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TCC (Monografia)

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Prévia do material em texto

CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
Carlos Eduardo Roehrs 
 
 
 
 
 
A FIGURA DO AMICUS CURIAE NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sobradinho 
2013 
 
 
 
 
 
Carlos Eduardo Roehrs 
 
 
 
 
 
 
A FIGURA DO AMICUS CURIAE NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, 
modalidade monografia, apresentado ao 
Curso de Direito da Universidade de Santa 
Cruz do Sul, UNISC, como requisito parcial 
para a obtenção do título de Bacharel em 
Direito. 
 
Prof. Ms. Rosana Helena Maas Orientadora 
 
 
 
 
 
 
 
Sobradinho 
2013 
TERMO DE ENCAMINHAMENTO DO TRABALHO DE CURSO PARA A BANCA 
 
Com o objetivo de atender o disposto nos Artigos 20, 21, 22 e 23 e seus 
incisos, do Regulamento do Trabalho de Curso do Curso de Direito da Universidade 
de Santa Cruz do Sul – UNISC – considero o Trabalho de Curso, modalidade 
monografia, do acadêmico Carlos Eduardo Roehrs adequado para ser inserido na 
pauta semestral de apresentações de TCs do Curso de Direito. 
 
 
Sobradinho, novembro de 2013. 
 
 
 
 
Prof. Ms. Rosana Helena Maas 
Orientadora 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço aos meus familiares e próximos pelo incentivo, assim como aos 
professores e colegas do Curso de Direito pelos ensinamentos e amizade. 
E, em especial, à professora orientadora, Rosana Helena Maas, pelo 
encorajamento e sabedoria transmitida na realização deste Trabalho de Conclusão 
de Curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A figura do amicus curiae com sua atuação e grande importância no controle 
concentrado de constitucionalidade, apresentando-se como potencial instrumento de 
abertura da jurisdição constitucional, veio, como novidade, ser implementada pelo 
Projeto do Novo Código de Processo Civil, nas demandas subjetivas. Dessa forma, 
analisa-se a figura do amicus curiae no âmbito do processo constitucional, 
notadamente a importância de sua atuação, seus objetivos, sua função processual e 
sua natureza jurídica, para, então, estabelecer distinções e semelhanças com a 
figura que foi inserida no diploma civilista. A problemática consiste em verificar se a 
função terá resguardada sua importância e funções quando de sua atuação no 
Projeto do Novo Código de Processo Civil. A fim de dirimir tal questionamento e 
viabilizar uma melhor explicação acerca do tema, o presente trabalho possui como 
método de abordagem o dedutivo e quanto à técnica de pesquisa, emprega-se a 
bibliográfica, com a consulta em livros, periódicos e acervos jurisprudenciais. O 
amicus curiae é uma figura importantíssima ao processo, seja ele constitucional ou 
civil, visto que reza pela democratização, pelo aperfeiçoamento das decisões 
tomadas pelos juristas, ao trazer informações e explicações, porquanto de suma 
importância a todo ordenamento jurídico brasileiro. 
 
Palavras-chave: Amicus curiae; atuação; Novo Código de Processo Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The figure of the amicus curiae with his proceeding and great importance in the 
concentrated control of constitutionality, presenting itself as a potential tool for 
opening the constitutional court, came as a novelty, to be implemented by the Project 
of the New Code of Civil Procedure, the subjective demands. Thus, analyzes the 
figure of the amicus curiae in the constitutional process, notably the importance of 
their work, their goals, their function procedural and legal nature, to then establish 
distinctions and similarities with the figure that was inserted in diploma civilest. The 
issue is whether the function has guarded its importance and functions when their 
action in the Project of the New Code of Civil Procedure. In order to settle this 
question and enable a better explanation of the topic, this work has the method and 
deductive approach as the research technique employed to literature, with the 
consultation of books, periodicals and collections jurisprudence. The amicus curiae is 
an important figure in the process, be it constitutional or civil seen praying for 
democratization, the improvement of the decisions taken by lawyers, to provide 
information and explanations, because of paramount importance to all Brazilian legal 
system. 
 
Keywords: Amicus curiae; proceeding; New Code of Civil Procedure. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 
2 AMICUS CURIAE: UM DELINEAMENTO NECESSÁRIO ...................................... 3 
2.1 Premissas introdutórias ao instituto do amicus curiae: conceituação e 
importância ............................................................................................................... 3 
2.2 Objetivos e função processual.......................................................................... 7 
2.3 Natureza jurídica............................................................................................... 13 
3 AMICUS CURIAE SUA PREVISÃO NO CONTROLE CONCENTRADO DE 
CONSTITUCIONALIDADE ...................................................................................... 18 
3.1 A finalidade da intervenção do instituto ......................................................... 18 
3.2 Amicus curiae e controle concentrado de constitucionalidade: formas e 
finalidades da intervenção ..................................................................................... 20 
3.3 Requisitos e prazos viabilizadores da intervenção da figura ........................ 26 
3.4 Poderes e prerrogativas do instituto ............................................................... 28 
4 O AMICUS CURIAE NO PROJETO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: 
CONTROVÉRSIAS E CONSENSOS ........................................................................ 33 
4.1 Breves apontamentos da previsão do instituto no Projeto do Novo Código 
de Processo Civil .................................................................................................... 33 
4.2 Natureza jurídica, objetivos e funções do instituto no novel diploma ......... 39 
4.3 Requisitos, poderes e particularidades da figura no Projeto do Novo Código 
de Processo Civil .................................................................................................... 43 
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 50 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho investigará a previsão da figura do amicus curiae no 
processo constitucional como no processo civil, notadamente a importância de sua 
atuação, sua natureza jurídica, suas funções processuais, seus requisitos e outras 
particularidades. 
A figura do amicus curiae, hodiernamente, possui grande atuação e 
importância no processo de controle concentrado de constitucionalidade brasileiro, 
tem-se o mesmo como um potencial instrumento de abertura da jurisdição 
constitucional e, verifica-se, justamente, se essa função será resguardada quando 
de sua atuação no Projeto do Novo Código de Processo Civil. 
 Assim, em primeiro plano, analisar-se-á a figura do amicus curiae, seu 
conceito, importância, objetivose natureza jurídica. 
 No segundo capítulo, a sua previsão no controle concentrado de 
constitucionalidade será abordada, notadamente na Ação Direta de 
Inconstitucionalidade, como os seus requisitos, suas prerrogativas e demais 
particularidades. 
 Realizar-se-á, outrossim, ao longo do terceiro capítulo, um estudo 
comparativo entre a intervenção do instituto no controle concentrado de 
constitucionalidade, especificamente tendo-se em conta a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade, e a sua previsão no Projeto do Novo Código de Processo Civil, 
a fim de traçar as formas de intervenção e sua atuação no diploma civilista. 
Ademais, possui-se para esse trabalho o método de abordagem o dedutivo, 
partindo do estudo das premissas conceituais e históricas do instituto do amicus 
curiae, para chegar ao estudo de como se dará a intervenção do mesmo no âmbito 
do Projeto do Novo Código de Processo Civil. E, quanto à técnica de pesquisa, 
emprega-se a bibliográfica, com a consulta em livros, periódicos e acervos 
jurisprudenciais. 
 Justifica-se o estudo em tela, pois, o instituto do amicus curiae vela pela 
busca de decisões judiciais que correspondam aos anseios sociais, faz com que os 
diversos setores participem em processos que antes eram limitados às partes. É 
uma figura amplamente utilizada no processo constitucional brasileiro, 
principalmente nas ações de controle concentrado de constitucionalidade, onde se 
configura como potencial instrumento de abertura e democratização da jurisdição 
constitucional. E, assim sendo, entende-se que este trabalho possui grande 
relevância social e jurídica, visto que abordará o instituto que permitirá à sociedade 
vir a participar nas diversas ações que antes não possuía abertura, assim como 
analisará a forma que deverá realizar essa atuação. Nas demandas individuais, 
subjetivas, que tiverem relevância à sociedade e consequências aos grupos e 
entidades, poderá essa figura vir a intervir. 
Finalizando, a importância do presente estudo, ganha guarida no fato de 
que, hodiernamente, as questões que aportam ao Judiciário são, por vezes, caóticas 
e mais complexas, questão aliada ao fato de que o magistrado não conhece de 
todas as áreas e questões que lhe são levadas para decidir acerca, razão pela qual 
inevitável e imprescindível a atuação da figura para trazer ao magistrado eventuais 
informações e/ou explicações. 
Vale ressaltar que a atuação do amicus curiae no processo civil também 
poderá deter prerrogativa de instrumento de democratização, visto que certamente 
concederá abertura à jurisdição processual civil, com o ingresso de representante da 
sociedade no âmbito processual civilista. 
Em síntese, o amicus curiae é uma figura importantíssima ao processo, seja 
ele constitucional ou civil, visto que reza pela democratização e aperfeiçoamento das 
decisões tomadas pelos juristas, porquanto de suma importância a todo 
ordenamento jurídico brasileiro. 
Dito isso, sem mais questões a serem levantadas, passa-se à conclusão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 AMICUS CURIAE: UM DELINEAMENTO NECESSÁRIO 
 
2.1 Premissas introdutórias ao instituto do amicus curiae: conceituação e 
importância 
 
 Não é tarefa fácil conceituar o instituto do amicus curiae, haja vista a parca 
existência, ou mesmo inexistência, de normas sistemáticas sobre o assunto, cujos 
atributos e características ainda não estão determinados, mas sim em constante 
construção, conforme ensinamentos de Aguiar (2005, p. 03). 
 Nesse sentido, salientou Pereira (2003, p. 44, grifado no original) que “o 
conceito do amicus curiae entre nós ainda está inseguro, o seu desenvolvimento 
dependerá de evolutiva construção pretoriana”. 
 Na mesma trilha, conforme Bisch (2010, p. 155, grifado no original), “existe 
inegável imprecisão nas definições conceituais do amicus curiae, uma vez que o 
instituto, além de ter sofrido modificações desde seu surgimento, recebeu disciplina 
legal diversa nos países em que foi adotado”. 
 Entretanto, há quem arrisque asseverar uma concepção sobre a figura do 
amicus curiae, e, dentre esses poucos, Medina (2010, p. 17), num viés 
constitucional, conceitua-o como: 
 
um terceiro que intervém em um processo, do qual ele não é parte, para 
oferecer à corte sua perspectiva acerca da questão constitucional 
controvertida, informações técnicas acerca de questões complexas cujo 
domínio ultrapasse o campo legal ou, ainda, defender os interesses dos 
grupos por ele representados, no caso de serem, direta ou indiretamente, 
afetados pela decisão a ser tomada. 
 
