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eclesiologia - doutrina da Igreja

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IBCU
Escola Bíblica
ECLESIOLOGIA
Aula V:
Deus ama a Igreja e deseja mantê-la saudável através da disciplina bíblica.
I. Introdução:
Uma definição de disciplina eclesiástica seria: “Todos os meios e medidas pelas quais a 
igreja busca a sua santificação e boa ordem necessária para a sua edificação espiritual e a 
eliminação de tudo o que ameaça o seu bem-estar” (D.S.Chaff). Através da Sua Palavra, o Senhor 
já concedeu aos seus filhos e Igreja, instruções claras quanto à disciplina. Muito antes de nós 
pensarmos na disciplina eclesiástica, Deus já planeou tudo para o crescimento sadio da Sua Igreja. 
Cabe a nós aplicarmos o que Ele já estabeleceu.
Ao escrever aos coríntios, Paulo utilizou a figura “bebês em Cristo” para caracterizar os 
coríntios imaturos (I Co 3.1), porque não manifestaram sinais da sua filiação divina, mas sim, 
humana e carnal. Através do ensino bíblico, o cristão é encorajado a pensar e agir de forma a imitar 
o seu Senhor, evitando os erros de ignorância e negligência. “Ensinar”, “exortar”, “educar”, 
“admoestar”, “repreender”, “corrigir”, são termos encontrados no Novo Testamento para a disciplina 
eclesiástica. A falta da disciplina “positiva”, através do “ensino”, contribui para problemas mais 
graves, e, conseqüentemente, leva à disciplina “negativa”, ou seja, o afastamento da comunhão até 
que o pecador se arrependa.
II. PROPÓSITO E NECESSIDADE DA DISCIPLINA
Em qualquer passo, o alvo da disciplina bíblica sempre visa “recuperar o ofensor”. Nunca 
alguém deveria iniciar a disciplina bíblica, tendo em vista, “afastar” o ofensor da comunhão, pois, o 
Senhor Jesus conferiu somente à Sua Igreja a responsabilidade de pronunciar o Seu perdão e os 
Seus juízos (Mateus 18.15-17). A Igreja deve, portanto, aplicar princípios bíblicos já estabelecidos 
por Cristo, quanto ao governo de seus membros, e, se necessário for, na remoção de membros. 
“A Igreja não tem o direito de ignorar um comportamento persistentemente pecaminoso 
entre os seus membros. Nosso Senhor não deixou aberta diante de nós essa opção.” (Daniel 
E.Wray).
Quais são os PROPÓSITOS da disciplina bíblica?
1. GLORIFICAR A DEUS.
Pela obediência às instruções de Cristo relativas à manutenção de um governo eclesiástico 
apropriado, Deus é glorificado. 
Alguns textos quanto à aplicação da disciplina à vida da igreja: 
n Mt 18:15-19: ______________________________ 
n Rm 16.17: ________________________________
n I Co 5: ___________________________________
n I Tes 5.14: ________________________________
n I Tm 5.20: ________________________________
n Tt 1.13: __________________________________
n Tt 3.10: __________________________________
n Ap 2.14: _________________________________
n Ap 2.20: _________________________________
 
2. Recuperar o ofensor – Mt 18; II Ts 3.15
1
3. Manter a pureza e evitar a profanação da Ceia – I Co 5.6-8; 11.27.
4. Exigir a integridade e a honra de Cristo e da Sua Palavra – II Co 2.9,17
5. Evitar dar causa a Deus para Ele se voltar contra a Igreja – Ap 2.14-25; 3.3
6. Impedir que outros caiam em pecado – I Tm 5.20
III. TIPOS DE DISCIPLINA DA IGREJA NO NOVO TESTAMENTO
Uma parábola de Jesus revela o perigo que ameaça um líder disposto a “espancar os 
criados e criadas”, em vez de conduzi-los com amor compreensível (Lc 12.45). O amor é essencial 
para conduzir os crentes à santidade. O amor é o elemento que maior influência tem sobre a 
vontade dos outros. A Bíblia diz: “pois o amor de Cristo nos constrange” (II Cor 5.14). Severidade e 
castigo, raras vezes alcançam objetivos divinos para a igreja, se não houver antes a exortação 
compreensível e carinhosa motivada pelo amor.
1. Exortação (paraklesis)
No Novo Testamento vemos que Jesus Cristo designou o Espírito Santo, o Parakletos, para 
encorajar, consolar, ajudar e exortar os crentes. Ele habita dentro dos crentes (Jo 14:17), “ensina 
todas as cousas” e faz “lembrar de tudo” o que Jesus disse (Jo 14.26). É Ele quem dá a força para 
os crentes desejarem a santidade. O ministério da exortação entre os crentes é bem sucedido por 
causa da presença do Espírito Santo. É Ele quem faz lembrar uma pessoa da vontade de Deus, 
revelada em Sua Palavra.
