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APOSTO

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ESPECIALIZAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA(UFF)
ALUNOS: NATAN OLIVEIRA FERREIRA
 WELLINGTON CORRÊA DA COSTA JUNIOR 
MORFOLOGIA E SINTAXE DO PORTUGUÊS
PROFESSORA: LYGIA MARIA GONÇALVES TROUCHE
A FUNÇÃO EXPLICITADORA DO SUBSTANTIVO E O APOSTO;
PRONOMES QUE FUNCIONAM COMO SN.
ALGUMAS VISÕES SOBRE APOSTO
Segundo Azeredo (2010, p.195-196), aposição é o processo “ por meio do qual o núcleo primário ou fundamental de um SN vem acompanhado de um segundo SN, seu núcleo secundário, que particulariza a referência classificatória do primeiro”. Exemplos:
A) O romance ( núcleo primário/SN1) Vidas Secas (núcleo secundário/SN2) é da autoria de Graciliano Ramos.
B) O planeta (núcleo primário/SN1) Vênus (núcleo secundário/SN2) é a estrela mais brilhante.
A partir dos exemplos anteriores, (A) e (B), percebe-se que o SN primário enquadra o objeto de referência em uma classe genérica(romance/a e planeta/b, respectivamente), enquanto o aposto individualiza a referência do SN (Vidas Secas/a, Vênus/b). Assim, o aposto pode dispensar o núcleo primário e constituir por si só o SN.
C) Vidas Secas é da autoria de Graciliano Ramos.
D) Vênus é a estrela mais brilhante.
Nesses casos, o caráter descritivo do aposto se presta a cumprir a função informativa da linguagem.
Por outro lado, no uso coloquial, é comum o uso do aposto cumprindo a função emotiva da linguagem, geralmente, denominado ‘epíteto’. É uma expressão que associado ao substantivo, o qualifica como uma alcunha, um apelido – antecipado, usualmente de conteúdo depreciativo, anexo ao SN base por meio de preposição.
E) O sonso do seu primo pensa que somos idiotas.
TOME NOTA!
“ Outra variedade de aposição baseia-se na correferência dos sintagmas, como em Graciliano Ramos, autor de Vidas Secas, nasceu em Alagoas uma vez que os termos Graciliano Ramos e autor de Vidas Secas referem-se ao mesmo indivíduo. A correferência garante a manutenção do valor referencial do enunciado com qualquer dos dois sintagmas com qualquer dos dois sintagmas no papel de núcleo primário, esteja ou não seguido do núcleo secundário. Ao passar a núcleo primário do sintagma, o substantivo comum ocorre precedido de artigo” (AZEREDO, p.195-196)
F) O autor de Vidas Secas, Graciliano Ramos, nasceu em Alagoas.
G) O autor de Vidas Secas nasceu em Alagoas.
H) Graciliano Ramos nasceu em Alagoas.
Tipos de aposto(Azeredo:2010)
Depreende-se da leitura acerca do aposto que os mais comuns são: o aposto explicativo (o da correferencialidade) e o aposto especificativo ( particularização de referência genérica);
Outrossim, temos, de acordo com o mesmo autor: aposto atributivo, aposto enumerativo e aposto recapitulativo.( IDEM, p. 196)
PONTUANDO DE OUTRA MANEIRA...
Inez Sautchuk (2004, p.83-84) nos diz que o aposto é um termo necessariamente de natureza substantiva que identifica, explica, desenvolve ou resume( de maneira acessória) o sentido de outro termo também de natureza substantiva, independente da função que este exerce. Esse fato ( Substantivo x Substantivo) permite que o aposto troque de posição com o termo a que se está referindo ( o que Azeredo denomina correferência dos sintagmas).
I) São Paulo, a maior cidade da América Latina, tem grandes problemas sociais.
J) A maior cidade da América Latina, São Paulo, tem grandes problemas sociais.
