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Empresarial IV

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Direito Econômico e Empresarial
CONTEÚDO: 6º Termo
3. Falência
3.1 Pedido e pressupostos
3.2 Declaração da falência
3.3 Denegação da falência
3.4 Efeitos da falência
3.5 Responsabilidade dos sócios na falência
3.6 Processo de falência
4. Recuperação de empresas
4.1 Recuperação judicial
4.2 Recuperação extrajudicial
4.3 Procedimento especial para micros e pequenas empresas
5. Comércio eletrônico
26/04/12
AULA 12
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL
	
Lei 11.101/2005 (Lei de falência ou de recuperação de empresa). É para falência de empresário (pessoa física ou jurídica).
Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária.
	
	A falência de pessoa física denomina-se insolvência civil é regulada pelo Código Civil.
	
	Só é possível a decretação de falência de empresário (pessoa física ou jurídica que desenvolve atividade empresarial de fato – ainda que não esteja devidamente registrado), registrado ou não. A pessoa tem, portanto, que desenvolver atividade empresária. Mesmo sendo empresário, há situações em que não poderá haver falência, na forma prevista na lei. São as causas de exclusão total (aula 13).
	O empresário pessoa física pode ser: micro-empresário, EIRELI e empresário individual.
Quando o empresário está insolvente, a execução individual se torna injusta, porque alguns devedores recebem tudo e outros não conseguem receber nada. Na execução concursal, todos os credores são tratados de forma igual, dentro de sua classe (ex. quirografários – credor sem garantia).
Quem pede a falência, geralmente, é o credor, a fim de garantir que todos os credores recebam no mesmo processo (concurso de credores). As regras são mais justas do que a execução individual das dívidas do devedor, pois todos os credores são distribuídos em razão das garantias recebidas e aqueles que estiverem em igualdade de condições receberão o mesmo tratamento. Portanto, o pedido de falência visa, a priori, formar um concurso de credores, a fim de que recebam o mesmo tratamento.
No concurso de credores, portanto, todos os credores passarão a perseguir seus créditos na falência. O credor que não localiza bens tem interesse em pedir a falência do empresário, pois suspende-se as execuções movidas por outros credores anteriormente e todos os credores deverão receber na falência.
	 O credor só pode pedir a falência antes da intervenção. Após, somente o interventor.
O art. 83 da lei de falências dispõe sobre a ordem de classificação dos créditos na falência: 
- crédito trabalhista (até 150 salários por cabeça);
- crédito com garantia real;
- crédito fiscal (Fazenda Pública);
-crédito com privilégio especial;
- crédito com privilégio geral;
- crédito quirografário (só tem o título executivo – judicial ou extrajudicial);
- crédito subquirografário.
REGRAS GERAIS DA FALÊNCIA: 
a) igualdade de condições entre credores do mesmo nível de garantia; 
b) preferência aos mais necessitados: discute-se a limitação de valor para o crédito trabalhista (150 salários mínimos por credor trabalhista). O saldo remanescente será dividido entre os quirografários. Isso se dá porque a maioria dos credores trabalhistas (95%) tem créditos limitados a esse valor. Ademais, busca-se combater a fraude (crédito trabalhista simulado para desviar patrimônio do falido).
c) efetivação de garantias legais e privilégios (fisco, credores com privilégio) e das garantias contratuais (reais); 
d) rateio entre credores nas mesmas condições.
PRESSUPOSTOS
garantia dos credores é o patrimônio (credor pode propor ação de execução);
a execução individual torna-se injusta quando o devedor não tenha patrimônio para saldar todas as suas dívidas. Problemas: 
a) credor no mesmo grau de garantia que se antecipa recebe primeiro;
 	b) credor com dívida vincenda sai prejudicado.
nesse caso, deve ser instaurado o “concurso de credores” ou “execução concursal”. 
- a falência é a “EXECUÇÃO CONCURSAL” do patrimônio do devedor empresário (Lei nº 11.101/05 - Decreto-Lei nº 7.661/45, vigente até 11/06/2005)
- alguns autores adotam a terminologia “execução coletiva”, que não é muito apropriada, pois deve ser reservada atualmente à execução prevista na lei da ação civil pública;
- para os não-empresários a execução concursal ocorre pela insolvência civil.
“Vantagens” da falência em relação à insolvência civil: 
a) possibilidade de recuperação judicial: 
b) extinção das obrigações com rateio de 50% do passivo quirografário: arrecadados todos os bens e pagos os devedores preferências, ao chegar nos quirografários, se pagar 50% da dívida está extinta a obrigação.
O artigo 761 e ss do CPC trata da insolvência civil.
- para a instauração do processo de falência são necessários três pressupostos:
a) devedor EMPRESÁRIO, geralmente uma sociedade limitada ou uma S/A.;
b) insolvência (impontualidade injustificada, execução frustrada ou realização de “ato de falência”): não é insolvência patrimonial, é insolvência técnica;
c) sentença declaratória de falência: não há sentença extra-judicial. É sentença da justiça comum estadual.
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 45.
Artigos: Nihil. 
03/05/12
Aula 13
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO)
Na falência todos os credores, com algumas exceções, receberão no mesmo processo. Falência é para empresário (pessoa física ou jurídica) e insolvência é para pessoa civil.
	É o artigo 966 CC que define quem é pessoa empresária. O que vale é a situação de fato, ou seja, se fato exerce atividade empresarial.
08/05/12
DEVEDOR SUJEITO A FALÊNCIA:
a S/A está sempre sujeita a falência, porque a sua atividade é, por força de lei, sempre comercial (leia-se: empresarial), independentemente de sua atividade (art. 2º, § 1º, LSA)
estará sujeita à falência aquela que desenvolver atividade “empresarial” (CC, 2002), mesmo que em seus registros conste outra coisa.
Não estão sujeitas à falência, apesar de exercerem atividade empresarial:
1) exclusão total: não há falência em hipótese alguma.
- empresas públicas e sociedades de economia mista: (art. 2º, II, lei 11.101/05): 
Na empresa pública, o poder público é dono de 100% do capital. Ex. Caixa Federal. Na sociedade de economia mista a maioria do capital, com direito a voto, é público. Ex. Banco do Brasil. 
A empresa pública e a sociedade de economia mista são criadas por lei, portanto, somente pode ser extinta por lei.
A lei proíbe expressamente o pedido de falência de empresa pública, a fim de não envolver bem público em execução concursal, em analogia à proibição de execução individual contra a fazenda pública (deve ser expedido precatório – reserva de valor no orçamento seguinte para pagamento da dívida). Entretanto, há quem defenda a possibilidade de falência porque essas empresas públicas concorrem com as empresas privadas. Isso gera uma concorrência desleal.
- câmaras de compensação e liquidação de papéis (títulos):
Liquidação extrajudicial:
Situações específicas previstas em lei:
- sempre terá um órgão público fiscalizador que inicialmente promove a intervenção;
- não sanado o problema é nomeado um liquidante.
- promove a arrecadação para venda dos bens e pagamento dos credores.
Havendo liquidação extrajudicial não haverá falência.
Ex. seguradoras (SUSESP); plano de saúde (ANS). São alguns setores estratégicos, que envolvem capitação de dinheiro em massa, portanto estão sujeitos à legislação especial, fiscalização por órgão público, intervenção.
As câmaras de compensação e liquidação de papéis não estão sujeitas à falência. Eventual liquidação será feita com base em legislação específica.- entidades de previdência fechada: 
ex. OABPREV (entidade de previdência privada para advogados). É fiscalizada por órgão público, tem que prestar contas. Eventual liquidação será feita com base em legislação específica.
Tem uma série de atividades que não estão sujeitas à falência arroladas no artigo 2º, II da lei 11.101/05. 
	A lei 6.024/74 trata da liquidação extrajudicial de banco. Os bancos são fiscalizados pelo Banco Central. Os bancos não estão sujeitos à falência, deve ser feita liquidação extrajudicial. Embora haja proibição expressa de falência aos bancos, dispõe o artigo 197 da lei de falências que subsidiariamente pode aplicar, no que couber, a lei de falência. Portanto, é possível fazer liquidação judicial do banco. Ex. banco Santos.
	A vantagem da liquidação extrajudicial é que é feita de forma mais técnica dentro daquele ramo. Entretanto, se houver necessidade de alguma medida judicial, deve ajuizar a ação específica. Se tiver sendo feita a liquidação judicial, já tem essas ferramentas dentro do próprio processo.
2) exclusão parcial: dependendo da situação, pode haver falência. Possibilidade de liquidação extrajudicial (legislação especial).
- as companhias de seguro (Decreto-Lei nº 73/66), pois a falência poderá ser requerida pelo interventor se na liquidação extrajudicial ficar apurado que o ativo não é suficiente para pagar pelo menos metade dos credores quirografários ou se houver indícios de crime falimentar;
Fiscalizadas pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados). a principio – liquidação extrajudicial. Se interventor julgar necessário pode pedir a falência. Na liquidação extrajudicial, o liquidante não tem poder de Judiciário. Portanto, se necessitar de intervenção do Judiciário, deverá postular em ação própria perante o Judiciário, que concederá ou não a tutela jurisdicional. Se já estiver fazendo a liquidação judicial, o próprio juiz da falência tomará as medidas judiciais necessárias.
Obs. Credor NÃO pode pedir falência de seguradora. 
