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Artigo: O GARANTISMO PENAL E A VEDAÇÃO À UTILIZAÇÃO DE PROVAS ILEGAIS NO DIREITO PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO


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O GARANTISMO PENAL E A VEDAÇÃO À UTILIZAÇÃO DE PROVAS ILEGAIS 
NO DIREITO PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO1 
Arianne Maria Raposo Souza Araújo2 
Camila Torres da Costa3 
Hanna Fernandes Porto4 
Larissa Carvalho Furtado Braga Silva5 
Marcelo Augusto Nunes Soares6 
Sabrina Batista Sampaio7 
Tárcila Jaynara Ribeiro de Moura8 
 
RESUMO 
O presente artigo, por meio da análise de algumas teorias referentes às provas ilegais, sejam 
elas ilícitas, ilegítimas ou derivadas das mesmas, traz em seu escopo uma abordagem teórica 
do tema, bem como o estudo de sua aplicação aos casos concretos, tomando por base alguns 
julgados e estudos de casos que são abordados ao longo deste texto. Entende-se a necessidade 
de que seja travada uma luta séria pela preservação do garantismo penal na atual conjuntura 
do ordenamento processual penal brasileiro, evitando-se que meios probatórios ilegítimos 
sejam utilizados para dirimir conflitos, prejudicando o acusado, principalmente quando ainda 
não se tem certeza de sua culpa. 
Palavras-chave: Garantismo. Provas. Ilegais. Processo. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 O Sistema Processual Penal Brasileiro, buscando a defesa do garantismo penal, e, 
amparado pela Carta Magna pátria, preza, em regra, pela licitude das provas. 
Contudo, o processualismo penal do Brasil vem tomando conhecimento de diversas 
teorias que versam sobre o sistema de provas, em especial as de cunho ilícito, analisando a 
sua possível adoção pelo ordenamento jurídico do país. 
1 Artigo científico apresentado à disciplina de Direito Processual Penal I, referente à 3ª avaliação. 
2 Aluna do 4º período do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). 
3 Aluna do 5º período do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). 
4 Aluna do 5º período do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). 
5 Aluna do 5º período do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). 
6 Aluno do 5º período do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). 
7 Aluna do 5º período do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). 
8 Aluna do 5º período do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). 
 
 2 
O presente artigo surge com o escopo de analisar o uso, excepcional, de provas ilícitas 
na persecução penal no ordenamento brasileiro, bem como a possibilidade de aceitação destas 
pelos Tribunais pátrios. 
Com o desígnio acima citado, dar-se-á ênfase a três teorias: Teoria dos Frutos da 
Árvore Envenenada, da Tinta Diluída e da Cegueira Deliberada. 
 
 
2 DAS PROVAS ILEGAIS 
Como todo e qualquer direito fundamental, o direito a prova também não possui 
natureza absoluta, tendo em vista que se encontra limitado na Constituição Federal, art. 5º, 
LVI, que diz “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. Isso 
acontece porque, em um dito “Estado Democrático de Direito” não se pode aceitar que as 
provas sejam obtidas de qualquer modo, tendo-se a obrigação de respeitar os direitos e 
garantias da pessoa humana, sob pena de deslegitimação do sistema punitivo. 
Isso deve acontecer porque, como ensina o Prof.º Renato Brasileiro em seu livro 
“Curso de Processo Penal”, 
seria de todo contraditório que, em um processo criminal, destinado à apuração da 
prática de um ilícito penal, o próprio Estado se valesse de métodos violadores de 
direitos, comprometendo a legitimidade de todo o sistema punitivo, pois ele mesmo 
estaria se utilizando do ilícito penal. 
 
Além disso, um outro fator que leva à vedação às provas ilícitas é ao controle da 
regularidade da persecução penal, evitando-se que seja propagada a utilização de provas 
ilícitas em nosso sistema processual, tutelando, assim, os direitos e garantias assegurados pela 
ordem jurídica. 
Nessa linha, destaca, ainda, o Ministro Celso de Mello que: 
a ação persecutória do Estado, qualquer que seja a instância de poder perante a qual 
se instaure, para revestir-se de legitimidade, não pode apoiar-se em elementos 
probatórios ilicitamente obtidos, sob pena de ofensa à garantia constitucional do due 
process of law, que tem, no dogma da inadmissibilidade das provas ilícitas, uma de 
suas mais expressivas projeções concretizadoras no plano do nosso sistema de 
direito positivo. - A Constituição da República, em norma revestida de conteúdo 
vedatório (CF, art. 5°, LVI), desautoriza, por incompatível com os postulados que 
regem uma sociedade fundada em bases democráticas (CF, art. 1°), qualquer prova 
cuja obtenção, pelo Poder Público, derive de transgressão a cláusulas de ordem 
constitucional, repelindo, por isso mesmo, quaisquer elementos probatórios que 
resultem de violação do direito material (ou, até mesmo, do direito processual), não 
 3 
prevalecendo, em consequência, no ordenamento normativo brasileiro, em matéria 
de atividade probatória, a fórmula autoritária do male captum, bene retentum. 
 
A prova será considerada ilegal sempre que sua obtenção se der por meio de violação 
de normas legais ou de princípios gerais do ordenamento, de natureza material ou processual. 
Prova obtida por meios ilegais deve funcionar como o gênero, do qual são espécies as provas 
obtidas por meios ilícitos e as provas obtidas por meios ilegítimos. A prova será considerada 
ilícita quando for obtida através da violação de regra de direito material (penal ou 
constitucional). Já os meios ilegítimos dizem respeito ao momento ‘de sua produção’: em 
regra, no curso do processo. A prova ilegítima, como se vê, é sempre intraprocessual (ou 
endoprocessual). 
A seguir, acompanharemos algumas teorias a respeito das provas ilegais, ou até de 
provas obtidas a partir de provas ilícitas derivadas, e veremos um pouco mais a fundo como e 
onde estas teorias costumam ser aplicadas. 
 
