Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA E PRODUÇÃO ANIMAL PROEXT- ACCS PROF. ADELMO FERREIRA DE SANTANA NATANÍELE DE ALMEIDA RIOS LAIANE GOMES LOPES SALVADOR 2014 PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 2 PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE Apostila produzida com o intuído de informar e instruir a respeito da produção racional de caprino e ovino de corte. PROF. ADELMO FERREIRA DE SANTANA NATANÍELE DE ALMEIDA RIOS LAIANE GOMES LOPES SALVADOR 2014 PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 3 SUMÁRIO SUMÁRIO 3 1. MANEJO DOS ANIMAIS 4 2. RAÇAS DE CAPRINOS 19 3. RAÇAS DE OVINOS 27 4. INSTALAÇÕES 32 5 CUIDADOS SANITÁRIOS 39 6. MELHORAMENTO 50 7. MANEJO REPRODUTIVO 55 8. MAJEJO ALIMENTAR 60 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 62 PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 4 1. MANEJO DOS ANIMAIS O manejo corresponde a todas as técnicas utilizadas no trato dos animais, com o objetivo de aumentar a produção e a rentabilidade. O rebanho deve ser observado e recolhido ao aprisco todos os dias. Nessa ocasião deve-se proceder uma inspeção a fim de constatar a necessidade de eventuais tratamentos ou curativos, avaliando as condições gerais dos animais. 1.1Escolha das matrizes e reprodutores Deve-se considerar alguns aspectos, tais como: idade, características raciais, integridade dos órgãos genitais e produção, pois são de fundamental importância do ponto de vista produtivo. Rebanho de ovinos PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 5 Idade Embora a cabrita e a borrega possam alcançar a puberdade aos cinco meses de idade, elas apenas deverão ser usadas como matrizes quando atingirem um peso corporal equivalente de 60 a 70 % do peso de uma fêmea adulta da mesma raça e podem permanecer no rebanho entre oito a nove anos. Os machos caprino e ovino são animais precoces que podem atingir a maturidade sexual entre cinco a seis meses, o que significa que a partir dessa idade eles podem ser usado como reprodutor, porém servindo a um pequeno número de cabras e ovelhas. Ovelha matriz Cabra matriz Bode reprodutor Carneiro reprodutor PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 6 Características raciais Ao escolher as matrizes e os reprodutores, deve ser levado em consideração o tipo racial da preferência de cada criador, produção de leite e adaptação do animal ao meio ambiente. Integridade dos órgãos genitais Os órgãos genitais das fêmeas e dos machos são de importância vital durante todo processo produtivo e reprodutivo. Na fêmea, a conformação e volume do úbere indicam a capacidade de produção de leite, enquanto que o tamanho e posicionamento das tetas traduz a facilidade oferecida para o acesso por parte das crias. A matriz deve apresentar úbere bem inserido, com apenas duas tetas e que não sejam excessivamente grandes ou grossas. Escolha de reprodutores PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 7 No macho, a conformação e tamanho dos testículos indicam uma maior produção espermática e ausência de defeitos genéticos. O reprodutor deve apresentar testículos simétricos e presentes na bolsa escrotal. Úberes ideais de Cabras Testículos ideais de Carneiros Testículos ideais de Bode PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 8 Saúde A fêmea não deve ter sido acometida por nenhuma doença infecciosa, principalmente aquelas relacionadas com o aparelho reprodutivo e com a glândula mamária. O macho deve apresentar bolsa escrotal com simetria, sem lesões nos testículos, pênis e prepúcio e membros locomotores perfeitos. Verificando Saúde da Matriz Machos com boas conformações escrotais PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 9 Produção Sendo possível, é importante que ao adquirir ou escolher uma matriz seja necessária uma avaliação da produção de leite da lactação anterior, no caso de cabras adultas, e informações da produção leiteira das gerações ascendentes, em se tratando de fêmeas jovens. Quanto ao macho, as informações dos pais e avós são fundamentais quando possível em animais jovens. No caso de reprodutores adultos é necessário que se faça uma avaliação da produção de leite das filhas do reprodutor a ser adquirido. Matrizes - Ovina Reprodutores - Ovino PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 10 1.2 Uso das matrizes e reprodutores O tempo de permanência das matrizes no rebanho depende da capacidade de produção de leite, da habilidade materna e gestação não problemática, enquanto que o macho está relacionado com o interesse pela fêmea e capacidade de realizar a monta. Proporção macho/fêmea No sistema de criação extensiva é necessário um reprodutor para cada 25 fêmeas, ao passo que no sistema intensivo esta proporção pode ser de um macho para cada 50 fêmeas. Rebanho Ovino com um reprodutor PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 11 Vida útil A vida útil ou período produtivo é considerado como a fase em que as matrizes ou reprodutores apresentam uma produtividade econômica dentro do sistema produtivo. A cabra pode ser economicamente viável a sua exploração até os nove anos de idade. Em relação ao reprodutor, idade de utilização não deve ultrapassar aos sete anos, não no mesmo rebanho, sendo necessária a troca de reprodutores a cada dois anos, para evitar problemas de consanguinidade. Descarte O descarte corresponde à retirada dos