- as operadoras de planos privados de assistência à saúde (liquidação extrajudicial pela ANS – Lei nº 9.656/98, art. 23), pois a falência poderá ser requerida pelo interventor se na liquidação extrajudicial ficar apurado que o ativo não é suficiente para pagar pelo menos metade dos credores quirografários ou se houver indícios de crime falimentar; fiscalizadas pela A.N.S. (Agência Nacional de Saúde)
- as instituições financeiras (liquidação pelo Banco Central - Lei nº 6.024/74); pedido de falência após a intervenção apenas feito pelo interventor, após autorização do BACEN; entretanto, antes de decretada a intervenção pelo BACEN, podem ter seu pedido de falência requerido; fiscalizadas pelo BACEN (Banco Central)
	A lei de falência diz que não se aplica a lei de falências às instituições financeiras. 
	FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Fundo é uma quantidade de recursos (reserva) formado por diversas pessoas. Os bancos são obrigados a contribuírem para esse fundo. Esse fundo destina-se a indenizar pequenos clientes de bancos, em caso de falência. Ao pagar, o fundo se sub-roga no direito daquele credor.
- sociedades de arrendamento mercantil (leasing) – idem instituições financeiras (Resolução BACEN nº 2.309/96); BACEN
Comparadas, para efeito de liquidação, aos bancos.
- as administradoras de consórcios, fundos mútuos e atividades assemelhadas – idem instituições financeiras (Lei nº 5.768/71, art. 10, e Lei nº 11.795/2008); BACEN
	
- as entidades de previdência aberta – idem instituições financeiras, mas com liquidação feita pela SUSEP (Lei nº 6.435/77, art. 63); SUSEP
- as sociedades de capitalização – idem instituições financeiras, mas com liquidação feita pela SUSEP (Decreto-Lei nº 261/67, art. 4º); SUSEP
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 45.
Artigos: Nihil. 
Aula 14
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO)
15/05/12
INSOLVÊNCIA
Insolvência, para efeito de falência, não é a econômica. 
A insolvência, num conceito econômico, é quando a pessoa não tem patrimônio suficiente para pagar suas dívidas. O passivo é maior que o ativo da empresa. 
Para efeitos de falência, a insolvência deve ter sentido jurídico. A insolvência, para efeitos jurídicos, são as hipóteses previstas em lei, ainda que não tenha passivo maior que o ativo (art. 94 da lei de falência). 
insuficiência de bens para a satisfação de suas obrigações (sentido jurídico da lei falimentar e não econômico)
pode falir quem tem provar que tem patrimônio superior ao passivo (na insolvência civil essa prova impede a execução concursal), assim como não necessariamente deve ser decretada a falência de quem tem passivo maior que o ativo
 Insolvência, para a falência (presumida), decorre da ocorrência de fatos previstos em lei:
a) IMPONTUALIDADE, sem justificativa, no cumprimento de obrigação líquida (art. 94, I, LF);
títulos protestados no valor de no mínimo de 40 salários mínimos.
Se a empresa tiver títulos protestados por outros credores que atinjam os requisitos legais, o credor que tiver título NÃO vencido PODE também pedir a falência, ainda que seu título ainda não seja exigível.
Se houver justificativa para não pagar o título, não haverá falência – pois para tanto a impontualidade deve ser injustificada para decretar a falência. 
b) EXECUÇÃO FRUSTRADA (art. 94, II, LF);
O devedor executado tem a obrigação de:
- pagar (extingue a execução);
- caso não reconheça a dívida, pode apresentar defesa (embargos de execução). Tem de dar um bem em garantia ou depositar o dinheiro (garantia do juízo) para apresentar a defesa. 
Trata-se, portanto, de tríplice omissão (não paga, não oferece bem e não deposita o dinheiro e não dá bens em garantia). Se ele não fizer nenhuma dessas hipóteses, presume-se que está insolvente. Portanto, se o empresário está insolvente, pode pedir sua falência.
Para o credor, se há bens livres, é melhor fazer a execução individual. Se não tiver, pede-se a falência, instalando-se um concurso de credores, no qual os bens serão divididos entre os credores, de acordo com as regras de preferência.
 	O pedido de falência deve ser distribuído. NÃO pode ser pedido no processo de execução. Enquanto a falência não for declarada, prossegue a execução. Somente quando o juiz declara a falência, suspendem-se todas as execuções.
	Como provar uma execução frustrada para instruir o pedido de falência? Com cópia do processo de execução, certificada sua autenticidade pelo próprio advogado (que tem fé pública) ou certidão de objeto e pé.
	Pode-se, ainda, pedir falência com base em execução frustrada de outro credor.
c) prática de “ATO DE FALÊNCIA” (art. 94, III, LF): quando o devedor não tiver títulos protestados (ou não atingirem os 40 salários mínimos) e não tiverem execuções frustradas (ainda que tenha execução, se estas estiverem garantidas não pode pedir falência) é possível, ainda, pedir a falência em razão de atos de falência, são atos que demonstram a insolvência da empresa.
- liquidação precipitada de bens ou meios ruinosos de pagamento: liquidar (vender) bens, a princípio, pode não significar nada. Entretanto, quando o devedor estiver vendendo bens da empresa, e diz não ter bens para pagar os credores, pode configurar uma fraude. Para pedir falência com fundamento nesse inciso, é preciso ter provas da liquidação precipitada. Meio ruinoso de pagamento, por sua vez, 
- negócio simulado ou alienação fraudulenta: negócio simulado ou fraudulento
- transferência irregular de estabelecimento: é a venda do estabelecimento (trespasse – venda do estabelecimento como um todo). Se vender e continuar com patrimônio para pagar os credores, não precisa de autorização. Entretanto, se com a venda o empresário não ficar com patrimônio suficiente para pagar suas dívidas, deverá notificaros credores sobre a venda e estes deverão anuir, autorizar a venda. Se não for feita a venda desta forma, é motivo para pedir a falência.
- alteração fraudulenta (ou simulação) do principal estabelecimento: a falência deve ser pedida no juízo do principal estabelecimento (e não sede) da empresa. 
- dá garantia de forma irregular:
- abandono do estabelecimento:
- deixa de cumprir obrigações do plano de recuperação:
Impontualidade, sem justificativa, no cumprimento de obrigação líquida
Será decretada a falência quando houver um credor que possua título executivo (judicial ou não) liquido (dívida líquida representada por título executivo), protestado em protesto cambial (protesto por falta de pagamento), cujo valor seja superior a 40 salários mínimos. Para atingir esse valor podem ser somados diversos títulos, de um único credor ou de vários credores. 
http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=5199
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 45.
Artigos: Nihil. 
Aula 15
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO)
17/05/12
PEDIDO DE FALÊNCIA
O Processo falimentar tem 3 FASES:
	- 1ª fase: do pedido de falência ou PRÉ-FALIMENTAR (petição inicial). O juiz verifica se tem devedor empresário e insolvência;
	- 2ª fase: a sentença declaratória de falência inicia a segunda fase. É a FASE FALIMENTAR PROPRIAMENTE DITA. Nessa fase, realizam-se atos processuais para:
- arrecadação e venda dos bens;
- apuração e classificação de credores, e
- investigação sobre eventual crime falimentar. 
Pagam-se os credores e as despesas da massa falida. Encerra-se essa fase com a sentença de encerramento. 
	- 3ª fase: inicia-se com a sentença de encerramento. É a fase PÓS-FALIMENTAR. Para providências de reabilitação do falido.
	Não é raro no processo de falência, o juiz decretar a desconsideração da pessoa jurídica, de forma que os sócios acabam sendo declarados falidos. Ele poderá voltar à atividade empresarial, após a reabilitação. São duas sentenças no processo de reabilitação: civil e criminal. 
A pessoa jurídica, depois da falência, está extinta, dissolvida. Portanto, não é possível fazer sua reabilitação. Entretanto, o empresário pessoa física ou o sócio incluído na falência deve fazer sua reabilitação. Para a reabilitação, tem de demonstrar que não tem mais nenhuma obrigação exigível no cível e que as penas foram cumpridas no criminal. 
	Lembrando que, a forma correta de encerrar uma atividade empresarial: vendendo a terceiros ou liquidando a sociedade (assinando o destrato). Após a liquidação, baixa o registro nos órgãos comerciais. Se o passivo for maior que o ativo, o próprio empresário deve pedir a autofalência. 
PRIMEIRA FASE DA FALÊNCIA: fase pré-falimentar ou pedido de falência.
o processo servirá para apurar se estão presentes dois pressupostos da falência:
 a) a existência de devedor empresário; 
 b) a existência de insolvência.
nessa fase, portanto, ainda não há falência (há apenas o requerente, normalmente um credor, e o requerido . devedor).
se o juiz verificar não estarem presentes os pressupostos, proferirá SENTENÇA DENEGATÓRIA DE FALÊNCIA; se estiverem presentes, entretanto, obrigatoriamente deverá proferir SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA, iniciando-se a fase falimentar propriamente dita.
- Sujeito passivo no pedido de falência: devedor empresário.