 De maneira um pouco distinta, Aguiar (2005, p. 05) conceitua a figura em 
comento como uma: 
pessoa física ou jurídica, estranha à lide e alheia ao processo e que nele 
ingressa, legitimada pela função de prestar auxílio ao órgão julgador através 
de apresentação de informações sobre questões jurídicas, esclarecimentos 
fáticos ou mesmo interpretações normativas. 
 
 Quanto à importância do instituto, traz-se Santos (2007?),o qual afirma que 
neste mundo moderno, por vezes caótico, e, certamente, mais complexo, as 
questões legais tornam-se incessantemente mais intrincadas, a contrario sensu da 
realidade das antigas, onde um estudioso conhecia desde matemática, astronomia 
até de política e poesia. 
 Hodiernamente, a figura do amicus curiae revela sua maior importância no 
processo constitucional brasileiro, notadamente, no controle concentrado de 
constitucionalidade, pois, apresenta-se como potencial e notável instrumento de 
democratização da jurisdição constitucional, concedendo abertura à jurisdição 
constitucional, visto que possibilita a sociedade intervir no processo constitucional, 
retirando a exclusividade da interpretação da Constituição aos órgãos oficiais; mas, 
assevera-se que, a figura não tende a excluir esses órgãos de sua tarefa de 
interpretar a Constituição, vem atuar justamente como um auxílio aos mesmos 
(LEAL e MAAS, 2010, p. 12). 
 Todavia, apesar de haver maior notoriedade e importância no processo 
constitucional, a figura do amicus curiae está ganhando, cada vez mais, espaço em 
outros âmbitos do ordenamento jurídico e, um exemplo disso, é a previsão explícita 
da figura no Projeto do Novo Código de Processo Civil, cuja matéria, mais adiante, 
ganhará capítulo específico no presente trabalho. 
 Com efeito, Aguiar (2005, p. 05, grifado no original) abarca a função do 
amicus curiae, tratando-a como “figura ímpar no campo processual, haja vista 
caracterizar-se como especial elemento de colaboração ao exercício da jurisdição, 
através de uma singular ampliação da discussão em pauta, que resulta em 
verdadeiro ‘fator de aprimoramento da tutela jurisdicional’”. 
 Continua a autora dizendo, que sua importância não se resume, tampouco 
se limita, ao referido alhures, veja-se: 
 
através da ampliação do debate do objeto da causa, proporciona-se ao 
órgão julgador uma visão mais completa da questão a ser decidida, que 
compreende, além de aspectos fáticos e jurídicos, a dimensão das 
consequências (inclusive sociais) do julgamento, enfim, o “pleno 
conhecimento de todas as suas implicações ou repercussões”, elementos 
informativos estes que poderiam passar desapercebidos à análise da Corte 
(AGUIAR, p. 05, grifado no original). 
 
 Destarte, em que pese a figura em comento estar em destaque ultimamente 
no processo de controle abstrato de constitucionalidade, não o teve durante suas 
mais de três décadas de existência, ou seja, durante sua previsão na Lei n°6.616, de 
1978. 
 Acredita-se que houve demora em vir à tona a importância de tal instituto 
devido à ideia fechada e estrita dos legisladores e julgadores do século passado,que pensavam de forma privada, limitando-se ao egocentrismo, a contrario sensu do 
que ocorre hoje [em parte], que todo ordenamento jurídico vem criando e mantendo 
entendimento a favor da intervenção da sociedade; ela vem sendo convidada a 
participar e, frente aos últimos acontecimentos, anseia por participação. 
 Nas palavras de Medina (2010, p. 17, grifado no original): 
 
no paradigma do Estado Democrático de Direito e na perspectiva da 
jurisdição constitucional, a intervenção do amicus curiae afigura-se como 
um tema de indiscutível relevância, especialmente em razão do seu 
potencial pluralizador do debate constitucional, em uma dimensão inclusivo-
participativa. 
 
 Outro grande fator de importância de que se reveste a figura do amicus 
curiae é sua originária imparcialidade ao atuar no processo, uma vez que busca 
sempre pela melhor opção voltada à coletividade. Diga-se, originária, pois, 
hodiernamente, verifica-se cada vez mais um terceiro que intervém com um fim 
específico, ou seja, na procedência ou não da demanda. Assim, não se pode dizer 
que o amicus curiae é exclusivamente e totalmente imparcial nas lides em que atua, 
pois, ao contrário, atua de forma parcial frente aos interesses da coletividade. 
Nesses rumos, abarca-se manifestação de Aguiar (2005, p. 3-4): 
 
já que foram, os Estados Unidos da América, responsáveis por seu 
desenvolvimento. Eis, destarte, o que se depreende do significado oferecido 
à expressão pelo The Lectric Law Library’sLexiconOn: termo latino que se 
refere à pessoa que, ainda que não seja diretamente envolvida na lide em 
questão, tem interesse no resultado da causa e é admitida a trazer 
informação (geralmente na forma de memoriais) para a Corte, que pode 
conferir-lhe o valor que deseje. Busca defini-la, outrossim, o Tech Law 
Journal, aduzindo que a manifestação do friendoftheCourt, que não é parte 
do litígio, mas acredita que a decisão da Corte poderá afetar seus 
interesses, pode trazer informações valiosas sobre os argumentos legais ou 
como o caso será capaz de afetar outras pessoas estranhas aos feito. 
 
 Nesse mesmo sentido, é a lição de Medina (2010, p. 169), onde leciona que 
o caráter parcial do amicus curiae não obsta sua atuação sempre que ele possa 
contribuir para o aperfeiçoamento da jurisdição, sendo que a função informacional 
por ele exercida só contribui para o aperfeiçoamento e pluralização do processo de 
tomada de decisão. 
 Ainda, quanto ao assunto, Maas expõe, em muitas páginas, vários excertos 
sobre o tema, esse, no que segue: 
 
pode-se conceituar o instituto como um terceiro que intervém na lide de 
forma interessada, com um perfil de um terceiro que, apesar não estar 
litigando, possui interesse na matéria sub judice e que pretende, com a sua 
intervenção, beneficiar os interesses de uma das partes na causa, ou uma 
determinada posição – visto o caráter objetivo das ações do controle 
concentrado de constitucionalidade –, abandonando, dessa forma, a sua 
pretensa neutralidade original ou conceitual (MAAS, 2011, p. 64, grifado no 
original). 
 
 Acrescenta a mesma (2011, p. 67, grifado no original) que, dessa forma, 
pode-se concluir que “materialmente, o amicus curiae abandona a sua neutralidade 
original e toma feições de um amigo da causa, um amigo da parte, o que, apesar de 
‘desvirtuar’ o instituto em face de seu nome, não diminui a sua importância”. O que 
não ocorre formalmente, como aduz a autora, visto que a figura é terceiro e não 
parte do processo. 
 Prosseguindo, não poder-se-ia, a fim de dar continuidade ao tema, deixar de 
trazer em jurisprudências o que o Supremo Tribunal Federal leciona sobre o 
assunto. E, nesse sentido, a Ministra Relatora Rosa Weber, em despacho datado de 
07/05/2013, no Recurso Especial n° 630852/RS, aduz: 
 
por amicus curiae entende-se, em geral, o sujeito que, por determinação da 
Corte ou por sua própria iniciativa, acolhida pela Corte, colabora com esta, 
aportando informações e auxiliando o Tribunal na apreciação de qualquer 
assunto relevante para a solução da lide (WEBER, 2013, < 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28%
28630852%2ENUME%2E+OU+630852%2EDMS%2E%29%28%28ROSA+
WEBER%29%2ENORL%2E+OU+%28ROSA+WEBER%29%2ENPRO%2E
+OU+%28ROSA+WEBER%29%2EDMS%2E%29%29+NAO+S%2EPRES%
2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/lb9qxfe>). 
 
 Em síntese, o amicus curiae é uma figura importantíssima ao processo, seja 
ele constitucional ou não, visto que reza pela democratização e aperfeiçoamento das 
decisões tomadas pelos juristas, porquanto de suma relevância a todo ordenamento 
jurídico brasileiro. 
 Feitas essas considerações, passa-se a análise dos objetivos e da função 
processual do instituto do amicus curiae. 
 