animais com idade avançada ou que foram acometidos por doenças que influenciam na produtividade. Rebanho Caprino PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 12 1.3 Cuidados com os reprodutores Para conseguir melhor desempenho e aproveitamento dos reprodutores é necessário que se controle o número de saltos, alimentação e que sejam mantidos separados da fêmeas. Números de saltos diários Quando se trata de animais jovens, o número de saltos diários não devem ultrapassar de seis a oito, enquanto que nos adultos este número pode ser entre 12 a 16 saltos por dia. Alimentação Fora da estação de cobertura o reprodutor deve receber uma alimentação de mantença para que não haja perda de peso corporal. Reprodutor - Ovino Reprodutor - Caprino PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 13 No período da estação de cobertura deve ser oferecida umaalimentação energética, como por exemplo: milho triturado. Separação do reprodutor das fêmeas É conveniente manter sempre o reprodutor em local separado das fêmeas gestantes para evitar acidentes, e das fêmeas jovens para evitar coberturas indesejáveis. 1.4 Cuidados com as gestantes No final da gestação o produtor deve ter mais cuidados com as fêmeas, principalmente em relação à alimentação e à proteção, para evitar problemas de abortos. Oferta de alimento energético PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 14 Formação de lotes Para facilitar o manejo das cabras e ovelhas é necessário que se coloque as gestantes em grupos homogêneos. Maternidade Duas semanas antes do parto as cabras gestantes devem ser separadas do rebanho e colocadas em maternidade para facilitar o acompanhamento e intervenções necessárias nesta fase. Cabra gestante Ovelha gestante Grupo de cabras gestantes PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 15 Proteção As fêmeas no final da gestação devem ser mantidas isoladas das outras categorias e de espécies diferentes, para evitar acidentes e prováveis abortos. Alimentação No final da gestação é importante fornecer uma alimentação de melhor qualidade, pois as cabras diminuem a sua capacidade de ingestão devido ao aumento do volume do útero que comprime o estômago, reforçando a necessidade de melhorar a alimentação em termos quantitativos, visto que as exigências nutricionais são mais elevadas, devido ao crescimento rápido e acentuado dos fetos. Cordeiro recém-nascido PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 16 1.5 Cuidados com os recém-nascidos As fêmeas recém-nascidas serão as futuras matrizes, enquanto que os machos serão utilizados como reprodutores ou para produção de carne, aumentando, assim, a rentabilidade da exploração, o que vem justificar os cuidados com as crias jovens. Alimentação de melhor qualidade oferecida a gestante Manejo de Neonatos PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 17 Colostro Após o nascimento as crias deverão receber o colostro até as primeiras 12 horas de vida para que haja a absorção dos anticorpos protetores contra doenças presentes neste primeiro leite. Tratamento do umbigo O umbigo, após o nascimento, constitui uma porta de entrada para diversas doenças. Logo depois do parto deve-se cortar o umbigo da cria, usando uma tesoura desinfectada, deixando um pedaço de mais ou menos quatro centímetros e queimar com tintura de iodo. Este procedimento consiste em mergulhar o umbigo em vidro de boca larga contendo tintura de iodo, favorecendo, assim, a desinfecção e a rápida cicatrização. Cordeiro mamando o colostro Cabrito mamando o colostro PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 18 Marcação Recomenda-se utilizar o sistema de pique nas orelhas conforme o sinal do produtor. A marcação com brincos não é ideal para o sistema extensivo, pois as perdas são comuns. Castração Os cabritos e borregos não destinados à reprodução devem ser castrados entre 60 a 90 dias de idade para evitar acasalamentos prematuros. Os animais muito jovens não devem ser castrados, pois, retarda o desenvolvimento. Tratamento do umbigo Sistema de marcação com brincos PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 19 2. RAÇAS DE CAPRINOS 2.1 Anglonubiana Aptidão: Destinados à produção de leite, carne e pele. Cabeça: Pequena, bem conformada, perfil convexo, com orelhas podendo ir abaixo do focinho. Machos e fêmeas são mochos. Pelagem: De qualquer cor. Nos machos pelos finos, longos e brilhantes. Nas fêmeas pelos flexíveis e mais curtos que os machos. Pele predominantemente escura, solta e de espessura média. Castração usando Alicate/Burdizzo PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 20 2.2 Mambrina Aptidão: Destinadas à produção de carne, leite e pele. Cabeça: Longa, com frente larga, perfil levemente convexo ou retilíneo. Orelhas longas, pendentes, tocando na face a ponta pregueada e retorcida, sempre abaixo do focinho. Barba desenvolvida. Chifres nos machos, longos saindo para os lados retorcidos em espiral, dirigidos para cima e para trás e nas fêmeas chifres espiralados, dirigidos para trás. Pelagem: Diversas cores. Reprodutor Anglonubiano PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 21 2.3 Jamnapari Cabeça - Pequena, com fronte estreita, curta descarnada, convexa. Perfil ultra convexo. Orelhas bem compridas, implantação baixa, pendente dobradas ao meio longitudinalmente em sua principal extensão, sobrepostas a partir do