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Farmacologia (FAR 532) Clara L. Vianna Aula 2 -> Continuação á farmacocinética (08.03.12) � Um ácido fraco, é uma substância química que em meio aquoso doa prótons. � Uma base fraca, é uma substância química que em meio aquoso recebe prótons. � Em meio ácido o fármaco ácido é muito mais absorvido, pois nesse, o equilíbrio se desloca para a esquerda, onde há maior prevalência de formas neutras, que são mais absorvidas. � Já o inverso, no caso, um fármaco ácido fraco em meio básico, prevalece suas formas ionizadas, logo é menos absorvido. � Em meio ácido o fármaco básico é menos absorvido, pois nesse, prevalece suas formas ionizadas. � Já o inverso, no caso, um fármaco base fraca em meio básico, prevalece suas formas neutras, logo, é mais absorvido. � O ph que estiver abaixo do pk, quer dizer que aquele meio é ácido em relação à substância. Já se o ph estiver acima do pk, quer dizer que ele é básico em relação ao mesmo. � Coeficiente óleo/água: Como não se misturam, o medicamento é posto em um recipiente com ambos, após ser misturado, será medido a concentração de medicamento que se dissolveu no óleo e a concentração que se dissolveu na água. Quanto maior for o coeficiente, que dizer que o medicamento é LIPOSSOLÚVEL. Já quanto menor, ele é menos lipossolúvel. Quanto maior sua lipossolubilidade, maior a sua absorção. � A concentração na qual iniciou-se as respostas terapêuticas, é chamada de CONCENTRAÇÃO MÍNIMA EFICAZ. Qualquer concentração abaixo dessa não faz nada. Chega-se a CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA MÁXIMA, após isso a concentração do medicamento na circulação sistêmica, começa a diminuir, pois é distribuído aos tecidos e é metabolizado. Caso tivesse sido dado doses excessivas ao paciente, esse estaria desenvolvendo uma toxicidade; essa concentração em que o paciente começou a desenvolver tal seria chamada de CONCENTRÇÃO PLASMÁTICA MÍNIMA TÓXICA. A relação CONCENTRAÇÃO MÍNIMA EFICAZ/CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA MÍNIMA TÓXICA = JANELA TERAPÊUTICA (Qualquer concentração dentro dessa, é eficaz ao paciente e ele está sendo tratado). � Biodisponibilidade: Medida da quantidade de medicamento, contida em uma fórmula farmacêutica, que chega à circulação sistêmica e da velocidade na qual ocorre esse processo. A curva de biodisponiblidade da via endovenosa, começa aos 100% e depois começa a decair (maior área que tem). Já a curva da via oral, começa aos 0% e depois vai subindo, pois sua absorção não é imediata. Caso um medicamento sofra metabolismo hepático de primeira passagem, a sua biodisponibilidade é reduzida. Ou seja, todos os fatores que afetam a absorção, afetam a biodisponibilidade de um medicamento. Um medicamento dependendo da sua fórmula farmacêutica, pode ter sua biodisponibilidade aumenta ou diminuída. Como por exemplo: � Bioequivalência: é um termo utilizado para avaliar a equivalência biológica esperada in vivo de duas preparações diferentes de um medicamento. Medicamento GENÉRICO = possui bioequivalência farmacêutica e terapêutica com o medicamento original. Possui o aval da anvisa. Medicamento SIMILAR = possui SOMENTE bioequivalência farmacêutica. Não há comprovação científica de que esse medicamento tem a mesma curva de biodisponibilidade que o medicamento original. Normalmente é o mesmo príncipio ativo que o mediacamento original. � Após sofrer absorção (no caso de uma via extravascular), o medicamento chega ao sangue, encontra as proteínas plasmáticas, caso esse tenha afinidade com elas, ele pode se ligar (ex.: ácido fraco que se liga à albumina; base fraca que se liga a globulina). Quando ligado ás proteínas, o fármaco NÃO sai do sistema vascular; somente o fármaco nao conjugado, pode ser distribuído. Ao ser distribuído, ele pode chegar a um orgão de