgenson 
& Neubecker (1980/81), em sua revisão da literatura, mencionam 
que a crença religiosa indica alguma diferença nas atitudes frente 
à eutanásia. Descrevem a investigação de Kalish com uma amostra 
de 220 estudantes na qual os católicos parecem ser menos favorá-
veis à eutanásia do que os que se identificaram como ateus ou agnós-
ticos. Diferenças não foram encontradas nesta pesquisa quando o 
sexo foi considerado. Em sua pesquisa Jorgenson & Neubecker exa-
minaram diversas variáveis relacionadas com as atitudes frente à 
eutanásia, a fim de identificar o que distingue os que são pr6-euta-
násia dos que a ela se opõem. Nesta pesquisa o sex;o feminino foi nega-
tivamente associado às atitudes pró-eutanásia enquanto que as variá-
veis sexo masculino, cor branca e atitude favorável ao suicídio foram 
positivamente associados. 
As atitudes relativas aos rituais ligados à morte são uma impor-
tante questão a considerar na medida em que os ritos realizados com 
os mortos têm efeito importante sobre os vivos. Como chama a aten-
ção Mandelbaum (1959), em todas as sociedades existe um padrão 
para lidar com a morte e é indispensável que os indivíduos dispo-
nham de um meio conhecido para reajustar-se após a perda de um 
de seus membros. Quando os indivíduos descobrem que não têm estes 
padrões - como no caso de grupos recém-organizados - ou quando 
descobrem que os antigos padrões não são mais plausíveis, surge a 
necessidade de estabelecer um novo plano -para lidar com o evento 
da morte. As cerimônias fúnebres, desta forma, estão geralmente 
vinculadas aos motivos centrais de uma cultura e sua realização 
ajuda a fortalecer a solidariedade do grupo social. 
Em nossa cultura os estudos antropológicos e sociais têm demons-
trado um esvaziamento dos rituais como forma de lidar com a morte. 
Em relação às atitudes frente aos funerais, o estudo de Shneidman 
(1971) parece também apontar para uma cultura em transição na 
qual os antigos padrões de rituais não são mais plausíveis. Tanto 
assim que apenas 2 % dos respondentes gostariam de funerais for-
mais tão completos quanto possível, enquanto a terça parte não 
deseja funeral de espécie alguma. Quanto menos religiosa. é uma 
pessoa, menor é a possibilidade de que queira funeral, sendo que os 
funerais formais são rejeitados com certa animosidade pelos res-
pondentes anti-religiosos e pelos que não acreditam em uma outra 
vida. 
Também na pesquisa de Wass et ali (1978/79), com pessoas 
idosas, 31 % atribuíram alguma importância aos funerais, mas quase 
44% consideraram os funerais e outros rituais como tendo relativa 
ou nenhuma importância.· . 
Quanto à atitude relativa ao destino do corpo dos mortos, na 
pesquisa de Shneidman (1971) 32% dos respondentes declararam que 
doariam seu corpo para escolas de medicina ou para estudos cientí-
ficos. Uma maior tendência para doar o corpo foi observada nos que 
acreditam em reencarnação e nas pessoas que preferem que não 
Sondagem de atitudes 7 
haja outra vida após a morte. Também os protestantes foram mais 
propensos a doara corpo e optar pela cremação do que os judeus 
ou católicos. Na pesquisa de Wass et alü (1978/79) cerca de 45% dos 
velhos desejariam ser enterrados, enquanto 28% desejariam ser cre-
mados e 15 % eram indiferentes em relação ao destino do corpo após 
a morte. 
Como se constata através da análise de literatura, as atitudes 
frente à morte dependem da influência de inúmeros fatores indivi-
duais e sociais, possibilitando múltiplas abordagens. O presente estudo 
foi planejado visando as atitudes frente à morte como parte do pro-
cesso de desenvolvimento. Tem por objetivo investigar as atitudes 
escatológicas, psicológicas e sociais de estudantes universitários frente 
à morte. 
2. Metodologia 
2.1 População e amostra 
A população-alvo deste estudo é formada de 409 sujeitos de ambos 
ossexos, estudantes do curso de formação pedagógica, da Faculdade 
de Educação da Universidade Federal do Rio, de Janeiro. A escolha 
desta faculdade se deve aos seguintes fatores: o apoio integral pro-
porcionado pelo Gabinete de Aconselhamento e o fato de o curso de 
formação pedagógica congregar estudantes oriundos de diferentes 
cursos de formação universitária. 
De . posse da listagem das turmas, fornecida pelo Gabinete de 
Aconselhamento, decidiu-se que seriam submetidos ao questionário 
exclusivamente os alunos que comparecessem às aulas nos dias pro-
gramados para a aplicação. Desta forma, a amostra ficou constituída 
de um total de 226 sujeitos. A tabela 1 apresenta a distribuição dos 
sujeitos da população e da amostra por curso de origem. 
Tabela 1 
Distribuição dos sujeitos da população e da amostra 
por curso de origem 
Curso de origem 
Música/desenho/artes plásticas 
Português/literatura 
Português/inglês 
Educação física 
Enfermagem/Biologia 
Física 
Filosofia 
Química 
Total 
8 
Número de sujeitos 
População Amostra 
44 
49 
65 
80 
44 
35 
35 
27 
409 
20 
26 
32 
53 
32 
17 
6 
18 
226 
A.B.P.4/83 
• 
-
.. 
2.2 Instrumentos 
o Questionário de Atitudes Frente à Morte (QAFM) foi especial-
mente elaborado para esta pesquisa e planejado para avaliar as a~t-:­
tudes frente à morte em três áreas: escatológica, psicológica e social. 
Em sua forma definitiva consta de 56 itens de tipo alternativo assim 
distribuídos: três itens para a sondagem da área escatológica desti-
nados a avaliar a atitude em relação à sobrevivência depois da morte; 
43 itens para a sondagem da área psicológica, subdividida em duas 
subáreas: a subárea afetiva, com 38 itens, sendo 18 destinados a 
avaliar os mecanismos de defesa - sublimação (8), negação (N), 
depressão (D), racionalização (R), formação reativa (FR) - e a 
atitude de aceitação (A) frente à morte, e 20 itens destinados a 
avaliar as atitudes frente aos aspectos inquietadores da morte e do 
morrer - dependência no processo de morrer (DPM), isolamento 
na morte (IM), sofrimento e pânico no processo de morrer (8PPM), 
indignidade no processo de morrer (IPM), desconhecimento sobre o 
além da morte (DAM), deterioração física que acompanha a morte 
(DFM), deixar projetos inacabados (DPI), sofrimento das pessoas 
amadas (8PA), perda de identidade pela morte (PIM), ruptura de 
comunicação pela morte (RCM) - a subárea volitiva com cinco itens 
destinados a avaliar os tipos de decisão frente à informação do diag-
nóstico de uma doença terminal e a qualificação do informante; 10 
itens para a área social, sendo três destinados a avaliar a atitude 
frente à eutanásia - ativa e passiva -, três itens relativos ao culto 
dos mortos e quatro relativos ao destino a ser dado ao corpo dos 
mortos . 
Algumas alternativas de respostas das áreas escatológica e social 
são desdobradas a fim de possibilitar informações adicionais. Na área 
escatológica, o item relativo à crença na sobrevivência indaga sobre 
a natureza da crença, se de ordem religiosa, filosófica ou cientifica. 
Na área social, o item relativo à aceitação do culto aos. mortos com 
cerimônias públicas indaga sobre o tipo de cerimônia - como, por 
exemplo, velório, dia universal dedicado aos mortos - e o item rela-
tivo à cr~mação indaga sobre o destino a ser dado às cinzas. Com 
relação aos itens da subárea afetiva da área psicológica, a instrução 
solicita inicialmente do sujeito que responda a todos os itens em 
termos de sim ou não e, posteriormente, a fim de controlar até certo 
ponto o possível mascaramento das atitudes expressas, que coloque 
em ordem de importância três dos itens assinalados com a alterna-
tiva. 
A folha de rosto do QAFM solicita informações relativas a 
dados pessoais quanto a idade, sexo, estado civil e tipo de forma-
ção universitária destinados a possibilitar a caracterização dos sujei-
tos da amostra. 
2 . 3 Procedimentos 
A aplicação do QAFM foi realizada durante todo o mês de setembro 
de 1981, na própria faculdade, seguindo programação estabelecida 
em colaboração com o Gabinete de Aconselhamento da mesma. Esta 
Scmdagem de atitudes 9 
programação foi planejada visando o aproveitamento do horário de 
aulas a fim de evitar a evasão dos alunos. Assim, os grupos de alu-
nos a serem testados eram informados, no momento da aula, pela 
professora responsável. Em todas as turmas o questionário foi apli-
cado coletivamente pelos próprios pesquisadores, isto é, três psicó-
logos integrantes do Programa de Estudos e Pesquisas em Tanato-
logia, do CBPP, do ISOP, que iniciavam a aplicação com o seguinte 
esclarecimento: "Somos psicólogos do Centro de Pesquisas Psicos-
sociais do ISOP da Fundação Getulio Vargas. No momento estamos 
realizando um estudo sobre a atitude dos estudantes universitários 
frente à morte e por isso precisamos que vocês colaborem conosco 
respondendo a um questionário. Entretanto, vocês são inteiramente 
livres para fazê-lo." 
Encerrada a aplicação, agradecia-se a colaboração. Nenhum dos 
sujeitos recusou sua participação. 