- Sujeito Ativo no pedido de falência: são três as possibilidades:
a) o próprio empresário (autofalência)
b) o sócio ou acionista 
c) o credor
a) AUTOFALÊNCIA – o devedor empresário deve pedir a sua própria falência se estiver insolvente;
	
b) o SÓCIO ou acionista – é raro, entretanto, pois se a maioria dos sócios concordar com o pedido de falência, pede-se a falência em nome da sociedade; além disso, se o desejo de pedir falência é do sócio minoritário, torna-se mais vantajoso pedir a dissolução parcial da sociedade;
c) o CREDOR 
a falência, na vigência da lei anterior, vinha sendo eficiente meio de cobrança (atualmente, essa situação foi abrandada, pois: 
a) há a exigência de valor mínimo para o pedido de falência por impontualidade (40 salários mínimos);
 b) o prazo para a defesa foi dilatado para 10 dias (na lei antiga era de 24 horas, apenas);
 c) é possível pedir a recuperação judicial no prazo da defesa;
Fábio Ulhoa Coelho entende que o pedido de falência é um meio de cobrança (na fase do pedido); entende que não há obrigação do credor em primeiro cobrar a dívida, para somente depois requerer a falência;
Mas esse não é entendimento unânime. Se o juiz, numa audiência de conciliação (não tem previsão legal, mas alguns juízes designam essa audiência em razão da obrigação imposta pelo CPC ao juiz de tentar sempre conciliar as partes), perceber que a intenção do autor é cobrar dívida, pode extinguir o processo por ausência de condição da ação (falta de interesse de agir), pois a finalidade do processo de falência é instaurar concurso de credores e não cobrar dívida. 
credor de garantia real pode requerer a falência? (lei atual silencia, mas não faz muito sentido, pois, tem o seu crédito protegido pela garantia real).
Salvo o crédito trabalhista, o credor com garantia real está no topo da lista de credores. Não é coerente o credor com garantia real pedir falência, pois tem um bem que garante seu crédito. Ele poderá pedir falência quando renunciar à garantia (tornando-se credor quirografário) OU quando tiver garantia parcial (insuficiente). Quando a garantia real desvalorizar a ponto de não cobrir toda a dívida, o credor terá parte da dívida em garantia real e parte será credor quirografário. Portanto, se a garantia não for mais suficiente, é totalmente justificável o pedido de falência. Junta demonstrativo atualizado da dívida e avaliação do bem, demonstrando que não é suficiente. Tecnicamente, ainda é melhor tentar pegar a parte garantida, do que instalar concurso de credores.
o credor não domiciliado no país deve prestar caução (garantia).
Podem existir pedidos de falência temerários, abusivos. Cabe indenização contra pedidos dessa natureza. Se o credor for domiciliado no exterior, fica mais difícil pedir indenização. Para isso serve a caução. Servir para futura indenização, em caso de pedido temerário. 
O valor da caução será arbitrado pelo juiz podendo, inclusive, nomear perito para realização do cálculo.
O credor EMPRESÁRIO (ou a sociedade empresária) deve provar a regularidade de seu registro para poder requerer falência de outro devedor empresário (através de registro na junta comercial);
os demais credores (não empresários e residentes no país) são SEMPRE legítimos para requerer a falência, independentemente de qualquer outra comprovação.
o credor deve SEMPRE exibir o seu título, MESMO QUE não vencido (em casos de ato de falência ou quando requerida a falência por impontualidade para com terceiros).
Lembrando que o credor pode pedir a falência do devedor por dívida não cumprida de terceiros.
Somente tem 3 três fundamentos de falência: execução frustrada, impontualidade e prática de atos de falência.
Se o título do credor ainda não estiver vencido, pode pedir a falência pela execução frustrada e pela divida não cumprida de terceiros. Ademais, por ato de falência, basta que tenha ocorrido, não precisa esperar o título vencer.
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 45.
Artigos: Nihil.
Aula 16
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO)
COMPETÊNCIA:
para apreciação do processo de falência ou de recuperação judicial, bem como de seus incidentes, é do juízo do principal estabelecimento do devedor (art. 3º, LF)
se o empresário tentar fraudar mudando seu estabelecimentoprincipal configura prática de ato de falência. 
Principal estabelecimento é onde há a administração da empresa. Se houver mais de um, dá-se preferência ao estabelecimento em que tem a contabilidade da empresa. Normalmente, coincide com a matriz (mas não é regra).
não é a sede estatutária ou contratual, nem o maior fisicamente; principal é aquele onde se concentra o maior volume de negócios, o mais importante do ponto de vista econômico.
a distribuição de concordata (recuperação judicial) ou de um primeiro pedido de falência provoca prevenção com relação aos demais (art. 6º, § 8º, LF); a execução anterior e o pedido de homologação de recuperação extrajudicial não induzem prevenção; 
JUÍZO UNIVERSAL: será o competente para apreciar todas ações referentes aos bens, interesses e negócios da massa falida (art. 76, LF);
Juízo universal atrai todas as ações de interesse patrimonial da massa. Quando se declara a falência, a massa para a ser massa falida, ente despersonalizado.
Exceções à atração do juízo universal:
a) ações NÃO reguladas pela LF em que a massa for autora ou litisconsorte (art. 75, in fine, LF) – competência segundo as regras do CPC;
a ação regulada pela lei de falência é aquela prevista e existente apenas se houver falência. Ex. ação revocatória, que serve para desfazer operações patrimoniais com fraude.
Se é regulada pela lei de falência deve ser julgada pelo juiz de falência.
Só será conhecida e julgada por outros juízos, quando a ação não for regulada pela lei de falência. Ex. uma ação de indenização quando a massa é autora. A ação correrá até o fim no juízo onde está. Se for procedente a ação, o valor será remetido para a massa. 
b) reclamações trabalhistas - competência da Justiça do Trabalho (CF, art. 114);
apura-se o crédito na justiça do trabalho. Após, comunica-se o juiz da falência para incluir o credor trabalhista no concurso de credores. Se ação trabalhista estiver em andamento, é possível se requer ao juiz da falência a reserva do valor correspondente ao crédito trabalhista.
c) execuções de certidões de dívida ativa (Lei 6.830/80); (execuções fiscais)
por que não se suspendem.
d) ações de conhecimento onde é parte ou interessada a União Federal, entidade autárquica ou empresa pública federal – competência da Justiça Federal (art. 109, I, CF);
o resultado apurado na justiça federal será comunicado ao juízo da falência. Se tiver crédito – paga-se a massa. Se tiver débito – inclui-se no concurso de credores.
e) execução individual por credor particular com hasta já designada, por medida de economia processual, MAS o produto da venda é entregue à massa (obs.: não há previsão legal expressa na atual legislação, mas trata-se de providência ainda razoável de ser aplicada).
Aproveita-se o ato processual e entrega-se o produto da venda para a massa falida.
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 45.
Artigos: Nihil. 
6º TERMO
ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de falência e recuperação de empresas. 21. ed., reform. São Paulo: Saraiva, 2005.
COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à lei de falências e de recuperação de empresas: lei n. 11.101, de 9-2-2005. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 9. ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005-2008. 3 v.
CONTEÚDO:
1. Falência
1.1 Pedido e pressupostos
1.2 Declaração da falência
1.3 Denegação da falência
1.4 Efeitos da falência
2. Responsabilidade dos sócios na falência
3. Processo de falência
4. Recuperação de empresas
4.1 Recuperação judicial
4.2 Recuperação extrajudicial
4.3 Procedimento especial para micros e pequenas empresas
5. Comércio eletrônico 
6. Propriedade industrial
6.1 Registro de marca
6.2 Patente de invenção e de modelo de utilidade
6.3 Registro de desenho industrial.
31/07/12
Aula 01
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO)
PEDIDO DE FALÊNCIA (continuaçao)
RITO
	A fase pré-falimentar tem rito (processual) próprio. A lei atribui procedimento judicial típico ao processo de falência. A princípio não se aplica as normas do CPC. Usa-se o CPC apenas subsidiariamente, pois há regra específica na lei de falência – lei 11.101/05. 
O procedimento para a decretação de falência está previsto nos artigos 94 a 96 e 98 da LF (contencioso).
	O fundamento do pedido de falência tem influência direta na petição inicial:
a - Pedido por impontualidade injustificada:
a) o credor deve exibir o título devidamente protestado – protesto cambial ou especial pela lei de falência (admite-se cópia se estiver juntado em outro processo – art. 9º, § único, LF);
b) não tem legitimidade para requerer a falência por impontualidade injustificada aquele credor que não pode ter crédito habilitado (art. 94, § 2º, c.c. art. 5º, I, LF);
Não esquecer de prestar atenção no valor mínimo (40 salários mínimos).
	O credor deve estar devidamente habilitado no processo de falência para poder receber. Há credores com restrição para receber no processo de falência, ex. credor a título gratuito. Se não pode receber, também não pode pedir a falência.
	A pena pecuniária entra no processo como credor subquirografário.
	A pena pecuniária decorrente da falência não se cobra no processo de falência, a fim de evitar valor artificial do crédito. 
	As dividas fiscais podem ser cobradas, entretanto a multa por atraso entra como subquirografário. Assim, o crédito fiscal será repartido. 
b - Pedido por execução frustrada: juntada de certidão expedido pelo juízo onde tramita a execução para comprovar a execução frustrada. Não houve pagamento, depósito, nem oferecimento de bens em garantia.
	A petição não precisa ser dirigida ao juiz da execução frustrada. A distribuição é livre. O primeiro pedido de falência ou recuperação é que tornam o juízo prevento.