metabolização, ou a um de excreção ou ao seu tecido-alvo (onde ele vai desencadear seu efeito farmacológico); ele ainda pode chegar a tecidos que não sejam seu tecido-alvo, dai se ligam a proteínas de tal e ficam retidos, não exercendo um efeito terapêutico. � Distribuição: Transferência do medicamento do plasma ou do sangue para os outros tecidos. Logo, percebe-se que é o fármaco LIVRE que desencadeia os processos farmacocinéticos. Existem alguns fatores que pode interferir na distribuição: lipossolubilidade e grau de ionização, ligação às proteínas plasmáticas, permeabilidade do endotélio capilar (barreira hemato-encefálica), fluxo sanguíneo dos tecidos. 1. Permeabilidade do endotélio capilar A forma ionizada não atravessa as barreiras lipídicas, porém passa pelo endotélio capilar por esse possuir FENESTRAÇÕES. 2. Grau de ionização: dependendo do meio em que estiver o capilar, pode-se ter uma grande distribuição do medicamento ou não. obs.: o gradiente de concentração vai determinar o sentido do medicamento. obs.: o tamanho das moléculas afeta na difusão, pois por exemplo, um fármaco insolúvel não se pode administrar pela via endovenosa, se não irá entupir os capilares. � Na barreira hematoencefálica, se tem as ZÔNULAS DE OCLUSÃO; que NÃO permitem a passagem de fármacos HIDROSSOLÚVEIS. A glia e os astrócito também auxiliam no impedimento da passagem de substâncias. Além disso ainda há a glicoproteína de permeabilidade que também impede a passagem de uma substância (mesmo que essa seja muito apolar, ou seja, lipossolúvel). A gliproteína joga a substância de volta para o lúmen capliar, caracterizando uma PROTEÍNA DE EFLUXO. Um exemplo de impedimento da passagem de susbtâncias na barreira hematoencefálica, seria a concentração de penicilina em um indivíduo quando esse está hígido ou durante uma meningite bacteriana. Em um paciente higído, por a penicilina ser um medicamento hidrossolúvel, esse não irá ultrapassar a barreira, logo sua concentração no líquido cefalorraquidiano será nula. Já em um paciente com meningite bacteriana, por haver uma lesão nessa barreira, as células de oclusão vão começar a se separar, permitindo que o medicamento adentre a barreira e demonstrando uma concentração no líquido cefalorraquidiano . � A ligação de um fármaco com uma proteína dependerá de fatores, como: concentração do fármaco, a afinidade que esse tem com a proteína, concentração da proteína. Existem alguns situações que podem variar a concentração de proteínas plasmáticas, como por exemplo a hipoalbulinemia, fazendo com que exista uma grande quantidade de fármacos livres, que podem gerar um efeito terapêutico. � Dois fármacos podem se ligar a mesma proteína, irá prevalecer aquele que tiver maior afinidade para com a protéina. Na figura acima, o fármaco mais claro irá deslocar o mais escuro pois esse possui maior afinidade à proteína, fazendo com que esse fique mais livre na circulação e aumentando a sua distribuição aos tecidos. Esse fator só será perigoso, caso esse fármaco escuro, tenha um índice terapêutico estreito, pois provavelmente gerará uma toxicidade. � Transferência placentária de fármacos: O feto é vulnerável aos fármacos, pois não existe uma barreira propriamente dita. A transferência dos medicamentos à placenta irá depender de: lipossolubilidade do fármaco, extensão da ligação às proteínas plasmáticas (as substâncias que tiverem muito ligadas a proteínas plasmáticas, irão adentrar menos), grau de ionização (o ph do plasma fetal é mais ácido que o da mãe = 7,2 para 7,4). Logo, se é mais ácido, se houver um medicamento base fraca, com o pk superior a 7,2; esse irá se ionizar no feto e ficará retido nesse. Então para o feto, os medicamentos base fraca são muito piores pois irão ficar mais retidos (ex.: cocaína). Pior ainda será aquele medicamento que alémde ter o pk maior