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Farmacologia Geral | Resumo 1

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Farmacologia Geral | Resumo completo 1
🍉
Farmacologia Geral | Resumo completo
Aula 1: Farmacocinética
Biodisponibilidade 
Quanto da dose administrada chegará viável à circulação? Em quanto tempo?
💡 Biodisponibilidade não é equivalente à fração do medicamento que foi absorvida pelas 
membranas biológicas, pois, dependendo da via vascular pela qual o medicamento 
circula, este pode sofrer metabolismo de primeira passagem — sendo, pois, alterado (em 
parte) por reações de fase 1 e de fase 2.
Derivada primária do processo de absorção que ocorre logo após a administração da droga, a 
biodisponibilidade depende de:
Via de administração do fármaco (via oral, intravenosa, intramuscular, sublingual, retal, 
vaginal)
Aula 1 Farmacocinética
Biodisponibilidade 
Distribuição
Depuração 
Metabolização/Biotransformação
Excreção
Resumo — Farmacocinética
Aula 2 Cálculos farmacocinéticos
Clearance
Modelo dos 2 compartimentos
Fase de Distribuição
Fase de Eliminação
Cinética de primeira ordem e cinética de ordem zero
Volume de distribuição
Planejamento e otimização dos regimes posológicos
Resumo — Cálculos farmacocinéticos
Modelo dos dois compartimentos:
Posologia
Aula 3 Farmacodinâmica
Conceitos farmacodinâmicos
Conceitos na interrelação medicamentosa
Introdução aos receptores de neurotransmissores
Farmacologia Geral | Resumo completo 2
Via oral → Pode ser carregado em pequenos compartimentos e dispensa material 
(siringa, agulha) para administrar; segura, pois quadros de intoxicação podem ser 
revertidos por lavagem intestinal com carvão ativo ou pela indução do vômito; 
administrado com água e sem alimentos (já que estes alteram a composição, o pH e 
outros fatores presumidos dos líquidos gástrico e entérico), a medicação deve ser feita 
1h antes ou 2h depois de uma refeição.
O longo trajeto do fármaco até a membrana absortiva provoca perda de concentração
Esôfago → Estômago → Intestino → Circulação portal → Câmaras direitas do coração 
→ Pulmões → Câmaras esquerdas do coração → Circulação sistêmica → Tecido alvo
💡 A medicação com alimentos pode ser útil! — A administração oral com 
alimentos é indicada quando há risco potencial de lesão da mucosa gástrica. 
Desse modo, o alimento serve de barreira física contra a rápida absorção do 
fármaco e compete pela água para se dissolver e ser absorvido 
preferencialmente. Ex: AINE (anti-inflamatórios não esteroides). Também é 
possível que a alimentação seja indicada para evitar náuseas e vômitos, como 
no caso de ATBs e anticoncepcionais.
Via intravenosa → Maior custo (administração qualificada e material de apoio); 
aproveitamento máximo do fármaco (já que não depende do fenômeno de absorção); 
mais perigosa em caso de intoxicação; é comum que a medicação IV seja utilizada no 
início do tratamento (devido à maior eficácia comparada) e que, depois, à medida em 
que o quadro se fecha, adote-se o fármaco em via oral;
Via intramuscular → Aplicada em dose única, previne o abandono do tratamento por 
melhora inicial de sintomas (fator causal da recidiva de doenças ou da seleção de 
agentes patogênicos mais resistentes); é dolorosa; liberação basal mínima e constante 
do fármaco na circulação — o que impede que a eficácia do tratamento decaia;
Via sublingual → Por essa via, o medicamento escapa do metabolismo de primeira 
passagem.
Mucosa oral → Veia cava superior → Câmaras D do coração → Pulmões → Câmaras E do 
coração → Circulação sistêmica → Tecido alvo
No caso dos nitratos vasodilatadores (nisossorbida), o medicamento age diretamente 
sobre o coração — dilatando as coronárias, melhorando a perfusão do miocárdio e assim 
atenuando a angina que acomete cardiopatas isquêmicos aos esforços.
💡 A circulação retal também escapa do metabolismo de primeira passagem — 
já que, apesar de a drenagem ser feita por tributárias da veia porta e da veia 
cava inferior, o sangue não é analisado pelos hepatócitos.
Via transdermal/outras mucosas → Utilizada em razão do potencial absortivo intrínseco 
das mucosas, já que estas estão acopladas à submucosa (que, por sua vez, possui as 
alças capilares mais distais); a administração é constante e basal a favor do gradiente de 
concentração; apesar de a pele ter uma barreira impermeabilizante a mais (camada 
Farmacologia Geral | Resumo completo 3
córnea da epiderme), seu epitélio é tão absortivo quanto os outros; os epitélios 
"descobertos" são utilizados, principalmente, em pacientes queimados.
Via subcutânea → Demanda abordagem profissional e materiais de apoio; absorção 
mais lenta, contínua e de doses estáveis que a via intravenosa — que requer 
procedimento de administração quase igual, já que os vasos também se dispõem no 
subcutâneo); considerada via parenteral, já que não envolve a passagem do fármaco 
pelo intestino.
Exemplo: implanon (anticoncepcional subcutâneo que substitui 6 meses de medicação 
via oral).
Forma farmacêutica em que o fármaco é administrado (comprimido, solução, drágea ou 
cápsula);
A forma farmacêutica de um medicamento influencia diretamente no tempo requerido para a 
sua absorção e na concentração em que o este chegará à circulação sistêmica. Ou seja, 
determina a biodisponibilidade do fármaco. 
Para que um medicamento seja absorvido, ele precisa, primeiro, estar dissolvido — pois a 
absorção é proporcional à solubilização. Desse modo, parâmetros como sua área de 
contato com os sucos digestivos e a sua capacidade de ionizar e de se solubilizar são 
bastante importantes.
💡 O mesmo composto químico pode ter valores de biodisponibilidade distintos, 
dependendo da forma farmacêutica aderida.
Cada forma farmacêutica tem um perfil farmacocinético próprio, não sendo possível 
extrapolar a dose entre as diferentes formulações (apenas dentro de uma delas).
Solução: o medicamento é absorvido rapidamente, dado que já está solubilizado; 
utilizada principalmente para medicar crianças;
Cápsula: devido ao efeito de degradação exercido pelo suco gástrico e pelas enzimas 
salivares/entéricas/gástricas, algumas soluções precisam ser encapsuladas — desse 
modo, a cápsula gelatinosa sofre degradação preferencial; quando o medicamento 
chega ao estômago, a cápsula é rompida e o seu conteúdo é liberado, dissolvido e 
absorvido.
Comprimido: caracteriza-se por um maior período de latência, já que a área de contato 
do fármaco com os sucos gastrointestinais é menor e que, sendo assim, estes precisam 
ser macerados antes que possam ser dissolvidos e absorvidos; 
Farmacologia Geral | Resumo completo 4
Drágea: comprimidos revestidos por cápsulas gelatinosas (com o mesmo objetivo dos 
medicamentos de solução encapsulados — evitar a degeneração pelo suco gástrico e 
pelas enzimas salivares/gástricas/entéricas, preservando o conteúdo do medicamento); 
proporciona o maior período de latência dentre todas as formas farmacêuticas, já que, 
antes de se solubilizar o medicamento, é preciso solubilizar a cápsula e macerar o 
comprimido.
Capacidade absortiva da membrana biológica (intestino, capilares de mucosas bucal; 
constante) — Concentração/peso molecular, solubilidade e mecanismos de transporte pela 
membrana plasmática
A capacidade absortiva da membrana biológica correspondente à via de administração é tão 
importante quanto a forma farmacêutica, pois de pouco adianta o medicamento estar em 
sua forma mais solubilizada se as paredes do intestino, por exemplo, tiverem disfunção 
absortiva ou se houver grande barreira física (alimentos) bloqueando e "competindo" pela 
solubilização e absorção.
💡 Não há sentido em se discutir capacidade absortiva da membrana biológica no 
caso da via IV, já que não envolve absorção. Nesse caso, o medicamento é 
administrado em solução com soro fisiológico, chegando diretamente na 
circulação do paciente.