O levantamento das respostas dos 226 sujeitos participantes 
da pesquisa aos itens relativos a dados pessoais foi realizado a fim 
de possibilitar a elaboração do perfil da amostra. 
As respostas dadas aos 56 itens relativos às três áreas de son-
dagem foram tabuladas e agrupadas seguindo diferentes critérios 
a fim de possibilitar: a) avaliar as atitudes escatológicas, psicológi-
cas e sociais predominantes na amostra total; b) avaliar as atitudes 
escatológicas, psicológicas e sociais predominantes nos grupos de dife-
rente formação universitária; c) avaliar as atitudes escatológicas, psi-
cológicas e sociais predominantes nos dois sexos; d) avaliar as atitu-
des psicológicas e sociais predominantes nos grupos de diferentes posi-
ções escatológicas. 
Para agrupar os sujeitos da amostra segundo o tipo de forma-
ção universitária, utilizou-se um critério lógico em função do con-
teúdo e/ou grau de abstração dos cursos. Desta forma os cursos foram 
assim agrupados: 
a) música/desenho/artes plásticas (M/D/AP); 
b) português literatura/português inglês (PL/PI); 
c) física/quimica/biologia/enfermagem (F /Q/B/E); , 
d) filosofia/matemática (F /M) ; 
e) educação física (EF). 
Em seguida procedeu-se à estimativa de cada parâmetro estu-
dado. Considerando-se a amostra total - excluída a diferenciação' 
quanto à formação universitária, sexo ou posição escatológica - cal-
cularam-se as percentagens para cada uma das categorias de res-
postas nas diversas áreas de sondagem. 
Posteriormente cada grupo foi estudado verificando-se a perti-
nência das percentagens obtidas pelos mesmos em cada categoria de 
resposta aos limites dos parâmetros na amostra total. Este procedi-
mento estendeu-se à formação universitária, sexo e posição escato-
lógica. 
, Para tal, adotou-se um intervalo de confiança de 95%, a partir 
do seguinte desenvolvimento: 
10 A..B.P. 4/83 
.. 
IP - 1,96 EP % < P < p + 1,96 EP % I 95% 
Finalmente, procedeu-se ao levantamento das respostas aos itens 
da área psicológica relativos aos mecanismos de defesa/atitude de 
aceitàção frente à morte e aos aspectos inquietadores da morte e 
do morrer, considerando-se a ordenação dada pelos sujeitos da amos-
tra total e de cada grupo estudado segundo o critério de importân-
.. cia, a fim de possibilitar um certo controle dos dados estatísticos 
"Obtidos na etapa anterior e dados complementares para a análise 
qualitativa dos resultados. 
3. Resultados 
3.1 Perfil da amostra 
O levantamento das respostas do QAFM referente aos dados pes-
soais revelou ser o universitário típico respondente da pesquisa pre-
dominantemente do sexo feminino, solteiro, com idade média de 25 
anos e sem nítida caracterização do ponto de vista religioso, na medida 
em que apenaspouco mais da metade dos respondentes se declarou 
religioso, com ou sem filiação doutrinãria. A tabela 2 demonstra 
a distribuição das respostas dadas pelos sujeitos da amostra relativas 
aos dados pessoais. 
Tabela 2 
Distribuição das respostas dos sujeitos da amostra 
relativas aos dados pe~oais 
Dados pessoais NQ % 
Sexo feminino 158 69,92 
Sexo masculino 68 30,09 
Total 226 100,00 
Solteiro 170 75,23 
Casado ou vivendo maritalmente 50 22,13 
Separado, divorciado ou viúvo 6 2,66 
Total 226 100,00 
Sem religião 103 45,58 
Religioso sem filiação doutrinária 34 15,05 
Espiritualista e/ou orientalista 24 10,62 
Católico 59 26,11 
Evangélico 6 2,66 
Total 226 100,00 
sondagem de atitudes 11 
A distribuição das respostas relativas aos dados pessoais para os 
diferentes grupos de formação universitária se encontra na tabela 3'. 
Tabela 3 
Distribuição das respostas relativas aos dados pessoais 
para os diferentes grupos de formação universitária 
.. 
Grupos 
Dados M/D/AP PL/PI F/Q/B/E M/F ED pessoais 
NQ (%) NQ (%) NQ (%) NQ (%) NQ (%) 
Sexo 
feminino 15 75,00 56 96,55 41 61,19 20 71,43 27 50,94 
Sexo 
masculino 5 25,00 2 3,45 26 38,81 8 28,57 26 49,06 
Total 20 100,00 58 100,00 67 100,00 28 100,00 53 100,00 
Solteiro 12 60,00 40 68,97 55 82,09 16 57,14 46 86,79 
Casado ou vi-
vendomari-
talmente 8 40,00 16 27,59 9 13,43 10 35,71 7 13,21 
Separado, di-
vorciadoou 
viúvo 2 3,45 3 4,48 2 7,14 
Total 20 100,00 58 100,00 67 100,00 28 100,00 53 100,00 
Sem religião 14 70,00 25 43,10 38 56,72 13 46,43 25 47,17 
Religião sem 
filiação dou-
trinária 7 12,07 5 7,46 3 10,71 4 7,55 
Espiritualista 
e/ou orien-
talista 2 10,00 6 10,34 9 13,43 2 7,14 7 13,21 
Católico 4 20,00 17 29,31 15 22,39 10 35,71 14 26,42 
Evangélico 3 5,17 3 5,66 
Total 20 100,00 58 100,00 67 100,00 28 100,00 53 100,00 
3.2 Avaliação das respostas relatipas às áreas de sondagem do 
Questionário de Atitudes Frente à Morte 
O levantamento das respostas aos itens do QAFM referente às 
três áreas de sondagem - escatológica, psicológica e social - é , 
apresentado na seguinte ordem: distribuição das respostas escatoló-
gicas, psicológicas e sociais na amostra total, nos grupos de diferente 
formação universitária, nos dois sexos; distribuição das respostas psi-
12 A.B.P.4/83 
.. 
cológicas e sociais nos diferentes grupos de posicionamento escatoló-
gico. 
3 .2.1 Distribuição das respostas das áreas escatológica, psicológica, 
e social na amostra total 
A. Area escatológica 
Tabela 4 
Distribuição das respostas da área escatológica na amostra total 
Categorias de resposta NQ (%) 
Sobrevivência 129 57,08 
filosófica 6 4,65 
religiosa 101 78,29 
científica 7 5,43 
religiosa/filosófica/científica 5 3,88 
,filosófica/religiosa 1 0,08 
religiosa/científica 6 4,65 
não especificada 3 2,33 
Não sobrevivência , 32 14,16 
Agnóstico 65 28,76 
Total 226 100,00 
Estimativas dos parâmetros para o intervalo de confiança esti-
pulado (95%) calculadas para cada categoria de resposta da ár.ea 
escatológica: 
• sobrevivência 
50,73 < P < 63,43 
• não sobrevivência 
9,61 < P < 18,71 
• agnóstico 
22,86 < P < 34,66 
Sondage,m de atitudes 13 
B. Area psicológica 
Tabela 5 
Distribuição das respostas da amostra total para as categorias 
mecanismos de defesa e atitude de aceitação frente à morte 
Categorias de Sim Não 
resposta NQ (%) NQ (%) 
Negação 219 32,30 459 67,70 
Formação reativa 204 30,09 474 69,41 
Racionalização 138 20,35 540 79,65 
Depressão 183 26,99 495 73,01 
Sublimação 454 66,96 224 33,04 
Aceitação 387 57,08 291 42,92 
Total 1.585 2.483 
Estimativas dos parâmetros para o intervalo de confiança esti-
pulado (95 %) calculadas para cada categoria de resposta relativa aos 
mecanismos de defesa e atitude de aceitação: 
• negação 
28,77 < P < 35,83 
• formação reativa 
26,64 < P < 33,54 
• racionalização 
17,31 < P < 23,39 
• depressão 
23,64 < P < 30,34 
• sublimação 
64,40 < P < 70,50 
• aceitação 
53.36 < P < 60,80 
14 A.B.P.4/83 
"-
• 
.. 
.. 