3 TEORIA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA 
A Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (fruits of the poisonous tree) teve origem 
na Suprema Corte Americana, que em 1920 passou a proibir provas lícitas contaminadas por 
ilegalidade. O objetivo era identificar as provas aparentemente lícitas porém derivadas de um 
ato ilegal. 
O nome, que provém de um preceito bíblico segundo o qual uma árvore envenenada 
jamais dará bons frutos, afirma que as provas derivadas (os frutos) de uma prova ilícita 
originária (árvore) também serão ilícitas (envenenadas). 
No Brasil a adoção da teoria não é pacifica entre a doutrina. A doutrina majoritária 
acredita que há a necessidade de adoção da teoria pelo ordenamento jurídico, com a 
justificativa de que as provas derivadas da ilícita possuem a mesma natureza da prova ilícita 
original, uma vez que a permanência de qualquer das duas em um processo criminal feriria o 
princípio da dignidade da pessoa humana, assim como o próprio princípio constitucional 
elencado no artigo 5°, inciso LVI. Por outro lado, minoritariamente estudiosos defendem a 
não vedação probatória para a prova ilícita derivada, apontando como principal fator que 
validaria o uso dessas provas, a busca da verdade real e afirmando que as provas, no caso 
concreto, poderiam ser manipuladas facilmente pela parte contraria, onde se poderia plantar 
alguma irregularidade ínfima para contaminar toda a prova produzida, dessa maneira fazendo 
 4 
com que se excluísse a prova mais importante, ou seja, a doutrina vencida revela seu medo da 
vedação virar uma manobra de má-fé em uma disputa judicial. 
Ada Pellegrini Grinover afirma que: 
A posição mais sensível às garantias da pessoa humana e, consequentemente, mais 
intransigente com os princípios e normas constitucionais é a que professa a 
transmissão da ilicitude da obtenção da prova às provas derivadas, que são, assim, 
igualmentebanidas do processo. 
 
Da mesma maneira preceitua Capez : 
Tais provas não poderão ser aceitas, uma vez que contaminadas pelo vício da 
ilicitude em sua origem, que atingem todas as provas subsequentes. Serão ilícitas as 
demais provas que delas se originarem. Tal conclusão decorre do disposto no art. 
573, §1°, do CPP, segundo o qual “a nulidade de um ato, uma vez declarada, causará 
a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência. 
 
O Supremo Tribunal Federal não acolheu de imediato a Teoria da Corte Americana, 
partilhando a tese da doutrina minoritária. Atualmente, porém, decorrente de decisões 
reiteradas, a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada está consolidada no ordenamento 
jurídico brasileiro. 
Em 2008, a Lei 11.690 deu nova redação parágrafo 1° do artigo 157 do Código de Processo 
Penal: 
Art. 157 -“São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas 
ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
 § 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando 
não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas 
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 
 
Portanto, restando cristalino que o ordenamento acolheu a teoria norte americana, e 
passou a proibir expressamente a provas ilícitas por derivação. Assim identificados nos 
julgados a seguir: 
HABEAS CORPUS – CRIME QUALIFICADO DE EXPLORAÇÃO DE 
PRESTÍGIO (CP, ART. 357, PÁR – ÚNICO) – CONJUNTO PROBATÓRIO 
FUNDADO, EXCLUSIVAMENTE, DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA, POR 
ORDEM JUDICIAL, PORÉM, PARA APURAR OUTROS FATOS (TRÁFICO DE 
ENTORPECENTES) – VIOLAÇÃO DO ART. 5º, XII, DA CONSTITUIÇÃO – [...] 
3. As provas obtidas por meios ilícitos contaminam as que são exclusivamente delas 
decorrentes; tornam-se inadmissíveis no processo e não podem ensejar a 
investigação criminal e, com mais razão, a denúncia, a instrução e o 
julgamento (CF, art. 5º, LVI), ainda que tenha restado sobejamente comprovado, por 
meio delas, que o Juiz foi vítima das contumélias do paciente. 4. Inexistência, nos 
autos do processo-crime, de prova autônoma e não decorrente de prova ilícita, que 
 5 
permita o prosseguimento do processo. 5. Habeas corpus conhecido e provido para 
trancar a ação penal instaurada contra o paciente, por maioria de 6 votos contra 5. 
(STF – HC 72588 – TP – Rel. Min. Maurício Corrêa – DJU 04.08.2000 – p. 3). 
 
HABEAS CORPUS – ACUSAÇÃO VAZADA EM FLAGRANTE DE DELITO 
VIABILIZADO EXCLUSIVAMENTE POR MEIO DE OPERAÇÃO DE ESCUTA 
TELEFÔNICA, MEDIANTE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL – PROVA ILÍCITA – 
AUSÊNCIA DE LEGISLAÇÃO REGULAMENTADORA – ART. 5º, XII, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – FRUITS OF THE POISONOUS TREE – O 
Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, assentou entendimento no sentido 
de que sem a edição de lei definidora das hipóteses e da forma indicada no art. 5º, 
inc. XII, da Constituição não pode o juiz autorizar a interceptação de comunicação 
telefônica para fins de investigação criminal. Assentou, ainda, que a ilicitude da 
interceptação telefônica – à falta da lei que, nos termos do referido dispositivo, 
venha a discipliná-la e viabilizá-la – contamina outros elementos probatórios 
eventualmente coligidos, oriundos, direta ou indiretamente, das informações obtidas 
na escuta. Habeas corpus concedido. (STF – HC 73351 – 1ª T. – Rel. Min. Ilmar 
Galvão – DJU19.03.1999 – p. 9). 
 
HABEAS CORPUS – CRIME DE TRÁFICO DE ENTORPECENTES – PROVA 
ILÍCITA: ESCUTA TELEFÔNICA – 1. É ilícita a prova produzida mediante escuta 
telefônica autorizada por magistrado, antes do advento da Lei nº 9.296, de 
24.07.1996, que regulamentou o art. 5º, XII, da Constituição Federal; são 
igualmente ilícitas, por contaminação, as dela decorrentes: aplicação da doutrina 
norte-americana dos frutos da árvore venenosa. 2. Inexistência de prova autônoma. 
3. Precedente do Plenário: HC nº 72.588-1-PB. 4. (STF – HC 74.116 – SP – 2ª T. – 
Rel. p/ Ac. Maurício Corrêa – DJU 14.03.1997). 
 
Contudo, apesar da Constituição Federal e do CPP trazerem expressamente a 
inadmissibilidade de provas ilegais, onde também está inserida a prova ilícita por derivação, 
esse tipo de prova é admitido quando utilizada em favor do réu. 
Desta forma, segundo Avena, “a doutrina e a jurisprudência majoritárias há longo 
tempo tem considerado possível a utilização das provas ilícitas em favor do réu quando se 
tratar da única forma de absolvê-lo ou, então, de comprovar um fato importante à sua defesa”. 
O Supremo Tribunal Federal já se pronunciou a favor da licitude, por exemplo, da 
gravação de conversa telefônica, realizada por um dos interlocutores, sem o conhecimento do 
outro, desde que em determinadas circunstâncias. Em um caso do Ministro Moreira Alves, o 
Tribunal Excelso considerou lícita a gravação e divulgação de conversa da relatoria telefônica 
sem o conhecimento de terceiro que pratica o crime, uma vez praticada em favor do acusado 
ou em legítima defesa. 
Oportuno é consignar as razões levantadas pelo Ministro: 
evidentemente, seria uma aberração considerar como violação do direito à 
privacidade a gravação pela própria vítima, ou por ela autorizada, de atos 
 6 
criminosos, como o diálogo com sequestradores, estelionatários e todo tipo de 
achacadores. No caso, os impetrantes esquecem que a conduta do réu apresentou, 
antes de tudo, uma intromissão ilícita na vida privada do ofendido, esta sim 
merecedora de tutela. Quem se dispõe a enviar correspondência ou a telefonar para 
outrem, ameaçando-o ou extorquindo-o, não pode pretender abrigar-se em uma 
obrigação de reserva por parte do destinatário, o que significa o absurdo de 
qualificar como confidencial a missiva ou a conversa. (STF, HC n. 74.678/SP, 1ª 
Turma, Rel. Min. Moreira Alves, DJU 15/07/1997). 
 