	Nesse caso, pode ser de qualquer valor. Não há valor mínimo para pedido de falência por execução frustrada.
c - Pedido por ato de falência: basta a descrição dos fatos e apresentação das provas (art. 94, III, LF). Tem de ser uma petição mais elaborada, pois haverá uma produção de provas mais intensa no processo.
- prazo para defesa: 10 dias (art. 98, LF). Antigamente era de 24 horas.
No mesmo prazo o devedor pode elidir a falência (DEPÓSITO ELISIVO).
Num processo de falência por impontualidade injustificada a defesa deve provar que foi justificada a impontualidade. Ex. litígio sobre entrega de mercadoria.
É difícil fazer a defesa quando o fundamento do pedido de falência for por impontualidade injustificada ou execução frustrada porque o direito do autor está provado por documento.
- o DEPÓSITO ELISIVO pode ser feito apenas ad cautelam, apresentando-se também a defesa.
	Elidir = afastar.
	O requerido pode apresentar defesa ou fazer a elisão da falência, ou seja, deposita o valor da dívida mais os acréscimos, inclusive honorários de sucumbência da parte contrária. Portanto, no despacho saneador, o juiz deve determinar a citação e, para caso de depósito elisivo, fixar os honorários sucumbenciais. 
	 É um depósito judicial. A elisão, que deve ser feito no prazo de defesa, impede a declaração da falência. O depósito elisivo não equivale ao pagamento da dívida, mas apenas impede a declaração de falência. O depósito elisivo pode ser feito por cautela, ou seja, juntamente com a defesa. Se o juiz acolher a defesa, será devolvido o valor do depósito. Se não acolher, o juiz não poderá declarar a falência e o dinheiro será revertido para o credor.
 É cabível o depósito elisivo também em caso de pedido por ato de falência? A opinião de Fábio Ulhoa Coelho é pela possibilidade. Entretanto, o professor discorda, pois o depósito elisivo não faz desaparecer o ato fraudulento. 
- No caso de pedido de falência por impontualidade injustificada o PEDIDO DE SUSPENSÃO feitopelo requerente (ou de comum acordo com o devedor) leva à extinção do processo, porque se entende que desaparece a impontualidade. Não está escrito na lei, é apenas criação jurisprudencial.
	A impontualidade é atraso no pagamento. A partir do momento que o credor concorda em suspender o processo, supõe-se que prorrogou o prazo para pagamento.
	Aquele processo é extinto, mas não impede que ajuíze outra ação posteriormente.
02/08/12
- em caso de AUTOFALÊNCIA há rito próprio (arts. 105 a 107 da LF);
a) juntada dos documentos relacionados no art. 105, LF;
b) ato contínuo o juiz deve declarar a falência (mandando emendar antes a inicial caso falte algum documento), pois não há contencioso;
c) o juiz somente não declarará a falência se houver pedido de desistência antes da declaração da falência.
Autofalência: a única coisa que a lei exige é uma série de documentos previstos no artigo 105 LF. O juiz recebe a inicial, não precisa citar ninguém, e declara a falência. Se, na ausência de algum documento, o juiz determinar que se emende a inicial e o empresário não apresentar o juiz declara a falência e inicia IP, para investigar eventual crime falimentar.
ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Não há previsão (exigência) legal quanto à participação do MP na fase pré-falimentar (NÃO há interesse público nessa fase).
Entretanto, é prática bastante comum os juízes solicitarem parecer do representante do MP antes da tomada de decisões (declaração ou não da falência, principalmente), a fim de que o promotor já vá conhecendo o processo.
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 45.
Artigos: Nihil.
07/08/12
Aula 02
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO)
SENTENÇA DECLARATÓRIA
Embora seja denominada pela lei de declaratória, a sentença tem caráter essencialmente CONSTITUTIVO (cria situação jurídica nova), pois se opera a dissolução da sociedade e instaura-se o regime jurídico falimentar (massa falida). Denomina-se declaratória por declarar a falência. 
Deve conter:
 	a) o conteúdo genérico de qualquer sentença (art. 458, CPC);
b) o conteúdo específico para a lei falimentar (art. 99, LF)
A partir da declaração da falência surge a massa falida e a empresa falida terá capacidade jurídica somente para praticar atos decorrentes da falência. (não pode firmar contratos, etc)
A sentença de falência tem conteúdo genérico (art. 458 CPC) e conteúdo específico (art. 99 LF).
São conteúdos específicos da sentença de falência:
a) síntese do pedido, identificação do devedor e a designação dos representantes legais; é recomendável, ainda, a menção do local do principal estabelecimento e do ramo de atividade econômica (a lei atual não exige expressamente);
- identificação do devedor: a sentença será publicada e o resultado do processo de falência interessa a muitas pessoas (credores, falido, interesse público em geral – fisco, comunidade, etc), portanto tem de dar ampla publicidade. Portanto, se publica na íntegra. Assim, deve conter todas as informações necessárias, sem que tenha necessidade da parte recorrer ao processo para ter maiores informações. Desta forma, a identificação do devedor deve ser a mais precisa possível (não deve o juiz fazer remissão à qualificação nos autos) – nome empresarial, nome fantasia, indicar representantes legais, endereço, segmento de negócio (ramo de atividade), etc.
- a menção do principal estabelecimento é sinal que foi analisada a competência do juízo, pois é este estabelecimento que fixa a competência.
b) o termo legal da falência (“ou PERÍODO SUSPEITO”), mesmo que em caráter provisório;
Após a quebra, haverá uma investigação dos atos praticados pelo falido. O período que será levado em consideração para investigação é anterior à data da quebra. Esses atos poderão configurar crime e gerar efeitos civis. Ex. são ineficazes os atos praticados a título gratuito nos últimos 2 anos anterior à quebra.
- fixação de ATOS DE INEFICÁCIA OBJETIVA (art. 129 LF)
c) a determinação ao falido para que entregue em cartório a relação de seus credores;
O empresário é obrigado a ter escrituração contábil, portanto, tem relação dos credores. Se não tiver é crime falimentar. A relação é publicada em edital. Assim, o credor não precisa tomar providências. Se tiver valor errado ou o credor não estiver incluído na lista, há mais para retificar.
d) prazo para os credores habilitarem os seus créditos;
Na lei antiga, todos os credores tinham que habilitar o crédito (fazer petição ao juiz para incluir o crédito na falência, inclusive pelo credor que fez o pedido de falência). Cada processo de habilitação era autuado em apenso (incidente de habilitação). Hoje, se tiver na relação de credores, NÃO precisa fazer habilitação. Portanto, esse artigo deveria ter sido retirado, com o advento da nova sistemática da legislação. O juiz deve estar atento a essa irregularidade legal. NÃO PRECISA FIXAR PRAZO. Deve determinar: “Para habilitação dos credores, determino que seja observado art. 7º e 8º da LF.” OU “Habilitação nos termos dos artigos 7º e 8º da LF.”
e) ordem de suspensão das execuções individuais contra o falido;
Quem estava movendo execução individual (execução fiscal não suspende), receberá seu crédito na falência. O juiz da falência toma decisões que repercutem para outros juízos, pois as execuções individuais podem estar correndo em outra comarca. Assim, todas as execuções individuais serão suspensas. 
Suspende (e não extingue) a execução porque aquela decisão de falência pode ser reformada em grau de recurso. Ademais, ela pode ser suspensa parcialmente, pois contra avalistas e co-obrigados ela deve continuar.
f) proibição de praticar atos que impliquem em alienação ou oneração dos bens;
Os bens, agora, pertencem à massa falida. A partir da declaração da falência, somente a massa, representada pelo administrador judicial, poderá firmar contratos, após autorização judicial.
g) diligências para a salvaguarda dos interesses da massa, incluindo a prisão preventiva dos representantes legais;
	
h) ordem à Junta Comercial para anotação da falência;
 A Junta Comercial é o cartório dos empresários, portanto, essa informação deve ser encaminhado à junta.
i) nomeação do ADMINISTRADOR JUDICIAL;
j) determinar a expedição de ofícios a repartições públicas que possam prestar informações sobre bens do falido;
Repartições como o Registro de Imóveis, Detran, banco com custódia de títulos, etc.
l) ordem de LACRAÇÃO do estabelecimento, se necessário;
Coloca-se o extrato da sentença na porta lacrada, além das providências necessárias para a segurança do local. Posteriormente, será feito um inventário de TODOS os bens que estiverem dentro do estabelecimento, inclusive documentos. 
m) autorização para a continuação provisória, se for o caso;
n) convocação da ASSEMBLÉIA DE CREDORES para eleição do comitê de credores, se for o caso;
o) determinação de intimação do MP e das FAZENDAS PÚBLICAS.
- a lei atual não menciona expressamente que deva constar a hora da quebra, mas é necessário que o juiz determine.
- deve ser fixada, ainda, na sentença, a hora da decretação de falência, pois os atos praticados naquele dia, em horário anterior à quebra, devem ser considerados válidos. Não está na nova lei, mas é tradição no ordenamento jurídico e é de fundamental importância nas discussões de validade de negócios jurídicos. 
- TERMO LEGAL: período anterior à quebra em que serão investigados os atos praticados pelo falido; também é importante para fixar a ineficácia de alguns atos praticados antes da falência.