ponto de inserção. Chifres machos: médios, chatos, fortes e saindo para trás, para fora e para baixo. Fêmeas: mais levantados e delicados. Olhos vivos e castanhos. Pescoço - Proporcional ao corpo, médio com barbela nos machos bem implantado no tronco. Nas fêmeas, um pouco mais fino e delicado. Corpo - Comprido e bem conformado. Peito nos machos: médio, musculoso, de pelos finos e compridos. Fêmea: mais delicado. Linha Cabra Mambrina PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 22 dorso lombar reta, tendo o osso sacro um pouco mais alto. Membros - Anteriores: ossatura fina, bem aprumados. Posteriores: fortes bem aprumados, com pêlos longos até o jarrete. Cascos fortes, coloração de acordo com a pelagem. Órgãos genitais - Testículos soltos na bolsa escrotal, bem desenvolvidos e simétricos. Bolsa escrotal bem desenvolvida com pele solta e flexível. Vulva normalmente desenvolvida. Aparelho mamário - Úbere bem implantado e médio. Tetas grandes e simétricas. Pelagem - Qualquer tonalidade. Aptidão - Carne e leite Defeitos desclassificatórios - Cabeça grande, perfil sub- convexo, orelhas curtas, mocho, peito estreito interferindo nos aprumos, linha dorso lombar selada, tórax deprimido, garupa inclinada e curta, defeitos de aprumos, pelagem típica do toggenburg e mucosas despigmentadas. Cabrito Jamnapari PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 23 2.4 Moxotó Cabeça - Média, cônica e alongada. Perfil sub-côncavo. Orelhas pequenas e levantadas. Chifres retilíneos, dirigidos para cima e levemente para trás e para fora, nos machos e retilíneos dirigidos para cima e para trás nas fêmea. Olhos vivos e brilhantes. Pescoço - Médio, forte e levantado, nos machos e delicado nas fêmeas, com ou sem brincos Corpo - Bem conformado e musculoso, comprimento médio. Peito musculoso e amplo nos machos. Linha dorso lombar reta e larga. Ventre volumoso e bem ajustado ao conjunto. Ancas bem separadas. Garupa curta Membros - Fortes, médias e bem aprumados. Cascos escuros Órgãos genitais - Testículos normalmente desenvolvidos simétricos. Bolsa escrotal normalmente desenvolvida. Vulva conformação e tamanho normais. Aparelho mamário - Úbere bem conformado, e médio.Tetas simétricas, proporcionais ao úbere. Pelagem - Branca ou baia. Pelos curtos e brilhantes. Aptidão - Carne e pele. Defeitos desclassificatórios - Cabeça grande, perfil côncavo/convexo, orelhas grandes e pendentes, mocho, pescoço comprido e fino, peito estreito, selado, tórax estreito, ventre PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 24 destendido, ancas estreitas, garupa muito inclinada, membros fracos e mal aprumados, cascos rajados, bolsa escrotal e vulva despigmentados, pelos longos e pele e mucosas despigmentadas. 2.5 Canindé Cabeça - Apresenta perfil reto e freqüente ausência de chifres. produzir carne e pele. Caracteres - É um tipo de caprino comum do Estado do Piauí sendo também encontrado no Ceará, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Sua conformação geral é boa, pois mostra tendência para o tipo leiteiro, além de produzir carne e pele. Aptidão - leiteira acima da média do caprino, comum e possui boa prolificidade. Pesa de 35 a 40 kg e alcança altura de 55 cm. Bode Moxotó PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 25 2.6 Repartida Cabeça - De tamanho médio. Chifres divergentes para trás e para os lados ou ligeiramente para trás e para os lados; pontas reviradas. Pelagem - Preta na parte anterior do corpo e baia na posterior, porém com delimitação irregular. Aptidão - A seleção deste caprino será conduzida tendo por fim a produção de pele. Peso mínimo 36 kg. Canindé Cabra Repartida PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 26 2.7 Marota Caracteres- Também denominada de Curaçá, a raça Marota tem como características principais a pelagem branca, além da pele, mucosa e cascos claros. Alguns animais possuem pelos longos, que indicam genes das raças Saanen e Angorá. É comum animais com partes do corpo pigmentadas. Aptidão - A principal aptidão é para produção de pele, sendo a produção de carne também explorada. 2.8 Sem Raça Definida (SRD) Os caprinos comuns são numerosos e apresentam maior importância econômica no Nordeste, onde podem ser representados por dois tipos: de pelos compridos e de pelos curtos, ambos oriundos de raças européias. O grupo de pelos curtos reúne a maioria dos caprinos nacionais e os seus caracteres indicam a influência de raças Rebanho - Maroto PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 27 portuguesas. Apresentam altura de 60 a 64 cm e peso vivo de 30 a 35 kg, com perfil reto, orelhas e chifres pequenos, sendo encontrados animais de grande rusticidade e produtores de peles valiosas, além de darem boa carne e rendimento satisfatório. São maus produtores de leite, dando de 0,5 a 1,0 litro por dia. 3. RAÇAS DE OVINOS 3.1 Somalis Caracteres: São animais de porte médio, rústicos. Suas características principais: a cabeça e o pescoço preto, são mochos e possuem pouca lã. A anca e a cauda são constituídas por um reservatório de gordura, acumulada nas épocas de fartura e utilizada na manutenção do animal, quando lhe falta alimento Rebanho - SRD PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 28 necessário. Peso 40 a 60 kg para machos, 30 a 50 kg para as fêmeas. Cabeça: Média, preta, perfil retilíneo, chanfro curto, olhos negros, orelhas em