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Abordagem Aprendizagem Social 2012 1

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BANDURA, Albert. Aprendizagem social cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Com adaptações) 
 
 
 
TEORIA DA APRENDIZAGEM SOCIAL 
Albert Bandura (1925-) é doutor em psicologia social. Nasceu no Canadá. Licenciou-se em Psicologia na 
Universidade de British Columbia, em 1949. Em 1952 doutorou-se na Universidade de Iowa, onde entrou em 
contato com a tradição condutista e a teoria da aprendizagem. Em 1953 começou seu trabalho como 
professor na Universidade de Stanford. 
A teoria social cognitiva de Bandura é uma forma de behaviorismo menos radical que a de Skinner e reflete o 
espírito dos tempos, o impacto do renovado interesse da psicologia nos fatores cognitivos. Mesmo assim, a 
visão de Bandura ainda era behaviorista. 
Sua pesquisa tinha como meta observar o comportamento dos indivíduos durante a interação. Não usava a 
introspecção nem enfatizava a importância da recompensa ou do reforço na aquisição ou modificação do 
comportamento. 
Além de ser uma teoria behaviorista, o sistema de Bandura era cognitivo. Ele enfatizava a influência dos 
esquemas de reforço externo dos processos de pensamento, tais como crenças, expectativas e instrução. 
Para Bandura, respostas comportamentais não são disparadas automaticamente por um estímulo externo, 
como em uma máquina ou em um robô. Ao contrário, as reações aos estímulos são auto-ativadas, iniciadas 
pela própria pessoa. 
Quando um reforço externo altera o comportamento, é porque a pessoa tem consciência da resposta da 
resposta que está sendo reforçada e antecipa a recepção do mesmo reforço ao repetir o comportamento da 
próxima vez em que a situação ocorrer. 
Em resumo: 
• A aquisição de conhecimento (aprendizagem) e desempenho observável é baseada naquele 
conhecimento (comportamento), enfatizando a importância da observação e da modelagem dos 
comportamentos, atitudes e respostas emocionais dos outros. 
• Eventos ambientais (recursos, consequências de ações e ambiente físico), pessoais (crenças, 
expectativas, atitudes e conhecimento) e comportamentos (atos individuais, escolhas e declarações 
verbais) interagem no processo de aprendizagem (DETERMINISMO RECÍPROCO). 
 
Embora Bandura concordasse com Skinner a respeito da possibilidade de mudar o comportamento humano 
por meio do reforço, também sugeriu e demostrou, na prática, a capacidade de as pessoas aprenderem quase 
todos os tipos de comportamento sem receberem diretamente qualquer reforço. 
Para ele, não é necessário receber sempre um reforço para se aprender algo, pois a aprendizagem também 
ocorre por meio de reforço vicário, ou seja, mediante a observação tanto do comportamento das outras 
pessoas como das suas consequências, substituímos nossas condutas. 
A capacidade de aprender por meio de exemplos e por meio de reforço vicário parte do princípio de que 
somos capazes de antecipar e avaliar as consequências que observamos nas outras pessoas, mesmo não 
passando pela mesma experiência. É possível controlar o próprio comportamento, observando as 
consequências, ainda que não experimentadas, de determinado comportamento e fazendo uma opção 
consciente de agir ou não da mesma forma. 
O autor acredita não existir uma ligação direta entre estímulo e resposta, ou entre comportamento e reforço, 
como afirmava Skinner. Para ele, há um mecanismo interposto entre o estímulo e a resposta, que nada mais é 
do que o processo cognitivo do indivíduo. 
ABORDAGENS SOBRE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO 
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BANDURA, Albert. Aprendizagem social cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Com adaptações) 
Desse modo, o processo cognitivo exerceu um papel importante na teoria social cognitiva de Bandura, 
diferenciando a sua visão da de Skinner. Na opinião de Bandura, não é o esquema de reforço em si que 
produz efeito na mudança do comportamento de uma pessoa, mas o que ela pensa desse esquema. 
A aprendizagem ocorre não pelo reforço direto, mas por meio de "modelos", observando o comportamento 
de outras pessoas e nele fundamentando os próprios padrões. Para Skinner, o controlador do reforço regula o 
comportamento. Para Bandura, o controlador do modelo social regula o comportamento. 
Bandura conduziu pesquisas completas sobre as características dos modelos que influenciam o 
comportamento humano. A tendência do indivíduo é modelar o próprio comportamento com base nas 
pessoas do mesmo sexo e idade, ou seja, nos nossos semelhantes que conseguiram resolver os problemas 
similares aos nossos. 
Há uma propensão também de se deixar impressionar por modelos de prestígio e status superiores ao nosso. 
O tipo de comportamento envolvido afeta a amplitude da imitação. A tendência é de imitar mais os 
comportamentos simples do que os extremamente complexos. A hostilidade e a agressividade tendem a ser 
muito imitadas, principalmente pelas crianças (Bandura, 1986). Assim, o que se vê na vida real ou na mídia, 
muitas vezes, determina o nosso comportamento. 
A abordagem de Bandura consiste em uma teoria de aprendizagem "social", porque estuda a formação e a 
modificação do comportamento nas situações sociais. Bandura criticou Skinner por usar apenas um único 
sujeito na observação (na maioria das vezes, ratos e pombos) em vez de pessoas interagindo umas com as 
outras. Poucas pessoas vivem isoladas socialmente. Bandura afirmava que os psicólogos não devem 
considerar relevantes para o mundo moderno as descobertas de pesquisas que ignorem as interações sociais. 
"O aprendizado seria excessivamente trabalhoso, para não mencionar perigosos, se as pessoas dependessem 
somente dos efeitos de suas próprias ações para informá-las sobre o que fazer. Por sorte, a maior parte do 
comportamento humano é aprendida pela observação através da modelagem. Pela observação dos outros, 
uma pessoa forma uma ideia de como novos comportamentos são executados e, em ocasiões posteriores, esta 
informação codificada serve como um guia para a ação." (Bandura, 1977, p22). 
 