- quando a falência for por impontualidade injustificada ou por execução frustrada, o termo legal não poderá retroagir mais do que 90 dias do primeiro protesto por falta de pagamento; 
- no caso de pedido por ato de falência, otermo legal não pode retroagir mais do que 90 dias da petição inicial; 
- se for hipótese de convolação (conversão) de recuperação judicial em falência, não pode retroagir mais do que 90 dias da impetração.??????????????????????????????????
- surgiu uma discussão interessante em uma das aulas sobre o limite máximo de retroação que o juiz tem para fixar o TERMO LEGAL DA FALÊNCIA e envio o presente para esclarecer e sanar qualquer dúvida a respeito. 
Ocorre que, em razão do que dispunha a lei antiga (Decreto-lei nº 7.661/45), a tradição sempre foi no sentido de que os limites de retroação do juiz para fixar o termo legal eram contados do 1º protesto para a falência requerida por impontualidade injustificada, do pedido de falência para aquela requerida por ato de falência e do pedido de concordata (equivalente à atual recuperação judicial) para as falências provenientes de conversão de concordata em falência. Não havia na lei antiga a falência requerida em razão de execução frustrada (art. 94, II, da LF). 
Com isso, surgiu a seguinte discussão: no caso de falência pedida por execução frustrada a fixação do termo legal levará em consideração (para efeito de retroação pelo juiz e fixação da data inicial) o 1º protesto ou a data do pedido de falência? 
Acima consta que a contagem deve ser do 1º protesto, mas me ocorreu durante a explanação que é possível uma falência requerida por execução frustrada sem que o empresário tenha qualquer título protestado (embora isso pareça ser raro, é possível). Sendo assim, por óbvio, não há como usar o 1º protesto como parâmetro para fixação do termo legal. Neste caso, parece não haver outra solução a não ser fixar o termo legal levando em consideração a data do pedido de falência. 
Conclusão: na falência requerida por execução frustrada a fixação do termo legal ter como base o 1º protesto (hipótese mais comum) ou a data do pedido de falência (quando não houver protesto), SEMPRE a critério do juiz E levando-se em consideração as circustâncias do caso concreto.
o juiz pode, posteriormente, alterar o termo legal, com base em mais informações colhidas durante a tramitação do processo de falência. (deve ser fundamentada e não pode ultrapassar os limites legais abaixo)
O legislador não fixa o termo legal, é o juiz que fixa, na sentença, o termo legal. Ele tem liberdade para fixar o prazo, mas há limitações. O juiz levará em consideração, para fixar o termo legal do período suspeito (de investigação): 
- no máximo 90 dias antes do 1º protesto (falência por impontualidade injustificada ou execução frustrada);
- no máximo 90 dias antes do pedido de falência (falência por ato de falência)
- no máximo 90 do pedido de recuperação (transformação de recuperação judicial em falência)
	A data final do termo legal é a data da sentença de falência.
A publicidade da sentença declaratória de falência é um pouco diferente da publicação das sentenças em geral:
a) publicação por edital (não apenas à parte dispositiva), incluindo a relação de credores, se já existir (Diário Oficial);
b) publicação também em jornal de grande circulação, se a massa comportar;
c) intimação pessoal do MP e das Fazendas Públicas (da União, do Estado e do Município da empresa falida. Se houver várias filiais em vários Estados, tem de comunicar todos os Estados e municípios onde houver filial);
d) comunicação à Junta Comercial.
- a comunicação aos correios também não está expressa na atual legislação, mas é necessário que se determine. 
A correspondência que antes era encaminhada à empresa falida, será recebida agora pelo administrador judicial. Por isso, é prudente comunicar também aos correios.
	Se o falido for pessoa física, haverá um conflito de direito em razão da inviolabilidade de correspondência (direito fundamental). Entretanto, todas as correspondências do falido pessoa física serão encaminhadas ao administrador judicial, inclusive as pessoais. Detectada a pessoalidade da correspondência, deve ser devolvida ao falido. Se o administrador exceder-se nesse direito, poderá responder por danos.
- idem quanto à Bolsa de Valores, em caso de S/A. com papéis negociados em mercado aberto
09/08/12
RECURSOS:
	Em regra, toda decisão judicial e administrativa está sujeita a recurso, desde que a revisão da decisão seja de vontade da parte vencida.
	Da decisão que termina a prestação jurisdicional (sentença) cabe recurso de APELAÇÃO. 
Das decisões interlocutórias (não terminam a prestação jurisdicional) também cabe recurso, chamado AGRAVO. Esse agravo pode ser RETIDO (nos autos) ou de INSTRUMENTO. 
Efeitos dos Recursos: SUSPENSIVO (suspende os efeitos da decisão até julgamento do recurso) e DEVOLUTIVO (devolve ao tribunal a apreciação da matéria).
Todo recurso tem efeito devolutivo, mas nem todos têm efeito suspensivo. É a lei que diz quais recursos têm efeito suspensivo.
O recurso RETIDO não será apreciado no momento de sua interposição. Portanto, não tem efeito suspensivo. Se a parte interpuser, posteriormente, uma apelação, haverá uma preliminar requerendo primeiro a apreciação do agravo retido. Se não for provido o agravo retido, será julgada a apelação. Portanto, o agravo retido é uma prejudicial da apelação. O agravo retido somente será apreciado pelo Tribunal se a parte provocar em preliminar na oportunidade de interposição de recurso de apelação. Não basta o recurso estar nos autos. O tribunal deve ser provocado, na apelação, a apreciá-lo.
	Entretanto, havendo necessidade de apreciação do recurso naquele momento (urgência), o agravo deve ser de instrumento. Sua interposição é direto no Tribunal. O recurso é instruído por cópia do processo (que está em 1ª instância). As cópias são o instrumento. O agravo de instrumento pode ter efeito suspensivo se a parte requerer. O relator apreciará o pedido de efeito suspensivo.
Da sentença declaratória de falência cabe sempre o recurso de AGRAVO DE INSTRUMENTO, independentemente do fundamento.
A sentença de falência tem, na verdade, natureza de decisão interlocutória. Assim, cabe agravo. Dada a urgência da decretação da falência, o agravo é INSTRUMENTO. 
Quando requerido o efeito suspensivo e deferido (pelo relator), o Tribunal comunica ao Juízo de 1º grau e suspende-se a decisão de declaração de falência, portanto, na prática, a empresa voltará à ativa. As partes podem, contra a decisão acerca do efeito suspensivo, interpor AGRAVO REGIMENTAL, buscando convencer os outros dois desembargadores a darem uma decisão contrária à do relator.
Negado o provimento ao recurso, cassa o efeito suspensivo e restabelece a declaração de falência de 1ª instância. Assim, tomam-se todas as providências novamente (lacrar estabelecimento, comunicação dos órgãos, etc). 
Cabe ainda recurso ao STJ (recurso especial - se afrontar lei federal) ou ao STF (recurso extraordinário - se houver afronta à CF/88). Esses recursos não têm efeito suspensivo.
os prazos são os do processo civil (10 dias), comunicando-se o juízo agravado em 03 dias (para retratação).
poderá ser dado efeito suspensivo ao agravo, o que paralisará o processo de falência (o empresário continuará operando normalmente)
Podem interpor o agravo (recorrer da sentença de falência): o falido, o credor e o MP.
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 45.
Artigos: Nihil.
Aula 03
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO)
DENEGAÇÃO DA FALÊNCIA 
Quando o juiz nega o pedido de falência, termina sua prestação jurisdicional. Portanto, o recurso cabível é APELAÇÃO.
- a SENTENÇA DENEGATÓRIA (que nega a falência) dar-se-á por dois motivos distintos:
a) elisão da falência: o devedor pode, no prazo da defesa, apresentar depósito elisivo. Não é pagamento da dívida, mas tem o objetivo de impedir a declaração da falência. O depósito deve incluir todas as despesas, inclusive honoráriosadvocatícios.
b) acolhimento das razões da defesa: falha processual, não há legitimado passivo ou ativo ou ainda, na maioria dos casos, não há insolvência (ato de falência, impontualidade injustificada ou execução frustrada).
- a razão da denegação é importante para a definição da sucumbência. 
Quanto ao pedido de falência, é possível o requerido apresentar:
 - só defesa: 
- se for acolhida: o requerente paga a sucumbência.
- se não for acolhida: a falência será declarada e a sucumbência é paga pelo requerido. Ela será paga, na verdade, pela massa falida.
 - só deposito elisivo: a sucumbência será	 paga pelo requerido, pois já está incluída no depósito elisivo. O juiz liberará o depósito para o requerente. O depósito será recebido pelo advogado do requerente, desde que haja autorização expressa na procuração. Se não tiver autorização, o cartório fará duas guias: uma para o cliente e uma para o advogado receber a sucumbência. Se o requerido apenas fizer o depósito, extingue o processo.
– defesa e depósito elisivo:
- se for acolhida: o requerente paga a sucumbência e o depósito elisivo será devolvido ao requerido.
- se não for acolhida: a falência será declarada e a sucumbência é paga pelo requerido e o depósito é liberado para o requerente.
Se o requerido, além de fazer o depósito, apresentar a defesa, o depósito somente será entregue ao requerente se a defesa não for acolhida. Isso tudo, após a instrução processual.
 
- NÃO é possível o acolhimento parcial do pedido de falência. 