forma cônica e terminação lanceolada. Garupa: Forte com cobertura de gordura. Cauda: Curta e com densa camada de gordura, terminação afilada. Pelagem: Branca com cabeça preta, é permissível a totalidade parda, está mancha vai até o tronco do pescoço havendo tolerância que desça até a metade dos omoplatas e cernelhas. Rebanho - Somalis PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 29 3.2 Morada Nova Caracteres: Ausência de chifres, porém nos machos é admitido a presença de rudimentos. O tórax é profundo, costelas chatas, ventre pouco desenvolvido, coxas musculosas e nádegas delgadas. Nos machos é constatado jarrete aparente e nas fêmeas discretos. Cabeça: Larga, alongada, perfil sub-convexo, olhos em amêndoas e focinho curto bem proporcionado. Orelhas: Forma de concha, bem inserida na base do crânio, terminando em pontas. Cauda: Fina e média, não passando dos jarretes. Variedades: Vermelha e branca Pelagens: Caracteriza-se por duas pelagens assim descritas: Vermelha - Nas suas diversas tonalidades mais claras na região do períneo, bolsa escrotal, úbere e cabeça. Pele escura recoberta de pelos curtos e mucosas escuras. Branca - apresenta as mesmas características, com exceção da pelagem que será branca. Pelos curtos, finos e ásperos. Pele escura, boa espessura, elástica, forte e resistente. PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 30 3.3 Santa Inês Origem: É uma raça nativa do Nordeste Brasileiro. Teria resultado de cruzamentos alternados com as raças mais antigas do Nordeste - Morada Nova, Bergamácia e Crioula. Caracteres: O Santa Inês é um ovino deslanado de porte grande apresentando peso corporal em torno de 80 kg para os machos e 60 kg para as fêmeas (animais adultos), tronco forte, quartos dianteiros e traseiros grandes, ossatura vigorosa. Nos machos são encontrados animais com mais de 100 kg e fêmeas com mais de 70 kg. Cabeça: Tamanho médio ausência de chifres, focinho alongado, perfil semi-convexo, narinas proeminentes com mucosas pigmentadas (com exceção da variedade branca), boa separação entre os olhos. Rebanho – Morada Nova PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 31 Orelhas: Tamanho médio, guardando uma inserção firme, um pouco inclinadas, em forma de lança, carnuda e cobertas de pelos, acompanhando a cara e chanfro do animal. Pelagem: A raça é caracterizada por quatro pelagens assim descritas: Branca - Com pelagem totalmente branca sendo permissível mucosas e cascos brancos, além de outros caracteres que denotam uma maior influência do sangue Bergamasco. Chitada - Caracteriza-se por uma pelagem branca com manchas pretas e marrons esparsas por todo o corpo. Vermelha - Bastante comum nesta raça, pelagem totalmente vermelha. Preta - Pelagem totalmente preta. Santa Inês PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 32 4. INSTALAÇÕES As instalações devem ser simples e funcionais sendo construídas com material existentes na própria fazenda, para não exigir investimentos elevados por parte dos produtores e que possibilite fácil higienização e manejo do rebanho. 4.1 Instalações de contenção Cercas Podem ser de arama farpado, considerado o caso de cercas perimetrais e divisórias de pastagens. O número de fios de arame pode variar de sete a nove. Nas cercas de rodapé ou pau-a-pique, construídas de dois fios de arame farpado. Na construção de cercas de arame farpado, recomenda-se o uso de mourões distanciados em 20 metros com estacas a intervalos de 1,00 a 1,50 metros. Cerca de Madeira PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 33 Curral Deve ser construído com cerca de rodapé ou pau-a-pique, com divisões que permita a separação dos animais de acordo com as categorias e idade. A área a ser usada deve estar em função do número de animais, considerando-se um mínimo de 1,0 m2 por animal adulto. Na entrada do curral deve ser instalado pedilúvio dentro do qual será colocado cal virgem. Aprisco Recomenda-se a utilização de pequenos apriscos rústicos, cobertos com material disponível e adequado, com área de 0,80 m 2 por animal. O piso pode ser de chão ou de pedra. O aprisco deve está situado em um dos compartimentos do curral e deve corresponder a 30 % da área total do curral. Observar o declínio do piso para facilitar o escoamento e evitar o encharcamento do mesmo. Curral PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 34 Maternidade A maternidade tem grande importância na assistência ao parto, na garantia de condições higiênicas para o recém-nascido e na própria preservação da cria contra predadores e que consiste em uma pequena área desmatada, plantada com capim, ou leguminosas como a algaroba ou leucena, com sombra onde as matrizes poderão realizar seus partos. Aprisco suspenso Maternidade PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 35 Cabriteiro É um local destinado ao alojamento das crias, situado no interior do aprisco e protegido contra vento, umidade, sol e chuva. O cabriteiro precisa ter as melhores condições higiênicas possíveis. 