Exortar significa “exercer influência sobre a vontade e as decisões de outrem com o intuito 
de encorajá-lo a observar certas instruções. A exortação sempre pressupõe algum conhecimento 
prévio” (O Novo Dicionário de Teologia do Novo Testamento, ed. Colin Brown, Edições vida Nova - 
pg. 174) . Sendo assim, dois elementos são imprescindíveis no ministério da exortação: O Espírito 
Santo e a Palavra.
O ministério da exortação não se restringe ao Espírito. Vamos observar algumas exortações 
do apóstolo Paulo. Aos crentes de Roma, exorta a apresentarem os seus corpos como “sacrifício 
vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.1). Ao condenar o farisaísmo e legalismo existente entre os 
gálatas (Gl 1.7-9; 3.10; 5.1), Paulo exortou os crentes a rejeitarem “outro evangelho”. Ao jovem 
pastor Timóteo, lembrou o que deveria ser prioritário no seu ministério: “Aplica-te à leitura, à 
exortação, ao ensino”... (I Tm 4.13). Disse aos efésios: “Rogo-vos... que andeis de modo digno da 
vocação a que fostes chamados” (Ef 4.1).
O ministério da exortação também foi dado a cada um de nós, visando o “aperfeiçoamento 
dos santos para o desempenho do seu serviço”.
2. Admoestação (nouthesia)
A admoestação pode ser particular ou pública. Conforme o dicionário, admoestar é 
“convencer alguém a cumprir um dever; exortar, encarecer (sempre com uma referência tácita ao 
perigo de penalidade ou fracasso). As próprias Escrituras são uma espécie de admoestação (I Cor 
10.11). Os crentes deveriam admoestar-se e encorajar-se uns aos outros, por exemplo, às boas 
obras e à freqüência às reuniões da igreja. (Hb 10.24,25). 
Admoestar, ou advertir, implica num sentido de maior urgência do que a exortação. Quando 
um filho, embora tendo sido instruído devidamente, começa a ceder à pressões de más 
companhias, um pai naturalmente tenta fazê-lo mudar de opinião com admoestação. Paulo 
empregou a admoestação para tratar dos problemas das igrejas. Aos coríntios escreveu: “Não vos 
escrevo estas cousas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos 
2
meus amados” (I Cor 4.14). Também, descreveu o seu ministério como o anúncio de Cristo a todos, 
seguido pela advertência (nouthetountas) e ensino (didaskontes).
A advertência ou admoestação não é responsabilidade apenas do líder. “Paulo cria que os 
crentes “espirituais” (Gl 6.1,2) tinham a possibilidade de conseguir modificação no comportamento 
dum crente errado, mesmo não tendo autoridade dum pastor”. (Disciplina na Igreja, Shedd - pg 27). 
Alguns textos onde encontramos esta verdade bíblica: (Rm 15.14; Col 3.16).
3. Repreensão, Convicção (elegchos)
Aqui, o vocábulo grego utilizado é uma palavra que envolve as idéias de “...repreender a 
outrem com tão eficaz demonstração das vitoriosas armas da verdade que leve a pessoa 
convencida, se não sempre à confissão, pelo menos à convicção do seu pecado...” (R.C. Trench). 
Este termo aparece no Novo Testamento na forma de substantivo e verbo. É usado também para 
indicar a obra do Espírito Santo no coração do homem. (Jo 16.8). Sem a ação do Espírito Santo no 
coração do pecador, não há esperança alguma de conduzi-lo ao arrependimento. Deus usa os 
crentes para “persuadir”, mas somente o Espírito pode quebrantar o coração. 
Em Mt 18.15, temos a instrução clara de Cristo para a disciplina na igreja. “Se teu irmão 
pecar, vai argui-lo entre ti e ele só”. Se for possível convencê-lo, um membro da família de Deus 
será preservado. Porém, se não se arrepender, duas ou mais testemunhas deverão acompanhar o 
responsávelpara tentar convencer o pecador a mudar de atitude. Se, ainda assim, eles não 
conseguirem ser atendidos, ou “ganhar o irmão”, toda a igreja local deve ouvir a queixa com a 
confirmação das testemunhas. No caso do acusado rejeitar a recomendação da igreja, deve ser 
considerado como gentio e publicano (isto é, incrédulo). (Mt 18.16,17). É importante observar que o 
membro que pecou não deve ser “desligado”, apenas porque pecou (todos são pecadores), mas 
porque uma vez reconhecido por todos como o errado, não se humilhou, nem se arrependeu.
É muito importante notar que a Palavra é o instrumento da repreensão ou convicção. 
Quando Paulo escreveu a Timóteo, falou do poder da Palavra como instrumento “útil para ... a 
repreensão” (elegchos), porque ela é inspirada por Deus (II Tm 3.16). Pedro cita Balaão para 
advertir os seus leitores, quanto ao perigo de alguém ficar surdo diante da Palavra., tendo que ser 
forçado a reconhecer a voz de Deus por meios menos agradáveis (II Pe 2:16).