- o depósito elisivo deve conter os juros, a correção monetária e os honorários advocatícios (Súmula 29 do STJ).
- quando o juiz julgar improcedente o pedido de falência e verificar a existência de dolo manifesto do requerente (pedidos de falência abusivos, temerários), deve condená-lo ao pagamento de indenização em favor do requerido.
A lei autoriza que o juiz fixe indenização, ainda que não tenha sido requerida pelo empresário requerido da falência. Mesmo que o juiz não condene de ofício, é possível que o empresário busque o ressarcimento em ação própria. (art. 101 LF).
- quando não houver dolo manifesto, poderá ser ajuizada ação própria; o mesmo ocorre se há culpa ou abuso de direito por parte do requerente.
- da sentença denegatória cabe recurso de APELAÇÃO.
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 45.
Artigos: Nihil. 
14/08/12
Aula 04
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO)
ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA
	Há 4 órgãos atuando no processo de falência (além da atuação do MP):
	- Juiz;
	- Administrador Judicial;
	- Assembleia de Credores;
	- Comitê de Credores.
JUIZ
- Ao juiz compete presidir a falência. É, na verdade, o administrador dos bens da falida (posição de Fábio Ulhoa Coelho)
O administrador judicial, na verdade, é um assessor do juiz, pois não tem poder de decisão. O juiz que é o verdadeiro administrador da falência. Ele tem funções não jurisdicionais, de gestão dos bens da massa. Por isso, alguns doutrinadores defendem que seria melhor se a lei permitisse a terceirização da administração do acervo da massa falida.
Além das questões jurisdicionais, ele deve funcionar como verdadeiro administrador da falência.
- principais atribuições (exemplos de providências administrativas):
a) autorizar a venda antecipada de bens;
b) aprovar as contas do administrador; 
c) fixar a remuneração do administrador judicial e de seus auxiliares;
d) autorizar a locação de bens da massa (quando não existente o comitê de credores).
- será sempre assessorado por dois agentes: 
a) o administrador judicial: 
b) Promotor de Justiça.
ATUAÇÃO DO MP
a) como fiscal da lei (ex.: pedido de restituição; propositura de ação revocatória);
b) como parte (ex.: denúncia por crime falimentar)
c) como auxiliar do juiz na administração da falência (ex.: na manifestação sobre as contas do administrador judicial).
ADMINISTRADOR JUDICIAL
- age em nome próprio (tem, portanto, responsabilidade patrimonial pelas faltas que comete), e pode ser pessoa física ou jurídica (art. 21, LF);
Agir em nome próprio tem uma consequência importante, que é a responsabilidade civil. Ele responde com seu patrimônio próprio.
- é o representante legal da massa falida (art. 22, III, “n”, LF);
- para fins penais, é equiparado a funcionário público;
- a lei determina que seja um profissional, de preferência com conhecimentos em falência (advogado, contador, administrador de empresas ou economista);
Antigamente, denominado síndico da falência. Antes, o síndico seria o maior credor, porque era quem tinha maior interesse na falência. Com o advento da nova lei de falência, o administrador judicial é visto como profissional, de confiança do juiz e, de preferência, com experiência em falência. Normalmente, o juiz nomeia advogados, contadores, administradores ou economistas. Pode ser pessoa física ou jurídica.
- há impedimentos legais para ser administrador de determinadas pessoas: 
- juiz;
- promotor;
- delegado de polícia;
- funcionário público, etc.
 - quem foi destituído da função de administrador judicial ou de comitê de credores (de outra falência), quem não prestou contas ou teve as suas contas rejeitadas nos 05 anos anteriores; 
- quem tenha relações de parentesco ou afinidade até 3º grau com o falido ou administradores da sociedade falida, ou deles for amigo íntimo ou dependente.
- o administrador judicial poderá ser substituído (mera providência administrativa) ou destituído (sanção por conduta irregular, geralmente por interesses conflitantes com a massa ou não observação a prazos – art. 24, § 3º, LF);
- um administrador judicial destituído perde o direito à remuneração (art. 24, § 4º, LF) e não poderá voltar a ser nomeado administrador judicial nos 05 anos seguintes.
- o administrador não pode delegar funções, mas pode contratar profissionais para auxiliá-lo (com prévia autorização e fixação da remuneração pelo juiz); se contratar advogado para representar a si próprio, deve arcar com os honorários;
Se for para auxiliar o administrador – é o próprio administrador que paga os honorários; se for para a massa, o administrador requer ao juiz que, se autorizar a contratação, é a massa que paga. De qualquer forma, a responsabilidade civil é do administrador. 
Quanto à contratação de contador: a massa precisa de um contador, portanto é ela que paga. Porém, se o administrador contratar um contador para auxilia-lo em suas próprias funções, o próprio administrador que pagará.
- a remuneração do administrador, paga pela massa falida, deverá ser fixada pelo juiz e não pode ultrapassar a 5% do valor de venda dos bens da massa (art. 24, § 1º, LF); o juiz levará em consideração o grau de diligência do administrador judicial, a capacidade de pagamento da massa, a complexidade, e, inclusive, valores de mercado para profissionais em atividades semelhantes (art. 24, LF);
A lei não dispõe sob a forma de pagamento, portanto, cabe ao juiz determinar.
- 100% da remuneração do administrador será extraconcursal, mas 40% fica reservada para pagamento após a prestação de contas (art. 24, § 2º, LF);
Ordem de pagamento de credores: 
- trabalhistas;
- com garantia real;
- fisco;
- com privilégio especial;
- com privilégio geral;
- quirografários;
- subquirografários.
São eles que formam o concurso de credores, por isso são chamados de credores concursais.
Entretanto, há pessoas que são contratados pela massa falida, portanto devem ser pagos por ela. Ademais, a massa pode ser ré em ação trabalhista ou em ação de indenização. Qualquer obrigação contratual ou extracontratual será paga por ela. São os credores extraconcursais, que devem receber antes dos credores concursais. 
O juiz fixa a remuneração do administrador, tira100% e deixa reservado. Vai pagando da forma como determinou, mas deixa 40% para pagar após a prestação de contas.
16/08/12
- PRESTAÇÃO DE CONTAS: o administrador deve prestar contas ordinariamente, ao término do processo, e extraordinariamente, caso seja substituído ou destituído; se não prestar contas, será intimado para tal. Sob pena de desobediência;
A prestação de contas extraordinárias é feita até o momento em que atuou como administrador.
- a prestação de contas é autuada em separado (incidente) e julgada e aviso aos credores e interessados para impugnação; após ouvido o MP a prestação de contas será julgada; verificada a apropriação indevida pelo administrador judicial, será decretada a indisponibilidade de bens ou determinado o seqüestro de bens;
​se não houver impugnação: aprova as contas e paga o administrador;
Se houver impugnação e comprovada a irregularidade: não aprova as contas e o administrador responde pela irregularidade.
- Em regra geral, compete ao administrador atuar como auxiliar do juiz na administração da massa E representar a comunhão de interesses dos credores (atribuições principais no art. 22, LF);
Se após a liquidação, pagar-se todos os credores e o administrador e ainda sobrar dinheiro, distribui-se entre os sócios.
- não goza de absoluta autonomia, pois depende, em diversas circunstâncias, de autorização judicial;
- Responsabilidade Civil do Administrador
O administrador responde civilmente por má administração ou infração à lei; enquanto corre a falência, apenas a MASSA tem legitimidade para acioná-lo, DEPOIS de substituído ou destituído, obviamente;
Por isso, se um credor tiver conhecimento de alguma irregularidade, a única medida deve ser comunicar ao juízo ou a massa falida.
Após a destituição ou substituição do administrador, o novo administrador, em nome da massa, tomará as medidas necessárias para responsabilização do anterior (ação indenizatória). Se o novo administrador também não tomar as providências necessárias, também será destituído ou substituído e serão tomadas as medidas contra ele também.
Após a falência, qualquer credor pode entrar com a ação de indenização, DESDE QUE tenha, durante a falência, pedido a destituição do administrador.
- enquanto perdurar a falência o credor pode, no máximo, pedir a destituição do administrador que, aliás, é requisito para a futura ação de indenização (após encerrada a falência). 
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 45.
Artigos: Nihil. 
Aula 05
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO)
ASSEMBLÉIA DE CREDORES
Na falência, somente será instaurada a assembleia se houver algum assunto relevante. Pode ser marcada pelo juiz ou pelos próprios credores, se representarem pelo menos 25% dos créditos. 
- interesses convergentes e divergentes dos credores.
- assuntos reservados à assembleia na falência:
a) aprovar a constituição do comitê de credores e a eleição de seus membros;
b) aprovar, por 2/3 dos créditos, formas alternativas de alienação dos ativos;
c) deliberar sobre qualquer matéria de interesse da massa falida.
COMITÊ DE CREDORES
Quem elege é a assembleia. É um colegiado representante dos credores.
- órgão consultivo e de fiscalização.
- é FACULTATIVO (a assembléia de credores decide sobre a sua constituição)
- competência (manifestações):
a) impugnações de créditos;
b) pedidos de restituição;
c) oportunidade de venda antecipada de bens;
d) concessão de desconto a devedores;
e) formas ordinárias de realização de ativos.
- o comitê terá um representante e dois suplentes de cada classe de credores;
há para os membros do comitê os mesmos impedimentos para aqueles que formarão a assembleia. 