4.2 Instalações de apoio Comedouros Os comedouros são utilizados para administração de capim picado e palma. Podem ser de vários tipos, modelos e tamanhos, adequando- se às necessidades e ao número dos animais. Os comedouros são construídos, em geral, de madeira ou pneus. Cabriteiro PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 36 Bebedouros No sistema de criação extensivo os bebedouros são representados pelos açudes, barreiros e lagoas e etc. Saleiros Devem ser construídos com tábuas, troncos escavados, cimento, pneus usados ou outros materiais adequados e a localização pode ser nos piquetes, currais, maternidades e outros pontos estratégicos da propriedade, tendo-se o cuidado de não localizá-los próximas às aguadas. Comedouros Bebedouro PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 37 Aguadas Podem ser utilizados barragens, poços artesianos barreiras, cacimbas e outros de acordo com as possibilidades do produtor e da propriedade, tendo o cuidado de mantê-las cercadas com acesso dos animais somente no momento da bebida para evitar acúmulo de dejetos em volta das mesmas. Saleiro de pneu Aguada PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 38 Esterqueira A esterqueira tem por objetivo armazenar os excrementos e detritos retirados das instalações, os quais serão guardados nas melhores condições possíveis, para que fiquem bem curtidos e sirvam como bom adubo orgânico. Com esse tipo de instalação, escondem-se sujeiras, evita-se a proliferação de moscas e curte-se o material, diminuindo os riscos de contaminação da água e dos alimentos, e melhorando suas características como adubo. Podem ser de vários tamanhos, tipos e materiais. Cada animal produz em média 600 kg de esterco por ano. Esterqueira PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 39 5. CUIDADOS SANITÁRIOS A importância da saúde do rebanho relaciona-se à produção, pois é preciso que os animais estejam sadios para que possam expressar todo seu potencial genético e responder às técnicas de manejo utilizadas, e neste caso, nas espécies caprina e ovina as doenças parasitárias assumem especial destaque. 5.1 Higiene das instalações A higiene das instalações é importante sob o ponto de vista sanitário, pois evita a disseminação de doenças no rebanho. Deve-se raspar e varrer as fezes dos animais periodicamente, para evitar disseminação de doenças. Convém-se prestar atenção para limpeza de bebedouros, saleiros e comedouros. 5.2 Vermifugação A incidência de verminose é comum em caprinos. Os animais doentes ficam fracos, apresentam diarréia, perdem o apetite e ficam com os pelos arrepiados e sem brilho. Os prejuízos observados são: diminuição de fertilidade, crescimento retardado, queda da produção de leite e aumento da mortalidade, especialmente em animais jovens. O controle das verminoses deverá ser feito através de vermifugação a cada três meses, iniciando-se com cabritos aos 28 dias PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 40 de nascidos. Recomenda-se a troca do vermífugo a cada três aplicações, podendo ser usado os seguintes produtos: Ripercol, Panacur, Systamex, Ivomec e Albendozole - todos devem ser aplicados por via oral. Deve-se proceder três vermifugações a cada ano seguindo o esquema a baixo: 5.3 Vacinação Poucas são as doenças que acometem os caprinos e ovinos que podem ser controladas com o uso de vacinas, entre elas a Raiva e a Primeira vermifugação: No início do período chuvoso (novembro). Segunda vermifugação: No final do período chuvoso (abril). Terceira vermifugação: No meio do período seco (agosto). Ciclo dos parasitas Vermifugação oral PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 41 Linfadenite Caseosa são as que merecem ser destacadas. A Raiva é controlada por vacina aplicada anualmente, sendo usada no caso de ocorrência na região. A vacina contra a Linfadenite deve ser utilizada a cada ano, vacinando os animais a partir de dois meses de idade. 5.4 Isolamento dos animais doentes Em caso de animais acometidos por doenças infecto-contagiosas deve-se fazer o isolamento dos animais. Para isto é conveniente ter uma instalação apropriada para colocar os animais doentes durante o processo de tratamento até a cura total dos mesmos. Vacinação PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 42 5.5 Principais doenças O criador deve estar atento às alterações no criatório, pois muitas vezes, só após consideráveis perdas, são adotadas certas medidas, sempre onerosas pelas compras de medicamentos. Verminose A ação dos parasitas ou vermes gastrintestinais decorre em má digestão e absorção dos alimentos, baixa conversão alimentar, retardo do crescimento, diarréia, mucosas pálidas, pelos arrepiados, perda de peso, distensão abdominal, edema submandibular, prostração e às vezes morte. A atenção especial deve ser dispensada ao trato do esterco, que pode atuar como reservatório de larvas. Borrego isolado PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 43 Sarna demodécica Também conhecida por “bexiga”. A doença se caracteriza pelo surgimento de nódulos na pele, que varia de 0,2 a 1,8 cm de diâmetro e se localizam principalmente nas regiões cervical, peitoral e torácica. Estes nódulos, ao serem abertos e comprimidos, mostram um conteúdo purulento. Os prejuízos econômicos da afecção decorrem principalmente dos danos na pele, causados pelas lesões. O tratamento pode ser feito com Ivomec injetável. Na profilaxia, evita-se a entrada de animais afetados no rebanho. Animal com DiarréiaPRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 44 Infestação por piolhos Também denominada pediculose. Os piolhos causam irritação aos animais, levando-os a se coçarem, roçarem nas cercas e troncos de árvores, o que pode ocasionar a escarificação da pele e