Deste modo, a prova da inocência do réu deve ser aproveitada visto que em um Estado 
de Direito não há como se conceber a ideia da condenação de alguém que o próprio Estado 
acredita ser inocente. 
4 TEORIA DA TINTA DILUÍDA 
A Teoria da Tinta Diluída, também conhecida como Teoria da Mancha Purgada ou 
Teoria do Nexo Causal Atenuado, surge como uma exceção à ideia de que uma prova ilícita 
“contamina” as demais provas dela decorrentes. Nesta teoria, o nexo de causalidade existente 
entre as provas primária e secundária pode ser atenuado, abrandando ou mesmo afastando a 
ilicitude originária, em decorrência do lapso temporal entre tais provas, de acontecimentos 
concretos posteriores, ou mesmo do anseio de um dos indivíduos em contribuir com a 
persecução penal. Corroborando o afirmado, têm-se as palavras de Renato Brasileiro (2013): 
De acordo com essa limitação, não se aplica a teoria da prova ilícita por derivação se 
o nexo causal entre a prova primária e a secundária for atenuado em virtude do 
decurso do tempo, de circunstâncias supervenientes na cadeia probatória, da menor 
relevância da ilegalidade ou da vontade de um dos envolvidos em colaborar com a 
persecução criminal. Nesse caso, apesar de já ter havido a contaminação de um 
determinado meio de prova em face da ilicitude ou ilegalidade da situação que o 
gerou, um acontecimento futuro expurga, afasta, elide esse vicio, permitindo-se, 
assim, o aproveitamento da prova inicialmente contaminada. 
 
Tal teoria teve início nos Estados Unidos em 1939, a partir do caso Nardone v. United 
States (1939), mas a Corte e os doutrinadores não entenderam este caso como um anúncio da 
Teoria da Tinta Diluída (Purged Taint Doctrine, Dissipation of Taint Doctrine, Attenuation 
Exception Rule, Passage of Time Rule). Reconhece-se, em geral, que ela somente surgiu em 
1963, de forma mais clara que anteriormente, a partir do caso Wong Sun v. United States 
(1963). 
Neste caso, policiais prenderam duas pessoas acusadasde traficarem drogas, que 
acabaram confessando: Toy e Wong. No local foi encontrada heroína, que confirmou que os 
dois eram traficantes. Os policiais, porém, estavam sem mandado de prisão para adentrar a 
residência, e, segundo a defesa arguiu, tais confissões estavam contaminadas pela ilegalidade 
das prisões (havia violação de uma lei – 21 U.S.C. §174 - e da Quarta Emenda à Constituição 
 7 
Americana), de acordo com a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada. E, ainda, por conta 
dessas prisões Wong se apresentou a prestar depoimento dias depois, onde confirmou seu 
envolvimento com o tráfico. 
Assim, havia três questões que o Tribunal Americano deveria analisar se eram ilícitos 
ou não: (1) a confissão imediata, (2) a droga encontrada no local, e (3) a confissão posterior. 
Quantos às duas primeiras, o Tribunal foi unânime em admitir a Teoria dos Frutos da Árvore 
Envenenada e a ilicitude dessas provas. Porém, quanto à terceira, o Tribunal decidiu que, por 
conta do decorrer do tempo e porque Wong havia comparecido a depoimento por seu livre 
arbítrio – embora ele talvez não confessasse nessas condições se dias antes ele não tivesse 
sido surpreendido pelos policiais –, a prova ilícita se tornou atenuada de forma que dissipou a 
tinta (“have become so attenuated as to dissipate the taint” – STRATTON, 1984). 
Dessa forma, em outros julgamentos (como Brown v. Illinois e United States v. 
Ceccolini) a Corte Americana firmou entendimento no sentido de que o decurso do tempo e o 
livre arbítrio (free will) seriam capazes de formar tal exceção à Teoria dos Frutos da Árvore 
Envenenada. 
Todavia, uma parte da doutrina americana (STRATTON, 1984) entende que a Teoria 
da Tinta Diluída está em desacordo com a Quarta Emenda à Constituição Americana. Essa 
Emenda determina, dentre outros direitos, o de exclusão das provas obtidas por meios ilegais 
enquanto direito dos acusados. Portanto, tal corrente doutrinária entende que a Teoria da Tinta 
Diluída, por aceitar uma prova “envenenada” indiretamente, viola a Teoria dos Frutos da 
Árvore Envenenada, que é uma garantia prevista de forma implícita na Quarta Emenda. 
No Brasil, a doutrina processual penalista defende que a Teoria da Tinta Diluída 
apresenta amparo legal na segunda parte do art. 157, §1º do CPP: 
 
Art. 157... 
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não 
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas 
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 
 
Apesar da afirmação doutrinária de previsão legal da Teoria da Mancha Purgada, não 
se tem conhecimento da utilização desta por parte do Supremo Tribunal Federal ou do 
Superior Tribunal de Justiça. Tal teoria mostra-se, contudo, de baixa adoção por parte dos 
Tribunais pátrios, pois reconhecem que ela viola o art. 5º, inciso LVI da Constituição Federal, 
que diz que “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. Portanto, a 
Constituição Brasileira veda qualquer teoria que possa viola a Teoria dos Frutos da Árvore 
Envenenada, como a aqui analisada Teoria da Tinta Diluída ou Mancha Purgada. Isso pode 
 8 
ser depreendido do trecho abaixo apresentado, retirado da Apelação Criminal Nº 0012832-
24.2007.404.7000, do estado do Paraná: 
 