- 1ª classe: trabalhadores;
- 2ª classe: garantia real + privilégio especial: SÓ para eleição do Comitê. (geralmente a 2ª classe de credores é formada pelos credores com garantia real; porém para eleição do comitê ela é formada também pelos credores com privilégio especial)
Se uma das classes quiser, será formado o comitê. Cada classe elege seus representantes.
- será formado mesmo que alguma das classes não indique representantes;
- nomeação ou substituição de representantes para o comitê pode ser autorizada pelo juiz mediante pedido assinado pela maioria dos credores da classe interessada (sem a necessidade de realização de nova assembleia).
A assembleia e o comite podem não existir num processo de falência. Não é obrigatório.
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 45.
Artigos: Nihil. 
Aula 06
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO) 7 pontos
EFEITOS DA FALÊNCIA – EM RELAÇÃO AOS SÓCIOS DA SOCIEDADE FALIDA
	É difícil acontecer a falência de empresário pessoa física. Mas se ele quebrar, se for empresário individual o seu patrimônio estará todo envolvido na falência. O empresário pessoa física fica com todos os seus bens indisponíveis até o final do processo de falência. Para evitar isso, basta ser inscrito como EIRELI (empresário individual de responsabilidade limitada). Assim, somente ficará comprometido aquele patrimônio que ele destacou para a prática da atividade. 
- em regra, os sócios NÃO são atingidos pela falência da sociedade (personalidades jurídicas distintas), entretanto, dois fatores podem levar à responsabilidade patrimonial ou pessoal do sócio na falência da sociedade: 
a) a função exercida pelo sócio: (ser administrador ou não) Os sócios-gerentes da LTDA ou os diretores da S/A (representantes legais) têm responsabilidades e deveres não atribuídos aos demais sócios (dever de colaboração com o processo de falência).
No tocante à responsabilidade civil (responsabilidade patrimonial), todos os sócios têm responsabilidades iguais (independentemente de exercerem ou não cargos de gestão);
b) o tipo de sociedade: com relação à responsabilidade civil, o que determina a vinculação patrimonial é o tipo de sociedade; na LTDA e na S/A o sócio ou acionista responde apenas pela totalidade do capital social; caso ainda não tenham integralizado, caberá AÇÃO JUDICIAL DE INTEGRALIZAÇÃO (respondendo o patrimônio do sócio ou acionista apenas pelo necessário a completar a integralização).
Os sócios, em regra, não respondem com seu patrimônio em razão das personalidades distintas entre a sociedade e seus sócios (autonomia patrimonial). Não se confundem. Portanto, a empresa responde apenas com seu patrimônio. Portanto, é irrelevante, para fins de responsabilidade civil (e também penal) se o sócio era administrador ou não. A responsabilidade civil (patrimonial) não tem relação com a função exercida. 
Entretanto, numa falência, o sócio poderá ser responsabilizado:
- se houver desconsideração da personalidade jurídica (estende os efeitos da falência aos sócios);
- se for um sócio com responsabilidade ilimitada.
5 tipos societários:
sociedade limitada responsabilidade limitada dos sócios
S/A
com nome coletivo – todos têm responsabilidade ilimitada
em comandita simples – pelo menos um tem responsabilidade ilimitada
em comandita por ações – os acionistas diretores têm responsabilidade ilimitada
- para as demais sociedades deve ser verificada a legislação aplicável, no tocante a sócios com responsabilidade limitada ou ilimitada; os bens dos sócios com responsabilidade ilimitada serão arrecadados pelo síndico em inventário especial e vendidos apenas se, após terem sido vendidos todos os bens da sociedade, ainda restarem credores para serem satisfeitos.
- a responsabilidade penal de cada sócio depende da participação ou não em conduta tida como ilícito penal pela lei.
A responsabilidade penal é de quem, administrador ou não,comete o fato típico.
 
- os sócios da sociedade falida PODEM continuar atuando entre outras sociedades normalmente, SALVO SE forem condenados (com trânsito em julgado) por crime falimentar (Lei n.8.934/94, art. 35, II).
	No caso de condenação por criminal falimentar, ainda pode ser sócio de outra empresa, porém não pode ser administrador.
- se a falência é de S/A, o acionista condenado por crime falimentar NÃO poderá exercer cargos de administração, MAS pode ser acionista, inclusive controlador (tem a maioria das ações com direito à voto).
Consta no roteiro da Aula 06 a seguinte anotação: se a falência é de S/A, o acionista condenado por crime falimentar não poderá exercer cargos de administração, mas pode ser acionista, inclusive controlador.
Eu cheguei a afirmar que aquele acionista que for condenado por crime falimentar não pode ser sequer controlador de S/A (ter a maioria das ações com direito a voto). A afirmação é parcialmente certa.
Esclareço: do ponto de vista do direito societário, não há qualquer impedimento legal para uma pessoa condenada por crime falimentar possuir a maioria das ações com direito a voto de uma companhia (portanto, ser o controlador), desde que não exerça cargos de gestão (membro de conselho de administração e diretoria, além do conselho fiscal). Entretanto, poderá haver restrições perante os órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional e do mercado de capitais (BACEN, CVM), razão pela qual se torna bastante improvável (ou não recomendável) que um acionista condenado por crime falimentar seja controlador de S.A., especialmente de companhia aberta.
- nas demais sociedades de tipo menor (comandita simples, capital e indústria, comandita por ações) os sócios com responsabilidade ilimitada ficam impedidos de administrar livremente os seus bens, razões pelas quais não podem participar de outras sociedades ou adquirir ações. 
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 46.
Artigos: Nihil
Aula 07
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO)
EFEITOS DA FALÊNCIA – EM RELAÇÃO AO PATRIMÔNIO DA SOCIEDADE FALIDA
	Arrecadação: ato de constrição judicial. O juiz declarou a falência e, como consequência natural, arrecada os bens da sociedade falida, formalizado em Auto de Arrecadação. 
	Lacrado o estabelecimento, não há necessidade de arrecadação, mas somente um inventário. Arrecadação é necessária quando houver bens em poder de terceiros. 
- serão arrecadados exclusivamente os bens da sociedade (os bens do sócio são intocáveis, em regra).
	
- mesmo que o capital não esteja totalmente integralizado, NÃO se arrecadam bens dos sócios; o administrador judicial (representando a massa falida) deverá mover uma AÇÃO DE INTEGRALIZAÇÃO (se necessário) que, após transitada em julgado, provocará a penhora de bens dos sócios.
	Se o sócio não integralizar, ele responderá com seu patrimônio pessoal, pois a integralização do capital é responsabilidade dele.
- os bens serão arrecadados pelo Administrador Judicial, por ordem judicial.
- será lavrado, nos autos do processo, um TERMO DE INVENTÁRIO, assinado pelo administrador judicial, pelo falido e pelas demais pessoas que tenham auxiliado (inclusive representante do MP, se estiver presente), onde constará:
a) menção dos livros obrigatórios encontrados e a situação em que foram encontrados;
b) opinião do administrador judicial sobre as formalidades legais (que poderá ser melhor analisada posteriormente no laudo contábil que acompanhará a exposição);
c) dinheiro, papéis, documentos e demais bens da sociedade falida (destaque para os que estão em posse de terceiros); 
d) os bens na posse da sociedade falida indicados como de terceiros
- o Administrador Judicial deve, no mesmo ato, avaliar os bens (que servirá para futura venda em caso de continuação do negócio ou de venda através de meio diverso ao leilão ou proposta);
- o falido (ou representante legal) poderá apresentar ressalvas, em separado;
- serão arrecadados todos os bens da falida (MESMO QUE não estejam em sua posse) E todos os que não são de sua propriedade (que estão em sua posse);
- também serão arrecadados os bens constritos em execuções individuais, mediante precatória (SALVO naquelas execuções que não se suspendem)
Algumas situações especiais (arrecadação sob regime jurídico próprio):
a) companhia securitizadora com recebíveis imobiliários em regime fiduciário: decretada a falência da companhia securitizadora de ativos imobiliários em regime fiduciário, os créditos dos consumidores não são arrecadados;
 O imóvel não entra na falência, continua na mão dos adquirentes.
São contratos onde são envolvidos imóveis. Neste caso, a construtora vende os apartamentos e passa a ter recebíveis imobiliários. 
Companhia securitizadora: é uma empresa sobre a forma de S.A (companhia é sempre S.A), que entre uma das definições é a “conversão de créditos em títulos. 
Uma empresa que tem recebíveis imobiliários passa para a companhia securitizadora os créditos, emitindo-os no mercado (securitizar). 
b) posse legítima de substâncias entorpecentes: depósito em mãos de autoridades sanitárias e a venda será feita de forma supervisionada e apenas para pessoas habilitadas;
c) propriedade industrial: a massa falida deve continuar zelando pelas providências de manutenção da propriedade industrial;
d) cotas de sociedade limitada: deverá ser feita a liquidação parcial da sociedade da qual a massa falida é “sócia” (da qual o empresário falido era sócio, na verdade).
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 46.
Artigos: Nihil. 
Aula 08
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO)
OS ATOS DO FALIDO
- os sócios ou administradores de uma sociedade em ponto de falir podem ser tentados a cometer atos que desvirtuam os objetivos da falência (principalmente a arrecadação de todos os bens, pagamento do passivo, tratamento paritário entre os credores), por isso, a lei de falências considera ineficazes perante a massa determinados atos praticados pelo falido.