Os parâmetros que influenciam na capacidade absortiva de uma membrana são:
 Concentração e peso molecular → O fármaco em maior concentração em uma solução 
será melhor absorvido. 
Por isso, um mesmo medicamento é administrado em concentrações diferentesnas 
formas farmacêuticas de drágea e solução (extremos — maior/menor período de 
latência).
A dose de fármaco administrada em solução deve ser menor do que a que é prescrita 
em drágea, pois essa primeira forma farmacêutica é facilmente solubilizada e passa 
por menos barreiras absortivas (nas quais há perdas da substância) — sendo 
descomplicadamente absorvida mesmo em baixas concentrações.
 Solubilidade → Fármacos hidrofílicos são mais facilmente dissolvidos (dado que a 
composição básica dos líquidos corporais é a água); os compostos lipofílicos, por outro 
lado, precisam circular pelo sangue acoplados a proteínas de transporte, como a 
albumina.
A solubilidade interage, ainda, com a capacidade de ionização do composto — fator 
esse associado ao pH local, ou seja, à concentração de íons de hidrogênio em solução 
na víscera absortiva. Esse caractere, contudo, adquire importância secundária à medida 
em que a maior parte dos fármacos são compostos orgânicos ácidos/básicos de fraco 
poder ionizante
Constante de ionização (pK) — Demonstra as duas formas nas quais o composto 
aparece em um determinado pH; uma substância que têm vários valores de pK 
possui várias porções ionizáveis em sua molécula
Farmacologia Geral | Resumo completo 5
pKa — pH no qual uma determinada substância estará 50% na sua forma não-
ionizada (composto administrado e menos solúvel) e 50% na sua forma ionizada 
(composto mais solúvel, já que a carga líquida da substância deixa de ser zero).
Desse modo, o pH ácido do suco gástrico é favorável à ionização, à solubilização 
e à absorção de fármacos básicos. E contraponto, medicamentos ácidos fracos 
estarão menos ionizados devido à grande disponibilidade de íons H no líquido 
de solução — e sendo assim, estando menos ionizados são, também, menos 
solubilizados e menos absorvidos.
Mecanismos de transporte pela MP — A maior solubilidade dos medicamentos hidrofílicos 
nos sucos do trato gastrointestinal não implicam, necessariamente, maior grau absortivo, 
pois o transporte pela membrana dos enterócitos é mais fácil para substâncias lipofílicas 
(difusão simples) que para as hidrofílicas (transportador-dependente). Assim, os fármacos 
com base lipídica tem absorção mais fácil, mesmo sendo menos solúveis de modo geral.
Via vascular pela qual o medicamento primeiramente circula (sofrendo ou não 
metabolismo de primeira passagem).
Metabolismo de primeira passagem — A via vascular pela qual o composto passa logo 
depois de chegar na circulação pode interferir na sua distribuição e, por último, na oferta ao 
tecido-alvo.
O fígado é um órgão de abundante expressão de enzimas e, sendo assim, pode 
metabolizar uma considerável fração do fármaco disponível no sangue antes mesmo que 
este chegue e exerça efeito biológico no tecido-alvo. A este fenômeno damos o nome de 
efeito/metabolismo de primeira passagem, que acontece quando a administração do 
medicamento é efetuada em tributárias da veia porta e que pode diminuir 
consideravelmente a ação do fármaco (já que a biodisponibilidade dele é reduzida pelas 
reações de fase 1 e de fase 2, explicadas adiante).
Em ambientes de pH mais baixo (e, portanto, mais ácido), há liberação de OH para o meio e 
ionização de algumas das funções químicas presentes. Por exemplo: apesar de uma base fraca 
ser aceptora de prótons, nessa situação, sua ionização pela perda de OH seria mais provável 
que a retenção de H; ou seja, a forma ionizada do composto estará presente em maior 
concentração que a forma não-ionizada e, sendo assim, o medicamento adquire aspecto básico 
o suficiente para que seja absorvido pelo epitélio estomacal.
Farmacologia Geral | Resumo completo 6
Relembrando, o conceito de biodisponibilidade descreve a fração da quantidade 
administrada que chegará viável à circulação. Nesse caso, há modificação de parte do 
fármaco antes que esse transite pela circulação sistêmica e, assim, a quantidade de 
medicamento absorvido não reflete a biodisponibilidade desse.
Distribuição
A concentração plasmática de um medicamento 
decai paulatinamente, à medida em que o tempo 
passa e que este é processado pelo corpo em vários 
ciclos. Em cada um desses trânsitos, essa 
concentração sofre depuração pelas enzimas que 
degradam o medicamento. Por isso, as doses devem 
ser calculadas não só em quantidade, como também 
temporalmente — de modo que o novo aporte de 
fármaco a cada intervalo estabilize a concentração 
sérica do medicamento na faixa de eficácia ([ ] do 
medicamento > MCE.
Faixa de ineficácia — Quando administramos um medicamento a um paciente, devemos estar 
conscientes de que, para que este funcione e apresente resultados clínicos, é preciso que a se 
atinja o que chamamos de mínima concentração eficaz MCE. Quando isso não ocorre, a 
concentração da substância permanece na faixa de ineficácia — espectro no qual o fármaco não 
surte efeito.
É pela existência da MCE que o período de latência é diferente para as vias de administração: 
sendo a absorção um processo de duração/intensidade variável em cada uma delas, o intervalo 
entre o momento de administração e o momento no qual o remédio surte efeito também muda 
de via para via.
Na via IV, por exemplo, o período de latência é nulo, porque não envolve absorção e todo o 
medicamento administrado chega viável à circulação e começa a ser depurado e a exercer 
efeito imediatamente. Na via oral, por outro lado, o remédio precisa percorrer um trajeto 
considerável até ser absorvido pela membrana dos enterócitos, chegando na circulação 
algum tempo depois e em menor concentração do que foi administrado.
Essa também é a razão pela qual o paciente deve usar o medicamento em intervalos 
definidos: se demorar a tomar outra dose, a depuração que a substância sofre em seus 
contínuos ciclos pelo corpo fará com que este saia da faixa clínica de eficácia, voltando a níveis 
ineficazes (inferiores à MCE.
Janela terapêutica — Faixa de concentração na qual o medicamento possui o efeito desejado, 
aquele para o qual foi primeiramente administrado.
Este conceito se refere à dosagem sérica periférica da droga, que reflete a sua dosagem no 
tecido-alvo. Assim, para que o alcance da janela terapêutica signifique algo, é preciso que o 
paciente tenha distribuição adequada. Após administração de aproximadamente 4 doses em 
intervalo menor do que o de meia-vida do fármaco (para haver aumento progressivo resultante), 
sua concentração entra em equilíbrio, com depuração igual ao aporte no mesmo intervalo
Biodisponibilidade de um fármaco após 
administração de dose única (roxo). O quanto da 
substância chegará no tecido-alvo ainda 
depende da qualidade da distribuição que 
sofrerá e da capacidade de retenção em outros 
órgãos.
Farmacologia Geral | Resumo completo 7
Faixa de toxicidade — Alcançada quando a concentração sérica da droga ultrapassa a MCT; a 
partir desse ponto, a metabolização da substância produz compostos tóxicos que lesam não só o 
tecido-alvo, como também outros órgãos do indivíduo (a depender da droga).
Interação medicamentosa — Interfere na taxa de metabolização do fármaco; alterando, portanto, 
o seu perfil sérico e a sua disponibilização para o tecido alvo. Terapias medicamentosas 
simultâneas ou a ingestão de álcool podem causar dois efeitos: ou 1 o medicamento perde sua 
eficácia (concentração sérica menor que a MCE, ou se torna tóxico (concentração sérica maior 
que a MCT. 
Diferenças pessoais de absorção intestinal — Podem fazer com que os cálculos posológicos 
estejam errados (para mais ou pra menos). Nesses casos, uma dose pode ser normal para uma 
pessoa e tóxica/ineficiente para outra. 
Sensibilidade dos tecidos aos diferentes fármacos — Varia significativamente; enquanto para um 
tecido aquela concentração está entro da janela terapêutica, para outro ela pode ser tóxica.