A exclusão da prova originariamente ilícita - ou daquela afetada pelo vício da 
ilicitude por derivação - representa um dos meios mais expressivos destinados a 
conferir efetividade à garantia do "due process of law" e a tornar mais intensa, pelo 
banimento da prova ilicitamente obtida, a tutela constitucional que preserva os 
direitos e prerrogativas que assistem a qualquer acusado em sede processual penal. 
Doutrina. Precedentes. 
[...] 
Revelam-se inadmissíveis, desse modo, em decorrência da ilicitude por derivação, 
os elementos probatórios a que os órgãos estatais somente tiveram acesso em 
razão da prova originariamente ilícita, obtida como resultado da transgressão, 
por agentes públicos, de direitos e garantias constitucionais e legais, cuja 
eficácia condicionante, no plano do ordenamento positivo brasileiro, traduz 
significativa limitação de ordem jurídica ao poder do Estado em face dos cidadãos. 
- Se, no entanto, o órgão da persecução penal demonstrar que obteve, legitimamente, 
novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova - que não 
guarde qualquer relação de dependência nem decorra da prova originariamente 
ilícita, com esta não mantendo vinculação causal -, tais dados probatórios revelar-se-
ão plenamente admissíveis, porque não contaminados pela mácula da ilicitude 
originária." 
(HC 93050, CELSO DE MELLO, STF) 
[...] 
As demais teorias de atenuação (boa fé, mancha purgada etc.) não encontram 
previsão na lei brasileira, e é discutível, ademais, que convivam harmonicamente 
com a regra lançada no art.5º, LVI, CF. Daí que, repiso, a invalidade da prorrogação 
atinge os demais elementos de convicção, dela decorrentes. (TRF-4 - ACR: 
128322420074047000 PR 0012832-24.2007.404.7000, Relator: JOSÉ PAULO 
BALTAZAR JUNIOR, Data de Julgamento: 23/07/2013, SÉTIMA TURMA, Data 
de Publicação: D.E. 01/08/2013) 
 
5 TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA 
Willful Blindness Doctrine ou Doutrina da cegueira intencional, Ostrich Instructions 
ou instruções de avestruz, Conscious Avoidance Doctrine ou doutrina do ato de ignorância 
consciente, Teoria das Instruções da Avestruz ou Buraco de Avestruz são sinônimos para uma 
que ganhou repercussão na Suprema corte dos Estados unidos, chamada de teoria da cegueira 
deliberada. Essa teoria tem como objetivo punir o agente criminoso que fecha os seus olhos 
para a ilicitude do crime antecedente, gerador de sua vantagem, chegando a presumir o seu 
conhecimento nos casos em que há dúvidas sobre seu envolvimento na atividade ilícita. 
Consiste no fato de o agente evitar, conscientemente, conhecer a origem criminosa de 
seus bens, direitos, valores ou vantagens, isto é, fecha os olhos para origem antijurídica 
daquilo que adquiriu. O agente escolhe não conhecer a ilicitude que o permeia. Sua aplicação 
se só é possível nos crimes em que se verifica o dolo eventual do agente, pois não há 
possibilidade de se aplicar aos crimes culposos já que o agente deve escolher conscientemente 
não conhecer a origem ilícita dos seus bens. 
 9 
Essa teoria é muito criticada por criar um risco de punição excessiva, punindo o agente 
por atos que ele não praticou, como nos casos em que não há envolvimento com a conduta 
ilícita originária da coisa adquirida. É considerada desforço doutrinário, e no Brasil, sua 
aplicabilidade ainda é restrita aos casos de lavagem de dinheiro, receptação e crimes eleitorais 
e mais timidamente nos crimes de peculato, estelionato e sonegação fiscal. Na América do 
Norte, a teoria em análise já foi aplicada também em um caso de violação aos direitos 
autorais. 
 
5.1 Nos crimes de lavagem de dinheiro 
No que concerne ao delito de lavagem de capitais, apesar de ser este o maior campo de 
sua aplicabilidade, a Teoria da Cegueira Deliberada ainda não encontra uma utilização 
pacífica, nem mesmo nos sistemas originários da referida doutrina. 
Nos últimos anos a caracterização do delito de lavagem de capitais tem se expandido 
no sentido inserir nesse tipo de delito as condutas dos agentes que, diante dos fatos 
circunstanciais que sugerem a origem duvidosa de capitais, optam pelo não conhecimento da 
origem a fim de garantir vantagem da situação. Nesse sentido, afirma Francis Beck: 
“Essa doutrina sustenta – de uma forma geral – a equiparação, para fins de 
atribuição da responsabilidade subjetiva, entre os casos de conhecimento efetivo dos 
elementos objetivos que configuram uma conduta delitiva e aqueles casos de 
desconhecimentointencional relativo a tais elementos. Tal equiparação se ampara na 
premissa de que o grau de culpabilidade que se manifesta em quem conhece o fato 
não é inferior ao do agente que, podendo e devendo conhecer, prefere manter-se na 
ignorância” 9 
A referida teoria tem sido utilizada como ferramenta eficaz de combate ao delito de 
lavagem de capitais, tendo aplicabilidade não somente nos sistemas de common law como 
também de civil law, a exemplo do Brasil. 
5.1.1 A Teoria da Cegueira Deliberada aplicada delito de lavagem de capitais no direito 
penal norte-americano 
Nos Estados Unidos, essa doutrina passou a ser amplamente discutida quanto aos 
delitos de lavagem de capitais pelo fato da legislação americana não ter previsão legal sobre 
as condutas pautadas no desconhecimento intencional na prática do delito em questão. 
O país tem como modelo de legislação penal o Model Penal Code, proposto em 1962 
pelo American Law Institute, que, embora referente a um sistema de common law, possui 
9BECK, Francis. A doutrina da cegueira deliberada e sua (in)aplicabilidade ao crime de lavagem de dinheiro. 
Revista de Estudos Criminais; v. 41, abr/jun, 2011, p. 46. 
 
