Buscar

Utilitarismo de Stuart Mill - justiça, utilidade, interpretação de Mill em relação ao Imperativo categórico de Kant

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 
Faculdade de Direito 
Disciplina: Introdução à Filosofia: Ética
Turma: C
Professor: Telma de Souza Birchal 
Acadêmica(o): Carolina Evelin de Oliveira Abreu
 Vitoria Maria Ferreira Tavares do Carmo
“Questões sobre o Utilitarismo – J. S. Mill – O utilitarismo – Cap. 5”
QUESTÃO 1- O senso comum apresenta a justiça e a utilidade como sendo coisas opostas. Apresente a explicação de Mill para esta crença ou ideia.
Segundo Mill, há quem acredite que a justiça é algo absoluto, legítimo. Para essas pessoas, a palavra Justiça evoca uma qualidade inerente às coisas, e acreditam que o Justo deve existir na Natureza como algo absoluto, distinguindo-se e opondo-se a todas as variedades do conveniente. No senso comum, a utilidade é vista como um padrão incerto, podendo ser interpretado de forma diferente por cada pessoa, diferente da justiça, em que os ditames não estão sujeitos ao erro, pelo contrário, são imutáveis, indestrutíveis e independentes das opiniões, já que contém as provas em si mesmos, não havendo controvérsia em questões de justiça. Mill explica que nesse caso, o sentimento de justiça é um instinto peculiar, alguns indivíduos consideram que o fato de um sentimento ser conferido pela natureza legitima todas as suas incitações. O autor demonstra que os seres humanos estão predispostos a acreditar que qualquer sentimento subjetivo que não conseguimos explicar de outra maneira é uma revelação de uma realidade objetiva.
QUESTÃO 2- Distinga, segundo o autor, a justiça dos outros domínios da moralidade (a beneficência, por exemplo).
Para Stuart Mill, o sentimento de justiça é distinto de todos os outros domínios da moralidade, e é caracterizado por ser sui generis. Para mostrar essa diferença, Mill recorre à distinção entre obrigações perfeitas e imperfeitas. Por exemplo, ser generoso é uma obrigação imperfeita, já que, apesar de termos obrigação de sermos generosos, as ocasiões e os meios pelo qual exercemos essa generosidade, ficam ao nosso critério. Já as obrigações imperfeitas, como não matar, não nos dá margens para escolhas.
 Por isso, Mill sustenta que as obrigações perfeitas, em oposição às imperfeitas, implicam em um direito moral interdependente, isto é, as obrigações perfeitas implicam um direito moral correlativo, os outros têm direito a não ser assassinados, mas não possuem o direito à nossa generosidade. E é justamente essa correlação existente entre o direito de um indivíduo e sua obrigação moral, a constituinte da diferença entre justiça e os outros domínios da moralidade. Segundo Stuart Mill “A justiça implica alguma coisa que não apenas é correto fazer e incorreto não fazer, mas que alguma pessoa identificável possa exigir de nós como sendo seu direito moral”. 
Portanto, a diferença entre a justiça e a beneficência, ou qualquer outro domínio da moralidade, reside na ideia de direito, já que, a justiça supõe o respeito ao direito – entendido como pretensão – de um indivíduo, o qual pode não estar positivado, sendo, portanto, um direito moral.
QUESTÃO 3- A partir da noção de "direitos", justifique porque, segundo Mill, a justiça não se opõe à utilidade.
	Mill procura demonstrar que o utilitarismo não é incompatível com a justiça. Ao defender que a justiça não é dissociada da utilidade, o autor defende que as regras morais da justiça estão relacionadas ao princípio da felicidade máxima, uma vez que são essas regras que proíbem os homens de se prejudicarem - as virtudes/obrigações da justiça são partes importantes para a utilidade. 
Para o autor, muitas vezes a justiça é reconhecida como um critério ultimo das condutas mais adequadas, assim essa ideia de justiça como uma regra engessada pode levar-nos a cometer injustiças maiores. Por exemplo, o princípio de roubar é errado e injusto, porém, em condições especiais é mais justo revogar as regras morais da justiça (que condenam essa atitude) para evitar uma injustiça maior, por exemplo, roubar um medicamento para salvar alguém – que é considerado injustiça- chega a ser um caso particular louvável e admissível. Assim, Mill aponta que o que é justo nos casos comuns, não é em casos particulares. Mill exemplifica a ideia de justo e injusto.
 “Mill defende uma compatibilidade entre o utilitarismo e a justiça. Pois ambos preocupam-se com o contexto das ações humanas. Cada caso deve ser analisado de acordo com as circunstâncias. Algumas ações consideradas normalmente como ações moralmente ruins podem ser consideradas boas ou necessárias quando a vida e a felicidade de uma maioria está em jogo” (ARAÚJO, Anderson Manuel)
 Além disso, o autor mostra que o sentimento de justiça é o sentimento de ressentimento moralizado, que encontra amparo social, ou mesmo legal. Logo, é uma ideia que varia entre nações, entre pessoas e que portanto não é imutável, em todos os casos de justiça se admite variações e transformações ao longo do tempo. Assim, justiça para Stuart Mill nada mais é do que uma definição para certas exigências morais, que ocupa sim um lugar de relevância na ‘escala de utilidade’, mas não é absoluto, justiça justifica certas utilidades sociais. 
QUESTÃO 4- Mill interpreta o imperativo categórico de Kant como algo que expressa o "interesse da humanidade": 
"Quando Kant (como observamos anteriormente) propõe, como princípio fundamental da moral: Age de tal maneira que tua regra de conduta possa ser adotada com lei por todos os seres racionais", ele reconhece, virtualmente, que o interesse da humanidade como coletividade “deve estar presente na mente do agente" (p. 81).
Você concorda com tal interpretação? 
Sim, uma vez que para Kant agir moralmente não é agir por causa de boas inclinações, uma vez que estas são subjetivas e podem variar entre as pessoas, mas sim agir segundo as regras necessárias e universais. Agir segundo os imperativos de ordem objetiva é: “o valor para o bem da coletividade é agir moralmente”. Dessa perspectiva que Kant formula a universalidade do imperativo categórico, na mente do agente o interesse coletivo deve ser levado em consideração antes de realizar a ação. 
Assim, Mill fala que o imperativo categórico significa o reconhecimento do interesse da humanidade como coletividade e afirma que existem elementos teleológicos na ética deontológica de Kant, pois caso contrário “ Kant estaria a usar palavras vazias, pois nem sequer se pode defender plausivelmente que mesmo uma regra de absoluto egoísmo não poderia ser adotada por todos os seres racionais, isto é, que a natureza das coisas coloca um obstáculo insuperável à sua adoção”, logo , esse princípio kantiano só tem um significado plausível se a nossa conduta puder ser adotada por todos os seres racionais de modo a beneficiar os interesses coletivos.

Continue navegando