Fluxo sanguíneo — É um fator determinante da distribuição sistêmica de um fármaco. Isso porque, 
considerando que este se dilui igualmente por todo o volume de sangue (pelo menosidealmente), é 
natural que os órgãos que recebem maior fração da ejeção cardíaca recebam, também, maiores 
quantidades da substância. Portanto, órgãos bem perfundidos como os rins (que recebem 25% do 
débito cardíaco para filtração) e o cérebro (que recebe15%, pelo menos em tese recebem maiores 
quantidades de fármaco. Aqui, deve-se esclarecer que o cérebro foge a essa regra, já que é 
protegido pela barreira hematoencefálica, que impede a difusão de medicamentos na forma livre 
(solubilizados no plasma). A permeabilidade dessas membranas faz com que apenas moléculas 
lipossolúveis consigam agir no SNC (dado atravessam a barreira mais facilmente). Esse mecanismo 
protege o SNC de possíveis intoxicações — com exceção nos casos de meningite, quando o dano 
entre a circulação e a pia-máter colabora com a passagem de fármacos hidrofílicos para os tecidos 
nervosos.
Para que transitem no plasma sanguíneo, os fármacos lipossolúveis devem estar ligados a 
proteínas plasmáticas transportadoras (como a albumina, lipoproteínas e globulinas). Além de 
permitirem a permeabilidade desses compostos, essas proteínas agem como uma reserva 
circulante de fármaco que pode ser rapidamente mobilizada logo que uma molécula livre (forma 
ativa) é utilizada. Desse modo, as proteínas plasmáticas transportadoras agem no sentido de 
desfazer o deslocamento de equilíbrio. Elas também proporcionam menor taxa de clearance, ou 
seja, impedem que as substâncias sejam filtradas pelo rim ou metabolizadas pelo Fígado — 
mantendo mais altos os níveis séricos do fármaco em questão. 
Após as 4 primeiras doses, a concentração de uma droga tende a se estabilizar dentro da janela terapêutica. 
Interações 
medicamentosas e ingestão de álcool podem fazer com que se entre nas faixas de toxicidade (concentração superior 
à MCT ou de ineficácia (concentração inferior à MCE.
Farmacologia Geral | Resumo completo 8
Em caso de pacientes cirróticos ou desnutridos (quadros associados à hipoalbuminemia), a 
administração de medicação lipofílica é prejudicada pela ausência de proteínas transportadoras 
plasmáticas albumina. Nessas situações, haverá aumento da porção livre da droga — de modo 
que, apesar de efetiva em um primeiro momento, o medicamento se torna tóxico e, depois, 
acaba sendo facilmente filtrado e depurado pelos rins. Por isso, doses e intervalos pré-
estabelecidos não suprem as necessidades terapêuticas desse tipo de paciente, já que 
presumem normalidade do estado nutricional/de saúde do paciente. 
💡 Mesmo no caso das drogas lipofílicas, a forma ativa do composto sempre é a substância 
livre (dissolvida no plasma).
Depuração 
A depuração de uma determinada substância da circulação sanguínea (e o consequente término da 
sua ação) dependem principalmente dos dois mecanismos excretores do corpo humano.
Nas excretas, podemos medir a concentração de fármaco presente. Pela urina, são eliminados 
os compostos hidrofílicos intactos que puderam ser filtrados pelos rins hidrofílicos; pelas fezes, 
são excretados metabólitos dos medicamentos previamente metabolizados pelo fígado 
(lipofílicos), através da bile.
De uma maneira geral, contudo, a depuração depende de qualquer sítio que possua enzimas 
degradantes de substrato farmacológico, como o trato gastrointestinal, os pulmões a até o próprio 
sangue (que possui esterases, enzimas pertencentes à classe das hidrolases que catalizam a 
reação de hidrólise de ligações éster). Todavia, é lógico que o órgão mais importante nesse 
processo é o fígado.
Metabolização/Biotransformação
São reações que ocorrem no fígado (principalmente) e que têm como substrato um fármaco 
lipofílico. Elas acontecem com o objetivo principal de tornar essa substância mais hidrofílica, de 
modo que consiga trafegar no plasma (como molécula biologicamente alterada em relação à 
original). Nesse caso, não se trata da excreção do composto, mas sim da sua transformação em 
algo que nosso metabolismo possa manejar mais eficientemente. Existem dois principais tipos de 
reação de metabolização de fármacos, numerados aleatoriamente em 1 e 2, dado que não há 
ordem ou preferência de ocorrência entre eles (o processo depende do fármaco):
Reações de Fase 1 – Consistem na adição de grupamentos químicos polares na molécula 
original do fármaco (principalmente por oxidação), com o objetivo de torná-la polar e 
solúvel. O grande grupo de enzimas envolvido é o complexo enzimático do citocromo 
P450, expresso no REL dos hepatócitos.
Após essa transformação do fármaco original, este pode ser: 1 um metabólito ativo com 
função biológica diferente daquela apresentada pelo fármaco original (aumentada, diminuída 
ou simplesmente funcionalmente diferente); ou 2 um metabólito inativo, representando 
uma das maneiras pelas quais pode-se fazer o clearance de uma substância, mesmo sem a 
sua excreção. 
Um grande exemplo é o da codeína, medicamento administrado para a dor. Essa 
molécula não possui uma atividade analgésica por si só. Todavia, após oxidação pelo 
citocromo P450 transforma-se em morfina (metabólito ativo com outra função biológica), 
concretizando sua função de potente analgésico.
Farmacologia Geral | Resumo completo 9
Reações de fase 2 — Consistem na conjugação do metabólito ativo (derivado das reações 
de fase 1 ou do composto original com uma molécula endógena, tornando-a hidrofílica e 
invariavelmente inativada. Da mesma maneira que a simples adição de um grupo químico, a 
adição de uma molécula endógena inteira também pode conferir nova polaridade ao 
complexo.
As reações de fase 2 produzem sempre um metabólito inativado, razão pela qual são mais 
eficientes no processo de clearance pela eliminação da função da substância (não pela 
excreção). É, também, mais segura, já que, ao invariavelmente inativar o metabólito, impede 
que este seja potencialmente tóxico (um dos riscos da produção de metabólitos ativos pelas 
reações de fase 1. A conjugação é como “jogar uma pá de cal” no composto, inativando-o 
para o bem e para o mau.
O paracetamol como substância hepatotóxica — Nesse contexto, a metabolização do 
parecetamol (acetaminofeno) é interessante, pois possui elementos de reações das duas fases. 
Normalmente, 6090% do paracetamol sofre reação de fase 2 de conjugação com o ácido 
glicurônico ou com sulfatos (substratos saturáveis), originando complexos inativos. Os demais 
4010% sofrem reação de fase 1 de oxidação pelo citocromo P450, originando compostos 
inativados, mas potencialmente hepatotóxicos quando em grande concentração. Como um 
mecanismo de proteção contra essa hepatotoxicidade em potencial, pode haver reação de fase 
2 desse metabólito inativado com glutation, neutralizando-o (perceber que há 2 mecanismos de 
proteção envolvidos). A tentativa de intoxicação (de suicídio) por paracetamol se baseia no 
esgotamento das moléculas conjugadoras, fazendo com que predomine a fração do metabólito 
hepatotóxico (produzida pela reação de fase 1, que promove dano ao parênquima e morte por 
insuficiência hepática aguda.
Com doses maiores do que 7,5g de paracetamol, ocorre a saturação das moléculas com 
quem normalmente se conjugam na via protetiva de fase 2. Por outro lado, as enzimas 
componentes do complexo enzimático citocromo P450 não são saturáveis, mantendo seu 
funcionamento normal até mesmo em concentrações elevadas. Como resultado, passa a 
haver acúmulo de maiores quantidades da fração hepatotóxica, aumentando o dano aos 
hepatócitos e encaminhando uma situação de insuficiência hepática aguda. Para reversão da 
intoxicação, administra-se N-acetilcisteína (precursora de sulfato e de glutation), que doa 
moléculas com as quais o composto pode se conjugar, prevenindo dano maior. Todavia, a 
porção do parênquima hepático lesada está perdida, devendo-se esperar pela regeneração 
hepática.