 10 
vigor normativo, pois vários dos seus preceitos são utilizados pela jurisprudência norte-
americana. Dando origem ao questionamento, tal código não apresenta menção expressa à 
willful blindness, porém, parte da doutrina afirma que a referida teoria se encontra 
contemplada na seção 2.02., intitulada General Requirements of Culpability, item 7, que assim 
versa: 
“Requirement of Knowledge Satisfied by Knowledge of High Probability. When 
knowledge of the existence of a particular fact is an element of an offense, such 
knowledge is established if a person is aware of a high probability of its existence, 
unless he actually believes that it does not exist”.10 
 
 Nesse sentido, considera-se que há o conhecimento caso o sujeito tenha consciência 
da alta probabilidade da ocorrência do fato. Tal entendimento vem sendo disseminado nas 
cortes americanas para auxiliar na punição dos delitos de lavagem de capitais como forma de 
combate a impunidade daqueles que se colocam voluntariamente em estado de ignorância.11 
Um exemplo de julgado com base na willful blindness aplicada ao delito de lavagem 
de capitais é o caso United States vs. Campbell, citado por Sérgio Fernando Moro. No caso 
em comento, a corretora de imóveis, Ellen Campbell, teria atendido Mark Lawing, um 
traficante de drogas, que se apresentou como um empresário interessado em comprar um 
imóvel. Consta no processo que Lawing consolidou sua imagem de bem-sucedido perante a 
corretora ao aparecer nos seus encontros com carros luxuosos. A compra de um imóvel foi 
fechada por US$ 182.500,00, sendo US$ 60.000,00 pagos por fora, parte em dinheiro e parte 
em pequenos pacotes de compras, com tal diferença celebrada em contrato escrito. Consta no 
depoimento de uma testemunha do processo que a corretora teria declarado que o dinheiro 
recebido poderia ser proveniente de drogas. Nessas circunstâncias, a acusada foi condenada 
pelo delito de lavagem de capitais, porque apesar de não ter tido a intenção de participar ou de 
contribuir com a lavagem do dinheiro, realizou o negócio ignorando intencionalmente algo 
que lhe era óbvio, não se importando com a procedência do pagamento, no intuito de garantir 
10Disponível em: <http://wps.prenhall.com/wps/media/objects/13023/13335893/downloadable 
s/model_penal_code_sel_sec2.pdf.> 
11RAGUÉS I VALLÈS, Ramon. La ignorancia deliberada en derecho penal. Barcelona: Editora Atelier, 2007. p. 
72 apud GHER, Amanda. A Aplicação da Teoria da Cegueira no Direito Penal Brasileiro. Disponível em: 
<http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/handle/1884/31107/AMAN DA 
%20GEHR.pdf?sequence=1eliberada. Curitiba, 2012. p. 12.> 
 
 11 
sua comissão. Como refere parte da sentença, questão relevante no caso não é o propósito de 
Campbell, mas sim seu conhecimento a respeito do propósito de Lawing.12 
Deveras, também se discute as limitações para a utilização willful blindness. As cortes 
americanas têm admitido como condições para a sua aplicabilidade, de forma geral: a) o 
conhecimento pelo agente da elevada probabilidade de que os bens, direitos ou valores 
envolvidos eram provenientes de crime, e; b) a indiferença do agente diante desse 
conhecimento.13 
Divergindo desse novo cenário, as principais críticas estabelecidas, nesse país, à 
aplicação da teoria dizem respeito a alegação de que tal posicionamento contraria o princípio 
da legalidade e da culpabilidade, que exige o conhecimento como condição de existência, e 
que sua adoção atende tão somente políticas criminais.14 
Ainda que não apresente unanimidade quanto sua aplicabilidade, inelutável é o fato de 
que a teoria da cegueira deliberada vem expandindo seu alcance. Exemplo de novo 
paradigma, no caso United States v. Fofanah, a corte do 2º Circuito de Nova Iorque opto pelo 
entendimento da dispensabilidade de demonstração por parte da acusação de “atos positivos 
voltados a evitar o conhecimento”, bastando por parte do agente a desconfiança e a assunção 
do risco de cometimento de delito.15 
5.1.2 Breves considerações sobre o cenário internacional 
Hodiernamente, tal cenário ganha como escopo o esforço das comunidades 
internacionais no combate ao delito de lavagem de capitais, abrindo espaço cada vez maior 
para a aplicabilidade da teoria da cegueira deliberada. De certo que há uma grande tendência 
de que ela passe a ser cada vez mais utilizada nos ordenamentos jurídicos do mundo todo, ao 
menos é o que parece almejar a Financial Action Task Force on Money Laundering (Grupo de 
Ação Financeira sobre o Branqueamento de Capitais), quando da publicação das “Quarenta 
Recomendações”, que orienta para a possibilidade de o elemento intencional do crime de 
“branqueamento de capitais” ser deduzido a partir de circunstâncias fatuais objetivas. 
Nesse mesmo sentido apresenta-se o artigo 6º, item 2, “f”, da Convenção das Nações 
Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, que determina que para fins de efeitos da 
12MORO, Sérgio Fernando. Crime de lavagem de dinheiro. São Paulo : Saraiva, 2010, p. 64-65 
13Ibidem, p. 99-100. 
14Ibidem, p.13. 
15Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2015-fev-26/lavagem-dinheiro-teoria-cegueira-deliberada> 
 
 12 
aplicação das medidas necessárias à caracterização do crime de “lavagem do produto do 
crime”, o conhecimento, a intenção ou a motivação, enquanto elementos constitutivos de uma 
infração referente ao tipo penal caracterizado, poderão ser inferidos de circunstâncias fatuais 
objetivas.16 Bem como, o artigo 28 da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, que 
também busca a repressão ao crime de lavagem de capitais, e determina que ”o conhecimento, 
a intenção ou o propósito que se requerem como elementos de um delito qualificado de 
acordo com a presente Convenção poderão inferir-se de circunstâncias fáticas objetivas”17. É 
importante ressaltar que o Brasil é signatário de ambas as convenções. 
 Infere-se do exposto que há uma indicação real para admissibilidade na caracterização 
penal do delito de lavagem de capitais, das condutas onde reste comprovada a 
responsabilidade penal subjetiva do agente que, embora não almeje a finalidade do delito, 
diante de circunstâncias objetivas que coloquem em dúvida a origem do capital, faz-se 
indiferente à probabilidade da origem ilícita do mesmo, dando sequência a cadeia de 
acontecimentos que culminam na efetivação do tipo penal. 
5.1.3. A Teoria da Cegueira Deliberadaaplicada ao delito de lavagem de capitais no 
direito penal brasileiro 
No caso do Brasil, assim como nos Estados Unidos, não há previsão legal para a teoria 
da cegueira deliberada nos casos dos delitos de lavagem de dinheiro. No caso do nosso 
ordenamento jurídico, tal teoria vem sendo admitida a título de dolo eventual. 
Como nos ensina Luiz Regis Prado, 
“dolo eventual: significa que o autor considera seriamente como possível a 
realização do tipo legal e se conforma com ela. O agente não quer diretamente a 
realização do tipo, mas a aceita como possível ou provável – “assume o risco da 
produção do resultado” (art. 18, I, in fine, CP). Vale dizer: o agente consente ou se 
conforma, se resigna ou simplesmente assume a realização do tipo penal.”18 
16BRASIL. Decreto n.º 5.015, de 12 mar. 2007. Promulga a Convenção das Nações Unidas contra o Crime 
Organizado Transnacional. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ _Ato2004- 
2006/2004/Decreto/d5015.htm>. Acesso em: 23.jun. 2015). 
17BRASIL. Decreto n.º 5.687, de 31 de janeiro de 2006. Promulga a Convenção das Nações Unidas contra a 
Corrupção, adotada pela Assembléia-Geral das Nações Unidas em 31 de outubro de 2003 e assinada pelo Brasil 
em 09 de dezembro de 2003. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 
2006/2006/Decreto/D5687.htm>. Acesso em: 14 mar. 2012). 
18PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro, parte geral: arts. 1º a 120. 8ª Ed. rev., atual. e ampl. 
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. p. 322 – 323. 
 