À guisa de esclarecimento, deve-se ter cuidado para não confundir o aposto com o predicativo do sujeito, pois o primeiro tem base morfológica substantiva, enquanto o segundo possui alicerce adjetivo:
K) As estrelas, os olhos do céu (?) , pairavam sobre nós.
L) Os pastores, cuidadosos e atentos (?), guardavam o rebanho.
Qual é aposto? E qual é predicativo do sujeito?
RETOMANDO...
O aposto, segundo Azeredo, serve para: 
Reiterar, por força de algum interesse ou necessidade discursiva, a identidade de um ser ou objeto. (aposto explicativo):
M) A Ecologia, ciência que investiga as relações dos seres vivos entre si e com o meio em que vivem, adquiriu grande destaque no mundo atual.
Introduzir um comentário com que se avalia ou se esclarece uma informação (aposto atributivo):
N) O consumo frequente de cebola pode reduzir o risco de osteoporose, doença que atinge um terço das mulheres na menopausa.
Detalhar (aposto enumerativo) ou sintetizar (aposto recapitulativo) o conteúdo do SN fundamental: 
O) Suas reivindicações incluíam muitas coisas: melhor salário, melhores condições de trabalho, assistência médica extensiva a familiares. – aposto enumerativo
P) Vida digna, cidadania plena, igualdade de oportunidades, tudo isso está na base de um país melhor. – aposto recapitulativo.
Atenção!
E... 
Particularizar a referência genérica de um substantivo (aposto especificativo)
Em Pasquale & Infante (2010, p. 396-397), apreende-se que: “Esse tipo de aposto não vem marcado por sinais de pontuação, por isso merece atenção especial. O aposto especificativo é normalmente um substantivo próprio que individualiza o comum, prendendo-se a ele através de preposição.
CUIDADO: Mesquita (2010, p.435) chama a atenção para o fato de o aposto específico poder vir precedido de preposição e ser confundido com outro tipo de construção formalmente semelhante como:
Q) O país da Escócia é belíssimo. – aposto especificativo
R) O povo da Escócia é generoso. – adjunto adnominal.
S) A admiração pela escócia me fez retornar ao país. – complemento nominal.
BECHARA “MODERNA GRAMÁTICA PORTUGUESA”
Bechara(2004, p.458) afirma:
“ (...) Aposição com de x Adjunto adnominal – Algumas vezes, o aposto especificativo vem introduzido pela preposição de, especialmente se se trata de denominações de instituições, de logradouros, de acidentes geográficos:
Colégio de Santa Rita
Praça da República
Ilha de Marajó
Cidade do Recife
“ Tal construção , materialmente falando, aproxima o aposto do adjunto adnominal preposicionado (...) todavia, do ponto de vista semântico, há diferença entre Ilha de Marajó e casa de Pedro.” (Idem)
CONTINUANDO...
“ Em casa de Pedro, casa e Pedro são duas realidades distintas, enquanto que em ilha e Marajó se trata de uma só realidade, já que ambos querem referir-se a um só conteúdo de pensamento designado.”
(...)
“ De qualquer maneira, o aposto e o adjunto adnominal são ambos expansões sintáticas do núcleo nominal.” (Ibdem)
CARONE:AINDA SOBRE APOSTO
É Mister trazer-se à baila, a sempre festejada CARONE (1998- p.96-97) que ressalta interessante aspecto do aposto:
“É o resíduo de uma oração adjetiva com predicado nominal. O aposto será explicativo ou restritivo se for elemento residual, respectivamente, de oração explicativa ou restritiva. Permanecem, após a fusão, as pausas que marcam a primeira, o que distingue formalmente um aposto do outro.” 
COMO ASSIM?!
RESÍDUO DA ORAÇÃO ADJETIVA
1 - Resíduo de oração adjetiva explicativa:
T) Pelé viajou. Pelé é o rei do futebol. Com inserção e translação* » Pelé, que é o rei do futebol, viajou. » Com o apagamento da reiteração (que = Pelé) e do translativo é » Pelé,o rei do futebol, viajou. aposto explicativo
O aposto explicativo é um conteúdo implícito no fundamental: a condição de rei do futebol está implícito em Pelé.