- NÃO são atos nulos ou anuláveis; apenas não produzem eficácia perante a massa; entretanto, pode o ato também ser invalidado com base no Direito Civil (caso seja a hipótese legal); caberá ao administrador judicial escolher o procedimento; 
É defeso aos sócios ou administradores alienarem ou doarem os bens quando possuem credores a pagar, e não sobrar patrimônio suficiente. Se alienaram ou doaram bens, deve-se se entrar com Ação Paulina para reaver os bens, declarando a ineficácia patrimonial, e não a anulação ou nulidade do ato. Isso ocorre pois, tudo depende do valor que foi alienado ou doado o bem em fraude, pois se for um valor ainda maior que o valor devido aos credores, só voltará o necessário para paga-los.
- o termo legal é importante para fixar a ineficácia de alguns atos. 
- o art. 129 da LF trata dos ATOS INEFICAZES, que são atos de ineficácia objetiva (independe da vontade dos agentes). São apreciados nos próprios autos de falência. 
Não se aplica, aqui, a ideia de terceiros de boa-fé. 
- o art. 130 da LF trata de ATOS REVOGÁVEIS, que são atos de ineficácia subjetiva, porque é necessário provar a intenção de fraudar.
Em relação a fraude, não interessa o período em que ocorreu, desde que se possa provar. Por isso, muitos casos que não podem ser provados por ineficácia objetiva, podem ser elencadas como ineficácia subjetiva, devendo ser provada a fraude.
	Para tanto, há a AÇÃO REVOCATÓRIA.
- os atos de ineficácia objetiva podem ser reconhecidos pelo juiz nos próprios autos da falência ou em processo incidental (sem necessidade de ajuizamento de ação revocatória).- AÇÃO REVOCATÓRIA: através da ação revocatória é que se declara a ineficácia subjetiva dos atos ineficazes ou revogáveis.
 Características: 
a) é ação específica do procedimento falimentar; 
b) o administrador judicial tem legitimidade para propor a ação, concorrente com qualquer credor e com o MP; 
c) têm legitimidade passiva todos que participaram do ato ou concorreram para ele (inclusive herdeiros e legatários);
d) o juízo competente é o da falência;
e) processa-se pelo rito ordinário;
f) período decadencial de 03 anos, contados da declaração da falência;
g) o administrador judicial NÃO responde perante a massa pelas conseqüências da decadência, já que todos os credores têm legitimidade;
h) da decisão que julga a revocatória cabe apelação.
Obs.: atos praticados pelo falido ou seus representantes APÓS a declaração da falência são NULOS (porque não poderiam ter sido praticados).
Legislação: Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas).
 
Doutrina (livro texto): Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 3, Capítulo 46.
Artigos: Nihil.
PROVA DE 3 PONTOS – ATÉ AULA 08.
PROVA DE 7 PONTOS – A PARTIR DA AULA 09
06/09/12
Aula 09
FALÊNCIA (CONTINUAÇÃO)
OS CONTRATOS DO FALIDO
- as regras de disciplina dos contratos das esferas civil, comercial ou de consumo são afastadas pela decretação de falência – instaura-se um regime de regras específicas aplicáveis aos contratos firmados pelo falido e que estavam vigentes à época da quebra.
- Disposição Geral (arts. 117 e 118, LF): os contratos bilaterais ou unilaterais podem ser rescindidos por decisão do administrador judicial e do comitê, se for o caso (rescindirá os que forem desinteressantes para a massa), DESDE QUE nenhuma das partes tenha dado início ao cumprimento das obrigações assumidas no contrato (inicio de execução do contrato).
Se não for iniciada a execução do contrato é porque nenhuma das partes deu início ao cumprimento das cláusulas. Se não começou a ser cumprido pode ser rescindido pelo administrador da massa falida.
- caso o contrato não possa ser rescindido pelo administrador judicial, ou comitê (contrato unilateral ou bilateral onde já tenha sido iniciada a obrigação), deve o administrador judicial diligenciar para receber o crédito (caso seja a massa credora) ou o credor deve habilitar-se na falência (caso a massa seja devedora).
- a decisão sobre a rescisão do contrato cabe exclusivamente ao administrador judicial e ao comitê (conforme o que entenderem de melhor para a massa), respondendo por eventuais prejuízos por má administração; não é possível, então, a qualquer credor ou o contratante pleitear a revisão do que ficou decidido pelo administrador judicial ou pelo comitê.
- a lei determina, entretanto, que o administrador judicial e o comitê verifiquem se: 
a) há redução do passivo; 
b) há aumento do ativo; 
c) se há necessidade de preservação do ativo.
- o contratante, entretanto, tem assegurado o direito de saber qual a decisão do administrador judicial, razão pela qual a lei prevê a possibilidade de interpelação (notificação) ao administrador judicial; caso silencie no administrador judicial no prazo de 10 dias, ter-se-á como rescindido o contrato. Isso caso não haja clausula de falência. O contratante pode, portanto, notificar o administrador judicial para saber se ele quer ou não que se cumpra o contrato.
- é possível ao contratante pleitear em ação própria eventual indenização pela rescisão do contrato, incluindo-se eventual crédito entre os quirografários.
- os demais contratos do falido, após a falência, não são rescindidos, e devem ser cumpridos (como se não houvesse sido decretada a falência), observando-se regras específicas previstas na legislação falimentar.
- o administrador judicial deverá respeitar, entretanto, a cláusula de rescisão por falência, que exprime vontade das partes no momento da contratação; tal cláusula é válida inclusive se mencionar apenas a distribuição de um pedido de falência.
“Esse contrato será considerado rescindido de pleno direito caso uma das partes tenha sua falência declarada.” Isso afasta o poder de decisão do administrador judicial acerca do cumprimento do contrato. 
Tem contratos que preveem a rescisão nos casos de falência requerida, e não declarada. Tem ainda aqueles que preveem a clausula de rescisão em caso também de recuperação judicial.
Trata-se de cláusula indispensável no contrato, pois na sua ausência é o administrador judicial da empresa que faliu que decidirá se o contrato será ou não cumprido (aqueles que ainda não foram iniciados).
Contratos já iniciados devem ser cumpridos, salvo se houver a cláusula de rescisão por falência.
CONTRATOS EM ESPÉCIE
- determinados contratos são tratados de forma especial pela legislação falimentar. Entretanto, caso haja disposição das partes sobre a eventual decretação de falência de uma das partes, também não será aplicada a legislação falimentar, mas sim o que foi pactuado pelas partes.
1) Compra e Venda mercantil – falência do COMPRADOR
- falindo o comprador, de acordo com o momento da entrega da mercadoria e do pedido de falência: 
a) vendedor NÃO despachou as mercadorias, NÃO tendo o comprador pago nada do preço: aplica-se a disposição geral dos contratos na falência (caso não haja cláusula de rescisão de falência), cabendo ao administrador judicial e ao comitê avaliar se rescindirá ou não o contrato.
Caso resolvam pelo cumprimento do contrato, deverá o vendedor entregar a mercadoria e habilitar-se na falência.
Se o preço foi pago, no todo ou em parte, deverá o vendedor entregar a mercadoria e habilitar-se na falência. 
Caso o administrador judicial não opte pela conclusão do negócio, não terá o vendedor qualquer direito oponível contra a massa.
b) o vendedor toma conhecimento do pedido de falência após ter despachado as mercadorias: poderá o vendedor dar uma contra-ordem ao transportador para que não entregue a mercadoria (caso ainda não tenha sido paga, obviamente), interpelando em seguida o administrador judicial para saber se o contrato será rescindido ou não.
c) o vendedor entregou as mercadorias nos quinze dias anteriores ao pedido de falência: desde que não tenham sido pagas e que não tenha ocorrido a alienação dos bens poderá o vendedor pedir a restituição da mercadoria.
d) vendedor que fez a entrega das mercadorias no período antecedente ao período de 15 dias antecedente ao pedido de falência ou posterior ao pedido de falência: a única alternativa para o vendedor será a habilitação na falência.
Se a entrega foi feita nos 15 dias anteriores ao pedido de falência tem direito de pedir a restituição da mercadoria, para evitar que se faça o movimento de abarrotar os estoques ante ao eminente pedido de falência.
	Habilitar crédito	 restituição da mercadoria	 
 15 dias
					 Pedido		 Falência
 de falência
2) compra e venda mercantil – falência do vendedor
- na venda de coisa composta pela falida rescindida pelo administrador judicial, o comprador pode, colocando à disposição da massa as composições já recebidas, pleitear perdas e danos
- na venda pela falida de coisa móvel, com pagamento a prestação, o administrador judicial pode optar pela rescisão do contrato, restituindo ao comprador o valor das prestações já pagas
3) reserva de domínio
- se a falida havia comprado coisa móvel mediante reserva de domínio do vendedor o administrador (ou o comitê) deverá decidir se continua cumprindo o contrato (para depois incorporar ao patrimônio da massa), ou se procede à restituição da coisa ao vendedor), mediante recebimento dos valores já pagos.
4) compra e venda a termo
- nas compras a termo de mercadorias com cotação em bolsa, verifica-se a cotação e surge crédito ou débito para a massa.

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