Tempo de meia-vida (t½) — A meia vida (de primeira ordem — distinção explicada depois) de 
um fármaco consiste no tempo que deve passar para que este atinja metade da sua 
concentração inicial no sangue,queda essa que resulta dos processos enzimáticos 
degradativos descritos acima.
Como discutido anteriormente, um fármaco atinge sua concentração de equilíbrio após 
administração de 4 doses (com intervalo menor que o tempo de meia vida de primeira ordem 
para que haja acúmulo progressivo do composto). Depois disso, o intervalo entre as doses é 
calculado para que coincida com a meia-vida do fármaco, de modo que sua concentração 
permaneça constante. Seja qual for a concentração do fármaco em um dado momento, ela 
será reduzida a virtualmente zero após passadas 4 meias-vidas 100% → 1 50% → 2 25% 
→ 3 12,5% → 4 6,75%, dado que nenhum medicamento possui uma concentração mínima 
eficaz tão baixa (faixa de ineficiência).
Farmacologia Geral | Resumo completo 10
Interações Medicamentosas — Como frisado acima, o processo de metabolização dos 
fármacos depende intimamente da eficiência de ação de alguns complexos enzimáticos. A ação 
das enzimas (proteínas que são) pode ser alterada por diversos fatores como o pH do meio, 
diferenças pessoais (idade, sexo, fatores genéticos e presença de doenças hepáticas) e 
também pelas chamadas interações medicamentosas. Essas interações não alteram 
diretamente a ação das drogas envolvidas, mas sim a concentração delas no sangue. Isso 
ocorre a partir do efeito de modulação que uma droga B tem sobre a enzima que degrada, 
processa e retira a droga A do sangue. O resultado pode ser catastrófico para o paciente, 
podendo haver intoxicação ou parada do efeito.
 Indução Enzimática — A ação da enzima X que degrada o fármaco 1 é exacerbada pelo 
fármaco 2. Assim, por indução do fármaco 2, haverá aumento na taxa de degradação do 
fármaco 1, resultando em concentrações cada vez menores deste. Eventualmente, a 
indução enzimática pode fazer com que a concentração sérica do primeiro medicamento 
seja inferior à MCE (mínima concentração eficaz), entrando na zona de ineficiência. A 
clínica mostrará uma piora do paciente como se tivesse sido suspenso o fármaco 1.
 Inibição Enzimática – A ação da enzima X que degrada o fármaco 3 é inibida pelo 
fármaco 4, resultando na diminuição da taxa de degradação do fármaco 3 – em alguns 
casos, a inibição enzimática pode fazer com que a concentração sérica do medicamento 
ultrapasse a MCT, entrando na zona de toxicidade ao organismo. A clínica, nesse caso, é 
mais importante, mostrando vigorosa piora do quadro em decorrência da toxicidade.
As interações medicamentosas acontecem das mais variadas maneiras, sendo o resultado 
comum uma alteração estérica (espacial) desfavorável ao perfeito ou ajustável encaixe entre 
o substrato em questão (a droga) e a sua respectiva enzima. Essas interações são tão 
complexas (até pelo número de medicamentos que o paciente pode estar tomando ao 
mesmo tempo), que se torna praticamente impossível prever um padrão de comportamento 
para as medicações — de modo que não há correções posológicas a serem feitas que não 
sejam na base da “tentativa e erro”.
💡 Amoxicilina e outras penicilinas, por exemplo, interferem na ação de 
anticoncepcionais; sendo recomendado usar um método de barreira (durante o 
tratamento) para garantir contracepção.
Excreção
A depuração (eliminação da ação de um determinado medicamento) pode ocorrer também por via 
da excreção da substância, forçando a interrupção do seu papel biológico. Os principais órgãos 
responsáveis são os rins, que filtram os fármacos livres na circulação (hidrofílicos) e os eliminam 
pela urina. Todavia, também podem participar da excreção os pulmões (expiração), as glândulas 
sudoríparas (suor) e o fígado (bile).
💡 Para que um fármaco seja filtrado e excretado, ele não necessariamente tem que ser 
metabolizado. Todavia, as reações de fase 1 e de fase 2 facilitam a depuração por 
excreção, principalmente no que se refere aos medicamentos lipofílicos.
As moléculas sofrem três processos ao passarem pela circulação renal — 1 filtração glomerular, 
2 secreção tubular e 3 reabsorção tubular:
Farmacologia Geral | Resumo completo 11
 Filtração Glomerular — Fármacos livres no plasma (em suas forma ativas, portanto) podem ser 
filtrados para a Cápsula de Bowmann, dependendo da taxa de filtração glomerular TFG. 
Moléculas que estiverem ligadas a transportadores não conseguirão ultrapassar a membrana 
de filtração, já que proteínas como a albumina têm grande peso molecular.
Por retirar a forma hidrofílica e ativa do fármaco (em seu estado original ou ativo pós 
metabolização hepática), a filtração glomerular (e a excreção como um todo) é uma via muito 
importante para reverter intoxicações.
 Secreção Tubular – Os fármacos que não conseguirem transpor a barreira filtradora em função 
de seu tamanho podem ser secretados nos túbulos pelas células dos túbulos contorcidos 
proximais TCP. Elas realizam transcitose, depositando substâncias que chegam a elas pelos 
capilares peritubulares no filtrado a partir de transportadores proteicos em suas membranas 
basolateral e apical. 
💡 Normalmente, quem interage com as proteínas-canais é a parte iônica da molécula 
dos fármacos lipofílicos.
 Reabsorção Tubular – Esse processo acontece nas membranas dos túbulos contorcidos distais 
TCD, dado que, à diante deste ponto, a composição de solutos da urina se estabiliza (sendo 
modificável somente a osmolaridade pela entrada ou saída de água). Normalmente, os 
fármacos reabsorvidos nesse momento são aqueles que ainda apresentam características 
lipofílicas (que tendem a ser solubilizadas e excretadas pela bile), seguindo para urina apenas 
drogas que se solubilizam facilmente em água.
A função renal depende de alguns fatores como idade e sexo, sendo uma intoxicação melhor 
revertida em homens adultos do que em idosos ou recém-nascidos — A medida clássica da 
função renal é a dosagem da taxa de filtração glomerular (que deve ser de, aproximadamente, 125 
ml/min) e a dosagem de creatinina filtrada. Além disso, um bom EQU sempre provê informações 
qualitativas importantes sobre a urina, como sua densidade e a concentração de eletrólitos e 
fármacos, se preciso. Sempre que houver proteinúria, hematúria ou piúria pode haver 
comprometimento da função renal, devendo ser a prescrição medicamentosa mais cuidadosa, dado 
que haverá problemas na eliminação. 
A Penicilina, a probenecida e o doping nos esportes — A penicilina é uma droga altamente 
hidrossolúvel; portanto, seria facilmente depurada da circulação após certo intervalo de tempo. 
Para prevenir isso, ela é usualmente administrada junto com a probenecida, dado que esta última 
compete com vantagem contra ela (maior afinidade) pela ligação às proteínas encontradas no TCP 
(responsáveis pela secreção tubular). Desse modo, a probenecida é depurada primeiro e, só 
depois, começa a haver secreção de penicilina. Nesse meio tempo, o medicamento permanece 
circulando e agindo contra os micro-organismos — uma estratégia muito eficaz para aumentar o 
tempo de vida de um fármaco sérico. Essa característica fez com que a probenecida fosse 
considerada doping, dado que sai preferencialmente pela urina e que, portanto, mascara o 
consumo de outras substâncias (como melhoradores ilícitos de desempenho). 
Resumo — Farmacocinética
Apesar de serem menos solúveis nos líquidos corporais, os fármacos lipofílicos são mais 
facilmente absorvidos pelos enterócitos, pois são transportados por um processo de difusão 
simples (enquanto as substâncias hidrofílicas requerem transportadores de membrana);
Farmacologia Geral | Resumo completo 12
As doses devem ser calculadas não só em quantidade, como também temporalmente — de modo 
que o novo aporte de fármaco a cada intervalo estabilize a concentração sérica do medicamento 
na faixa de eficácia.