Tabela 6 
Distribuição das respostas da amostra total para as categorias 
aspectos inquietadores da morte e do morrer 
Categorias de Sim Não 
resposta N9 (%) N9 (%) 
DPM 342 75,67 110 24,34 
IM 288 63,72 164 36,~9 
SPPM 327 72,35 125 27,65 
IPM 295 65,27 157 34,74 
DAM 201 44,47 251 55,53 
DFM 80 17,70 372 82,30 
DPI 254 56,20 198 43,81 
SPA 362 80,09 90 19,92 
PIM 92 20,36 360 79,65 
RCM 248 54,87 204 45,14 
Total 2.489 2.031 
Estimativas dos parâmetros para o intervalo de confiança esti-
pulado (95%) calculadas para cada categoria de resposta relativa 
aos aspectos inquietadores da morte e do morrer: 
• dependência no processo de morrer (DPM) 
72,44 < P <78,90 
• isolamento na morte (IM) 
60,09 < P < 67,35 
• sofrimento e pânico no processo de morrer (SPPM) 
68,99 < P < 75,72 
• indignidade no processo de morrer (IPM) 
61,68 < P < 68,86 
• desconhecimento sobre o além da morte (DAM) 
40,73 < P < 48,21 
• deterioração física que acompanha a morte (DAM) 
14,82 < P < 20,58 
• deixar projetos inacabados (DPI) 
52,46 < P < 59,94 
• sofrimento das pessoas amadas (SPA) 
77,09 < P < 83,09 
• perda de identidade pela morte (PIM) 
17,32 < P < 23,40 
• ruptura de comunicação pela morte (RCM) 
, 
51,12 < P < 58,62 
Sondagem de atitudes 15 
Tabela 7 
Distribuição das respostas da amostra total para os tipos 
de decisão relativos ao diagnóstico de doença terminal 
Tipos de decisão NQ (%) 
Informado pelo médico 151 66,82 
Informado pela família 19 8,41 
Informado pelo sacerdote 4 1,77 
Não ser informado e sim a família 25 11,07 
Todos ocultarem 27 11,95 
Total 226 100,00 
Estimativas dos parâmetros para o intervalo de confiança esti-
pulado (95%) calculadas para as alternativas de resposta relativas 
à informação sobre o diagnóstico de doença terminal: 
• ser informado pelo médico 
60,69 < P < 72,95 
• ser informado pela família 
4,78 < P < 2,04 
• ser informado por sacerdote 
0,05 < P < 3,49 
• não ser informado e sim a família 
6,97 < P < 15,17 
• todos ocultarem 
7,72 < P < 16,18 
16 A.B.P.4/83 
C. Área social 
Tabela 8 
Distribuição qas respostas da amostra total para os itens 
relativos à eutanásia 
Procedimentos médicos para N9 (%) com o doente terminal 
Todos os esforços para manter vivo 59 26,11 
Não manter vivo artificialmente (eu-
tanásia passiva) 121 53,54 
Amparo legal para extinguir a vida 
(eutanásia ativa) 46 20,35 
Total 226 100,00 
Estimativas dos parâmetros para o intervalo de confiança esti-
pulado (95%) ca:Iculadas para cada alternativa de resposta relativa 
à eutanásia: . 
• todos os esforços para manter vivo o doente terminal 
2,39 < P < 31,83 
• não manter vivo artificialmente o doente terminal 
47,03 < P < 60,05 
• amparo legal pa~ extinguir a vida. 
15,10 < P < 25,60 
'Tabela 9 
Distribuição das respostas da amostra total para os itens 
relativos ao culto dos mortos 
Categorias de resposta N9 (%) 
Não culto 87 38,50 
Culto sem cerimônia 77 34,07 
Culto com cerimônia 62 27,43 
velório 45 45,92 
cerimônias religiosas 31 31,63 
cerimônias cívicas 8 8,16 
dia dos mortos 14 14,29 
Total 226 100,00 
sondagem de atttudes 17 
Estimativas dos parâmetros para o intervalo de confiança esti-
pulado (95%) calculadas para cada alternativa de resposta relativa 
ao culto dos mortos: 
• não realizar culto 
32,15 < P < 44,85 
• realizar culto sem cerimônia 
27,90 < P < 40,24 
• realizar culto com cerimônia 
21,61 < P < 33,25 
Tabela 10 
Distribuição das respostas da amostra total para os itens 
relativos ao destino do corpo dos mortos 
Categorias de resposta NQ (%) 
Enterrar 65 28,76 
Doar parafins cientificas 46 20,35 
Cremar 84 37,17 
espalhar cinzas 73 86,90 
monumento mortuário 11 11,10 
Indiferente 31 13,72 
Total 226 100,00 
Estimativas dos parâmetros para o intervalo de confiança esti-
pulado (95%) calculadas para cada alternativa de resposta relativa 
ao destino do corpo dos mortos: 
• enterrar 
22,86 < P < 34,65 
• doar para fins científicos 
15,10 < P < 25,60 
• cremar 
30,80 < P < 43,46 
• indiferente 
9,23 < P < 18,21 
18 A.B.P.4/83 
... 
• 
3 .2 .2 Distribuição das respostas das áreas escatológica, psicológica, 
e social para os diferentes grupos de formação universitária 
Os resultados para os diferentes grupos de formação universitária 
são apresentados juntamente com os limites de cada parâmetro esti-
mado nas três áreas de sondagens, a fim de facilitar as comparações . 
A. Area escatológica 
Tabela 11 
Distribuição das respostas da área escatológica 
nos diferentes grupos de formação universitária 
Categorias de resposta 
Grupos 
M/D/AP 
PL/PI 
F/Q/B/E 
M/F 
EF 
Total 
Sobrevivência 
50,73-63,43 
N9 (%) 
11 55,00 
36 62,07 
34 50,75-
17 60,72 
31 58,49 
129 
B. Area p8icológicct 
Não 
sobrevivência 
Limites do parâmetro 
9,61-18,71 
N9 (%) 
1 5,00 
4 6,90 
10 14,93 
7 25,00 
10 18,87 
32 
Agnóstico 
22,86-34,66 
N9 (%) 
8 40,00 
18 31,04 
23 34,33 
4 14,29 
12 22,65 
65 
As distribuições das respostas das subáreas afetiva e volitiva da área 
psicológica para os diferentes grupos de formação universitária encon-
tram-se nas tabelas 12, 13 e 14. 
Sondagem de atitudes 19 
Tabela 12 
Distribuição das respostas dos diferentes grupos de formaÇão universitária aos 
itens relativos aos mecanismos de defesa e atitude de aceitação frente à morte1 
Categorias de resposta 
Negação Formação Racionalização Depressão Sublimação Aceitação 
reativa 
Grupos Limites do parâmetro 
28,77-35,83 26,64-33,54 17,31-23,39 23,64-30,34 63,40-70,50 53,36-60,80 
NQ (%) NQ (%) NQ (%) NQ (%) NQ (%) NQ (%) 
(sim) . (sim) (sim) (sim) (sim) (sim) 
M/D/AP 17 28,34 23 38,34 18 30,00 15 25,00 42 70,00 34 56,67 
PL/PI 46 26,.i4 32 18,39 31 17,82 53 30,46 125 71,84 109 59,20 
F/Q/B/E 69 34,33 68 33,83 41 20,40 60 29,85 117 58,21 113 56,22 
M/F 26 30,95 26 30,95 21 25,00 22 26,19 49 58,33 46 44,76 
ED 61 38,37 55 34,60 27 16,99 33 20,76 121 76,10 91 57,24 
Total 219 204 138 183 454 387 
1 As percentagens -foram calculadas considerando-se, em cada grupo, o número total de respostas sim e não para cada cate-
goria isoladamente. Na elaboração desta tabela foram anotadas apenas as percentagens de respostas sim . 
• • 
Grupos 
M/D/AP 
PL/PI 
F/QIB/E 
MJF 
EF 
Total 
DPM 
Tabela 13 
Distribuição das respostas dos diferentes grupos de formação universitária 
aos itens relativos aos aspectos inquietadores da morte e do morrer1 
Categorias de resposta 
IM SPPM IPM DAM DFM DPI SPA 
Limites do parã.metro 
• 
PIM ReM 
72,44-78,90 60,09-67,35 68,99-75,72 61,68-68,85 40,73-48,21 14,82-20,58 52,46-59,94 77,09-83,09 17,32-23,40 51,12-58,62 
N9 (%) N9 (%) N9 (%) N9 (%) N9 (%) N9 (%) N9 (%) N9 (%) N9 (%) N9 (%) 
(sim) (sim) (sim) (sim) (sim) (sim) (sim) (sim) (sim) (sim) 
33 82,50 15 37,50 30 75,00 27 67,50 10 25,00 8 20,00 22 55,00 34 85,00 7 17,50 18 45,00 
92 79,31 79 68,11 92 79,31 75 64,66 60 51,73 25 21,56 69 59,49 93 80,18 19 16,38 68 58,62 
95 70,90 80 59,71 93 69,41 82 61,20 65 48,50 20 14,93 69 51,50 94 70,15 23 17,17 68 50,75 
39 69,65 37 66,08 36 64,29 38 67,85 22 39,22 7 12,50 29 51,79 50 89,29 10 17,85 28 50,00 
83 78,30 77 72,65 76 71,70 73 68,86 /,44 41,51 20 18,87 65 61,32 91 85,85 33 31,14 66 62,27 
342 288 327 295 201 80 254 362 92 248 
1 As percentagens foram calculadas considerando-se, em cada grupo, o número total de respostas sim e não para _cada cate-
gOria isoladamente. Na elaboração desta tabela foram anotadas apenas as percentagens de respostas sim. 
Tabela 14 
Distribuição das respostas dos diferentes grupos de formação universitária 
aos itens relativos aos tipos de decisão no diagnóstico 
Categorias de resposta 
Informado Informado Informado Não infor- Todos mado e pelo pela por 
sim a ocul-
médico família sacerdote família tarem Grupos 
Limites do parâmetro 
60,69-72,95 4,78-12,04 0,05-3,49 6,97-15,17 7,72-16,18 
N9 (%) N9 (%) . N9 (%) N9 (%) N9 (%) 
M/D/AP 11 55,00 2 10,00 O O 3 15,00 4 20,00 
PL/PI 38 65,52 4 6,90 1 1,73 7 12,07 8 13,80 
F/Q/B/E 52 77,62 4 7,02 2 3,51 5 7,47 4 5,97 
M/F 21 75,00 2 7,15 O O 2 7,15 3 10,72 
EF 29 54,72 7 13,21 1 1,89 8 15,10 8 15,10 
'rotal 151 19 4 25 27 
C. Area social 
Tabela 15 
Distribuição das respostas dos diferentes grupos de" formação 
universitária aos itens relativos aos procedimentos adotados 
com doente terminal 
Grupos 
M/D/AP 
PL/PI 
F/Q/B/E 
M/F 
ED 
Total 
22 
Todos os 
esforços 
para 
manter vivo 
20,39-31,83 
NQ (%) 
4 20,00 
11 18,97 
24 35,82 
7 25,00 
13 24,53 
59 
Categorias de re,sposta 
Não man-
ter vivo 
com apa-
relhagem 
Limites do parâmetro 
47,03-60,05 
NQ (%) 
14 70,00 
3~ 62,07 
25 37,32 
15 53,58 
31 58,49 
121 
Amparo 
legal para 
extinguir 
a vida 
15,10-25,60 
NQ (%) 
2 
11 
18 
6 
9 
46 
10,00 
18,97 
26,87 
21,43 
16,99 
A.B.P.4/83 
.. 