 13 
No dolo eventual o agente não quer diretamente a realização do tipo, mas o aceita 
como possível, ou até provável, assumindo o risco da produção do resultado. Como refere 
Bitencourt, “no dolo eventual, o agente prevê o resultado como provável ou, ao menos, como 
possível, mas, apesar de prevê-lo, age aceitando o risco de produzi-lo”19. É importante 
observar que o dolo eventual não deve ser confundido com a mera esperança ou desejo que 
determinado resultado ocorra, tampouco com a culpa consciente, quando o agente deixa de 
observar a diligência a que estava obrigado, prevendo um resultado previsível, mas confia que 
ele não ocorra, todavia, se o sujeito não conhece, com certeza, os elementos requeridos pelo 
tipo objetivo, mas, mesmo na dúvida sobre a sua existência, age, aceitando essa possibilidade, 
estará configurado o dolo eventual.20 
A problemática proposta à doutrina brasileira incide na controvérsia sobre a admissão 
deste tipo de dolo na prática do delito de lavagem de capitais. A discussão da aplicabilidade da 
referida teoria com base na Lei nº 9.613/1998, a Lei de Lavagem, diz respeito a sua 
caracterização quanto ao elemento subjetivo constitutivo do tipo. É pacífico o entendimento 
do elemento dolo, restando controversa sua modalidade quando do dolo eventual. 
Para Badaró & Bottini, com o advento da Lei n ° 12.683/2012, que alterou a lei 
supracitada, no plano subjetivo, a nova redação do inciso I, § 2º do artigo 1º da lei de lavagem 
trouxe uma novidade com relação à anterior. Naquela, o termo “saber a procedência” constava 
do tipo penal (na redação anterior: “utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, 
direitos ou valores que sabe serem provenientes de qualquer dos crimes antecedentes referidos 
neste artigo”). O dispositivo indicava expressamente o dolo direto. A nova redação suprimiu a 
referência ao conhecimento da origem infracional do bem.21 
Os autores sustentam que a supressão da expressão “que sabe” teve o claro objetivo de 
agregar a punição pelo dolo eventual no caso de uso de bens de origem suja. Ou seja, o 
legislador estendeu a tipicidade àquele que suspeita da proveniência infracional dos bens, e 
ainda assim os utiliza na atividade econômica ou financeira, assumindo o risco de praticar 
lavagem de dinheiro.22 
19BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 4 v. v.1: Parte 
Geral. p. 283 . 
20Ibidem. p.289-290. 
21BADARÓ, Gustavo Henrique e BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Lavagem de dinheiro: aspectos penais e 
processuais penais — Comentários à Lei 9.613/98, com as alterações da Lei 12.683/2012 São Paulo: Revista 
dos Tribunais.1ª ed. 2012. p.75. 
22Ibidem, p. 75-76. 
 
 14 
Tal entendimento ainda é controverso, entretanto, maior é a aceitação da teoria da 
cegueira deliberada doravante a inovação legal, de forma que no caso brasileiro é possível 
distinguir dois momentos históricos decisivos na adoção dessa doutrina pela corte nacional, 
marcados pela admissão ou não do dolo eventual nos delitos de lavagem de dinheiro. 
O primeiro marco histórico é o caso do furto ao Banco Central, em Fortaleza-CE, no 
ano de 2005. Nas palavras de Monteiro: 
Um crime de lavagem de dinheiro que ficou conhecido em todo o Brasil e que foi 
aplicada a Teoria da Cegueira Deliberada, ao menos em primeira instância, foi o 
furto do Banco Central de Fortaleza, em 06 de agosto de 2005, quando uma 
quadrilha escavou um túnel e furtou aproximadamente R$ 165.000.000,00 (cento e 
sessenta e cinco milhões de reais). No dia seguinte, foram em uma concessionária de 
veículos, onde compraram 11 automóveis, gastando R$ 1milhão. Nesse caso, na 
sentença, o juiz entendeu a aplicação da cegueira deliberada, sustentando que os 
donos da concessionária se fizeram cegos para não tomar conhecimento da origem 
ilegal do dinheiro recebido na venda. Contudo, em segunda instância, os 
responsáveis foram absolvidos.23 
Na sentença condenatória, o juízo de 1º grau entendeu que a lacuna legislativa 
existente na lei de lavagem de capitais justificaria a possibilidade de se aplicar o dolo eventual 
aos delitos colacionados no artigo 1º, parágrafo 2º, inciso I da referida Lei nº 9.613/1998. 
Justifica o juízo que: 
“muito embora não haja previsão legal expressa para o dolo eventual no crime do 
art. 1.º, caput, da Lei 9.613/1998 (como não há em geral para qualquer outro crime 
no modelo brasileiro), há a possibilidade de admiti-lo diante da previsão geral do art. 
18, I, do CP e de sua pertinência e relevância para a eficácia da lei de lavagem.”24 
Em relação ao elemento subjetivo do tipo penal, o juízo a quo concluiu: 
Portanto, muito embora não haja previsão legal expressa para o dolo eventual no 
crime do art. 1.º, caput, da Lei 9.613/1998 (como não há em geral para qualquer 
outro crime no modelo brasileiro), há a possibilidade de admiti-lo diante da previsão 
geral do art. 18, I, do CP e de sua pertinência e relevância para a eficácia da lei de 
lavagem. 25 
Com este posicionamento o juízo de primeiro grau aplicou a teoria da cegueira 
deliberada à sentença já mencionada anteriormente, por entender que os donos da revenda de 
carros Brilha Car, sabiam que os valores utilizados na compra dos referidos veículos eram de 
origem ilícita, e ainda assim, concluíram a negociação dos veículos, corroborando a tese de 
que pode-se aplicar aos delitos de lavagem de dinheiro o dolo eventual. 
23MONTEIRO, Alves Tatiana. Aplicação da Teoria da Cegueira Deliberada no Brasil. Disponível em 
<http://www.conjur.com.br/2009-set-28/necessario-dolo-especifico-caracterizacao-corrupcao-eleitoral>. 
Acessado em 23.jun.2015 
24JUSTIÇA FEDERAL NO CEARÁ. 11ª VARA. nº 2005.81.00.014586-0. Juiz Titular Danilo Fontenelle 
Sampaio. 28.6.2007. Fortaleza – CE 
25Ibidem. 
 