A dosagem sérica periférica da droga reflete sua concentração no tecido alvo — sendo utilizada 
para verificar se o medicamento está, ou não, na janela terapêutica (faixa de concentração em que 
surte o efeito desejado). Todavia, o conceito de janela terapêutica só serveaos pacientes que têm 
distribuição adequada. Nesse caso, após a administração de aproximadamente 4 doses em 
intervalo menor do que o de meia-vida do fármaco (para haver aumento progressivo resultante), 
sua concentração entra em equilíbrio e tende a se estabiliza na janela terapêutica - pois o volume 
depurado tende a ser igual ao aporte no mesmo intervalo.
Interações medicamentosas alteram a taxa de metabolização do fármaco (para mais, acima da 
MCT; ou para menos, abaixo da MCE.
O fluxo sanguíneo impacta a distribuição dos medicamentos, pois, dado que a substância se dilui 
igualmente por todo o volume sanguíneo, os órgãos com maior aporte de sangue tendem, também, 
a concentrar maior quantidade do medicamento. Os principais são os rins 25% e o cérebro 15%. 
Nesse último, contudo, deve-se considerar que a barreira hematoencefálica impede a difusão de 
medicamentos na forma livre (ativa). Desse modo, apenas compostos lipossolúveis (que transitam 
acoplados a proteínas séricas e que atravessam a membrana com facilidade) agem sobre o SNC 
normal.
Ex: anorexígenos são medicamentos lipofílicos capazes de atravessar a barreira 
hematoencefálica e de agir sobre o centro de saciedade do cérebro, no Hipotálamo.
As proteínas transportadoras (necessárias para a solubilização de fármacos lipossolúveis) agem, 
também, como reservas circulantes de fármaco. Elas são rapidamente mobilizadas, tão logo uma 
fração do composto assume forma ativa e é degradada. Com isso, se opõem ao deslocamento de 
equilíbrio, de modo que a concentração de formas livres da droga se mantém mais estável no 
sangue. Também proporcionam menor taxa de clearance, pois não são filtradas para a cápsula de 
Bowmann (em razão do peso molecular) ou metabolizadas pelo fígado (dado que já tornam o 
composto solúvel).
Cirrose e desnutrição → Hipoalbuminemia; aumento da porção livre da droga em primeiro 
momento; toxicidade, logo depois; filtração/depuração pelos rins.
A forma ativa de um composto sempre é sua forma livre — seja ele lipofílico ou hidrofílico.
Depuração → Processo de eliminação da ação de um determinado medicamento, seja por 
inativação ou excreção. Pode ocorrer em qualquer órgão que disponha de enzimas de degradação, 
como os rins, os pulmões, a pele e o sangue (esterases sanguíneas).
Na urina, mede-se a concentração de substâncias hidrofílicas intactas que foram filtradas; 
nas fezes, compostos lipofílicos metabolizados e dissolvidos em bile. Os demais meios de 
depuração são virtualmente ignorados para facilitar os cálculos.
Reações de fase 1 → Adição de grupos químicos polares na molécula original para fazê-la 
solúvel; complexo enzimático do citocromo P450 (expresso no REL é o principal envolvido; 
o fármaco pode permanecer ativo (mas com função aumentada/diminuída/diferente do 
fármaco original), ou ser inativado (clearance sem excreção).
Reações de fase 2 → Metabólito ativo + molécula endógena → Composto hidrofílico e 
invariavelmente inativado (clearance).
Farmacologia Geral | Resumo completo 13
Por vezes, as reações de fase 1 produzem um composto hidrofílico alterado e tóxico ao 
organismo. Nesses casos, a substância é processada, também, nas reações de fase 2 — de 
modo a inativá-la definitivamente. O esgotamento das moléculas de conjugação, todavia, pode 
fazer com que predomine a fração tóxica do composto (já que as enzimas do complexo 
citocromo P450 não são saturáveis). Nesses casos, ocorrem 2 vias protetivas do organismo à 
substância metabolizada.
Interações medicamentosas — A metabolização de um fármaco depende dos complexos 
enzimáticos. Proteínas que são, essas enzimas estão sujeitas à alterações de pH, de temperatura, 
etc. As interações medicamentosas não alteram o efeito do medicamento, mas sim a sua 
concentração no sangue; pois o fármaco B age sobre a enzima X, mudando sua conformação 
espacial e fazendo com que este tenha maior ou menor afinidade pelo substrato (fármaco A. 
Desse modo, a enzima X não consegue mais metabolizar e retirar o fármaco A da circulação  da 
mesma maneira.
 Indução enzimática → A função da enzima X (responsável pela degradação do fármaco 1 é 
exacerbada pelo fármaco 2. Resultados: aumento da taxa de degradação e redução dos 
níveis séricos do fármaco 1, podendo colocá-lo em faixa de ineficácia. O efeito clínico é 
análogo à interrupção do tratamento com o fármaco 1.
 Inibição enzimática → A função da enzima X (responsável pela degradação do fármaco 1 é 
inibida pelo fármaco 2. Resultados: diminuição da taxa de degradação e aumento dos níveis 
séricos do fármaco 1, podendo colocá-lo em faixa de toxicidade. O efeito clínico reflete a 
toxicidade da medicação para o organismo.
Sempre que houver proteinúria, hematúria ou piúria pode haver comprometimento da função 
renal, devendo ser a prescrição medicamentosa mais cuidadosa, dado que haverá problemas na 
eliminação.
Aula 2: Cálculos farmacocinéticos
Clearance
O clearance (Cl) de um órgão é a capacidade que ele tem de eliminar uma substância do sangue 
em certo período (volume/tempo). Trata-se de uma fração retirada do plasma a partir da totalidade 
lá encontrada (taxa de concentração de equilíbrio).
O clearance total do organismo representa a soma dos clearances individuais de cada órgão, 
sendo os mais importantes os rins (através da excreção) e o fígado (através da metabolização 
“eficiente”, que inativa o fármaco). Aqui, trabalhamos com a aproximação de que o clearance 
total se resume a esses dois; idealmente, contudo, deveríamos considerar as perdas pelos 
outros órgãos acima citados. O cálculo aqui adotado é mais simples, já que conseguimos medir 
as concentrações periféricas nas excreções (urina e fezes).
Farmacologia Geral | Resumo completo 14
A depuração/clearance individual de cada órgão — seja qual for o processo pelo qual ocorre — 
pode ser calculada pela multiplicação de valores de fluxo sanguíneo que chega ao órgão e 
razão de extração da droga. 
Fluxo sanguíneo que chega ao órgão) x Razão de extração da droga)
*Razão de extração da droga = ([droga] no sangue arterial, antes de chegar ao órgão) - 
([droga] no sangue arterial que sai do órgão)
Na depuração hepática, o fármaco é retirado pela biotransformação inativadora ou pela 
excreção dos compostos mais lipofílicos na bile (dado que, para estes, não há recursos de 
hidrofilização). Essa bile possui constituição química de detergente e, por isso, pode ser veículo 
de saída tanto de fármacos lipofílicos, como de hidrofílicos. 
Na depuração renal, por outro lado, o fármaco hidrofílico que é excretado não foi previamente 
metabolizado.
Modelo dos 2 compartimentos
O compartimento central é representado pelos vasos sanguíneos e pelos órgãos mais bem 
perfundidos (cérebro, rins, pulmões, e fígado), onde predominam os processos de depuração 
acima citados. Por outro lado, compartimento periférico, onde os fármacos tendem a se acumular, é 
representado pelos órgão com baixa perfusão (músculo esquelético, pele e tecido adiposo). O 
padrão de cinética de depuração seguido pelo fármaco assim que é administrado (já que a 
depuração se inicia tão logo a substância entra no organismo) segue duas cinéticas diferentes 
nos 2 compartimentos.