 
2.2 Objetivos e função processual 
 
 Assevera-se que quanto aos objetivos da figura do amicus curiae, já diziam 
Leal e Maas (2010, p. 12), que os mesmos ultrapassam os das partes que litigam no 
processo, atingindo, consequentemente, toda a sociedade, sendo um “instrumento 
de abertura e consequente democratização da jurisdição constitucional, sendo esse 
o seu princípio maior, ou seja, propiciar a abertura da jurisdição constitucional”. 
 Del Prá (2007, p. 29) ensina que um dos objetivos do amicus curiae é 
“alimentar a Corte com informações relevantes para a causa, possibilitando que o 
julgamento, cuja solução terá influência na sociedade, seja o mais próximo possível 
de um ideal de verdade e justiça”. 
 Com efeito, o interesse da figura do amicus curiae é trazer a realidade da 
sociedade mais próxima possível dos olhos do julgador, fazendo-se com que a 
decisão seja mais justa e consciente, atendendo aos anseios da sociedade. 
Em outras palavras, tal intervenção objetiva-se a facilitar as comunicações 
da sociedade, de maneira individual ou coletiva, com o Poder Judiciário, a fim de 
que sejam ouvidas e analisadas da melhor forma possível as pretensões desta 
sociedade. 
Assim, independentemente do seu notório caráter parcial, como mencionado 
alhures, o instituto do amicus curiae é formalmente imparcial, e, assim, o seu maior 
objetivo é trazer informações ao juízo. 
No mesmo sentido, todavia, falando-se do instituto do amicus curiae no 
âmbito constitucional, Souza (2007, p. 236) traz o ensinamento de que a figura 
possui por objetivo um 
 
profundo interesse em uma questão jurídica levada à discussão junto ao 
Poder Judiciário, sendo que, originariamente, é considerado amigo da Corte 
e não amigo das partes, pois se insere no processo como terceiro, que não 
os litigantes iniciais da causa, movido por um interesse maior que o 
daqueles, representando a própria sociedade no debate constitucional. 
 
Binenbojm (2005, <http:www.direitodoestado.com.br/artigo/gustavo-binen-
bojm/a-dimensao-do-amicus-curiae-no-processo-constitucional-brasileiro-requisitos-
poderes-processuais-e-aplicabilidade-no-ambito-estadual>, grifado no original) cita a 
figura em tela como “partícipe ativo da sociedade aberta dos intérpretes da 
Constituição”, utilizando-se da teoria da sociedade aberta dos intérpretes da 
Constituição, de Peter Häberle, concluindo que o amicus curiae objetiva uma ação 
participativa junto aos estudiosos e aplicadores da norma constitucional. 
Por sua vez, Maas (2011, p. 52), leciona, que: 
 
o legislador de 1999 promoveu uma abertura no procedimento da jurisdição 
constitucional, possibilitando a participação de outras vozes, normalmente 
alijadas do debate, por meio da manifestação do instituto do amicus curiae. 
Proporcionou, nesse sentido, um debate público em um mundo fechado e, 
muitas vezes, tecnicista, estreito e objetivo do processo de controle 
concentrado de constitucionalidade. 
 
E, continua,acentuando a sua preocupação em atribuir ao instituto à função 
de legitimação do ato judicial. Nesse diapasão, verifica-se o que doutrina a autora 
(2011, p. 53-54, grifado no original): 
 
cumpre fazer referência que o amicus curiae pode ser sim um instrumento 
que concede a legitimação ao ato judicial, todavia, sua função não pode se 
resumir a isso, ou seja, ele não pode converter-se em mero mecanismo de 
legitimação formal das decisões, tendo em vista que o instituto veio a ser 
formulado, construído, para permitir a participação social no debate 
constitucional e, desse modo, a sua voz tem de ser ouvida e tomada em 
conta na decisão. O Tribunal Constitucional não pode apenas fazer uso da 
figura para legitimar as suas formas de decidir, devido ao fato de que, sendo 
assim, a interpretação ainda será fruto exclusivo dos órgãos oficiais. 
Entretanto, não se quer afirmar, com isso, que os órgãos oficiais “perderam” 
a prerrogativa de decidir, mas que não se admite mais que eles decidam de 
forma “isolada”, desconectada da sociedade. 
 
Se a boa e correta aplicação da justiça no processo constitucional, e noutros 
processos, é o que se busca como resultado, a intervenção da figura do amicus 
curiae nesses procedimentos é meio pelo qual se irá objetivar tal resultado. 
Seguindo esses rumos, abarca-se Didier Jr. (2003, p. 33-34): 
 
é o amicus curiae verdadeiro auxiliar do juízo. Trata-se de uma intervenção 
provocada pelo magistrado ou requerida pelo próprio amicus curiae, cujo 
objetivo é o de aprimorar ainda mais as decisões proferidas pelo Poder 
Judiciário. A sua participação consubstancia-se em apoio técnico ao 
magistrado. 
 
Com outros olhos, o Ministro Relator Celso de Mello, no julgamento do AI n° 
560223, em 12.04.2011, cuja decisão faz parte do Informativo n° 623 do Supremo 
Tribunal Federal (2011, <http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/-
informativo623.htm>, grifado no original), lecionou que a base normativa 
legitimadora da intervenção processual do amicus curiae no processo constitucional, 
qual seja, o artigo 7º, §2º, da Lei nº 9.868, de 10 de novembro de 1999, tem por 
objetivo “pluralizar o debate constitucional, permitindo que o Supremo Tribunal 
Federal venha a dispor de todos os elementos informativos possíveis e necessários 
à resolução da controvérsia”. 
Continua o mesmo (2011, <http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo-
/documento/infor-mativo623.htm>) afirmando que tal abertura procedimental visa 
“superar a grave questão pertinente à legitimidade democrática das decisões 
emanadas desta Corte quando no desempenho de seu extraordinário poder de 
efetuar, em abstrato, o controle concentrado de constitucionalidade”. 
Nas palavras de Medina (2010, p. 75), enquanto doutrina sobre a 
representação da figura pelos entes públicos, os amici buscavam “influir nas 
disputas privadas que teriam repercussões na fixação dos contornos do sistema 
federalista”. 
Aqui, faz-se mister ressaltar, a título de explicação, que, segundo Maas 
(2011), o termo “amici curiae” revela ser a forma plural do termo “amicus curiae”, que 
por sua vez, e, como já sabido, se trata da forma singular de referência à figura 
objeto do presente trabalho. 
Prosseguindo, ainda, de forma clara a Ministra Relatora Rosa Weber, na 
Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 4304/PI, julgada em 06.05.2013, traz que: 
 
a intervenção dos amici curiae (sic) objetiva enriquecer o debate jurídico-
constitucional, mediante o aporte de novos argumentos, pontos de vista, 
possibilidades interpretativas e informações fáticas e técnicas, o que 
acentua o respaldo social e democrático da jurisdição constitucional 
exercida por esta Corte (WEBER, 2013, 
<HTTP://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2
8%284304%2ENUME%2E+OU+4304%2EDMS%2E%29%28%28ROSA+W
EBER%29%2ENORL%2E+OU+%28ROSA+WEBER%29%2ENPRO%2E+O
U+%28ROSA+WEBER%29%2EDMS%2E%29%29+NAO+S%2EPRES%2E
&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/knz85wm>). 
 
A Ministra continua dizendo que: 
 
a sua intervenção é admitida apenas para enriquecer o debate jurídico e 
contribuir para a Suprema Corte chegar à decisão mais justa, em 
consonância com as peculiaridades das múltiplas relações interpessoais 
que diariamente são submetidas à sua apreciação (WEBER, 2013, 
<HTTP://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2
8%284304%2ENUME%2E+OU+4304%2EDMS%2E%29%28%28ROSA+W
EBER%29%2ENORL%2E+OU+%28ROSA+WEBER%29%2ENPRO%2E+O
U+%28ROSA+WEBER%29%2EDMS%2E%29%29+NAO+S%2EPRES%2E
&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/knz85wm>). 
 
Acerca da função processual do instituto em comento, uma conceituação 
francesa pode ser analisada na seguinte passagem do Dictionnaire de Droit Privé 
(2000?, <http://sbraudo.club.fr/dictionnaire/A.html>), veja-se: 
 
terminologia latina para designar a pessoa que a jurisdição civil pode ouvir 
sem formalidades com o objetivo de buscar elementos próprios para facilitar 
sua informação. Por exemplo, para conhecer termos de usos e costumes 
locais ou uma regra profissional não escrita. O amicus curiae não é uma 
testemunha, nem um perito, e nem se submete às regras de recusa de 
oitiva pelas partes. 
 