 15 
Em recurso de apelação interposto no Tribunal Federal Regional da 5ª Região os 
empresários alegaram a ausência de dolo nas suas condutas, agindo assim de boa-fé, e 
ausência de provas convincentes de que sabiam da origem ilícita dos valores utilizados pelos 
compradoresdos veículos. O Tribunal Regional Federal da 5ª Região analisando as razões da 
apelação dos empresários responsáveis pela revendedora de carros Brilha Car questionou a 
sentença quanto a possibilidade de se aplicar a responsabilização criminal visto que não 
existiam nos autos do processo provas de que esses empresários sabiam da origem ilícita dos 
valores. Alegou o relator que: 
Os delitos previstos na Lei 9.613/98 só podem ser punidos se praticados com dolo, 
ainda que genérico. Somente é possível o enquadramento nos crimes previstos nessa 
lei quando houver a consciência da ilicitude da conduta. Dessa forma, é necessário 
que o agente saiba da procedência ilícita do dinheiro em movimentação, não 
precisando que esse agente tenha absoluta certeza sobre o fato, mas apenas a 
consciência do ilícito. Será de suma importância que se verifique no caso concreto 
quais os processos que o agente utilizou para lavar o dinheiro oriundo de fontes 
ilícitas para que se verifique assim se o dolo (elemento subjetivo) está presente.26 
 
Com esse entendimento, o Tribunal absolveu os réus com base no artigo 386, inciso 
VII do Código de Processo Penal, por entender que não existiram nos autos provas cabais da 
consciência dos réus acerca da origem ilícita dos valores movimentados. 
Um segundo momento paradigmático da utilização da teoria da cegueira deliberada 
aplicada ao delito de lavagem de capitais no Brasil é a Ação Penal nº 470, conhecido como o 
caso do Mensalão. Na referida ação penal o Ministro Celso de Mello fez menção à teoria, 
caracterizando as condutas de alguns réus na ação como delituosas, nos termos da Lei de 
Lavagem de Capitais. Houve, para o Ministro, ao menos dolo eventual. 
“Ato contínuo, o decano da Corte, Min. Celso de Mello admitiu a possibilidade de 
configuração do crime de lavagem de valores mediante dolo eventual, com apoio na 
teoria da cegueira deliberada, em que o agente fingiria não perceber determinada 
situação de ilicitude para, a partir daí, alcançar a vantagem pretendida”.27 
 
Corroborando a caracterização do elemento subjetivo do tipo, a Ministra Rosa Weber, 
afirmou que o dolo eventual configura-se através de três variantes: 1) a ciência do agente 
quanto a elevada probabilidade de que bens, direitos ou valores provenham de crimes; 2) o 
26TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO. 2ª Turma. ACR nº 5520-CE Ementa [...] Relator 
Rogério Fialho Moreira. Recife, PE, 09.set.08. DJU de 22.10.08, p. 206/228 
27Informativo 684 do STF. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/ 
informativo684.htm>. Acessado em: 24.jun.2015 
 
 16 
atuar de forma indiferente a esse conhecimento; 3) a escolha deliberada do agente em 
permanecer ignorante a respeito de todos os fatos, quando possível a alternativa.28 
Apesar de não ter previsão expressa, a teoria da cegueira deliberada vem sendo cada 
vez mais aplicada no direito pátrio, no que diz respeito aos delitos de lavagem de capitais, 
principalmente pelo fato da jurisprudência nacional, em consonância às diretrizes 
internacionais no combate a este tipo de delito, vir admitindo a responsabilidade penal 
subjetiva a título de dolo eventual, no intuito de impedir a impunidade dos agentes que tentam 
se imiscuir da responsabilidade jurídica “fechando os olhos” às circunstâncias fáticas que 
evidenciam a existência dos delitos, ou mesmo se aproveitando de tal ignorância para eximir-
se da culpa. E, ainda que controversa, a aplicabilidade da teoria já se faz presente em decisões 
judiciais. 
 
5.2 Nos Crimes de Receptação 
Quanto ao crime de receptação, a teoria da cegueira deliberada tem aplicação 
semelhante aos crimes de lavagem de dinheiro, porém restrita ao §1° do art. 180 do Código 
Penal, onde o texto da lei dispõe que: 
Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, 
remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio 
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser 
produto de crime. Pena – reclusão, de três a oito anos e multa. 
 
Diferentemente do caput, a forma qualificada do crime de receptação prevista no 
parágrafo supratranscrito admite a aplicação da teoria da cegueira deliberada por consagrar 
como elemento subjetivo do crime o dolo eventual. A intenção do legislador ao criar o crime 
de receptação era diminuir a prática de furtos e roubos pensando que se não houvessem 
compradores apresentariam uma redução de sua prática. 
Contudo, é muito comum que a utilização dessa teoria implique em uma 
responsabilidade penal objetiva, pois é certo que o “jeitinho brasileiro” está enraizado na 
cultura nacional de forma que aqueles que veem vantagem para si, dificilmente vão negar 
utilizá-la sem pensar duas vezes. Logo, é de praxe que, embora existam vestígios para 
levantar a suspeita da ilicitude da coisa, há o real desconhecimento de sua origem. 
5.3 Nos Crimes Eleitorais 
28STF, AP 470/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Plenário, fls.1273 do acórdão 
 