Fase de Distribuição
Assim que é administrado, a concentração do fármaco é a maior possível. À medida em que este 
começa a circular, deposita-se em algum grau nos tecidos do compartimento periférico e a fração 
de droga complementar, logicamente, permanece circulante no compartimento central. Essa 
deposição inicial já faz com que a concentração plasmática do fármaco decaia, impondo a ela uma 
queda que deve ser prevista para que não o faça entrar na faixa de ineficiência. Essa queda inicial é 
Cada dupla órgão-fármaco possui um índice de clearance constante, pelo menos em níveis terapêuticos e 
observáveis na prática clínica. Desse modo, podemos calcular a dose de uma medicação a partir da massa 
corporal do nosso paciente — porque os casos em que não há diminuição da capacidade de depuração doórgão 
não requerem ajustes posológicos, bastando uma regra de três para adequar a dose ao peso do paciente. A 
frequência na qual as doses devem ser administradas depende da depuração dessa substância. A concentração 
de equilíbrio estável (Css) do fármaco na circulação (mg/ml) vezes a depuração (Cl) (ml/h) resulta na 
frequência em que a dose deve ser administrada (mg/h). Em caso de metabolismo de 1ª passagem, deve ser 
adicionada a variável biodisponibilidade IV = 1 e outras 1), fazendo uma razão com a Css.
Farmacologia Geral | Resumo completo 15
apontada pelo tempo de meia-vida alfa (t½α) e depende da característica química do fármaco e 
da afinidade que esta lhe confere em relação aos tecidos periféricos, onde potencialmente se 
depositará. 
Fase de Eliminação
Em um segundo momento, quando se atinge um ponto de saturação para a deposição do fármaco 
nos tecidos periféricos, a parcela que ainda circula pelos órgãos do compartimento central é que 
representa a quantidade que potencialmente chegará ao sítio de ação (exceto se esse sítio for um 
órgão do compartimento periférico). A concentração plasmática do fármaco continua a decair, 
agora não mais sob a mesma taxa com que decaía na deposição inicial – sua concentração pode 
cair a uma fração ou a uma quantidade constante. Essa queda é retratada pelo chamado tempo de 
meia-vida beta (t½β), resultado da depuração principalmente por fígado e rins.
Após administração IV de medicamento e pico sérico, ele segue primeiro uma cinética de 
distribuição e deposição nos tecidos periféricos, coordenada pelo tempo de meia-vida α. 
Idealmente, depois de saturada a deposição, começa a seguir uma outra cinética de eliminação, 
essa a qual se baseia na depuração pelos rins e fígado, comandada pelo tempo de meia-vida β. 
Interessante notar que fatores limitantes para eficiência de uma droga não são somente 
depuradores, mas também depositadores em outros tecidos quaisquer.
Cinética de primeira ordem e cinética de ordem zero
Enquanto o tempo de meia-vida α depende basicamente dos grupamentos químicos presentes na 
molécula do fármaco — os quais lhe conferirão maior ou menor grau de afinidade para deposição 
nos tecidos periféricos, o tempo de meia- vida β reflete um de dois fatores: 
 Cinética de Primeira Ordem – A depuração se dá com uma fração constante da 
concentração inicial 50%, por exemplo) a cada novo ciclo de meia-vida β. Ex: 100g → 50g 
→ 25g → 12,5g → 9,25g.... 
💡 A fração depurada, nesse caso, é uma medida percentual. Portanto, as 
quantidades absolutas a serem depuradas variam conforme o "último 100%".
Fármacos que obedecem a uma cinética de primeira ordem normalmente são hidrofílicos, 
sendo depurados pela função renal na sua forma íntegra (sem metabolização). 
 Cinética de Ordem Zero – Depura-se uma quantidade constante da sua quantidade total 
inicial a cada ciclo de meia-vida β. Ex: supondo que a dose inicial do medicamento foi de 
Farmacologia Geral | Resumo completo 16
50g e que a primeira depuração foi de 10g: 50g → 40g → 30g → 20g → 10g → 0g
💡 Quantidade é uma medida absoluta, portanto não há como aumentar a depuração 
mesmo com eventual maior aporte do medicamento.
Fármacos que obedecem a uma cinética de ordem zero normalmente são lipofílicos; sendo, 
pois, metabolizados e inativados pelos hepatócitos, podendo seguir para depuração renal 
ou sair com a bile para as fezes.
Volume de distribuição
O volume de distribuição VD de um fármaco é uma medida da extensão da sua distribuição além 
do plasma – ou seja, é a concentração plasmática necessária para que se alcance mesma 
distribuição sistêmica em todos os órgãos. 
Há fármacos que – por suas características intrínsecas – permanecem 100% intravasculares, 
enquanto outros (principalmente lipofílicos) tendem a se concentrar nos tecidos do 
compartimento periférico. Esse tipo de medicamento (lipofílico) precisará ser administrado em 
uma dose maior para que atinja o mesmo volume de distribuição, independentemente do menor 
fluxo sanguíneo – isto é, deve ser garantida uma dose superior para que a concentração 
plasmática não fique prejudicada pela concentração depositada.
Fármacos restritos ao compartimento vascular (notadamente os hidrofílicos) possuem um VD mais 
próximo do volume plasmático, enquanto os compostos que se concentram nos tecidos 
(compartimento periférico — notadamente os fármacos lipofílicos) possuem VD maior do que o 
plasmático. Assim, quanto maior o volume de distribuição de um fármaco, maior deve ser sua 
dosagem e mais lipofílico ele é, resultando numa maior taxa de deposição em tecidos como o 
adiposo ou o músculo esquelético. 
O cálculo do VD é feito com os parâmetros de um homem de 70 kg com volume plasmático de 3L, 
volume de sangue de 5,5L, volume extracelular de 12L e volume total de H₂O de 42L.
Planejamento e otimização dos regimes posológicos
Para que um tratamento medicamentoso atinja o resultado esperado, devemos planejá-lo da 
melhor maneira possível, inclusive levando em consideração fatores como eficácia (se a droga 
funciona, ou não) e efetividade (adesão ao tratamento), efeitos colaterais e anos de experiência do 
fármaco no mercado - a fase 4 de testes de medicamentos é liberá-lo para consumo populacional 
para que se atinja um 'n' grande o suficiente para que aconteçam casos pouco prováveis em uma 
amostra menor.
Dentre os fatores que devem ser planejados quando se inicia uma terapêutica medicamentosa, 
muito importante é traçar uma estratégia de como se irá proceder – se dose única ou repetida, por 
exemplo.
Farmacologia Geral | Resumo completo 17
 Tratamento com Dose única – esquemas de administração de fármacos em dose única devem 
prever já uma quantidade considerável do medicamento de uma só vez, que seja suficiente 
para ultrapassar a dose mínima eficaz e permanecer na janela terapêutica sem chegar na zona 
de toxicidade. O cálculo proposto é multiplicar a razão entre a concentração eficaz desejada e 
a biodisponibilidade (considerada como denominador 1 na administração IV, dado que não há 
perdas absortivas) pelo volume de distribuição VD. 
Concentração eficaz desejada/biodisponibilidade] x Volume de Distribuição
Como estamos falando de uma dose mais alta, ficamos reféns de pacientes que possam ter 
sensibilidade um pouco aumentada para certos tipos de medicamento, havendo risco de entrar 
na faixa da toxicidade.
 Tratamento com Dose de Manutenção – esquemas que optam pela administração de fármacos 
em repetidas doses adicionam o componente cronológico na equação, sendo necessário 
identificar o tempo de meia-vida do fármaco (proporcional ao clearance) para calcular a 
frequência das doses. O intervalo deve coincidir com o t½ beta para que a [plasmática do 
fármaco] permaneça constante dentro da faixa terapêutica. Além disso, deve ser administrado 
o fármaco por 4 t½ antes de ele alcançar a sua concentração de equilíbrio e começar a fazer 
efeito, tempo de que não necessariamente vamos dispor para começar uma terapêutica de 
urgência, por exemplo. A alternativa é começar com uma dose de ataque (normalmente IV para 
se atingir rapidamente essa concentração de equilíbrio e depois mantê-la com a administração 
temporalmente espaçada do fármaco.