DETALHANDO A TEORIA: 
• Aprendizagem ativa é aprender, fazendo (e experimentando as consequências da ação). 
• Aprendizagem indireta é aprender, observando os outros. 
 
Aprendizagem por OBSERVAÇÃO 
a) Por intermédio de reforço indireto: recompensa ou punição de outrem; 
b) Pela expectativa de ser reforçado pelo domínio; 
c) Pela identificação com o modelo admirado ou de status elevado. 
Os processos componentes que estão por trás do aprendizado pela observação são: 
1) Atenção, incluindo os eventos apresentados (clareza, valência afetiva, complexidade, frequência, 
valor funcional) e as características do observador (capacidades sensoriais, nível de atenção 
despertada, conjunto de percepção, reforço anterior); 
2) Retenção, incluindo codificação simbólica, organização cognitiva, ensaio simbólico, ensaio motor; 
3) Reprodução motora, incluindo capacidades físicas, auto-observação da reprodução, exatidão do 
retorno; 
4) Motivação, incluindo reforço externo, indireto e próprio controle dos próprios reforçadores. 
 
 
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BANDURA, Albert. Aprendizagem social cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Com adaptações) 
AUTO-REGULAÇÃO e modificação cognitiva do comportamento 
Automanejo: programa de mudança de comportamento básico (estabelecimento de objetivos, observação de 
seu próprio trabalho, manutenção de registros e avaliação do próprio desempenho, seleção e liberação de 
reforço). 
a) Estabelecimento de objetivos específicos, tornando-os públicos; 
b) Registro e avaliação de progresso através de mapa, diário, listagem com a frequência ou duração dos 
comportamentos em questão; 
c) Auto-reforço. 
 
AUTO-INSTRUÇÃO e modificação cognitiva do comportamento 
a) Um modelo adulto realiza uma tarefa enquanto fala consigo mesmo em voz alta(modelagem 
cognitiva); 
b) A criança realiza a mesma tarefa sob direção das instruções do modelo (orientação aberta, externa); 
c) A criança realiza a tarefa enquanto instrui a si mesma em voz alta (alto-orientação, aberta); 
d) A criança murmura as instruções para si mesma enquanto realiza a tarefa (auto-orientação, aberta, 
enfraquecida); 
e) A criança realiza a tarefa enquanto orienta seu desempenho por meio de fala privada (auto-instrução 
velada). 
 
Âmbito/Aplicação: 
• Compreensão das desordens agressivas (Bandura, 1973) e psicológicas, em especial no contexto da 
modificação do comportamento (Bandura, 1969); 
• Técnica de modelagem de comportamento que é muito usada em programas de treinamento. 
Exemplo: os comerciais sugerem que, ao consumir certa bebida, ou usar um determinado xampu, vamos nos 
tornar populares e ganhar a admiração de pessoas atraentes. Dependendo dos processos dos componentes 
envolvidos (como atenção ou motivação), podemos fazer um modelo do comportamento mostrado no 
comercial e comprar o produto que está sendo anunciado. 
Princípios: 
1. O nível mais alto de aprendizado de observação é alcançado, primeiro, organizando e ensaiando o 
comportamento-modelo de modo simbólico e, depois, representando-o publicamente. A codificação de 
um comportamento modelado em palavras, rótulos ou imagens, resulta em retenção mais eficiente do 
que aquela proporcionada pela observação. 
2. É mais provável que os indivíduos adotem um comportamento como modelo se ele produzir resultados 
que eles valorizam. 
3. É mais provável que os indivíduos adotem um comportamento como modelo, se o modelo for parecido 
com o observador. 
CONCEITOS 
• Auto-eficácia: senso de uma pessoa de ser capaz de lidar efetivamente com uma tarefa particular; 
• Modelagem: mudança no comportamento, pensamento, ou emoções que ocorrem por meio da 
observação de outra pessoa - um modelo; 
• Modificação cognitiva do comportamento: procedimentos baseados nos princípios comportamentais 
e cognitivos de aprendizagem para mudar seu próprio comportamento, usando fala privada e auto-
instrução; 
• Auto-instrução: falar consigo mesmo, executando os passos de uma tarefa.

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