Com efeito, tem-se que a figura do amicus curiae legitima-se, conforme 
Aguiar (2005, p. 5), “pela função de prestar auxílio ao órgão julgador através da 
apresentação de informações sobre questões jurídicas, esclarecimentos fáticos ou 
mesmo interpretações normativas”. 
O Ministro Relator Celso de Mello, no julgamento do AI n° 560223, em 
12.04.2011, cuja decisão faz parte do Informativo n° 623 do Supremo Tribunal 
Federal (2011, <http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo623.-
htm>, grifado no original), trouxe que: 
 
sabemos, tal como assinalei em decisões anteriores (ADI 2.130-MC/SC, 
Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJU 02/02/2001), que a intervenção do 
“amicus curiae”, para legitimar-se, deve apoiar-se em razões que tornem 
desejável e útil a sua atuação processual na causa, em ordem a 
proporcionar meios que viabilizem uma adequada resolução do litígio 
constitucional 
 
Ou seja, para fazer valer sua função processual, necessita a figura, 
legitimar-se perante o litígio constitucional, e, para tanto, deve buscar amparo em 
motivações que o transformam em figura útil e desejável perante a demanda. 
Em síntese, a função processual da figura do amicus curiae é garantir maior 
efetividade e atribuir maior legitimidade às decisões do Supremo Tribunal Federal, 
concernentes às ações do controle concentrado de constitucionalidade, valorizando 
o sentido democrático dessa participação processual e enriquecendo as tomadas de 
decisões através das informações e dos acervos de experiências que o mesmo 
poderá transmitir à Corte Constitucional (MELLO, 2011, <http://www.stf.jus.br/arqui-
vo/informativo/documento/informativo623.htm>). Quanto à legitimação das decisões, 
pondera-se que deve se ter em mente as críticas de Maas alhures referidas. 
Ainda mais, no processo de controle concentrado de constitucionalidade, 
“cujas implicações políticas, sociais, econômicas, jurídicas e culturais são de 
irrecusável importância, de indiscutível magnitude e de inquestionável significação 
para a vida do País e a de seus cidadãos”, conforme ensinamento do eminente 
Ministro Relator Celso de Mello, quando da relatoria do Recurso Extraordinário n° 
597165/DF, julgado em 04 de abril de 2011, cuja decisão foi objeto de matéria 
exposta no Informativo n° 623 do Supremo Tribunal Federal (2011, www.stf.jus.br). 
Interessante trazer à baila, nesse momento, breves diferenciações 
existentes entre a intervenção de terceiros, prevista no Código de Processo Civil em 
vigor, assim como em leis extravagantes, e as existentesnas Ações do Controle 
Concentrado de Constitucionalidade. 
 Pois bem, quanto aos institutos de intervenção de terceiros previstos no 
atual diploma processualista civil temos as figuras do opoente/oposto na oposição 
[artigos 56 e seguintes do Código de Processo Civil], as figuras do 
nomeante/nomeado na nomeação à autoria [artigos 62 e seguintes do Código de 
Processo Civil], as figuras do denunciante/denunciado na denunciação da lide 
[artigos 70 e seguintes do Código de Processo Civil] e as figuras do 
chamante/chamado no chamamento ao processo [artigos 77 e seguintes do Código 
de Processo Civil]. A fim de evitar desnecessário alongamento, deixa-se de explanar 
acerca destes institutos, pois fogem do objeto de análise do presente trabalho. 
 Pelo que se percebe, e como já referido, o vigente Código de Processo Civil 
não previa a figura do amicus curiae como terceiro interveniente, e mais, sequer lhe 
permitia previsão no diploma. Pelo qual se refere que o Novo diploma processual 
civilista inovou nesse aspecto. 
 Por outro lado, tem-se a intervenção de terceiros em leis extravagantes do 
ordenamento jurídico brasileiro, quais cita-se como exemplo: Lei n° 6.385/76, que 
disciplina o Mercado de Valores Imobiliários; Lei n° 8.884/94, que dispõe sobre o 
Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE; assim como a Lei n° 
9.279/96, a qual dispõe sobre o Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI. 
 A importância do estudo sobre as leis acima referidas encontra guarida no 
fato de que a Comissão de Valores Mobiliários – CVM [Lei n° 6.385/76, artigo 31], o 
Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE [Lei n° 8.884/94, artigo 89] e 
o Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI [Lei n° 9.279/96], na grande 
maioria das vezes, atuaram, no âmbito de suas competências, como terceiro 
interveniente especial, como amicus curiae. 
 No mesmo sentido, Del Prá (2007, p. 70, grifado no original) conclui seu 
pensamento dizendo que: 
 
a atuação desses terceiros, nessas hipóteses, dá-se de forma 
descomprometida em relação às partes, mas comprometida com sua função 
institucional de polícia (no mercado de capitais, da defesa da concorrência 
ou na execução das normas atinentes à propriedade industrial). Assim, seu 
interesse em participar naquelas demandas, na verdade, é o interesse que 
a própria lei cometeu à instituição. Não agem a CVM, o CADE e o INPI em 
defesa de interesses somente a eles referidos, mas de determinados 
interesses, cuja defesa lhes foi outorgada pela lei. 
 
 Continua o mesmo (2007, p. 71, grifado no original) lecionando que: 
 
a figura do amicus curiae no direito positivo brasileiro, até esse momento 
histórico, representava vantagem para a atividade jurisdicional apenas no 
sentido técnico-processual. Ou seja, o auxilio das informações trazidas pela 
CVM, pelo CADE e pelo INPI possibilita ao juiz obter melhor desempenho 
na construção da decisão, e a essa função restringia-se a atividade do 
amicus curiae até então. 
 
 Por sua vez, afirma-se que, por sua informalidade e peculiaridade, o amicus 
curiae não guarda nenhuma verossimilhança com a intervenção de terceiros, 
formada por diversos institutos processuais previstos pelos artigos 56 a 80 do 
Código de Processo Civil, como já mencionado acima. Isso ocorre, visto que na 
intervenção de terceiros, tem-se como alterada subjetivamente a relação processual 
que existe originariamente entre juiz, autor e réu, ora para substituí-los, ora para 
acrescentar-lhes outros sujeitos que passarão a integrar a relação já existente ou 
formarão, in simultaneus processus, uma nova relação jurídica processual com uma 
das partes, sendo que, desse modo, a intervenção transforma o terceiro em parte do 
processo, o que, de fato, não ocorre quando há a intervenção do amicus curiae, pois 
uma vez admitido que esta figura se manifeste, ela não se agrega à relação 
processual, porque seu interesse, no litígio, é decorrente do direito à participação no 
processo. O que reforça o fato de que processualmente o amicus curiae é neutro, 
em virtude de que, não adere à relação processual. 
 Outra diferença que se pode apontar, diz respeito ao interesse com o qual os 
institutos intervêm no processo, o interveniente típico deve demonstrar interesse 
jurídico na demanda, sendo que esta, dependendo do deslinde da questão, poderá 
influenciar em uma relação jurídica deste interveniente, interesse jurídico que não é 
preciso o amicus curiae provar, devido à sua atuação decorrer da compreensão do 
relevante interesse público na jurisdição e da busca de se permitir a participação 
política por meio do processo, uma vez que a importância de sua intervenção seria 
política e seu interesse ideológico, de exercer parcela de participação manifestando-
se nos autos. Feitas essas considerações, passar-se-à análise da natureza jurídica 
do instituto do amicus curiae. 
 
2.3 Natureza jurídica 
 
A natureza jurídica do instituto do amicus curiae traz uma eminente 
discussão, haja vista a inexistência de consenso entre os doutrinadores da área, 
apesar de se já visualizar uma doutrina majoritária (MAAS, 2011, p. 70-71). 
Nesse rumo, há quem assevere que a natureza jurídica do amicus curiae 
seja uma modalidade de intervenção de terceiros, qual seja, a assistência 
qualificada; por outro lado, há quem afirme que seria uma intervenção “atípica” de 
terceiros, sendo esta corrente a majoritária; e, ainda, quem considera o amicus 
curiae como mero auxiliar do juízo (MAAS, 2011, p. 70-71). 
Nesse sentido, traz-se-á alguns comentários sobre o tema. Assim, conforme 
ensinamento de Bueno (2010, grifado no original), o instituto do amicus curiae: 
 
é um terceiro interveniente. Assim, para esta figura também se aplica a 
clássica distinção entre “partes” e “terceiros” de inspiração Chiovendiana: 
parte é quem pede e em face de quem se pede; terceiros, por exclusão, 
todos os outros, variando sua qualidade de atuação no plano do processo 
consoante seja mais ou menos intenso o seu interesse jurídico na 
intervenção. 
 
Continua o mesmo autor (2010, grifado no original): 
 
o que enseja a intervenção deste “terceiro” no processo é a circunstância de 
ser ele, desde o plano material, legítimo portador de um “interesse 
institucional”, assim entendido aquele interesse que ultrapassa a esfera 
jurídica de um individuo e que, por isso mesmo, é um interesse meta-
individual (sic), típico de uma sociedade pluralista e democrática, que é 
titularizado por grupos ou por segmentos sociais mais ou menos bem 
definidos. O amicus curiae (sic) não atua, assim, em prol de um indivíduo ou 
uma pessoa, como faz o assistente, em prol de um direito de alguém. Ele 
atua em prol de um interesse, que pode, até mesmo, não ser titularizado por 
ninguém, embora seja compartilhado difusa ou coletivamente por um grupo 
de pessoas e que tende a ser afetado pelo que vier a ser decidido no 
processo. 
 