conseqüente invasão bacteriana. A conseqüência desses efeitos é a queda de produtividade dos animais. Na prevenção, animais a serem introduzidos em rebanhos livres são inspecionados e, se afetados, tratados. No estabelecimento de um controle, todos os animais devem ser examinados e, se necessário, tratados. Recomenda-se o tratamento com inseticidas. Tanidil em pó é excelente no combate aos piolhos. Presença de Sarna na região da orelha PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 45 Miíase ou bicheira Também conhecida por bicheira, é causada por larvas de moscas conhecidas vulgarmente como varejeiras. São moscas de coloração metálica azul-esverdeada. A mosca se instala em feridas recentes na pele do animal. geralmente decorrentes de umbigo mal tratado, castração e outros ferimentos. Causam irritação ao animal, com emagrecimento e queda no desempenho. Provocam cicatrizes na pele, com prejuízos devido à desvalorização pela indústria coureira. Previne-se a instalação de miíase tratando adequadamente as feridas. Se já instalada, deve-se remover larvas, limpar o local e aplicar inseticida, repelentes e cicatrizantes. Pediculose - Caprino Piolho - Damalinia Caprae Piolho - Linognathus spp. PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 46 Linfadenite Caseosa Abscessos de caprinos e ovinos caracterizam-se por necrose caseosa, principalmente dos gânglios linfáticos superficiais; daí a sinonímia: linfadenite caseosa, mal do caroço. A doença assume grande importância pelos prejuízos econômicos decorrentes de queda na produtividade, morte de animais e condenação de carcaças no abatedouro. Miíase tratada Aplicação de Iodo no “caroço” PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 47 A infecção ocorre através da pele, umbigo, feridas de castração e outras, pelo contato com a secreção de linfonodos rompidos a partir da pele, ocorre disseminação para os linfonodos, onde há multiplicação e acúmulo de bactérias. A bactéria pode atingir e se instalar em outros órgãos. A doença é geralmente de caráter crônico, contagioso, podendo resultar em morte. Para melhor controle, os animais clinicamente afetados devem ser observados antes da supuração e aplicado diretamente no caroço solução de álcool iodado. Na prevenção, evita-se a entrada em rebanhos livres de animais clinicamente afetados e a vacinação de todo rebanho inclusive os jovens a partir de dois meses de idade. Drenagem de linfadenite caseosa PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 48 Conjuntivite É uma doença que acomete a conjuntiva dos olhos dos animais, podendo causar cegueira, sendo altamente contagiosa acometendo um grande número de animais e, conseqüentemente, prejuízos elevados. O tratamento é feito com o uso de terra-cortril e solução de nitrato de prata a 4 % etc. Os animais doentes devem ser tratados isoladamente, para evitar a contaminação do resto do rebanho. Ectima contagioso ou boqueira A doença é altamente infecciosa e caracteriza-se por lesões pruriginosas pustulares e formação de crostas nas narinas e na boca dos animais. Lesões no úbere também podem ocorrer, predispondo à mamite. Afeta caprinos e ovinos, causando prejuízos econômicos. As crias geralmente adquirem a doença do úbere das cabras. O aparecimento de surtos geralmente é resultado da introdução de Animal com conjuntivite Tratamento com terra-cortril PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 49 novos animais ou de exposições agropecuárias. No início de um surto, os animais doentes devem ser isolados e tratados. Após um surto, o material proveniente das lesões pode permanecer infectante por muitos anos no ambiente. Abortos A influência de fatores ambientais adversos, tais como: carência nutricional e mineral, ingestão de plantas tóxicas ou de alimentos mal conservados, traumatismos especialmente causados por chifradas, são apontados como responsáveis pelo aborto não infeccioso na espécie caprina. Ectima contagioso PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 50 6.MELHORAMENTO É utilizando-se do processo de reprodução que o homem não só conserva, mas, também, procura melhorar os diferentes atributos étnicos - morfológicos, fisiológicos e as aptidões nos animais domésticos. Vários são os métodos ou processos de melhoramento complementares à reprodução, idealizados pelo homem, à medida que as suas necessidades se tornaram mais acentuadas em relação aos animais domésticos. Eles são denominados de seleção, cruzamento; mestiçagem e consangüinidade. 6.1 Seleção É um processo de reprodução que tem como finalidade escolher os melhores indivíduos de uma determinada raça e acasalá-los entre si. A seleção constitui, assim, a chave de todo o melhoramento animal e, na realidade, é um método de reprodução que busca aumentar a freqüência dos genes desejáveis e, como decorrência, a eliminação dos indesejáveis. O ponto-chave, na aplicação do método, está na escolha de bons reprodutores, com o objetivo de ampliar a sua participação em todo o rebanho. Seleção massal ou fenotípica A seleção fenotípica é aquela onde a escolha dos reprodutores se faz, exclusivamente, a partir dos caracteres exteriores. Pouco a PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 51 pouco, verificou-se a baixa correlação entre exterior e produção. É o tipo de seleção que se faz, por exemplo, a partir da aquisição dos reprodutores nas exposições de