Tabela 16 
Distribuição das respostas dos diferentes grupos de formação 
universitária aos itens relativos ao culto dos mortos 
Não culto 
Grupos 
32,15-44,85 
NQ (%) 
M/D/AP 9 45,00 
PL/PI 19 32,76 
F/Q/B/E 33 42,26 
M/F" 8 28,58 
ED 18 33,97 
Total 87 
Categorias de resposta 
Culto 
sem 
cerimônia 
Limites do parâmetro 
27,90-40,24 
NQ (%) 
7 35,00 
20 34,49 
19 28,36 . 
13 46,43 
18 33,97 
77 
Tabela 17 
Culto 
com 
cerimônia 
21,61-33,25 
NQ (%) 
4 20,00 
19 32,76 
15 22,39 
7 25,00 
17 32,08 
62 
Distribuição das respostas dos diferentes grupos de formação 
universitária aos itens relativos ao destino do corpo dos mortos 
Categorias de resposta 
Doar 
Enter- para fins Cre- Indi-
rar cientí- mar ferente 
Grupos ficos 
Limites do parâmetro 
22,86-34,66 15,10-25,60 30,88-43,46 8,23-18,21 
NQ (%) NQ (%) NQ (%) NQ (%) 
M/D/AP 4 20,00 22 10,00 11 55,00 3 15,00 
PL/PI 17 29,31 10 17,25 23 39,66 8 13,80 
F/Q/B/E 14 20,90 15 22,39 27 40,30 11 16,42 
M/F 11 39,29 7 25,00 7 25,00 3 .10,72 
ED 19 35,85 12 22,65 16 30,19 6 11,32 
Total 65 46 84 31 
Sondagem de atitudes 23 
3.2.3. Distribuição das respostas das áreas escatológica, psicológica 
e social para os dois sexos 
Os. resultados para cada sexo são apresentados juntamente com os 
limites de cada parâmetro estimado nas três áreas de sondagem a 
fim de facilitar comparações. 
A. Área escatológica 
Tabela 18 
Distribuição das respostas da área escatológica nos dois sexos 
Sobre-
vivên-
cia 
Grupos 
50,73-63,43 
NQ (%) 
Feminino 94 59,49 
Masculino 35 51,47 
Total 129 
B. Área psicológica 
Categorias de resposta 
Não 
sobre-
vivência 
Limites do parâmetro 
Agnóstico 
9,61-18,71 22,86-34,66 
NQ 
17 
15 
32 
(%) 
10,76 
22,06 
47 
18 
65 
(%) 
29,75 
26,47 
As distribuições das respostas das subáreas afetiva e volitiva da área 
psicológica para os dois sexos encontralP-se nas tabelas 19, 20 e 21. 
24 A.B.P.4/83 
• 
Grupos 
Feminino 
Masculino 
Total 
• 
Tabela 19 
Distribuição das respostas dos dois sexos aos itens relativos aos 
mecanismos de defesa e atitude de aceitação frente à mortel 
Categorias de resposta 
Negação Formação Raciona- Depressão Sublimação 
reativa lização 
Limites do parâmetro 
28,77-35,83 26,64-33,54 17,31-23,39 23,64-30,34 63,40-70,50NQ (%) NQ (%) NQ (%) NQ (%) NQ (%) 
(sim) (sim) (sim) (sim) (sim) 
156 32,91 127 26,79 81 17,09 139 29,32 336 70,89 
63 30,38 77 37,75 57 27,94 44 21,57 118 57,84; 
219 204 138 183 454 
I 
Aceitação 
53,36-60,80 
NQ (%) 
(sim) 
265 55,91 
12~ 59,80 
387 
1 As percentagens foram calculadas considerando-se em cada grupo o número total de respostas sim e não para cada cate-
goria isoladamente. Na elaboração desta tabela foram anotadas apenas as percentagens de respostas sim. 
Tabela 20 
Distribuição das respostas dos dois sexos aos itens relativos aos aspectos inquietadores da morte e do morrer! 
Grupos 
Feminino 
Masculino 
Total 
Categorias de resposta 
DPM IM SPPM IPM DAM DFM DPI SPA PIM RCM 
Limites do parâmetro 
72,44-78,90 60,09-67,35 68,99-75,72 61,68-68,86 40,73-48,21 14,82-20,58 52,46-59,94 77,09-83,09 17,32-23,40 51,12-58,62 
NQ (%) 
(sim) 
NQ (%) 
(sim) 
NQ (%) 
(sim) 
NQ (%) NQ (%) 
(sim) (sim) 
250 79,11 225 71,20 245 77,53 216 68,35 151 47,78 
92 67,55 63 46,32 82 60,29 79 58,09 50 36,76 
342 288 327 295 201 
NQ (%) 
(sim) 
NQ (%) 
(sim) 
NQ (%) NQ (%) NQ (%) 
(sim) (sim) (sim) 
62 19,62 178 56,33 267 84,49 
18 13,24 76 55,88 95 69,85 
80 254 362 
69 21,84 183 57,91 
23 16,91 65 47,79 
92 248 
! As percentagens foram calculadas considerando-se em cada grupo o número total de respostas sim e não para cada cate-
gOria isoladamente. Na elaboração desta tabela foram anotadas as percentagens de respostas sim. 
• 
Tabela 21 
Distribuição das respostas dos dois sexos aos itens relativos aos tipos 
de decisão do diagnóstico de doença terminal 
Categorias de resposta 
Infor- Infor- Infor- Não Todos 
mado mado mado informado oculta-
Grupos 
pelo pela por sim a rem 
médico família sacerdote familla 
Limites do parâmetro 
60,69-72,95 4,78-12,04 0,05-3,48 6,97-15,17 7,72-16,18 
Fem1n1no 
Masculino 
Total 
NQ 
101 
50 
151 
(%) 
63,92 
73,53 
NQ (%) NQ 
14 8,86 3 
5 7,35 1 
19 4 
Tabela 22 
(%) NQ (%) NQ (%) 
1,90 22 13,92 18 11,39 
1,47 3 4,41 9 13,24 
25 27 
Distribuição das respostas dos dois sexos aos itens relativos 
aos procedimentos adotados com doente terminal 
Grupos 
Feminino 
Masculino 
Total 
Categorias de resposta 
Todos os 
esforços para 
manter vivo 
Não manter 
vivo com apa-
relhagem 
Limites do parâmetro 
Amparo legal 
para extin-
guir a vida 
20,39-31,83 47,03-60,05 15,10-25,60 
39 
20 
59 
(%) 
24,68 
29,41 
90 
31 
121 
(%) 
56,76 
45,59 
29 
17 
46 
(%) 
18,35 
25,00 
Sondagem de atitudes 27 
Tabela 23 
Distribuição das respostas dos dois sexos aos itens relativos 
ao culto dos mortos 
Grupos 
Feminino 
Masculino 
Total 
Categorias de resposta 
Não Culto sem 
culto cerimônia 
Limites de parâmetro 
32,15-44,85 27,90-40,24 
NQ (%) NQ (%) 
56 35,44 61 38,61 
31 45,59 16 23,53 
~7 77 
Tabela 24 
Culto com 
cerimônia 
21,61-33,25 
NQ (%) 
41 25,95 
21 30,08 
62 
Distribuição das respostas dos dois sexos aos itens relativos 
ao destino do corpo dos mortos 
Enterrar 
Grupos 
22,86-34,66 
NQ (%) 
Feminino 44 27,85 
Masculino 21 30,88 
Total 65 
Categorias de resposta 
Doar 
para fins 
cientificos 
Cremar 
Limites do parâmetro 
15,10-25,60 30,88-43,46 
NQ (%) NQ (%) 
31 .19,62 65 41,44 
15 22,06 19 27,94 
46 84 
Indiferente 
9,23-18,21 
N9' (%) 
18 11,39 
13 19,12 
31 
3 . 2 .4 Distribuição das respostas das âreas psicológica e social para 
os grupos de diferentes posições escatológicas 
Os resultados para os diferentes grupos de posição escatológica são 
apresentados juntamente com os limites de· cada parâmetro estimado 
nas duas âreas de sondagem, a fim de facilitar as comparações. 
A. Área psicológica 
As distribuições das respostas das subâreas afetiva e volitiva da ârea 
psicológica para os diferentes grupos de posição escatológica encon-
tram-se nas tabelas 25, 26 e 27. 