Ou seja, a figura do amicus curiae não pode ser confundida como parte no 
processo em que atua, uma vez que, como já referido anteriormente, não possui 
interesse direto e imediato na causa, a contrario sensu do ocorre com a parte, seja 
ela demandante ou demandada. 
Há na figura um interesse institucional, conceituado sucintamente por Bueno 
(2010) como um “interesse que ultrapassa a esfera jurídica de um individuo”. 
E, mais, ainda segundo Bueno (2006, p. 204), o instituto do amicus curiae 
possui natureza jurídica de “terceiro interveniente em processo alheio”, como já 
referido, aliás, leciona que não só pode, como deve, ser entendido como tal. 
Todavia, o mesmo (2006, p. 204) aduz ainda que, sendo ele terceiro interveniente 
em processo alheio, não se quer dizer, tampouco,autoriza-se dizer, que ele atua 
como assistente na lide. 
Um relevante exemplo acerca do tema vem explicitado no julgamento da 
Arguição de Impedimento de n° 8/SP (2011, <www.stf.jus.br>), cuja relatoria ficou a 
cargo do Ministro Cezar Peluso, Presidente do Supremo Tribunal Federal à época 
do julgamento, que se deu em 10 de agosto de 2011. Na ocasião, discutia-se 
exceção de impedimento arguida pelo Sindicato dos Policiais Federais do Estado de 
Santa Catarina – SINPOFESC, em face da participação do Ministro Dias Toffoli, no 
julgamento do Recurso Especial n° 565.089. O excipiente alegava o impedimento do 
excepto, haja vista o Ministro Dias Toffoli ter atuado como advogado da União em 
centenas de processos de análoga natureza. Todavia, fora admitido como mero 
terceiro interveniente, sendo impossível alegar, “por meio de exceção, a 
incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135)” [CPC. 
Art. 303], uma vez que tais prerrogativas são apenas das partes, como se verá no 
próximo capítulo que abarcar-se-á os poderes e prerrogativas do instituto no 
processo constitucional. 
Em síntese, pelo que se percebe da análise do julgado retro é que o 
Sindicato, após requisição, foi admitido a ingressar no processo como terceiro 
interveniente, investido como amicus curiae. Cumpre ressaltar ainda, que o principal 
foco do julgado se deu acerca da possibilidade ou não de o terceiro interveniente 
apresentar exceção de incompetência, matéria esta já sepultada, pois, requer 
simplesmente leitura de dispositivo legal, artigo 303 do Código de Processo Civil. 
Todavia, o objetivo de trazer à baila este exemplo, diz respeito ao fato de 
que o Sindicato [amicus curiae] foi admitido como terceiro interveniente, sujeitando-
se às regras da intervenção de terceiros e, assim, fica impossibilitado de arguir 
exceções, conforme o já referido artigo 303 do Código de Processo Civil. 
Corrobora ao exposto, a ideia de que há quem pregue, ainda que de forma 
minoritária, que a natureza jurídica do amicus curiae seja a assistência qualificada, 
isto é, uma modalidade de intervenção de terceiros, como já referido. 
Data vênia ao entendimento de Bueno Filho, mas equivocado, pois, 
conforme Aguiar (2005, p. 44), a finalidade do assistente vai de encontro às 
finalidades da figura ora em comento, veja-se: 
 
a finalidade do assistente, portanto, é coadjuvar uma das partes a fim de 
que ela obtenha vitória no processo, possuindo, para tanto, poderes 
limitados que lhe permitem produzir provas e praticar atos processuais que 
sejam benéficos ao assistido, não formulando pedido algum em prol de 
direito seu nem podendo praticar atos contrários à vontade daquele. 
 
Prosseguindo, a figura, majoritariamente, é vista “como forma de intervenção 
‘atípica’ de terceiros”, conforme posicionamento de Cabral (2004, p. 17, grifado no 
original). 
O mesmo autor (2004, p. 17, grifado do original) leciona ainda, que “o amigo 
da Corte é um terceiro sui generis (ou terceiro especial, de natureza excepcional) e 
sua intervenção pode ser classificada como atípica”. 
Acrescenta ainda Cabral (2004, p. 17, grifado no orignal) que: 
 
intervir tem raiz latina (intervenire) e significa ‘entrar no meio’. Assim, toda 
vez que alguém ingressar em processo pendente, tal conduta reputar-se-á 
interventiva. Entendemos que, diante do conceito de terceiro e da etimologia 
da palavra intervenção, deve ser considerada a manifestação do amicus 
curiae como intervenção de terceiros. Mas as semelhanças terminam por aí. 
Esta modalidade de intervenção guarda características próprias que a 
diferencia das formas clássicas de ingresso de sujeitos estranhos ao 
processo previstas no Código de Processo Civil e que ganham similares em 
inúmeros ordenamentos estrangeiros. 
 
Nesse mesmo sentido, tem-se as palavras do Ministro Ricardo 
Lewandowski, quando da relatoria no julgamento, cujo se deu em 27 de junho de 
2008, da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental de n° 134/CE, 
onde citou Cléver Vasconcelos, dizendo: 
 
o amicus curiae (sic) (...), conquanto considerado fenômeno de uma 
intervenção atípica, porque o 'amigo da corte' não pretende que a ação seja 
julgada a favor de ou contra uma das partes, mas sim colabora para uma 
decisão justa do Poder Judiciário, por meio de uma participação meramente 
informativa (LEWANDOWSKI, 2008, <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub-
/paginador.jsp?docTP=AC&docID=599158>). 
 
Ademais, Cunha Junior (2007?, grifado no original) acrescenta quanto ao 
tema em tela que a figura do amicus curiae baseia-se em “um terceiro especial que 
pode intervir no feito para auxiliar a Corte, desde que demonstre um interesse 
objetivo relativamente à questão jurídico-constitucional em discussão”. 
Outrossim, Maas (2011, p. 72) cita Binenbojm (2007?) quando leciona que a 
mesma corrobora à ideia de que o amicus curiae é uma forma “atípica” de 
intervenção de terceiros, como vinha se explanando. A título de ilustração, e nesse 
sentido, Binenbojm (2007?) assevera que a figura em comento teve tratamento de 
terceiro especial pela redação do artigo 7°, §2°, da Lei n° 9.868/99, ao proporcionar-
lhe o direito de ingressar de forma intensa na relação processual, podendo praticar 
determinadas prerrogativas processuais inerentes à sua condição, matéria esta que 
será objeto de análise no presente trabalho mais adiante. 
Não bastasse, Pereira (2002, p. 10) também conclui ser o amicus curiae um 
terceiro especial “ou de natureza excepcional”, conforme Maas (2011, p. 72). 
Por fim, cumpre ressaltar, de forma breve e sucinta, que há quem entende 
que a figura do amicus curiae possui a natureza jurídica de um mero auxiliar do 
juízo, dentre esses estão Didier Jr. (2003) e Aguiar (2005, p. 58). 
Assim, Aguiar (2005, p. 58, grifado no original) preleciona que “afigura-se 
claramente absurda a atribuição de outra natureza jurídica ao instituto que não a de 
auxiliar do juízo”, acrescendo que: 
 
o principal fito da admissão de uma pessoa ou entidade, completamente 
estranha à causa, é justamente a contribuição que poderá prestar à Corte, 
das mais diversas formas, ampliando o contraditório e trazendo a lume 
questões que poderiam escapar ao órgão julgador, municiando-o com o 
máximo de informações possíveis acerca do themadecidendum, da 
hermenêutica normativa, de suas implicações e repercussões, de forma a 
brindar suas decisões com maior qualidade e legitimidade. 
 
No mesmo sentido, é o ensinamento de Didier Jr. (2003), o qual traz que a 
própria expressão: amigo da cúria, já indica sua natureza jurídica, como sendo 
verdadeiro auxiliar do juízo. 
Assim seja, ficou claro que majoritariamente a intervenção do instituto do 
amicus curiae possui natureza de uma intervenção “atípica” de terceiros, ou seja, 
que nada tem em comum com a intervenção típica prevista do Código de Processo 
Civil, como verificado alhures. 
Ainda, para a continuação da segunda parte do presente trabalho, a 
motivação e os fins da intervenção do instituto é matéria a ser perquerida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 AMICUS CURIAE SUA PREVISÃO NO CONTROLE CONCENTRADO DE 
CONSTITUCIONALIDADE 
 
3.1 A finalidade da intervenção do instituto 
 
Adentrando pouco a pouco no mérito da proposta, Bueno (2006, p. 204) 
leciona que esse terceiro pode “desempenhar todo e qualquer ato processual que 
seja correlato ao atingimento daquela finalidade”, ou seja, age de forma livre, dentro 
de suas particularidades, para atingir a finalidade que pleiteia. 
Por outro lado, conforme Leal e Maas (2009. p. 28), a figura do amicus 
curiae, no processoconstitucional, age como uma ponte, um verdadeiro instrumento 
democrático, entre a sociedade e o debate constitucional, objetivando e propiciando 
assim, a abertura e, consequente, democratização da jurisdição constitucional. 
De forma clara e objetiva, pode-se dizer que o objetivo principal da 
intervenção da figura em comento no processo é trazer informações à Corte, sejam 
elas técnicas ou jurídicas, auxiliando no esclarecimento e na interpretação da causa 
(MAAS, 2011, p. 63). 
Aguiar (2005), enquanto lecionava sobre a natureza jurídica do amicus 
curiae como auxiliar do juízo, teceu o seguinte comentário acerca da motivação da 
figura: 
podendo-se definir como seu principal - talvez não único - escopo a 
colaboração à administração da justiça, propiciando aperfeiçoamento da 
tutela jurisdicional. Sua atuação pode ser proveitosa a alguma das partes, 
como também, pode não sê-Ia, prestando-se apenas a veicular 
esclarecimentos de fato ou direito; visando à sua correta apreciação pelo 
juízo e melhor aplicação da lei ao caso concreto, o que, em tese, seria de 
interesse comum aos litigantes 
 
Com efeito, Maas (2011, p. 108, grifado no original) traz consideração 
acerca da distinção existente entre a intervenção voluntária e por requisição do 
relator e da audiência pública, dizendo que se tem um amicus curiae gênero, que 
por sua vez se subdivide em duas espécies: amicus curiae em sentido estrito e 
amicus curiae em sentido lato, todavia, haja vista que tal matéria será abordada 
mais adiante nesse trabalho, por ora se colaciona apenas os ensinamentos acerca 
dos objetivos de cada uma das “espécies” da figura tutelada, veja-se: 
 
amicus curiae gênero, que possibilita a abertura da jurisdição constitucional, 
[...] amicus curiae em sentido estrito, [...] tendo como objetivo pluralizar o 
debate constitucional; e amicus curiae em sentido lato, [...] que trazem 
elementos técnicos, informativos ao processo, como as informações 
adicionais apresentadas por requisição do relator e a [...] oitiva de pessoas 
com experiência e autoridade na matéria, isto é, são intercessões que 
permitem trazer informações de forma ampla ao juízo. 
 