animais, sem levar em consideração os seus ancestrais e o que transmitiria à sua prole. Seleção genotípica Na seleção genotípica os indivíduos são avaliados a partir da análise da sua descendência. Assim se procura, nessa modalidade de seleção, fazer uma avaliação, a partir da comparação dos dados de produção dos filhos, comparados com a de seus pais. Quando essa diferença é para melhor, diz-se que o animal é melhorador ou provado e, assim, a ampliação do seu uso, no rebanho, implica em progresso para os caracteres que estão sendo selecionados. O método prático, para se estabelecer as necessárias comparações pais-filhos, é denominado de Teste de progênie. Dessa forma, na prática, tanto é Escolha do reprodutor PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 52 adequado pensar em aquilatar o valor dos machos, quanto o das fêmeas, na capacidade de transmitir melhores características à prole. 6.2 Cruzamento Um outro método ou processo de reprodução é o cruzamento. De acordo com a sua finalidade, pode ser classificado de simples ou industrial, absorvente ou contínuo e alternado. Cruzamento simples O cruzamento simples é efetuado por criadores que produzem e vendem animais ½ sangue. Assim, o cruzamento industrial visa, apenas, a 1ª geração. Os produtos oriundos do cruzamento industrial são normalmente mais precoces, mais produtivos em muitos casos e exibem um excelente vigor. Credita-se ao surgimento dessas novas características a presença de genes dominantes e inibidores existentes nas raças puras. Cruzamento absorvente ou contínuoO objetivo do cruzamento contínuo é a substituição de um grupo de indivíduos com características comuns, por uma raça considerada, pelo criador, como melhorante. O cruzamento absorvente é um processo barato e lento de substituição de genes. O uso de um reprodutor de raça pura sobre fêmea de outra raça ou de lastro indefinido leva a que os filhos sejam portadores da PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 53 metade das suas características, ou seja, 50 % do que ele possui. Se o acasalamento prossegue usando um outro macho da mesma raça, ou o pai sobre as suas filhas, o produto da 2ª geração já possui 75 % dos caracteres da raça que está sendo introduzida. 6.3 Mestiçagem Este método ou processo de produção tem como objetivo unir características de duas raças ou espécies, segundo um plano preestabelecido, tendo em vista a formação de uma terceira raça. Na prática, confunde-se mestiçamento com mestiçagem, sendo esta o acasalamento desordenado entre animais mestiços. 6.4 Consanguinidade É um processo de reprodução em que se cruzam indivíduos parentes, ou seja, pertencentes à mesma família. Geralmente se Animais mestiços PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 54 considera consangüíneos animais que possuem, até a 4ª ou 6ª gerações, um ou mais ascendentes comuns. Quando há manifestação de genes desejáveis, os animais vão se tornando purificados. Entretanto, quando os caracteres indesejáveis se somam, os produtos nascem portando defeitos. Nesse caso, o criador tem que eliminar esses indivíduos, encarecendo o processo produtivo. Em determinados casos, essa alienação pode ser tão violenta que o melhor é abandonar, imediatamente, o processo e partir para o uso de reprodutores estranhos ao rebanho. A consanguinidade pode ser estreita, quando o cruzamento se dá entre parentes muito próximos, a exemplo de pai e filha, mãe e filho e meio-irmão completos. Pode ser também, do tipo familiar, quando se processa entre meio-irmãos incompletos ou parentes mais afastados, como primos, embora, como foi mencionado, se possa considerar consangüíneos indivíduos ligados por um ou mais ancestrais comuns, até a 4ª ou 6ª gerações. Rebanho - Consanguíneo PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 55 7. MANEJO REPRODUTIVO O manejo reprodutivo do rebanho envolve desde a escolha dos machos que serão utilizados para serem acasalados com fêmeas que apresentam melhores características dentro do rebanho, acompanhamento dos animais jovens até a idade de reprodução e das fêmeas gestantes bem como os cuidados com as crias após o parto e durante a lactação. 7.1 Puberdade Em termos fisiológicos é a idade em que os animais se tornam aptos para a reprodução, ou seja, quando ocorre a primeira ovulação nas fêmeas e presença de espermatozóides no ejaculado dos machos. Em caprinos e ovinos a puberdade ocorre, aproximadamente, aos quatro meses, quando machos e fêmeas atingem 40 a 50 % de seu Rebanho de caprinos e Ovinos PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 56 peso adulto. Mas, em termos práticos, nessa idade, não devem iniciar a vida reprodutiva, pois não têm desenvolvimento corporal suficiente. Recomenda-se que o acasalamento seja iniciado quando os animais atingirem 65 a 70 % do peso adulto para a raça. Essa idade é chamada puberdade zootécnica e ocorre aos 7-8 meses, desde que os animais sejam criados de forma satisfatória. 7.2 Ciclo estral É o período compreendido entre dois cios, durante o qual ocorrem profundas modificações hormonais atuando em todo o organismo, particularmente sobre o aparelho genital e comportamento da fêmea. Caracteriza-se pela atividade cíclica dos ovários, com duração normal de 20 a 21 dias por ciclo para a espécie caprina e de 17 a 19 dias para a espécie ovina, podendo variar de 15 a 40 dias. Divide-se nas seguintes fases: Estro ou Cio Período em que a fêmea aceita o macho e se deixa montar. Tem duração aproximada de 12 a 24 horas; 7. 