28 A.B.P.4/83 
li 'I #d'lfl1~*'tt'!-
Tabela 25 
Distribuição das respostas dos diferentes grupos de posição escatológica 
aos itens relativos aos mecanismos de defesa e atitude 
de aceitação frente à morte1 
Categorias de resposta 
Negação Formação Ràciona- Depressão Sublimação Aceitação reativa lização 
Grupos Limites do parâmetro 
28,77-35,83 26,64-33,54 17,31-23,39 23,64-30,34 63,40-70,50 53,36-60,80 
NQ (%) NQ (%) NQ, (%) NQ (%) NQ (%) NQ (%) 
(sim) (sim) (sim) (sim) (sim) (sim) 
Sobrevivência 118 30,49 121 31,27 84 21,71 113 29,20 285 73,65 224 57,89 
Não sobrevivência 34 35,42 36 37,50 26 27,08 22 22,92 43 44,79 51 53,13 
. Agnóstico 67 34,36 47 24,11 28 14,36 . 48 25,62 126 64,62 112 57,44 
Total 219 204 138 183 454 387 
1 As percentagens foram calculadas considerando-se em cada. grupo o número total de respostas sim e não para cada cate-
goria, isoladamente. Na elaboração desta tabela foram anotadas apenas as percentagens de respostas sim. 
Tabela 26 
Distribuição das respostas dos diferentes grupos de posição escatológica aos itens relativos aos aspectos inquietadores da 
morte e do morrer1 
Grupos 
Sobrevivência 
Não sobrevi-
vência 
Agnóstico 
Total 
Categorias de resposta 
DPM IM SPPM IPM DAM DFM DPI SPA PIM RCM 
Limites do parâmetro 
72,44-78,9060,09-67,35 68,99-75,7261,68-68,86 40,73-48,2114,82-20,58 52,46-59,9477,09-83,09 17,32-23,4051,12-58,62 
NQ (%) NQ (%) 
(sim) (sim) 
NQ (%) 
(sim) 
NQ (%) 
(sim) 
188 72,87 169 65,51 188 72,87 159 61,63 
48 75,00 
106 81,54 
342 
32 50,00 
87 66,93 
288 
40 62,50 
99 76,16 
327 
44 68,75 
92 70,77 
295 
NQ (%) 
(sim) 
NQ (%~ 
(sim) 
NQ (%) 
(sim) 
NQ (%) 
(sim) 
99 38,38 35 13,57 131 50,78 208 80,62 
24 37,50 
78 60,00 
201 
6 9,38 
39 30,00 
80 
38 59,38 51 79,69 
85 65,39 103 79,23 
254 362 
NQ (%) 
(sim) 
NQ (%). 
(sim) 
50 19,38 137 53,10 
10 15,63 
32 24,62 
92 
37 57,82 
74 56,93 
248 
1 As percentagens foram calculadas considerando-se em cada grupo o número total de respostas sim e não para cada cate-
goria, isoladamente. Na elaboração desta tabela foram anotadas apenas as percentagens de respostas sim . 
. 
.. 
• 
Tabela 27 
Distribuição das respostas dos diferentes grupos de diferentes posições 
escatológicas aos itens relativos aos tipos de decisão no diagnóstico 
de doença terminal 
Categorias de resposta 
Infor- Infor- Infor- Não m-
mado mado mado formado Todos 
pelo pela por sim a ocul-
Grupos médico familla sacerdote família tarem 
Limites do parâmetro 
60,69-72,95 4,78-12,04 0,05-3,49 6,97-15,17 7,72-16,18 
NQ (%) NQ (%) NQ (%) N9 (%) NQ (%) 
Sobrevivência 86 66,67 15 11,63 4 3,10 14 10,86 10 7,76 
Não sobre-
vivência 22 68,75 3 9,38 4 13,00 3 9,38 
Agnóstico 43 66,15 1 1,54 7 10,77 14 21,54 
Totai 151 19 4 25 27 
B. Area social 
Tabela 28 
Distribuição das respostas dos diferentes grupos de posição escatológica 
aos itens relativos aos procedimentos adotados com doente terminal 
Grupos 
Sobrevivência 
Não sobrevivência 
Agnóstico 
Total 
Sondagem tU atitudes 
Categorias de resposta 
Todos os 
esforços para 
manter vivo 
Não manter. 
vivo com 
aparelhagem 
Amparo legal 
para extin-
guir a vida 
Limites de parâmetro 
20,39-31,83 47,03-60,05 15,10-25,60 
NQ (%) NQ (%) NQ (%) 
35 27,14 79 61,24 15 11,63 
5 15,63 15 46,88 12 37,50 
19 29,23 27 41,54 19 29,23 
59 121 46 
31 
Tabela 29 
Distribuição das respostas dos diferentes grupos de posição 
escatológica aos itens relativos ao culto dos mortos 
Categorias de resposta 
Não Culto sem Culto com 
culto cerimônia cerimônia 
Grupos Limites do parâmetro 
32,15-44,85 27,90-40,24 21,61~33,25NQ (%) NQ (%) NQ (%) 
Sobrevivência 37 28,68 51 39,53 41 31,78 
Não sobrevivência 19 59,38 3 9,38 10 31,25 
Agnóstico 31 47,60 23 35,38 11 16,92 
Total 87 77 62 
Tabela 30 
Distribuição das respostas dos diferentes grupos de poSIçao 
escatológica aos itens relativos ao destino do corpo dos mortos 
Grupos 
Sobrevivência 
Não sobrevivência 
Agnóstico 
Total 
32 
Enterrar 
22,86-34,66 
NQ (%) 
45 34,88 
8 25,00 
12 18,47 
65 
Categorias de resposta 
Doar para Indife~ fins cien- Cremar 
rente titicos 
Limites do parâmetro 
15,10-25,60 30,88-43,46 9,23-18,21 
NQ (%) NQ (%) NQ (%) 
23 17,83 45 34,88 16 12,41 
4 12,50 16 50,00 4 12,50 
19 29,23 23 35,39 11 16,93 
46 84 31 
A.B.P.4/83 
• 
" 3.2.5 Levantamento das respostas aos itens da área psicológica em 
função da ordenação dos itens segundo Oi critério de impOrtância 
Com relação à área psicológica, além da avaliação em termos de per-
centagem, as respostas pertinentes aos mecanismos de defésa/atitude 
de aceitação frente à morte e aos aspectos inquietadores da morte 
e do morrer foram. também avaliadas quanto à ordenação dos itens 
segundo o critério de importância. 
Os dados obtidos forneceram informações acerca da qualida4e 
e do conteúdo das respostas de cada grupo considerado, possibilitando, 
até certo ponto,.controlar, ampliar e apurar a compreensão dos resul-
tados obtidos na etapa anterior. 
Quanto à ordenação dos itens relativos aos mecanismos de defesa 
e atitude de aceitação frente à morte, a análise dos dados revelou o 
seguinte: . 
- os sujeitos da amostra total e dos grupos de sexo feminÜlo e de 
crença na sobrevivência atribuem maior importância ao item de subli-
mação de conteúdo religioso (item 3: "procuraria uma maior aproxi-
mação com Deus"), que ocupa o primeiro e segundo lugares na 
ordenação, seguido do item de depressão culposa (item 15: "tentaria 
reparar meus erros") que ocupa o terceiro lugar na ordenação, sendo 
que para o grupo de crença na sobrevivência surge também em ter-
ceiro lugar com igual freqüência o item relativo à depressão para-
lisante (item 4: "nada mais me restaria senão pensar nas oportu-
nidades perdidas"); 
- o grupo de crença na não sobrevivência segue praticamente a 
mesma tendência dos grupos anteriores, porém ordenando em pri-
meiro e segundo lugares o item de sublimação de conteúdo assisten-
cial (item 5: "doaria um dos meus órgãos para salvar um seme-
lhante") ; 
- os sujeitos do grupo de português literatura e português inglês 
atribuem maior importância ao item de sublimação de conteúdo reli-
gioso (item 8 : "procuraria uma maior apromixação com Deus"), 
,seguido do item relativo à depressão culposa (item 15: "tentaria repa-
rar meus erros") em segundo lugar, o qual persiste no terceiro lugar 
em termos de ordenação, com a mesma freqüência do item de aceita-
ção (item 1: '''conversaria com outras pessoas a respeito de minha 
morte") ; 
- os grupos de mÚSica/desenho/artes plásticas, fisica/qufmicajbio-
logia/enfermagem, educação física, ,sexo masculino e agnóstico atri-
buem maior importância e de maneira quase exclusiva aos itens de 
sublimação, os quais surgem com a maior freqüência em todas as 
três ordenações. Os grupos de música/desenho/artes plásticas, física/ 
química/biologia/enfermagem e agnóstico dão maior ênfase aos itens 
de conteúdo assistencial (item 5: "doaria um. dos meus órgãos para 
salvar um semelhante") e os grupos de educação física e sexo mas-
culino dão maior ênfase ao item de conteúdo 'religioso (item 8:' "pro-
curaria uma maior aproximação com Deus")'. Com relação ao grupo 
masculino, as respostas de aceitação (item 17: "vivenciaria a expe-
Sond4gem de atitudes 33 
riên:cia") surgem também em terceiro lugar, com igual fz:eqüência das 
respostas de sublimação de conteúdo assistencial; 
- o grupo de matemática/filosofia atribui maior importância ao item 
de sublimação de conteúdo assistencial (item 5: "doaria um dos meus 
órgãos para salvar um semelhante"), o qual ocupa o primeiro lugar 
na ordenação, seguido· do item de aceitação (item 7: "assumiria a 
responsabilidade quanto à suspensão de tratamentos destinados ao 
prolongamento de minha vida") com maior freqüência, em segundo 
lugar e, finalmente, do item de depressão culposa (item 15: "tentaria 
reparar meus erros") com maior freqüência em terceiro lugar. 