Sobre a finalidade da intervenção da figura em comento tem-se uma 
informação com viés mais histórico, que revela, segundo Del Prá (2007, p. 25, 
grifado no original), que a figura do amicus curiae “já se encontrava nos chamados 
Year Books, nos séculos XIV a XVI”, o que significa que o instituto em comento 
ascendeu nos Estados Unidos, sendo que, naquele período, o instituto do amicus 
curiae “cumpria um papel meramente informativo e supletivo, mas de clara 
importância para a corte”, enquanto 
 
participava do processo apontando precedentes jurisprudenciais não 
mencionados pelas partes ou ignorados pelo julgador, atuando em benefício 
de menores, chamando a atenção do juízo para certos fatos, como o erro 
manifesto, a morte de uma das partes, o descumprimento do procedimento 
correto ou a existência de norma específica regulando a matéria. 
 
Ainda, conforme Medina (2010, p. 17), este terceiro intervém, em processo 
alheio, do qual não é parte, primeiro a fim de oferecer ao juízo sua perspectiva sobre 
o objeto sub judice, segundo para levar informações a este sobre questões que 
fogem da alçada jurídica. 
Com as palavras de Del Prá (2007, p. 35-36, grifado no original), faz-se uma 
cessão de direito comparado, apenas a título de ilustração, acerca do tema em 
comento, veja-se: 
na Itália, como também na França, a figura desse terceiro, que cumpriria a 
função de amicus curiae, representa instrumento à disposição do julgador, 
para aperfeiçoamento da decisão, colocando-a dentro de seus poderes 
outorgados pela lei para o descobrimento da verdade. A princípio, poderia 
ou não assumir ele (amicus curiae) uma função ativa, mas agindo sempre 
em benefício da própria corte. Assim, sua pretensão de participar do 
processo somente se justifica em benefício da Justiça, e não em benefício 
próprio ou de outras pessoas por ele representadas. 
 
Assim seja, as doutrinas Italiana e Francesa têm a figura do amicus curiae 
como um verdadeiro terceiro interveniente que não possui nenhum interesse em 
portar-se parcialmente a favor de uma ou outra parte daquele processo em que 
intervém, assim, sua finalidade única e exclusiva é trazer a juízo informações em 
benefício da verdadeira justiça. 
Trazidas tais premissas sobre a finalidade da intervenção do instituto do 
amicus curiae, abarca-se a sua previsão no controle concentrado de 
constitucionalidade brasileiro, assim como as formas de sua intervenção. 
 
3.2 Amicus curiae e controle concentrado de constitucionalidade: formas e 
finalidades da intervenção 
 
 Tem-se a previsão da intervenção do instituto do amicus curiae em todas as 
ações do controle concentrado de constitucionalidade, ou seja, na Ação Direta de 
Inconstitucionalidade, na Ação Declaratória de Constitucionalidade e na Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental (LEAL e MAAS, 2010, p. 15). 
 A título de ilustração, a Ação Direta de Inconstitucionalidade e a Ação 
Declaratória de Constitucionalidade estão previstas na Lei 9.868/99 e a Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental na Lei 9.882/99. 
 As Leis 9.868/99 e 9.882/99 introduziram uma figura institucional que prima 
pelo auxílio aos julgadores na busca de soluções a problemas da forma mais rente à 
realidade da sociedade, cuja figura ganhou espaço e fora identificada como o 
amicus curiae. 
 Neste sentido, Leal e Maas (2010, p. 16, grifado no original) já afirmaram 
que: 
a Lei 9.868/99 atenta ou não à norma regimental, introduziu no processo do 
controle abstrato de constitucionalidade uma novidade de grande 
importância ao permitir, conforme o § 2° do artigo 7°, a manifestação de 
órgãos e de entidades na Ação Direta de Inconstitucionalidade, prevendo, 
assim, conforme Bueno, ‘expressamente, a admissão daquilo que, pouco a 
pouco, nossa doutrina e nossa jurisprudência, inclusive a do Supremo 
Tribunal Federal, têm identificado como a figura do amicus curiae, no 
procedimento da ação direta de inconstitucionalidade’. 
 
 Leal e Maas (2010, p. 12) lecionam que na Ação Direta de 
Inconstitucionalidade, na Ação Declaratória de Constitucionalidade e na Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental, ou seja, nas ações de controle 
concentrado de constitucionalidade, não existem partes nos polos das demandas, 
por tal razão é que tal processo se reveste de caráter objetivo. 
 Conforme Bueno (2006, p. 135-136), a expressão “processo objetivo”, 
utilizada para qualificar o processo de controle concentrado de constitucionalidade 
está relacionada à ideia de que o Supremo Tribunal Federal não conhece de 
nenhum interesse ou direito subjetivo, não há partes em lados opostos esperando a 
procedência da ação, há a defesa da Constituição - por isso a importância do estudo 
da intervenção do instituto prevista no Projeto do Novo Código de Processo Civil. 
 Assim, cumpre trazer à baila ensinamento sobre a importância da figura do 
amicus curiae perante o controle de constitucionalidade, e, na dicção de Maas 
(2011, p. 12) este instituto “potencializa-se como um instrumento de pluralização do 
debate constitucional e como uma forma de abertura e, consequente, de 
democratização da jurisdição constitucional”. 
 Explica-se, a figura do amicus curiae insere-se no interior do processo 
constitucional a fim de servir como ferramenta para alargar o debate acerca de 
questões de relevante valor social, político e institucional que lhes são confiadas, 
permitindo-se, assim, com que a população tenha oportunidade de colocar suas 
opiniões e anseios, contribuindo, consequentemente, para um entendimentodemocrático, que, por sua vez, formará a jurisdição constitucional aberta. 
 Por sinal, esta é a justificativa pela qual o artigo 7°, caput, da Lei n° 
9.868/99, que regula a Ação Direta de Inconstitucionalidade, veda a intervenção de 
terceiros prevista no Código de Processo Civil, uma vez que “torna-se impossível 
ampliar o debate instaurado no controle concentrado da constitucionalidade para 
abarcar interesses individuais e concretos dos eventuais interessados” (DEL PRÁ, 
2007, p. 79). 
 Como forma de reforçar a ideia da existência de diferenças entre as 
intervenções de terceiros, prevista tanto no novo ordenamento processual civilista, 
quanto nas ações do controle concentrado de constitucionalidade, tem-se que 
nestas é permitida apenas a intervenção da figura do amicus curiae, a fim de trazer 
aos olhos do julgador do processo constitucional os anseios e as mazelas da 
população, buscando-se um julgamento cada vez mais voltado à verdade real, isto 
é, numa visão flagrantemente coletiva e democrática. 
 Com efeito, como o próprio §2° do artigo 7° da Lei 9.868/99 admite a 
intervenção do amicus curiae no controle de constitucionalidade, levando-se em 
consideração, pelo relator, a relevância da matéria e representatividade dos 
postulantes, e, por outro lado, o caput do mesmo dispositivo veda expressamente a 
intervenção de terceiros, depreende-se claramente que a figura em comento “não se 
confunde com a intervenção de terceiros, propriamente dita”, ou seja, as trazidas 
pelo atual diploma civilista (LEAL e MAAS, 2010, p. 16). 
Bueno Filho (2002, http://www.direitopublico.com.br/pdf_14/DIALOGO-JURI-
DICO-14-JUNHO-AGOSTO-2002-EDGARD-SILVEIRA-BUENO-FILHO.pdf, grifado 
no original) leciona sobre o tema, todavia em outra perspectiva, pois, dita que: 
 
apesar de o caput não admitir a intervenção de terceiros, o referido 
parágrafo 2° criou uma exceção à regra, de modo a permitir a manifestação 
de órgãos ou entidades, desde que os postulantes demonstrem a sua 
representatividade e relevância da matéria. 
 
 No entanto, de acordo com o entendimento de Leal e Maas (2010, p. 17) não 
se criou exceção à regra, mas sim, se trouxe para o interior das questões de 
controle de constitucionalidade a figura do amicus curiae, que, aliás, como já dito, 
não se confunde com a intervenção de terceiros, prevista no atual Código de 
Processo Civil. 
 Continuando, a intervenção do amicus curiae pode se dar através de duas 
formas no controle concentrado de constitucionalidade: voluntariamente e por 
requisição do relator; sendo que na primeira forma o instituto requer a sua 
manifestação e, na segunda, ele é requerido pelo Ministro Relator (LEAL e MAAS, 
2010, p. 12). 
 Cumpre se ter em apreço o ensinamento da Ministra Relatora Rosa Weber, 
quando do julgamento do Recurso Extraordinário n° 590880/CE, em 12 de dezembro 
de 2012, veja-se: 
como filtro à proliferação indevida de requerimentos de ingresso como amici 
curiae, impõe-se o requisito da representatividade adequada, conjugado 
com os requisitos concernentes à utilidade e à conveniência da intervenção 
(WEBER, 2012, <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurispru-
denciaasp?s1=%28%28590880%2ENUME%2E+OU+590880%2EDMS%2E
%29%28%28ROSA+WEBER%29%2ENORL%2E+OU+%28ROSA+WEBER
%29%2ENPRO%2E+OU+%28ROSA+WEBER%29%2EDMS%2E%29%29+
NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/n7a
8qly>). 
 