que o ph do feto, é hidrossolúvel; haverá uma retenção muito grande. � Pode-se avaliar o organismo receptor do medicamento como aquele que possui dois compartimentos: CENTRAL e o PERIFÉRICO. O central seria representado pelos tecidos mais vascularizados e pelo próprio sistema vascular; como por exemplo: cérebro, coração, rins, glândulas endócrinas. Ou seja, são tecidos que recebem uma grande quantidade de medicamento no primeiro momento. O periférico seria repsentado pelos ossos, pele, tecido adiposo que também recebem medicamento no primeiro momento, poém em quantidade pequena; podem receber sim uma grande quantidade de medicamento, porém a medida que o tempo vai passando. � O fármaco livre pode chegar ao líquido extracelular, e desse ir para o intracelular, e nesse, o fármaco livre pode ir para outros tecidos. � Quando um medicamento é aplicado num organismo, há um VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO APARENTE (volume hipotético de fluido corporal que o fármaco aparenta estar distribúído). A partir dessa fórmula, percebe-se que o volume de distribuição é inversamente relacionado à concentração plasmática; NÃO é relacionado à concentração nos tecidos, pois não é possível dosar tal nessa localidade. O VD aparente, tem como importância o reajuste de doses. O VD não modifica, o que modifica é o peso do paciente em questão, por exemplo: se o VD do manitol é de 0,04 L e o peso do paciente é de 70 kg, seu vd será de 2,8 litros. Caso o VD seja maior que 1, provavelmente ele está retido nos tecidos; logo esse medicamento tem TECIDOS DE RESERVA, e vai ser liberado aos poucos. � Redistribuição: Processo que ocorre quando o medicamento é administrado “em bolos”por via IV, ou seja, de uma maneira rápida e em dose única; e quando esse possui tecidos de reserva. Esses medicamentos se ligam aos tecidos, e de uma maneira lenta vão se desligando desses. O medicamento irá sair do local de ação pro locais não-alvo, ou seja, a redistribuição é uma PSEUDO-ELIMINAÇÃO. O fármaco irá pro tecido de reserva, e depois voltará para a circulação sanguínea, demonstrando seu efeito TARDIO. � Conclui-se que o medicamento irá ser admnistrado em um compartimento central e irá para um periférico, que ocorrerá no mesmo momento em que ele está sendo eliminado. Percebe-se que num primeiro momento (via IV), a concentração do medicamento cai abruptamente (pois o medicamento que estava no plasma está sendo distribuído para os tecidos), quando essa concentração se iguala nessas duas localidades, esse decaimento começa a ficar lento e gradual. � Quando se menciona sobre eliminação, tal pode sofrer uma cinética de primeira ordem, ou de ordem 0. A de primeira ordem consiste de que a eliminação do medicamento vai depender da administração desse, ou seja: se é adminstrado Y, é eliminado X; se for administrado 2Y, vai ser eliminado 2X, ou seja, haverá uma prorporção entre o fármaco administrado e o eliminado. Já a de ordem 0, se é administrado 100Y, é eliminado X, ou seja, NÃO haverá proporção entre o fármaco adminstrado e o eliminado (houve uma saturação das enzimas de metabolização por exemplo). A parte amarela é a fase alfa de eliminção, já a em azul, é a fase beta de eliminação. O Co representa a concentração homogeniamente distribuída em todo o organismo (concentração igual no tecido e no plasma). A partir do gráfico acima, é possível chegar a meia-vida de eliminação (tempo em que o medicamento decai a sua metade) do medicamento: Traça-se uma relação entre a concentração (Co/2) e o tempo, podendo assim observar o valor indicado. E caso não haja o valor do Co? Pega-se dois valores, um que seja o dobro do outro e traça-se essas mesma retas paralelas a linha do abscissas. Após achar o valor de T1 e T2, pra achar a meia-vida de eliminação do medicamento, faz-se T2 – T1. Pode-se ainda fazer esse