 17 
Os tribunais da Justiça Eleitoral já contam com vários julgados em favor da aplicação 
da teoria das instruções da avestruz. Em sua grande maioria versam sobre o crime de 
corrupção eleitoral, mais precisamente na modalidade compra de votos, sempre considerando 
que os agentes criminosos assumiram o risco de praticar a corrupção, e, portanto, agiram com 
dolo eventual ao se conformarem com a produção do resultado. 
Dentre os vários julgados encontrados, o RC 872351148 RO trata da prática mais 
comumente julgada por esses tribunais, que é a compra de votos. No relatório feito no 
Acórdão n° 525/2010 é narrada a situação em que, nas eleições de 2004 dois candidatos foram 
acusados de comparem os votos de alguns cidadãos através de senhas que davam direitos a 
aparelhos celulares, caso os candidatos vencessem as eleições. 
Na sentença, um dos corréus foi declarado culpado em virtude de sua própria 
confissão, bem como por ter sido apreendido, com o mesmo, várias unidades das senhas pelas 
quais se operava a compra dos votos; enquanto o outro foi inocentado por não conterem 
provas suficientes para apontar a materialidade do fato criminoso. 
O réu condenado, em recurso, a apreensão da senha sob sua posse não pode ser 
considerada como prova de materialidade do fato por ser fruto de armação da oposição. 
Contudo, o recurso não foi provido, pois já havia sido feita a confissão que não pôde ser 
anulada por ausência de provas: 
Corrupção eleitoral. Eleições 2004. Materialidade e autoria comprovadas. Prova 
testemunhal abundante. Dolo configurado. Teoria da cegueira deliberada. Crime 
formal. Condenação mantida. Recurso desprovido. I - Corrupção eleitoral 
comprovada: entrega a eleitor de senha, tipo vale-brinde (telefone celular), para 
obtenção de voto. II - Materialidade constituída pela apreensão da senha, de par à 
prova oral. III - Autoria apoiada na confissão extrajudicial da acusada e nos 
depoimentos colhidos em juízo, sob o crivo do contraditório. IV - Retração parcial 
em juízo, em si, é inservível a espargir qualquer efeito, exatamente por contrastar 
uma declaração precedente. Não basta alegar. Faz-se mister comprovar. Eficácia da 
confissão policial, em sua integralidade, dês que não demonstrado, no crivo do 
contraditório, o seu caráter ilegítimo. V - Ausência de resquícios de propalada 
"armação" contra a acusada, supostamente urdida pela oposição a então candidato. 
VI - "Dolus directus" presente. Imputação viável, no mínimo, a título "dolus 
eventualis" (CP, art. 18, I, 2ª parte): mesmo seriamente considerando a possibilidade 
de realização do tipo legal, o agentenão se deteve, conformando-se ao resultado. 
Teoria da "cegueira deliberada" ("willful blindness" ou "conscious avoidance 
doctrine"). VII - A corrupção eleitoral, em qualquer de suas modalidades, inclui-se 
no rol dos crimes formais. Para configurá-la, "basta o dano potencial ou o perigo de 
dano ao interesse jurídico protegido, cuja segurança fica, dessarte, pelo menos, 
ameaçada", segundo Nélson Hungria. VIII - Condenação mantida. Recurso 
conhecido e desprovido. 
 
 18 
Nesse caso, o princípio da cegueira deliberado é aplicado em face da afirmação do réu 
condenado, que em recurso, declarou que fora vítima de armação por parte da oposição, que 
parece ter sido aliada até o desencadeamento do processo criminal, que teria arquitetado, 
organizado e administrado todo o esquema de compra de votos. 
O recurso foi negado, de forma que, o princípio da cegueira deliberada serviu de base 
para a formação do convencimento do juiz, que entendeu que o réu se colocou em posição de 
desconhecimento voluntário sobre a origem das senhas que davam direito aos celulares. O 
magistrado estava convencido de quem era possível entender a origem ilícita das vantagens 
aferidas pelo réu e, este, optou pelo desconhecimento. 
6 METODOLOGIA 
Para a realização deste artigo, a metodologia utilizada foi a pesquisa teórica. 
Primeiramente, buscamos mergulhar a fundo naquilo que vários estudiosos 
processualistas já haviam produzido a respeito da teoria das provas. 
Após tomarmos nota das informações já produzidas por parte dos doutrinadores sobre 
o tema, iniciamos um estudo comparado com aquilo que vem sendo aplicado por parte dos 
tribunais superiores, por meio do estudo de algumas súmulas, entre outros casos. 
Foi com base nessa metodologia que pudemos construir de forma mais segura e 
alicerçada nossos conhecimentos acerca deste tema, e chegar às nossas próprias conclusões. 
 
7 CONCLUSÃO 
Em consonância com o artigo 5º, inciso LVI da Constituição Federal do Brasil e em 
respeito ao garantismo penal, o ordenamento jurídico brasileiro, versa, em regra, pela 
inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos. 
Contudo, com a dinamicidade das relações jurídicas e a objetivação do Processo Penal 
Brasileiro em garantir, cada vez mais, a efetiva tutela de direitos ao cidadão, tem sido revista 
tal regra – não para extingui-la, mas para averiguar casos concretos em que esta possa não ser 
a melhor opção. 
Desse modo, percebe-se a possibilidade da adoção, por parte do processo penal pátrio, 
de diversas teorias que versam sobre as provas ilícitas. No presente artigo, abordou-se tal 
visão, com a análise das Teorias dos Frutos da Árvore Envenenada, da Tinta Diluída e da 
Cegueira Deliberada. 
 19 
A primeira – Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada – defende que a prova ilícita é 
rejeitada, tanto a originária quanto a por derivação. Pleiteia que não é válida a aceitação de 
uma prova ilícita por derivação, por estar contaminada pelos vícios de sua prova originária. 
Possui elevada aceitação por parte dos Tribunais pátrios. 
A Teoria da Tinta Diluída, por sua vez, constitui exceção à anteriormente apresentada. 
De acordo com esta, a prova ilícita por derivação é aceitável, quando o nexo causal entre a 
prova ilícita originária e a por derivação é atenuado em virtude do decurso do tempo de 
circunstâncias supervenientes na cadeia probatória ou da vontade de um dos envolvidos em 
colabora com a persecução criminal. Não possui aceitação por parte dos Tribunais brasileiros. 
Já a Teoria da Cegueira Deliberada surge com o escopo de penitenciar o sujeito 
criminoso que fecha os seus olhos para a ilicitude do crime anteriormente praticado, causador 
de seu benefício, o que resulta na presunção de ciência nos casos em que ocorrem incertezas 
no que diz respeito ao seu envolvimento na prática ilícita. Sua aceitação pelos Tribunais 
brasileiros é de fácil observação. 
 
PENAL GUARANTEE AND THE FORBIDDEN ABOVE THE USE OF ILLEGAL 
EVIDENCES IN BRAZILIAN CRIMINAL PROCEDURAL LAW 
ABSTRACT 
This article, through the analysis of some theories concerning illegal evidence, whether illicit, 
illegitimate or derivatives thereof, brings in its scope a theoretical approach of the theme, and 
the study of its application to concrete cases, based on some tried and case studies are 
discussed throughout this text. Means the need for a serious fight is waged for the 
preservation of penal guarantee at this juncture of the Brazilian criminal procedure system, 
avoiding that illegitimate means of proof are used to resolve conflicts, damaging the accused, 
especially when still unsure of his guilt. 
Keywords: Penal guarantee. Evidences. Illegal. Process. 
 
 
 
 
 20 
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