 Ou seja, a regra prevista no §2° do artigo 7° da Lei 9.868/99, tem por 
objetivo servir-se de filtro aos vários requerimentos vazios de intervenção como 
amicus curiae no processo do controle concentrado de constitucionalidade. 
Antes de tudo, quanto à segunda matéria a ser analisada, cumpre trazer à 
baila a diferenciação e classificação acerca dos critérios de finalidade, trazida por 
Maas em uma tabela, verifica-se: 
 
 
 
Amicus curiae 
(gênero) 
Abertura processual 
Amicus curiae em sentido estrito 
Artigo 7°, §2°, da Lei 9.868/99 
Pluralização do debate 
Amicus curiae em sentido lato 
Artigos 9°, §1°, e 20, §1°, da Lei 9.868/99 e o artigo 6°, §§1° 
e 2°, da Lei 9.882/99 
Informação ampla ao juízo 
Fonte: tabela elaborada por Maas (2011, p. 136, grifado no original). 
 
Em palavras, Maas (2011) subdivide, a um, em sentido estrito, ou strito 
sensu, a qual é ditada pelo artigo 7°, §2°, da Lei n° 9.868/99, sendo objetivada pela 
pluralização do debate constitucional; e, a dois, em sentido lato, ou latu sensu, que 
vem expressa nos artigos 9°, §1° e 20, §1°, ambos da Lei n° 9.868/99, onde traz 
informações adicionais requisitadas pelo relator, assim como no âmbito da audiência 
pública, com a oitiva de indivíduos conhecidos da matéria, na forma de elementos 
técnicos e informativos. 
 Dito isso, cumpre analisar as formas com que a figura em comento irá 
intervir no processo alheio, ou seja, de forma voluntária e por requisição do relator. 
 Antes de trazer o estudo acerca das formas de intervenção do instituto na 
Ação Direta de Inconstitucionalidade e na Ação Declaratória de Constitucionalidade, 
traz-se o dispositivo autorizador daquela, iniciando-se pela forma voluntária na Ação 
Direta de Inconstitucionalidade, a qual está prevista no artigo 7°, §2°, da Lei n° 
9.868/99, que assim dispõe: 
 
Artigo 7°. Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação 
direta de inconstitucionalidade. [...] 
§2°. O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade 
dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o 
prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou 
entidades. 
 
 Dito isso, passa-se ao dispositivo que vedou expressamente a autorização 
da intervenção da figura em comento, pela forma voluntária, na Ação Declaratória de 
Constitucionalidade, qual seja, artigo 18 da Lei n° 9.868/99 (grifado no original), veja-
se: 
Artigo 18. Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação 
declaratória de constitucionalidade. [...] 
§2°. (Vetado.) 
 
 Por sua vez, passa-se a demonstração da forma espontânea, voluntária, na 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, que vem disposta no artigo 
6°, §2°, da Lei n° 9.882/99, observa-se: 
 
Artigo 6°. Apreciado o pedido de liminar, o relator solicitará as informações 
às autoridades responsáveis pela prática do ato questionado, no prazo de 
dez dias. [...] 
§2°. Poderão ser autorizadas, a critério do relator, sustentação oral e 
juntada de memoriais, por requerimento dos interessados no processo. 
 
 Outra forma de intervenção da figura em comento a por requisição do 
relator, que vem insculpida, com relação à Ação Direta de Inconstitucionalidade, no 
artigo 9°, §1°, e, quanto à Ação Declaratória de Constitucionalidade, no artigo 20, 
§1°, ambos dispositivos legais da Lei n° 9.868/99 e de mesmo teor, observa-se: 
 
Artigo 9°. Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lançará o relatório, 
com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento. 
§1°. Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou 
circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações existentes 
nos autos, poderá o relator requisitar informações adicionais, designar perito 
ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar 
data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com 
experiência e autoridade na matéria. [...] 
Artigo 20. Vencido o prazo do artigo anterior, o relator lançará o relatório, 
com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento. 
§1°. Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou 
circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações existentes 
nos autos, poderá o relator requisitar informações adicionais,designar perito 
ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão ou fixar 
data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com 
experiência e autoridade na matéria. 
 
 Nesse sentido, aborda-se, por fim, a intervenção por requisição do relator na 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental presente no artigo 6°, §1°, 
da Lei n° 9.882/99: 
Artigo 6°. Apreciado o pedido de liminar, o relator solicitará as informações 
às autoridades responsáveis pela prática do ato questionado, no prazo de 
dez dias. 
§1°. Se entender necessário, poderá o relator ouvir as partes nos processos 
que ensejaram a arguição (sic), requisitar informações adicionais, designar 
perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão, ou 
ainda, fixar data para declarações, em audiência pública, de pessoas com 
experiência e autoridade na matéria. 
 
 Conclui-se, portanto, que, num viés estritamente positivista, apenas na Ação 
Declaratória de Constitucionalidade não existe a forma voluntária de atuação 
interveniente da figura, por força da vedação trazida pelo artigo 18 da Lei n° 
9.868/99. Sendo que tanto na Ação Direta de Inconstitucionalidade quanto na 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é aceita tal forma de 
intervenção, com base no artigo 7°, §2°, da Lei n° 9.868/99 e no artigo 6°, §2°, da 
Lei n° 9.882/99, respectivamente. 
 Entretanto, há entendimentos jurisprudenciais que entendem que, apesar da 
existência de vedação de intervenção na forma voluntária na Ação Declaratória de 
Constitucionalidade, deve-se utilizar a previsão do instituto constante na Ação Direta 
de Inconstitucionalidade para permitir a intervenção. 
 Neste sentido, colaciona-se o seguinte julgado do Pretório Excelso 
(AURÉLIO, 2008, <http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.a-
sp?numero=19&classe=ADC&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgam
ento=M>), o qual deixa clara a utilização da norma prevista na legislação da Ação 
Direta de Inconstitucionalidade (Lei n° 9.868/99) pela Ação Declaratória de 
Constitucionalidade, a despeito da vedação prevista na Lei que regulamenta esta 
referida ação: 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE. PROCESSO 
OBJETIVO. ADMISSÃO DE TERCEIRO. [...] 2. A regra é não se admitir 
intervenção de terceiros no processo de ação direta de 
inconstitucionalidade, iniludivelmente objetivo. A exceção corre à conta de 
parâmetros reveladores da relevância da matéria e da representatividade do 
terceiro, quando, então, por decisão irrecorrível, é possível a manifestação 
de órgãos ou entidades ' artigo 7º da Lei nº 9.868, de 10 de novembro de 
1999. [...] 3. Admito-os como terceiros. [...] (Supremo Tribunal Federal, ADC 
19/DF, Petição n° 166.238/2008, Min. Rel. Marco Aurélio, Data de 
julgamento: 13.12.08). 
 
 No mesmo sentido, ainda tem-se o seguinte julgado do Supremo Tribunal 
Federal, cuja relatoria também é de responsabilidade de Marco Aurélio (2008, 
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=19&clas
se=ADC&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M>): 
 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE ' INTERVENÇÃO 
DE TERCEIRO ' CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS 
DO BRASIL ' ADMISSIBILIDADE. [...] 2. Embora o artigo 7º da Lei nº 
9.868/99 refira-se à ação direta de inconstitucionalidade, entendo-o 
aplicável à declaratória de constitucionalidade prevista na mesma lei. É que 
ambas são de mão dupla, podendo-se chegar quer à conclusão sobre a 
harmonia do ato normativo com a Carta Federal, quer a resultado diverso, 
assentando-se a pecha. No mais, reconheço ao Conselho Federal da 
Ordem dos Advogados do Brasil papel em defesa da própria sociedade. 
Então, em jogo a denominada Lei Maria da Penha' Lei nº 11.340/2006 ', 
tenho como acolhível o pleito formalizado. [...] (Supremo Tribunal Federal, 
ADC 19/DF, Petição n° 127.567/2008, Min. Rel. Marco Aurélio, Data de 
julgamento: 06.10.08). 
 
 Conclui-se, também que, em todas as ações do controle concentrado de 
constitucionalidade, é aceita a forma de requisição pelo relator, conforme artigo 9°, 
§1°, da Lei n° 9.868/99, quanto à Ação Direta de Inconstitucionalidade, no artigo 20, 
§1°, da Lei n° 9.868/99, em relação à Ação Direta de Constitucionalidade e no artigo 
6°, §1°, da Lei n° 9.882/99, quanto à Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental. 
 Trazidas essas premissas, analisam-se os requisitos e os prazos para a 
figura intervir na Ação Direta de Inconstitucionalidade, por se a ação que mais ocorre 
a sua intervenção. 
 
3.3 Requisitos e prazos viabilizadores da intervenção da figura 
 
 Quanto aos requisitos viabilizadores da intervenção da figura tem-se que, 
com muita propriedade, Medina (2010, p. 85, grifado no original) traz que “ao 
disciplinar o ingresso do amicus curiae na ADI, o legislador submeteu o 
requerimento à presença dos requisitos da relevância da matéria, bem como da 
representatividade do postulante”, que são os requisitos que constam na Lei 
9.868/99. Destaca-se que o primeiro deles gira em torno da vontade e da livre 
discricionariedade do julgador constitucional, ou seja, antes de tudo, cabe, mais 
precisamente, ao relator do processo, admitir ou não a intervenção da figura do 
amicus curiae no processo constitucional. 
 Neste sentido é o ensinamento de Medina (2010, p. 76): 
 
pode-se dizer, sim, pluralização do debate, na medida em que outras luzes 
poderão iluminar o processo de tomada de decisão judicial. Contudo, essas 
luzes apenas poderão ser lançadas a partir do crivo discricionário do relator 
do processo. 
 