Quanto à ordenação dos itens relativos aos aspectos inquietadores 
da morte e do morrer, a análise dos dados revelou o seguinte: 
- os sujeitos da amostra total e de todos os demais grupos atribuem 
maior importância, ordenando com maior freqüência em primeiro 
lugar, ao item relativo ao sofrimento das pessoas amadas (item 3: 
"causar dor e solidão às pessoas que amo"), diversificando-se apenas 
em relação às ordenações subseqüentes; . 
- para os sujeitos da amostra total e dos grupos de música/desenho/ 
artes plásticas, português literatura/ português inglês, educação física, 
sexo feminino, crença na sobrevivência, crença na não sobrevivência e 
agnóstico, segue-se com maior freqüência em segundo lu~ o item 
relativo à ruptura de comunicação pela morte (item 10: "não mais 
poder me comunicar com meus parentes e amigos"), diversifican-
do-se estes grupos apenas no que se refere à terceira ordenação. Assim, 
na amostra total e nos grupos de. educação física, sexo feminino e 
crença na sobrevivência, surge com maior freqüência, em terceiro 
lugar, o item relativo à indignidade no processo de morrer (item 13: 
"sofrer a perda das funções mentais e permanecer inválido até a 
morte"), sendo que no grupo de sexo feminino, . surge ainda em 
terceiro lugar, com igual freqüência, o item relativo a sofrimento 
e pânico no processo de morrer (item 15: "ter uma morte dolorosa"); 
- no grupo de música/desenho/artes plásticas surge com maior fre-
qüência, em terceiro lugar, o item relativo à dependência no processo 
de morrer (item 9: "tomar-me dependente dos outros quanto às 
minhas necessidades físicas") e no grupo de português literatura/por-
tuguês inglês o item relativo a sofrimento e pânico no processo de 
morrer (item 15: "ter uma morte dolorosa"); 
- os grupos de crença na não sobrevivência e agnóstico, embora 
semelhantes aos anteriores no que se refere à ordenação dos itens 
para o primeiro e segundo lugares, caractez:izam-se por apresentar 
uma grande dispersão quanto aos itens que ocupam o terceiro lugar 
na ordenação; 
- os grupos de matemática/filosofia e sexo masculino persistem em 
ordenar em segundo lugar, com maior freqüência, itens relativos ao 
sofrimento das pessoas amadas (item 3: "causar dor e solidão às pes-
soas que amo" e item 6: "acarretar cansaço e abatimento a meus 
parentes e amigos"), ordenando com maior freqüência, em terceiro 
lugar, o item relativo à indignidade no processo de morrer (item 13: 
"sofrer a perda das funções mentais e permanecer inválido até a 
morte"), o qual, no grupo masculino, surge com a mesma freqüência 
34 A.B.P.4/83 
do item relativo à depen4ência no processo d.e morrer (item 9: "tor-
nar-me dependente dos outros quanto às minhas necessidades físi-
cas") ; 
- finalmente, o grupo de física/qufm1ca/biologia/enfermagem ordena 
com maior freqüência, em segundo. lu~, o item relativo à dependên-
cia no processo dé morrer (item. 9: "tornar-me dependente.dos outros 
.. quanto às minhas necessidades físicas") e em terceiro lugar, nova-
mente o mesmo item ordenado em primeiro lugar e relativo ao sofri-
mento das pessoas amadas (item 3: "causar dor e solidão às pessoas 
que amo"). 
4. DIscussão dos resultados 
O exame dos resultados obtidos pelos sujeitos no QAFM permitiu 
identificar, descrever e analisar as atitudes predominantes nas três 
ãreas de sondagem. 
Quanto à atitude escatOlógica, prevalece, para a amostra total, 
para todos os grupps de formação universitãria e para ambos os 
sexos, a crença na sobrevivênciadepois da morte, predominando, 
entre as várias formas de convicção, a de tipo religioso. 
Em relação aOs diferentes grupos de formação wiiversitãria, os 
grupos mÚSica/desenho/artes plásticas e ffsica/química/biologia/eri-
fermagem ,revelam paralelamente crença na sobrevivência e tendência 
para a posição agnóstica, e os grupos de matemática/f"J.losofia e edu-
cação física, tendência para a crença na não sobrevivência, tendência 
esta que surge, ainda, no grupo de sexo masculino. 
Quanto à utilização dos mecanismos de defesa e atitude de acei-
tação frente à morte, quando os sujeitos foram solicitados a assinalar 
todos ·os itens com sim ou não, os resultados demonstraram para a 
amostra total um alto índice percentual das respos~as de sublimação 
(66,96%), seguidas da atitude de aceitação (35,08%), dos mecanis-
mos de negação (32,30 % ), de formação reativa (30,09 % ), depressão 
(26,99%) e, por último, do mecanismo de racionalização (20,35%) ~ 
Uma análise inicial destes dadOs chama atenção para o fato de 
a atitude de aceitação preceder os mecanismos de defesa, à exceção 
do de sublimação. Isto porque a repressão frente à morte funciona 
para a maior parte das pessoas de maneira eficaz, levando-as a todos 
os tipos de defesa, o que aliás vem sendo confirmado, em parte, pelos 
achados empíricos, que demonstram ser a aceitação a última das eta-
pas no confronto com a morte, pelo menos no que se refere ao doente 
terminal (Kübler-Ross, 1977). É possível, portanto, que estes resulta-
dos indiquem que a atitude verbalmente expressa do sujeito sadio 
ao se defrontar com a possibilidade de sua morte iminente não cor-
responda à sua atitude íntima ou real e que a aceitação revelada 
pelos sujeitos da amostra constitua a rigor um indicativo da repressão, 
" sendo conseqüentemente uma forma·de. mascarar o próprio confronto 
com a morte. 
Chama a atenção ainda o índice percentual do mecanismo de 
formação reativa ~ uma vez que de uma perspectiva antropológica 
Sondagem de atitudes 35 
e social a importância deste mecanismo fica demonstrada na relação 
morte-sexo, a qual surge sem interdito nos rituais primitivos e tam-
bém, embora de maneira mais velada, na sociedade ocidental - e o 
baixo índice percentual do mecanismo de racionalização - possivel-
mente um dos mecanismos socialmente mais utilizados no confronto 
com a morte. 
Quanto ao elevado índice percentual das respostas de sublima-
ção, este resultado até certo ponto jâ era esperado por ser talvez 
entre todas as formas de defesa para lidar com a morte aquela mais 
criativa e a que melhor possibilita ao homem a crença na transcen-
dência e na imortalidade (Becker, 1976). 
A anâlise da possível relação entre os diversos mecanismos de 
defesa revelou que os grupos de física/quimica/biologia/enfermagem, 
matemâtica/filosofia, sexo masculino e crença na não sobrevivência, 
que se situam abaixo do limite inferior do parâmetro no mecanismo 
de sublimação, sistematicamente ultrapassam o limite superior do 
parâmetro nos mecanismos de racionalização ou de formação reativa 
ou em ambos; o que parece sugerir uma relação inversa na utilização 
destes mecanismos, ou seja, quanto mais baixa a sublimação frente 
à liiituação de morte, mais alta a formação reativa e/ou racionaliza-
ção. l!i possível que estes resultados, a rigor, estejam apontando para 
duas vias bâsicas para lidar com a morte: a da sublimação e a da 
racionalização e/ou formação reativa. 
Ainda com relação aos grupos estudados, cabe dizer que aqueles 
que mais tendem a se aproximar dos parâmetros estimados na amos-
tra total são os de música/des.enho/artes plâsticas, física/química/ 
biologia/enfermagem, matem~tica/filosofia, sexo feminino, agnóstico 
e crença na sobrevivência; os que mais tendem a se afastar destes 
parâmetros são os de português literatura/português inglês, educa-
ção física, sexo masculino e o de crença na não sobrevivência. 
A anâlise dos dados não mais considerando as respostas dadas 
a todos os itens em termos percentuais mas em função da orde-
nação dos três itens mais importantes entre os assinalados com sim 
demonstrou que a sublimação permanece como principal mecanismo 
de def~sa utilizado, pela amostra total, surgindo com maior freqüên-
cia, em primeiro lugar, o item de conteúdo religioso e com maior 
freqüência, em segundo lugar, o item de conteúdo assistencial, o 
que parece apontar para a via religiosa como a preferencial para 
lidar com a morte, desde que, evidentemente, não ocorra uma perse-
. veração da sublimação ~esmo do tipo religioso em detrimento d~ 
outras formas de conduta igualmente necessârias no confronto com 
a morte. Aliâs, é interessante ressaltar a importância concedida à 
via religiosa por autoridades em tanatologia, tais como Cicely Saunders 
(1975) e Kübler-Ross (1975;1980). 
O mecanismo que surge ordenado em terceiro lugar com maior 
freqüência é o de depressão, com o item relativo à depressão culposa. 
Portanto, o que chama atenção no caso da' amostra total é o fato 
de que a anâlise dos dados em função da ordenação confirma' os 
resultados obtidos em termos percentuais no que se refere ao meca-
'nismo de sublimação, que permanece em primeiro lugar, mas não 
36 A.B.P. 4/83 
" 
no que diz respeito à atitude de aceitação que não mais segue asubli-
nutção, cedendo lugar à depressão. . 