Nos tratamentos com doses fixas a intervalos determinados, ocorre acúmulo progressivo do 
fármaco até que se alcance a concentração plasmática de equilíbrio 4 t½. Depois disso, o 
acúmulo cessa, pois o aporte adicional de cada dose passa a ser depurado junto com o que já era 
normalmente depurado, principalmente pelo recrutamento de vias “de fundo” — tanto de 
metabolização, quanto de depuração. Por mais que a excreção renal esteja saturada para aquele 
fármaco e que essa seja sua principal via de eliminação, ele pode, também, ser metabolizado pelo 
fígado ou excretado por transpiração, expiração ou pela bile – que possuem uma reserva até então 
não utilizada para aquele fármaco, mas que passam a contribuir agora. 
Para administração de fármaco em tratamentocrônico ou mesmo por algumas semanas ou meses, 
sempre tentamos utilizar o maior intervalo possível entre as doses, pois há estudos que mostram 
que isso é diretamente proporcional à adesão do paciente ao tratamento – se tiverem de lembrar-
se de tomar remédio menos vezes por dia, menor a chance de esquecerem, maior o sucesso 
terapêutico e menor o abandono. Entretanto, há fatores limitantes para o espaçamento 
inconsequente desse intervalo, como 1 a quantidade máxima administrada em uma dose 
individual – fornecer mais com intuito de administrar menos vezes pode fazer chegar na faixa de 
toxicidade – e 2 o intervalo muito grande – que pode permitir queda acentuada da concentração 
até a faixa de ineficiência. A dosagem estandardizada pretende contemplar ambos esses pontos na 
medida certa, mas o monitoramento clínico ainda é a melhor abordagem para eventuais ajustes 
posológicos que se façam necessários.
A principal situação na qual se faz necessário o ajuste de dose profilático é a identificação de 
anormalidade no sistema de depuração do fármaco em uso. Exemplos disso são os quadros de 
insuficiência renal ou hepática — sendo a renal pior do que a hepática, haja em vista a grande 
reserva funcional que o fígado possui. 
A insuficiência renal é a situação que mais significativamente altera os níveis plasmáticos de um 
fármaco — sendo, comumente, resultado de problemas na filtração, como glomerulonefrite, 
síndrome nefrótica e síndrome nefrítica. 
Farmacologia Geral | Resumo completo 18
Caso não se esteja conseguindo estabelecer e deixar estável uma concentração efetiva do 
fármaco na circulação do paciente, deve-se medir a concentração ineficaz atual (para ver o 
quão perto da concentração desejada ela está) e corrigir a dose baseando-se nesses dados.
Para efeito de cálculos, podemos usar a taxa de filtração glomerular da creatinina – aqui, 
sinônimo de depuração, dado que creatinina não é secretada nem reabsorvida - como 
parâmetro e a partir da diminuição dela em relação ao parâmetro normal (que indica o grau 
de insuficiência renal) podemos calcular a correção da dose medicamentosa. A dosagem da 
creatinina sérica é feita de rotina para medir função renal, portanto é de fácil disponibilidade 
e possui valor normal bem definido, facilitando acesso para cálculos.
Resumo — Cálculos farmacocinéticos
 Clearance (Cl) → Capacidade de eliminar a substância (volume) em determinado período 
(tempo). Calculado a partir do valor de concentração do fármaco na urina e nas fezes.
Cl = Fluxo de sangue que chega ao órgão) X ([ ] da droga no sangue arterial, antes de 
chegar ao órgão — [ ] da droga no sangue arterial que sai do órgão)
 Frequência de administração
Para drogas que não têm metabolismo de primeira passagem →
T = Css, concentração de equilíbrio estável) X Cl, clearance)
Para drogas que têm metabolismo de primeira passagem →
T = Css, concentração de equilíbrio estável / Biodisponibilidade) X Cl, clearance)
💡 O valor de biodisponibilidade na via de administração intravenosa é 1; para 
todas as outras, é menor que 1.
Modelo dos dois compartimentos:
Compartimento central — Vasos e órgãos abundantemente perfundidos;
Compartimento periférico — Musculatura esquelética, tecido adiposo e pele, onde o fármaco 
tende a se depositar tão logo é administrado;
Para verificarmos a eficiência de uma droga, devemos nos atentar não somente aos fatores de 
depuração, como também aos de deposição. Isso porque, na distribuição, os fármacos obedecem 
duas lógicas de farmacocinética distintas:
 Fase de distribuição — A deposição inicial no compartimento periférico provoca uma queda 
da concentração do fármaco, que é indicada pelo tempo de meia-vida alfa (t½α) e que 
depende das características químicas do medicamento (que definem sua afinidade por 
esses tecidos). Essa diminuição dos níveis séricos deve ser prevista na posologia para que o 
medicamento não entre em faixa de ineficácia.
 Fase de eliminação — Atingido o ponto de saturação da deposição do fármaco no 
compartimento periférico, este começa a se acumular no sangue. A partir desse momento, a 
Farmacologia Geral | Resumo completo 19
concentração sérica da substância cai conforme o tempo de meia-vida beta (t½β), resultado 
da depuração (principalmente por fígado e rins).
O tempo de meia-vida beta (t½β) pode obedecer a duas cinéticas diferentes:
Cinética de primeira ordem: comum para fármacos hidrofílicos;
Administração, meia-vida 0 100% → 1 50% → 2 25% → 3 12,5% → 6,25%...
Cinética de ordem zero: comum para fármacos lipofílicos;
Administração, meia-vida 0 100g → 1 80g → 2 60g → 3 40g → 4 20g → 5 0g
Volume de distribuição → Concentração plasmática necessária para que se alcance distribuição 
sistêmica em todos os tecidos. Medicamentos lipofílicos (que tendem a se depositar no 
compartimento periférico) precisam ser administrados em maiores doses para que atinjam mesmo 
VD.
VD = Dose) / Concentração plasmática do fármaco*
Padrão — Homem de 70 kg com volume plasmático de 3L, volume de sangue de 5,5L, 
volume extracelular de 12L e volume total de H₂O de 42L.
Fármacos hidrofílicos → VD é mais próximo do volume plasmático da droga;
Fármacos lipofílicos → VD é consideravelmente maior que o volume plasmático da doga 
(pois boa parte se deposita no compartimento periférico)
💡 Quanto maior o VD de um fármaco, maior deve ser sua dose e mais lipofílico ele 
é.
Posologia
Tratamento de dose única: Concentração eficaz desejada / biodisponibilidade] x Volume de 
Distribuição
Tratamento de múltiplas doses: intervalo de administração é igual ao tempo de meia-vida beta do 
medicamento. Em geral, deve-se optar pelo maior intervalo possível entre as doses (cuidando-se a 
quantidade máxima administrável, para não exceder o MCT; e a quantidade mínima, para que não 
se atinja a faixa de ineficácia).
Ajuste → Pacientes com anormalidade de depuração, como os quadros de insuficiência renal 
(glomerulonefrite, síndrome nefrótica e síndrome nefrítica) e hepática.
Medir a concentração atual e comparar com a concentração eficaz; depois, corrigir a dose.
Taxa de filtração glomerular da creatinina → Indica normalidade da função renal, se dentro 
dos parâmetros esperados.
Aula 3: Farmacodinâmica
D = Dose do medicamento; T = Intervalo de administração; Clcr = Índice de clearance da creatinina
Farmacologia Geral | Resumo completo 20
A farmacodinâmica estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos 
de ação, outra maneira de dizer que estuda o que o medicamento promove no nosso organismo. 
Os fármacos possuem várias moléculas como potenciais sítios de ação, embora haja alguns que 
exerçam sua ação pelo simples fato de estarem presente em certo tecido, lançando mão de suas 
características fisico-químicas.
Dentre aqueles com sítios de ação bem definidos, os principais locais em que agem são os 
seguintes: 
Enzimas
Moléculas transportadoras
Canais iônicos
Receptores de neurotransmissores
Receptores nucleares (ácidos nucleicos)
Fármacos com ação sobre enzimas
Indução ou inibição enzimática — Alguns fármacos conseguem interagir estericamente 
(espacialmente) com enzimas a fim de modular sua ação, aumentando-a ou diminuindo-a 
(sendo a inibição o efeito mais comum) – na maioria das vezes, se ligam ao sítio ativo e 
impedem que este participe de outras reações. 