3 Monta ou cobertura Tendo em vista que os caprinos e ovinos no Nordeste sofrem influências de fatores climáticos para o desenvolvimento do evento PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 57 reprodutivo, ocorrendo o pique das cobrições das matrizes nas primeiras chuvas (novembro a dezembro), continuando menos acentuadamente por toda época chuvosa, conseqüentemente ocorrendo nascimentos de cabritos e borregos desde de abril prolongando-se até agosto. 7.4 Gestação O período de gestação varia em número de dias, por interferência da raça, idade, estado de nutrição e número de crias por parto, variando de 145 a 155 dias com média de 150 dias. A idade também interfere no período de prenhez e as primíparas, normalmente, têm parto antecipado em relação às pluríparas. O estado de nutrição é outra variável a considerar, pois as cabras sob níveis deficientes de alimentação têm períodos de gestação mais curtos. Igual comportamento sucede quando o número de crias aumenta, ou seja, nos partos duplos ou triplos. Monta Natural PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 58 7.5 Parto Terminado o período de gestação, dá-se o parto, que deve ser interpretado pelo criador como um ato fisiológico normal e, portanto, deve se processar sem a sua ajuda. A parição se inicia após uma a dez horas de contrações uterinas. A bolsa das águas aparece um pouco antes ou juntamente com as patas dianteiras da cria. O parto é rápido e num período máximo de três horas todas as crias devem estar nascidas. Após o nascimento, a mãe faz a limpeza das mesmas as quais normalmente se põem de pé, inclusive, buscando as tetas num período aproximado de 30 minutos. Até duas horas depois do parto, dá-se a expulsão da placenta. Ovelha gestante PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 59 7.6 Lactação É o período em que a fêmea produz leite para a alimentação da cria ou crias, que pode variar de 100 a 150 dias nas raças nativas de acordo com o nível nutricional. Durante a lactação, a alimentação deve ser melhorada no sentido de aumentar a produção de leite e, conseqüentemente, o desenvolvimento mais rápido das crias. Matrizes fazendo limpeza dos recém-nascidos Cabrito mamando PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 60 8. Alimentação Considerando a alimentação como fator limitante para o desempenho dos rebanhos de caprinos e ovinos, a caatinga nativa representa importante fonte alimento para os rebanhos durante todo ano. Recomenda-se que as propriedades preservem as forrageiras nativas existentes, como: juazeiro, quixabeira, umbuzeiro, faveleira, aroeira, pau-ferro, etc. 8.1 Tipos de alimentos A alimentação básica dos animais a nível de campo compreende as gramíneas, leguminosas, folhagens e pode ser suplementada com cereais, mandioca, palma e restos de culturas. 8.2 Forragens cultivadas Os criadores devem implantar áreas de gramíneas como capim buffel, capim elefante e sorgo forrageiro, bem como piquetes de algaroba, leucena, gliricídia, andu e palma forrageira. Cultivar de Andu PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 61 8.3 Forragens nativas As gramíneas nativas como capim panasco, mimoso e favorito são fontes de alimentos, principalmente para os ovinos,enquanto as leguminosas com a catingueira, espinheiro, unha-de-gato, jurema, angico e itapicuru e ainda a quixabeira, juazeiro, umbuzeiro, aroeira e faveleira, constituem a dieta básica dos rebanhos das regiões semi- áridas do Nordeste. 8.4 Mineralização É importante a mineralização com sal comum iodado misturado com farinha de osso calcinada na proporção de 1:1, calculando-se 10 a 15 gramas de mistura/cabeça/dia. Essa mistura deve estar a São João Jurema PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 62 disposição dos animais durante todo ano, em cochos cobertos e higiênicos. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. SANTANA, A. F. de. Fundamentos de manejo para caprinos e ovinos. Mimeografado. Salvador, 1984, 16p. 2. SANTANA, A.F. de. Recomendações técnicas para a produção de caprinos e ovinos no Estado da Bahia. Mimeografado. Salvador, 1997, 39p. 3. SANTANA, A. F. de; FARIAS, S. M. Manejo e instalações para caprinos e ovinos. Mimeografado. Salvador, 1983, 12 p. 4. SANTANA, A. F. de. Prevenção e tratamento de doenças de Suplementação Mineral PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 63 caprinos e ovinos. Mimeografado. Salvador, 1988, 8p. 5. SANTANA, A. F. de. Ovinos do Nordeste do Brasil. Mimeografado. Salvador, 1997, 39p. 6. SANTANA, A. F. de; BATISTA NETO, R.; ALVES, M. T. B B; BERNSEE, M. Eimerídeos de Ovino no Estado da Bahia. Arq. Esc. Vet. UFBA. 8 (1): 50-08, 1983. 7. SANTANA, A. F. de; CALDAS, E. M.; SANTOS, M. F. P. dos. Eimerídeos em caprinos e ovinos na região Nordeste do Estado da Bahia. Arq. Esc. Vet. UFBA, 10 (1): 48 –56, 1986. 8. SANTANA, A. F. de ; PEREIRA, I. H. de ; ALVES, M. T .B. B. Eimeria caprovina em caprinos (Capra hircus) no Sertão de Pernambuco. Arq. Esc. Vet. UFBA, 8 ( 1): 68-72, 1983. 9. SANTANA, A. F. de; CALDAS, E. M. ; SANTOS, M. de. F. P. dos. Eimerídeos em caprinos e ovinos na Região Nordeste do Estado da Bahia. Arq. Esc. Vet. UFBA, 10(1): 48-56, 1986. APOIO: PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE 64
Compartilhar