Em relação aos diferentes grupos estudados, o mecanismo de 
sublimação persiste ordenado com maior freqüência em primeiro 
lugar para todos eles. Chama atenção, entretanto, o fato de os gru-
pos de música/desenho/artes plásticas, física/química/biologia/erifer-
magem, educação física, sexo masculino e agnóstico ordenarem em 
primeiro, segundo e terceiro lugares itens pertinentes ao mecanismo 
de sublimação, sendo que no grupo masculino a aceitacão surge 
também ordenada em terceiro lugar com a mesma freqüência da 
sublimação. 
Esta persistência na sublimação parece sugerir a rigor maior 
dificuldade destes grupos para se defrontarem com a ansiedade sus-
citada pela situação de morte, podendo, inclusive, ser uma forma. 
de mascarar a atuação subjacente do meçanismo de formação rea-
tiva. Esta interpretação, aliás, parece confirmada: a) pelos resulta-
dos percentuais, uma vez que estes grupos, à exceção dos agnósticos, 
se situam acima do limite superior do parâmetro em formação rea-
tiva; b) pelo fato de que nos demais grupos, quando da ordenação, 
a sublimação vem seguida da depressão. . 
Ainda quando a avaliação é em termos da ordenação dos itens, 
a depressão aparece com maior ênfase no gr~po de pOrtuguês lite-
ratura/português inglês, surgindo com maior freqüência _tanto em 
segundo como em terceiro lugar. A aceitação do componente depres-
sivo neste grupo não é de estranhar face à própria formação profis-
sional, pois, como assinala Morin (1951), em nossa cultura Ocidental, 
a literatura é uma das únicas áreas que não fez da morte um tabu. 
Aliás, é tamõém o grupo de português aquele que, de todos os grupos 
estudados, menos se utiliza do mecanismo de negação·diante da morte. 
Por último, ainda no que se refere à depressão, é interessante 
ressaltar que as respostas em termos de ordenação demonstram o 
grande predomínio da depressão culposa, o que indica uma dificul-
dade dos sujeitos para aceitarem a form~ paralisante de depressão, 
possivelmente a mais ameaçadora, nQ. medida em que ela envolve 
o risco de suicídio. 
O mecanismo de negação - que em termos percentuais se segue 
ao mecanismo de sublin'lação e à atitude de aceitação - desaparece 
quando a análise é feita em termos de ordenação dos itens, o que 
parece sugerir que uma atitude de maior introspecção, como a exi-
gida neste tipo de resposta, reduz a possibilidade de utilização deste 
mecanismo. Desta fórma, pareCe haver um certo paralelismo entre 
estes dados eo que ocorre em relação ao doente terminal, no 'qual 
a negação,embora sendo a primeira etapa detectada (Kübler-Ross, 
1977), também não subsiste. 
Quanto à atitude de aceitação, que na análise dos dados em 
termos percentuais aparece, na grande maioria dos grupos, logo após 
o mecanismo de sublimação, quando analisada em termos de orde': 
nação dos itens, surge apenas nos grupos de matemática/filosofia, 
português literatura/português iriglês e sexo masculino. 
Sondagem de atitudes 37 
Esta atitude de aceitação, entretanto, deve ser interpretada com 
cautela, poiS pode significar ainda um resíduo de mascaramento, 
sobretudo no que se refere aos grupos de matemática/filosofia e 
masculino. Isto porque o grupo de matemática/filosofia assume os 
aspectos depressivos com certa relutância, na medida em que ordena 
com maior freqüência, em segundo lugar, os itens de aceitação e só 
posteriormente, em terceiro lugar, os de depressão e o grupo de sexo 
masculino está entre aqueles que, como se viu, persevera, quando da 
ordenação dos itens, na escolha: dos itens de sublimação. 
Portanto, a análise conjunta das duas formas de avaliação per-
mite concluir que os grupos se comportam em relação aos meca-
nismos de defesa e atitude "de aceitação frente à morte da seguinte 
maneira: 
- os grupos que mais tendem a se afastar dos parâmetros são os de 
português literatura/português inglês, educação física, sexo masculino 
e crença na não sobrevivência; 
- o grupo de português se afasta da amostra total, situando-se aci-
ma do parâmetro em sublimação e depressão e abaixo do parâmetro 
em negação e formação reativa, mecanismos que usa menos do que 
todos os grupos. Além disso, é o grupo que mais aceita os aspectos 
depressivos do morrer; .quando da ordenação dos itens. É possível que 
estes dados apontem para uma menor repressão da morte neste grupo; 
- o grupo de educação física se afasta da amostra total situando-se 
acima do parâmetro em sublimação, negação e formação reativa e 
abaixo do parâmetro em depressão e racionalização. Além disso está 
entre os grupos que não assumem os aspectos depressivos do morrer, 
persistindo na ordenação de respostas de sublimação, o que parece 
ser indicativo de maior resistência para lidar com a ansiedade da 
morte; 
- o grupo masculino se afasta da amostra total situando-se acima 
do parâmetro em racionalização e formação reativa e abaixo do parâ-
metro em sublimação e depressão. Quando da ordenação dos itens, 
resiste em aceitar os aspectos depressivos, perseverando na ordena-
ção dos itens de sublimação. Estes dados parecem apontar para uma 
maior repressão da morte também neste grupo; 
"'\" quanto ao grupo de crença na não sobrevivência que em prin-
cíp~o se configuraria como o último anteriormente analisado, não 
obstante, quando forçado a uma atitude de maior introspecção, acaba 
por assumir os aspectos depressivos da morte; 
- os grupos que mais tendem a se aproximar dos parâmetros da 
amostra total são os de música/desenho/artes plásticas, ffsica/quf-
mica/biologia/enfermagem, matemática/filosofia, sexo feminino, cren-
ça na sobrevivência ~ agnóstico; 
- entretanto, o grupo de música/desenho/artes plásticas afasta-se da 
amostra total nos mecanismos de formação reativa e racionalização, 
nos quais se situa acima do parâmetro, e no de negação, no qual se 
situa abaixo do parâmetro. Além disto está entre aqueles grupos que 
perseveram na. ordenação de respostas de sublimação, resistindo em 
38 A.B.P.4/83 
aceitar os aspectos depressivos da morte. Estes dados parecem, por-
tanto, apontar para uma maior repressão em relaçãp à morte·; 
- o grupo de física/quimica/biologia/enfermagem afasta-se da amos-
tra total apenas nos mecanismos de formação reativa, no qual se 
situa acima do parâmetro e de sublimação, no qual se situa abaixo 
do parâmetro. Entretanto, está entre aqueles grupos que perseveram 
na ordenação das respostas de sublimação, não assumindo os aspec-
tos depressivos, o que leva a supor a existência de maior repressão' 
da morte também neste grupo; 
- o grupo de matemática/filosofia só se afasta da amostra total 
nos mecanismos de racionalização, no qual se situa acima do parâ-
metro, e de sublimação, no qual se situa abaixo do parâmetro. Por 
outro lado assume os aspectos depressivos com certa relutância. i 
possível que estes dados estejam apontando para uma tendência, neste 
grupo, a lidar com a morte de forma intelectualizada, inclusive, como 
recursos para se defender da depressão; 
- já· os grupos de crença na sobrevivência e sexo feminino afastam-se 
ambos Qa amostra total no mecanismo de sublimação, no qual se 
situam acima do parâmetro, e o grupo feminino ainda no de racio-
nalização, no qual se situa abaixo do parâmetro. Além disso, nenhum 
dos dois grupos persevera na ordenação exclusiva de itens de subli-
mação. Estes dados parecem indicar menor repressão frente à morte; 
- finalmente, o grupo agnóstico só se afasta dos parâmetros em 
formação reativa e racionalização, mecanismos que utiliza menos que 
a amostra total. Surpreendentemente, entretanto, a repressão surge 
na medida em que, quando forçado a uma atitude de maior intros-
pecção, persiste exclusivamente na ordenação de itens de sublima-
ção, nãoass~do os aspectos depressivos da morte. 
Com relação à atitude frente aos aspectos inquietadores da morte 
e do morrer quando os sujeitos foram solicitados a assinalar todos 
os itens com sim ou não, os resultados em termos percentuais para 
a amostra total foram: SPA (80,09%)'; DPM (75,67%), SPPM (72,35%), 
IPM (65,27%), IM (63,72%), DPI (56,20%), RCM(54,87%), DAM 
(44,47%), PIM (20,36%),DFM (17,70%). 
Uma análise inicial destes dados chama atenção para o alto 
índice percentual em SPA. Este resultado aponta para a direção 
esperada na medida em que refietea negação da morte pessoal que 
é projetada para um futuro distante, atitude característic~ da faixa 
etária em que se' encontram os sujeitos da amostra, pois. o desmas-
caramento em relação à morte pessoal começa a se dar na meia-idade. 
Como chama atenção Elliot Jacques (1965) "é a entrada na cena 
psicológica da realidade e inevitabilidade da eventualidade da própria 
morte pessoal a característica central e crucial do meio da vida -
fato que precipita a natureza crítica do período". Desta forma, na 
etapa de vida em que se encontram os· sujeitos da amostra, cuja 
idade média é de 25 anos, o desejo e a ilusão da lmortalidade são 
mantidos pelo mecanismo de projeção. A dor é projetada no outro -
os parentes - e conseqüentemente é deslocada também para eles a 
problemática da morte. 