 Indiretamente, outros requisitos viabilizadores da intervenção do amicus 
curiae podem ser percebidos, como: o necessário cumprimento da função 
informacional que lhe é intrínseca; além da indicação de complexidade técnica da 
matéria objeto de análise. Grande exemplo disso vê-se no ensinamento explicativo 
de Medina (2010, p. 79-80), observa-se: 
 
na ADI 3.510, a questão constitucional controvertida (pesquisas com 
células-tronco embrionárias) reunia vários aspectos que favoreciam a 
participação de terceiros interessados. O ingresso desses atores sociais, 
por sua vez, cumpriu a função de informar à corte acerca das escolhas em 
orientações políticas de vários setores da sociedade, além de indicar a 
grande complexidade técnica da matéria, uma vez que as pesquisas com as 
células-tronco estão na vanguarda do conhecimento técnico-científico. 
 
 Outro requisito é, num viés mais voltado ao controle concentrado de 
constitucionalidade, o especial interesse na validação ou invalidação da norma sub 
judice. Conforme ensinamento de Bisch (2010, p. 158, grifado no original) 
 
a jurisprudência brasileira tem manifestado diferentes posicionamentos [...], 
ora proibindo as intervenções nitidamente parciais, ora exigindo, como 
requisito para participação de interessados, especial interesse na validação 
ou na invalidação da norma sob julgamento. 
 
 Continuando, Medina (2010, p. 85) traz os principais motivos para o 
indeferimento do pedido de ingresso pela figura observada, o que revela, de certa 
forma, serem requisitos a ser respeitados quando do pleito de ingresso, veja-se: 
 
 ausência de informação relevante ou simples reiteração de razões da 
petição inicial; 
 ausência de representatividade; 
 superposição (no caso de mais de uma pessoa jurídica, de um ente 
público ou categoria requererem o ingresso no mesmo processo); 
 pedido após o término da fase de instrução da ação (fora do prazo 
das informações; às vésperas ou após iniciado o julgamento). 
 
 Ainda quanto aos requisitos, Medina (2010, p. 87) inova ao asseverar que: 
 
o oferecimento de informações relevantes [...]é, sem dúvida, um importante 
papel a ser desempenhado pelo amigo da corte. Esse requisito dialoga com 
duas das mais recorrentes causas de indeferimento do pedido de ingresso: 
a simples reiteração dos argumentos da parte e a ausência de 
representatividade (ou superposição). 
 
Prosseguindo, quanto ao prazo, cabe dizer que apesar de o §1º do artigo 7º 
da Lei 9.868/99 ter sido vetado, necessita-se realizar uma interpretação sistemática 
para suprir-se tal lacuna; fazendo-a através da combinação dos artigos 7º, §2º, e 6º, 
parágrafo único, assim, tem-se que o prazo para o amicus curiae manifestar-se é 30 
dias, no entanto, contados da data da publicação da decisão que admitiu a sua 
intervenção e não contados do recebimento do pedido, como assim o dispositivo 
reza. 
Observado o prazo para que o amicus curiae possa realizar a sua 
manifestação quando intervém na Ação Direta de Inconstitucionalidade, cumpre 
analisar, também, o instante procedimental da sua intervenção para os fins do artigo 
7º, §2º, da Lei 9.868/99. Havia o entendimento de que esse instante seria a qualquer 
tempo, desde que antes de iniciado o julgamento final da ação. Entretanto, em 2009, 
mais precisamente no julgamento do dia 22 de abril, no Agravo Regimental 
interposto contra decisão que negara seguimento à Ação Direta de 
Inconstitucionalidade n.º 4701/DF, o Tribunal decidiu que a possibilidade de 
intervenção do amicus curiae está limitada à data da remessa dos autos à mesa 
para julgamento, sendo que, ao intervir no feito, receberá o processo no estado em 
que se encontra. 
 Trazidas tais considerações, passa-se a análise dos poderes e prerrogativas 
do instituto do amicus curiae. 
 
3.4 Poderes e prerrogativas do instituto 
 
Os poderes e/ou prerrogativas do instituto em comento, são, hodiernamente: 
a apresentação de memoriais, a possibilidade de realizar sustentação oral e a 
prerrogativa recursal. 
Numa visão ainda geral acerca do tema em comento, o Ministro Relator 
Celso de Mello, quando da relatoria do Recurso Extraordinário n° 597165/DF, 
julgado em 04 de abril de 2011, cuja decisão foi objeto de matéria exposta no 
Informativo n° 623 do STF, prega pela: 
 
necessidade de assegurar, ao “amicus curiae”, mais do que o simples 
ingresso formal no processo de fiscalização abstrata de constitucionalidade, 
a possibilidade de exercer a prerrogativa da sustentação oral perante esta 
Suprema Corte (MELLO, 2011, <http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo-
/documento/informativo623.htm>, grifado no original). 
 
Continua ele (MELLO, 2011, <http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/do-
cumento/informativo623.htm>, grifado no original) lecionando que: 
 
a atuação processual do “amicus curiae” não deve limitar-se à mera 
apresentação de memoriais ou à prestação eventual de informações que lhe 
venham a ser solicitadas. Essa visão do problema [...] culminaria por fazer 
prevalecer, na matéria, uma incompreensível perspectiva reducionista, que 
não pode (nem deve) ser aceita por esta Corte, sob pena de total frustração 
dos altos objetivos políticos, sociais e jurídicos visados pelo legislador na 
positivação da cláusula que, agora, admite o formal ingresso do “amicus 
curiae” no processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade. 
Cumpre permitir, desse modo, ao “amicus curiae”, em extensão maior, o 
exercício de determinados poderes processuais, como aquele consistente 
no direito de proceder à sustentação oral das razões que justificaram a sua 
admissão formal na causa. 
 
Assim, tem-se que o amicus curiae possui o poder, uma vez inserido no 
processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade de apresentar não só 
memoriais, mas também sustentar suas teses oralmente, assim como trazer demais 
informações no interior do processo. 
Por sua vez, quanto ao poder e/ou prerrogativa do amicus curiae de utilizar-
se dos memoriais, a fim de apresentar suas razões finais, tem-se que, conforme 
Medina (2010, p. 83), tal situação revelava, no Pretório Excelso, anteriormente às 
Leis n° 9.868/99 e n° 9.882/99, uma participação informal, pois não existia, assim 
como nos dias de hoje, regramento para a entrega de tal manifestação. 
Quanto a importância da apresentação dos memoriais pela figura do amicus 
curiae, nas palavras de Medina (2010, p. 76), tem-se que “a permissão para entrega 
[...] sempre foi mais um ato de boa vontade da corte do que uma questão de direito”, 
acrescendo que a atuação do instituto em comento depende da livre 
discricionariedade do julgador constitucional, o que revela a subjetividade do direito 
ao acesso ao processo constitucional. Ainda leciona ele (2010, p. 76, grifado no 
original) que “se não há de se falar em direito subjetivo ao acesso do amigo da corte 
à jurisdição constitucional, não há como falar em papel democratizador do amicus”. 
Ou seja, a efetividade do papel democratizador cujo amicus curiae busca, 
depende do direito subjetivo ao seu acesso no processo constitucional, e este, por 
sua vez, depende da vontade e da livre percepção do julgador, que poderá se dar, 
através da apresentação de alegações finais escritas, na forma de memoriais, pela 
figura telada. 
Hodiernamente Medina (2010, p. 84) assevera que: 
 
o excesso na entrega de memoriais acaba comprometendo o 
aproveitamento das informações aduzidas ou exaustivamente reiteradas. 
Percebe-se que, em face da ausência de regramento, o memorial pode se 
distanciar da sua função informadora para transmutar-se em uma forma, 
encontrada pelas partes, de influenciar os julgadores. Nesses casos, os 
memoriais são meras reiterações dos argumentos exaustivamente 
desenvolvidos no processo. 
 
Porquanto, na visão de Medina (2010) a apresentação excessiva de 
alegações finais na forma de memoriais pela figura em comento perde o caráter 
informativo, acabando por se transformar em uma manifestação, única e 
exclusivamente, influenciadora na decisão. 
É claro que existem outros Ministros que entendem pela apresentação 
harmônica de memoriais pelo amicus curiae, dentre eles, pode-se citar o Ministro 
Celso de Mello (MELLO, 2011, <www.stf.jus.br>). 
Da mesma forma como anteriormente dito, a título de explicação, a 
apresentação de alegações finais em forma de memoriais pela figura do amicus 
curiae, não foge à regra do dia a dia forense. 
Por fim, quanto ao tema acerca da possibilidade, ou não, da apresentação 
de recursos pelo instituto do amicus curiae, encontram-se diversos ensinamento, ora 
pela admissibilidade, ora pela inadmissibilidade. Segundo Medina (2010, p. 77, 
grifado e abreviado no original) “a maioria dos ministros do STF não admite a 
legitimidade recursal do amicus curiae”. 
Nesse sentido é o Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n° 
632238/PA, de relatoria do Ministro Dias Toffoli, julgado em 23.05.2013; o Agravo de 
Instrumento n° 755754/SP, de relatoria da Ministra Rosa Weber, julgado em 
09.10.2012; e a Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 2996, de relatoria do 
Ministro Sepúlveda Pertence, julgado em 25.04.2007, dentre vários outros. 
De acordo com a ementa do primeiro julgado acima referido, resta límpida a 
razão pela inadmissibilidade recursal da figura do amicus curiae no referido 
expediente, trazida pelo Ministro Relator Dias Toffoli (2013, <http://-
www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28632238%2ENU
ME%2E+OU+632238%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.co
m/q6ddhwp>), veja-se: 
 
agravo regimental no recurso extraordinário. Insurgência oposta pelos 
amicicuriae (sic) admitidos nos autos. Inadmissibilidade. Posição processual 
que não lhes permite interpor recursos contra as decisões proferidas nos 
processos em que admitidos. 1.

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