2 - Resíduo de oração adjetiva restritiva: 
U) Meu amigo viajou. Meu amigo é artista. Com inserção e translação* » Meu amigo que é artista viajou. » Com o apagamento da reiteração (que = meu amigo) e do translativo é » Meu amigo artista viajou. aposto restritivo.
PRONOMES QUE FUNCIONAM COMO SN
Em gramáticas consagradas como Bechara(2004) e Cunha & Cintra(2013), esses pronomes recebem a designação de “pronomes substantivos”. Ambas abordagens centram a análise baseada em registros extremamente formais, geralmente, encabeçados por autores consagrados da Literatura vernácula.
Azeredo(2010, p.197), elenca três classes de pronomes que podem ocupar posição de SN, são eles: pessoais, possessivos e demonstrativos.
PRONOMES QUE FUNCIONAM COMO SN
Ainda, segundo Azeredo(Idem): “ A classe dos chamados tradicionalmente pronomes pessoais é a
única que apresenta formas distintas para três grupos de funções”
Pronomes retos (eu, tu, você, ele/ela, nós, vós, vocês, eles/elas);
Pronomes oblíquos átonos (me, te, o/a, lhe, se, nos, vos, os/as, lhes);
Pronomes oblíquos tônicos (mim, ti, si, ele/ela, comigo, contigo, consigo, nós, conosco, vós, convosco, eles/elas).
OBS1.: À diferença de outros autores, Azeredo inclui o pronome você/vocês no quadro dos pessoais.
PRONOMES QUE FUNCIONAM COMO SN
OBS2.:É notório a influência do sistema de casos do Latim no que concerne à sistematização do quadro de pronomes do português.
1) Os pronomes retos recebem caso nominativo, ou seja, funções de sujeito ou predicativo. 2) Os oblíquos átonos, caso acusativo, dativo ou ablativo, isto é, funções de objeto direto, objeto indireto ou adjunto adverbial, respectivamente. 3) Já os oblíquos tônicos, servem às funções de complemento precedido de preposição.
Uma constatação importante feita por Azeredo é que os pronomes pessoais retos de 3º pessoa em registros informais cumprem os papéis sintáticos dos três grupos.
PRONOMES QUE FUNCIONAM COMO SN
Outra constatação digna de nota é a utilização anafórica do pronome oblíquo átono o em registros formais retomando sintagmas nominais parcial ou inteiramente, funcionando sem marca de gênero e número, atuando, assim, como elemento de progressão textual. Seguem abaixo alguns exemplos:
A) Perguntei-lhe se ele gostaria de nos acompanhar, mas ele não o quis(nos acompanhar).
B) Estes vinhos são muito apreciados nessa região, e o (apreciados) são com todo o merecimento.
PRONOMES QUE FUNCIONAM COMO SN
Entre os demonstrativos, somente as formas neutras isto, isso e aquilo preenchem a posição de SN. 
Os possessivos só equivalem a SN em usos estereotipados:
C) Como vão os seus? (Isto é, “seus familiares”)
D) O meu está garantido.( Ou seja, “sustento”)
OBS3.: Azeredo não contempla os casos dos possessivos em função substantiva utilizados como elementos de remissão.
E VOCÊ? Consegue se lembrar de algum exemplo das gramáticas tradicionais?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEREDO, José Carlos de. Fundamentos de gramática do português. 4. ed. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2008.
BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2004. 
CARONE, F. B. Morfossintaxe. São Paulo: Ática, 1990.
CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Gramática da língua portuguesa. 3.ed. São Paulo: Scipione, 2010. 
CUNHA, Celso; CINTRA, Luiz Fernando Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 6.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
MESQUITA, R. M. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Ed. Saraiva: 2010.
SAUTCHUK, Inez. Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise(morfo) sintática. Barueri: Manole, 2004.

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