SOndagem ele atitudes 39 
Aliás, este mito da imortalidade - típica da fase inicial adulta 
- reflete-se ainda no baixo índice percentual das respostas relativas 
a deixar projetos inacabados, que se transforma em. um dos aspec-
tos mais inquietadores da morte e do morrer somente a partir do 
momento em que se assume a- possibilidade da morte pessoal. 
Com relação aos diferentes grupos estudados, cabe dizer que os 
que mais tendem a se aproximar dos parâmetros da amostra total 
são os de música/desenho/artes plásticas, educação física, sexo femi-
nino, crença na sobrevivência e crença na não sobrevivência; os que 
mais tendem a se. afastar destes parâmetros são Os de português lite-
ratura/português inglês, física/quimica/biologia/enfermagem, mate-
mática/filosofia, sexo masculino e agnóstico. 
O sofrimento ~as pessoas amadas permanece, em todos os gru-
pos, como a área de maior índice percentual, à exceção do grupo 
agnóstico, o que aparentemente parece apontar para uma menor 
repressão em relação à própria morte pessoal. 1: possível que isto 
també~ favoreça maior expressão de sua ansiedade frente aos aspec-
tos inquietadores da morte e do morrer, o que por sua vez parece 
demonstrado Pelo fato de se situar acima do limite .superiordos parâ-
metros estimados em sete dos 10 aspectos sondados. 
Ainda em relação aosdiferentes grupos estudados, aqueles que 
men~s expressam ansiedade frente aos aspectos inquietadores da morte 
e do morrer são o grupo masculino e o de física/qufmica/biologia/en-
fermagem, os quais se situam abaixo do limite inferior dos parâme-
tros da amostrá total respectivamente em nove e sete dos 10 aspec-
tos pesquisados. Estes dados reforçam análises anteriores, apontando 
para maior repressão frente à morte, nestes grupos. Também o grupo 
de matemática/filosofia está entre os que expressam menor ansie-
dade frente aos aspectos inquietadores da morte e do morrer, situan-
do-se abaixo do limite inferior dos parâmetros em seis dos 10 aspec-
tos pesquisados.1: possível que, também neste caso, este dado esteja 
reforçando a dificuldade deste grupo, já analisado; para assumir os 
aspectos depressivos. Finalmente, observa-se também no grupo de 
crença na não sobrevivência uma certa tendência a reprimir a ansie-
dade frente aos aspectos inquietadores da morte e do morrer, na . 
medida em que, embora só se afastando dos parâmetros da amos-
tra total em cinco dos aspectos, o faz situando-se abaixo do limite 
inferior dos mesmos. Os grupos de crença na sobrevivência e sexo 
feminino são aqueles que· mais se aproximam dos p8.râmetros da 
amostra total, revelando, portanto, menor ansiedade frente aos aspec-
tos inquietadores da morte e do morrer. . 
A análise dos gados não mais em função das respostas dadas 
a todos os itens mas em função da ordenação dos três itens mais 
importantes entre os assinalados com sim demonstra que o sofri-
mento das pessoas amadas permanece como o aspecto mais inquie-
tador da morte e do morrer para a amostra total e para todos os 
grupos, surgindo como item de maior freqüência, em primeiro lugar, 
aquele relativo a causar dor e solidão às pessoas amadas, refletindo, 
conseqüentemente, mais uma vez, a resistência, nesta faixa etária, 
para o confronto com a própria morte pessoal. Entretanto, surge com 
40 A.B.P.4/83 
• 
maior freqüência em .segundo lugar, para oito dos 11 grupos estu-
dados; o item relativo à ruptura de comunicação pela morte - "não 
mais poder me comunicar com as pessoas amadas" - que, na etapa 
anterior, obteve um baixo índice percentual. Este dado parece demons-
trar mais uma vez - tal como ocorreu em relação à sondagem. dos 
mecanismos de defesa e à àtitude de aceitação frente à morte -
que uma. atitude de maior introspecção tende a quebrar a resistência 
ao confronto pessoal com a morte, na medida em que a ruptura de 
comunicação é talvez o aspecto que fenomenologicamen,te mais reflete 
a inquietacão metafísica do homem quanto ao seu destino ontológico 
e à possibilidade de·continuidade de seu existir. ' 
Os três únicos grupos nos quais a ruptura de comunicação não, 
surge, persistindo a tendência para ordenar com maior freqüência 
em s~gundo ou terceiro lugar itens relativ<»; ao sofrimento das pes-
soas amadas, são os de físicajquímicajbiologia/enfermagem, mate-
mática/filosofia, sexo masculjno, o que reforça dados anteriores rela-
tivos a maior dificuldade destes grupos para vencer a resistência ao 
confronto da morte pessoal. ' 
. ' Quando a análise das respostas é feita em termos de ordena,-
ção, chama atenção, ainda, a dispersão de itens ordenados em ter-
ceiro lugar nos grupos agnóstico e de crença na não sobrevivência, 
o que parece refletir a ansiedade, frente aos aspectos inquietadores 
da morte e do morrer, já evidente no grupo agnóstico, quando da 
análise em termos percentuais. 
No que se refere ao desejo de ser ou não informado do diagnós-
tico de uma doença terminal, os resultados demonstram que em ter-
mos de 'atitudes expressas a maioria dos sujeitos de todos os grupos 
deseja a informação. Estes dados, por um lado, confirmam achados 
da literatura (Kübler-Ross, 1975, 1977, 1980; Blumenfield, 1978/79) que 
menciQnam, inclusive, a necessidade que têm os doentes terminais 
de falar de seu estado e o alivio que sentem quando isto lhes é per-
mitido, e refutam a prática corrente na instituição hospitalar, a qual 
em função de suas próprias dificuldades e do tabu frente à morte, 
de modo geral, recusa qualquer informação ao paciente; por outrq 
lado, apontam para a discrepância nos sujeitos da amostra, entre 
a atitude afetiva e o posicionamento intelectual, uma vez que as 
análises anteriores demonstram, para a maioria dos grupos, as difi-
culdades e a repressão frente à morte. 
Quanto à qualidade do informante, o desejo de ser informado pelo 
médico é uma constante em todos os grupos estudados assim como 
o desejo de que a informação não seja dada pelo ~ sacer~ote. :fl pos-
sível que esta desvalorização do sacerdote reflita, pelo menos em 
algum grau, a própria negação da morte, uma vez que o sacerdote 
é provav~lmente aquela figura diante da qual esta negação é menos 
viável. . 
Chama ainda atenção uma certa ambivalência observada nos 
grupos de música/desenho/artes plásticas e agnóstico, os quais, em-
bora expressando o desejo de que o diagnóstico lhes seja informado 
pelo médico, revelam paralelamente uma tendência para desejar que 
Sondagem de atitudes 41 
o diagnóstico lhes seja ocultado, o que reforça dados anteriores que 
apontam para repressão e/ou ambivalência nestes grupos. 
Cabe, portanto, ressaltar que, apesar de as atitudes expressas 
apontarem nitidamente para o desejo de ser informado no caso de 
uma doença terminal, este dado deve ser visto com cautela, sobre-
tudo em termos da prática médica, pois o que parece ocorrer, pelo 
menos nos sujeitos da amostra, é um mascaramento da r.epressão e 
uma desarticulação entre o racional e o afetivo, entre a atitude inte-
lectualmente expressa e a atitude afetiva, íntima; desarticulação 
típica de uma reação contrafóbica. Tanto é assim que o grupo de 
física/química/biologia/enfermagem, apesar de se encontrar entre os 
mais repressivos, é o que mais deseja ser i~formado e o que menos 
deseja que o diagnóstico lhe seja ocultado. 
Com relação à prática da eutanásia, apesar da ambivalência e 
indecisão de alguns grupos, os resultados apontam para a aceitacão 
da eutanásia passiva e rejeição da eutanásia ativa. Estes resultados 
a favor da eutanásia passiva parecem mais uma vez contrariar a 
prática corrente da instituição hospitalar, na qual o poder médico 
decide sobre o momento da morte, recusando aos indivíduos qual-
quer possibilidade de opinar em relação ao prolongamento artificial 
de suas próprias vidas. Tal prática, como demonstra Ziegler (1977), 
é um reflexo da negação da morte, típica desta: sociedade da qual 
os próprios médicos são vítimas. É possível, portanto, que o fato de 
os sujeitos da amostra se inclinarem para a -aceitação da eutanásia 
passiva signifique sobretudo uma reação contra a tirania tecno-
lógica e, ainda, uma primeira tentativa de reação contra a própria 
negação da morte, se bem que possa ainda expressar apenas a desar-
ticulação entre o intelectual e o emocional. Esta hipótese parece refor-
çada pelo fato de que, quando solicitados a ordenarem os três itens 
mais importantes entre os assinalados com sim, somente o grupo de 
matemática/filosofia ordenou com maior freqüência em segundo lugar 
o item "assumiria a responsabilidade quanto à suspensão de trata-
mentos destinados ao prolongamento de minha vida", que implica a 
aceitação da eutanásia passiva. 
O grupo de física/química/biologia/enfermagem é aquele que 
revela maior ambivalência em relação à prática da eutanásia, osci-
lando entre uma atitude de recusa e de aceitação. Os grupos que se 
caracterizam por uma certa tendência para a aceitação da eutanásia 
ativa. são os de crença na não sobrevivência e agnóstico. 
Com relação ao culto dos mortos, prevalece, para a amostra total 
e para a maioria dos grupos estudados, a rejeição do culto, o que 
reflete, mais uma vez, a atitude negadora da amostra em relação 
à morte. Esta negação, aliás, é

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