Também é muito importante que todos os crentes estejam conscientes da necessidade de 
colocarem em prática uma amorosa repreensão e admoestação, no seu mútuo relacionamento. 
Paulo disse que devemos falar “... a verdade em amor...” (Ef 4.15)..
4. Exclusão.
Embora já tenhamos mencionado as descrições dadas por Cristo e também pelo apóstolo 
Paulo acerca deste passo também necessário para recuperar o irmão ofensor, devemos considerar 
alguns aspectos importantes desta medida severa de disciplina bíblica.
Vamos ver inicialmente, dois dos textos já mencionados: “... se ele não os atender, dize-o à 
igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano.” (Mt 18.17). “Mas 
agora vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou 
avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal nem ainda comais... 
Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor” (I Cor 5.11 e 13). Essa forma de disciplina exclui o ofensor 
do seio da igreja local e de todos os seus privilégios como membro. Como é óbvio, não poderá 
participar da Ceia do Senhor. Entretanto, nem por isso será impedido de participar das reuniões 
públicas.
Por mais desagradável e triste que seja, ao excluir um membro, a igreja apenas estará a ser 
submissa ao que Cristo estabeleceu. (Mt 18.18,19).
Ao determinar que um certo ofensor, na igreja em Corinto, fosse “ entregue a Satanás... em 
nome do Senhor Jesus... com o poder de Jesus, nosso Senhor...” (I Cor 5.4), Paulo reivindicou 
poder fazer uso da pena imposta pelo Senhor Jesus. Certamente, o apóstolo Paulo sabia que 
Jesus Cristo é a autoridade por detrás da exclusão autêntica.
Não devemos pensar que a exclusão seja uma medida irreversível, pois o arrependimento 
do pecador e o perdão da parte de Deus, poderão trazer novamente à comunhão com a igreja 
local, o irmão disciplinado. (II Cor2.6-8). Devemos orar sempre, para que se arrependa e volte. 
Lembremo-nos que o Senhor Jesus Cristo estava sempre pronto para readmitir qualquer pessoa 
3
que tropeçasse . A igreja deve oferecer perdão “sempre”, aos irmãos que, ainda que tenham 
pecado seriamente, se arrependam (Ef 4.32). 
“A igreja local tem a responsabilidade de manter a disciplina, excluindo quem recusa admitir 
que pecou e rejeita o único caminho para a restauração pela confissão e arrependimento”. 
(Disciplina da Igreja - pg 48 - Dr. Russell Shedd).
IV. QUEM DEVE SER DISCIPLINADO?
A Igreja está revestida tanto da responsabilidade quanto da autoridade de envolver-se em 
questões de doutrina e de conduta dos seus membros. Os discípulos de Cristo estão sempre sob a 
Sua disciplina, administrada através da Sua Igreja. As Escrituras Sagradas devem servir de 
instrumento para a disciplina. (II Tm 3.16).
Qualquer quebra dos padrões bíblicos requer alguma forma de disciplina. Dessa forma, 
cada crente precisa ser disciplinado, porquanto “...o Senhor corrige a quem ama...” (Hb 12.6). Os 
crentes não devem deixar toda a disciplina aos cuidados do Senhor, omitindo-se das suas próprias 
responsabilidades uns para com os outros.
A disciplina torna-se necessária nos seguintes casos:
1) Quando o amor cristão for violado por ofensas. – Mt 18.15-18
2) Quando a unidade cristã for violada por aqueles que formam facções e dividem a 
igreja local – I Co 1.10-17; Rm 16.17,18; Tt 3.10
3) Quando a lei cristã for violada por aqueles que vivem escandalosamente – Tt 1.16; 
Mt 15.19,20; Rm 13.8-14; Ef 4.25-6,8; II Tm 3.2-4.5; I Ts 4.1-10.
4) Quando a verdade cristã for violada por aqueles que negam as doutrinas 
essenciais da fé – I Tm 1.19,20; 6.3-5; II Jo 7-11, I Jo 1.8; 3.14-17; 2.22; 4.2; 5.5-8
 
5) Quando o nome de Cristo for blasfemado por aqueles que “naufragaram na fé” – 
I Tm 2.19,20
Devemos observar que a causa de medidas disciplinares mais severas será sempre a 
ausência de arrependimento. O indivíduo que não quer se arrepender do seu pecado, não 
está vivendo como um crente. É devido à sua impenitência que ele vem a tornar-se 
merecedor da disciplina punitiva.
CONCLUSÃO:
Negligenciar a disciplina bíblica significa correr o risco de cair na posição de confundir a 
igreja com o mundo e vice-versa. Como crentes devemos nos disciplinar a nós mesmos (I Cor 9.24-
27), e como igreja temos o dever de seguir a ordem bíblica: “Tudo seja feito com ordem e decência” 
(I Cor 14.40).
O alvo da igreja é buscar todos os meios e medidas pelas quais possa manter a sua 
santificação e boa ordem necessária para a sua edificação e a eliminação de tudo o que ameaça o 
seu bem-estar.
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