cálculo à partir de uma tabela: No qual, pega-se dois valores, um que seja o dobro do outro, no caso desse exemplo 10 e 4,9, admite-se seus tempos como T1 e T2, no caso 4 e 7,8, e subtrai-se T1 de T2, dando o valor de meia vida de 3,8. � A eliminação dos fármacos é importante para que se tenha uma boa terapêutica, para tal nao se transformar em um XENOBIÓTICO (algo invasor ao organismo). A dose regular de um fármaco depende da elminação desse, ou seja, nos cálculos farmacocinéticos já são consideradas essas perdas. A eliminação é um processo IRREVERSÍVEL, que contém dois processos farmacocinéticos: METABOLIZAÇÃO e EXCREÇÃO. A metabolização é considerada sim um processo de eliminação, pois quando está ocorrendo essa, o fármaco não possui mais nenhum efeito terapêutico. Esse processo também pode ser chamado de BIOTRANSFORMAÇÃO que consiste em uma alteração química da molécula do fármaco que ocorre através de vários processos bioquímicos do organismo; possui o objeitvo de tornar esse fármaco mais hidrossolúvel (mais ionizado), ou seja, com menor capacidade de se armazenar em tecido adiposo. Há vários locais em que ocorrem a metabolização: plasma, mucosa intestinal, pulmão, fígado (a ênfase será dada ao fígado). Esse processo ocorre através de duas fases (1 e 2), que por mais que sejam numeradas assim, podem ocorrer em qualquer ordem ou até simultaneamente. Há várias maneiras de se metabolizar um medicamento: oxidação, conjugação, etc. A oxidação que ocorre na fase 1 é feita, normalmente, por enzimas de metabolização chamadas citocromos P450. A fase 1, hoje em dia, é chamado de REAÇÕES REDOX, já a fase 2 de REAÇÕES DE CONJUGAÇÃO/HIDRÓLISE. As vezes, a metabolização pode fazer com que o fármaco tenha uma atividade farmacológica maior do que originalmente (o que foi adminstrado); porém geralmente ele se torna inativo (devido a sua hidrofilicidade que lhe foi adicionada). Alguns fármacos não passam pela fase 1 ou 2, já estão sendo eliminados, são os HIDROFÍLICOS (o diurético furosemida por exemplo). O citocromo P450 fica na membrana citoplasmática do retículo endoplasmático; atua junto com cofatores: oxigênio molecular, NADPH, fosfato de niconamida, hidrogênio, etc. Caso nao haja essas, nao haverá oxidação do medicamento. A família CIP3A, metaboliza 50% dos medicamentos comercializados; ou seja, caso um indivíduo tenha uma alteração genética nesse fator, provavelmente ele terá uma alteração metabólica quanto à medicamentos (pode ser uma toxicidade quanto a ele ou uma subterapia). Se há uma INDUÇÃO ENZIMÁTICA, há um aumento do números de enzimas, ou há a redução da degradação das enzimas. Se há um número excessivo de enzimas para metabolizar o medicamento, tal será feito rapidamente, e ainda haverá uma taxa alta de metabólitos. Se o metabolismo do medicamento está sendo feito RAPIDAMENTE, o efeito terapêutico está sendo diminuído. Logo, é necessário levar em consideração essa fase enzimática, pois se não pode ocorrer o SUBTRATAMENTO do paciente. Ainda há metabólitos que são tóxicos, logo se houver esse aumento enzimático, pode haver a intoxicação do paciente. Tal processo de indução pode ocorrer a partir de diversas substâncias e medicamentos. Há também a INIBIÇÃO ENZIMÁTICA, no qual haverá poucas enzimas para metabolizar aquele substância; começara à haver o acúmulo de substâncias no organismo do paciente; depois de um certo tempo, esse indivíduo sofrerá uma intoxicação, podendo ir a óbito. Porém tal inibição também pode ser feita de maneira benéfica, no caso de uma associação com um remédio que seja bom para o organismo, porém muito metabolizado na primeira passagem pelo fígado; logo, tal associação, gerará um efeito terapêutico maior por parte do fármaco, pois esse ficará mais tempo no organismo (ex.: ropinavir + ritonavir).
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