Um exemplo clássico é a ação de analgésicos e dos AINES (anti-inflamatórios não-
esteróides) na inibição da enzima cicloxigenase COX1 e COX2, o que impede a formação 
de prostaglandinas a partir do ácido araquidônico – mediadores inflamatórios que 
naturalmente recrutariam células imunes, promoveriam vasodilatação e sensibilizariam as 
terminações nervosas locais. Sem essas ações, não ocorre a instauração de um processo 
inflamatório local, impedindo os sintomas clássicos como edema, eritema, dor e calor
Fármacos com ação sobre moléculas transportadoras
Dentre as moléculas transportadoras, aquelas em que os fármacos maiscomumente possuem 
ação são os Recaptadores de Neurotransmissores NT, que ficam voltadas para a fenda 
sináptica e buscam reciclar o NT em questão para uso posterior. Quando um fármaco bloqueia 
tais proteínas, os NTs permanecem na fenda sináptica por mais tempo do que o normal e 
continuam se ligando aos seus receptores no neurônio pós-sináptico – via de regra, aumentam 
seu tempo e intensidade de ação.
Metabolização de fosfolipídeos de membrana a partir de insulto externo resulta nos derivados do ácido 
araquidônico, principalmente pela ação da enzima constitutiva COX1, a qual é bloqueada com o uso dos AINES 
ou de analgésicos. Perceber que os anti-inflamatórios esteróides (como os corticóides) são mais potentes do 
que os AINES por inativarem já a fosfolipase A2 PLA2, impedindo além disso a produção de leucotrienos, 
moléculas que cumprem papel importante nas alergias, por exemplo.
Farmacologia Geral | Resumo completo 21
Dois exemplos muito clássicos sobre a ação de substâncias em recaptadores de NT são os 
seguintes:
Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina ISRS — A serotonina é um 
importante NT relacionado ao humor do indivíduo, estando sua depleção muito 
associada com síndromes como a depressão (afeta 30% da população). Alguns 
fármacos interagem com as proteínas responsáveis pela recaptação da serotonina 
pelos neurônios pré-sinápticos ou células gliais, fazendo com que permaneçam mais 
tempo na fenda, prolongando o seu efeito. Ex: fluoxetina ou sertralina.
Ação biológica da cocaína — A cocaína impede não seletivamente a recaptação de 3 
NT catecolamínicos – principalmente da dopamina 5HT, aumentando as sinapses 
no núcleo accumbens, responsável pelo comportamento de reforço positivo 
(recompensa). Essa área é normalmente ativada por sensações prazerosas, como a 
do sexo ou de comer chocolate, estabelecendo um mecanismo de vício. O uso com 
frequência, entretanto, promove neuroplasticidade e down-regulation (processo pelo 
qual uma célula diminui a quantidade de um componente celular, como RNA ou 
proteína, em resposta a um estímulo externo) dos receptores de dopamina no 
neurônio pós-sináptico, tornando o uso cada vez menos prazeroso. A cocaína age 
também na inibição da recaptação da serotonina (provocando transtornos de humor 
associados com uso crônico) e da noradrenalina, descompassando o SNA. Como a 
dose usual já não faz o mesmo efeito, a superdosagem se torna rotina e a morte por 
overdose usualmente ocorre em decorrência de ataques cardíacos fulminantes.
Fármacos com ação sobre canais iônicos — Bloqueadores e moduladores
Alguns fármacos interagem com canais iônicos, podendo provocar sua abertura ou 
modulando a afinidade destes por outras moléculas através da ligação a sítios reguladores 
e da consequente mudança estérica. Os exemplos clássicos abrangem abertura ou 
fechamento de portões, entretanto.
Na aplicação de anestésicos locais para procedimentos odontológicos, por exemplo, as 
drogas bloqueiam os canais de sódio Na+) dos nociceptores, impedindo despolarização 
e consequente envio da informação de dor. Os canais iônicos podem ser voltagem ou 
ligante-dependentes e os fármacos que interagem com canais iônicos são chamados de 
bloqueadores ou moduladores.
Farmacologia Geral | Resumo completo 22
💡 A aplicação de analgésicos e anestésicos locais não funciona caso já haja 
um processo inflamatório em curso no local desejado, pois o microambiente 
já estará mais ácido do que o normal, fazendo com que esses 
medicamentos – em sua maioria bases fracas – dissociem e prevaleçam na 
forma hidrofílica, que não é bem absorvida. Para maior efeito, recomenda-
se administração IV localizada, tirando da equação a variável absorção que 
estava atrapalhando.
Fármacos com ação sobre receptores de neurotransmissores
Existem dois principais tipos de canais iônicos: 1 ionotrópicos e 2 metabotrópicos, que 
diferem quanto ao período necessário para que gerem efeitos e quanto ao espectro e amplitude 
destes.
Os metabotrópicos ainda podem ser classificados quanto à ligação ou não à proteína G.
Os fármacos que interagem com receptores de NT podem ser classificados como agonistas ou 
antagonistas, havendo ainda algumas derivações nesses grupos. 
 Ionotrópicos – o receptor corresponde ao próprio canal iônico, de modo que a interação 
direta com o fármaco (ou com um agonista endógeno/outra substância exógena, etc.) faz 
com que seus efeitos sejam mais rápidos, embora de menor espectro de alcance no 
metabolismo celular como um todo. Presente em poucas interações entre fármacos e 
recetores. 
Receptores ionotrópicos clássicos são os nicotínicos de acetilcolina, que se abrem com a 
ligação prévia tanto da molécula de nicotina, como da molécula de acetilcolina, permitindo 
influxo de Na+ e efluxo de K com balanço para despolarização – por isso fumantes 
experimentam sensação de calma e tranquilidade quando fumam, é como uma ativação 
parassimpática. 
Outros receptores ionotrópicos famosos são os GABAа, que nada mais são do que canais 
de cloro Cl-) que se abrem em resposta ao hormônio GABA e também ao álcool e a 
fármacos (benzodiazepínicos e barbituratos), permitindo hiperpolarização da MP por influxo 
de Cl-. Isso explica a ação inibitória (depressora) que sinapses gabaérgicas apresentam no 
SNC. 
 Metabotrópicos — O receptor está acoplado a domínios citoplasmáticos (proteína G ou 
não) que irão promover a transdução intracelular do sinal recebido, portanto seus efeitos 
serão pouco mais retardados. Entretanto, haverá mobilização de mais substratos, com a 
possibilidade de orquestrar uma resposta mais ampla e duradoura na célula (síntese 
proteica, fosforilação enzimática, etc), inclusive podendo abrir canais. Ocorre na maior 
parte das interações farmacodinâmicas.
A maioria dos receptores metabotrópicos estão acoplados à proteína G, que tem esse nome 
por conter em seus domínios uma molécula de Guanilato Ciclase com GDP.
Farmacologia Geral | Resumo completo 23
Outras proteínas da família envolvem as seguintes rotas: 
Adenilato Ciclase – AMPc libera subunidades para fosforilação de substratos 
intracelulares. 
Fosfolipase C – quebra de fosfolipídeos PIP₂) em IP₃ e DAG, com mobilização do 
Ca+₂ do REL. 
Fosfolipase A2 – quebra de fosfolipídeos em Ácido Araquidônico, viram 
eicosanoides. 
Há também receptores metabotrópicos não ligados à proteinas G, que se acoplam a 
outros grupamentos intracelulares responsáveis pela transdução do sinal de ativação.
Como exemplo do grupo, temos o receptor de insulina IR, cujo domínio citoplasmático 
consiste de tirosinas-quinases que fosforilam a si mesmas (por um processo conhecido 
por autofosforilação cruzada) e também a outros substratos — potencialmente ativando 
ou deprimindo a ação de outras proteínas do metabolismo celular. São tipos ainda mais 
lentos de transdução celular e efeito biológico, incluindo também os receptores 
intranucleares.
Fármacos com ação sobre receptores nucleares
Alguns fármacos, principalmente os lipofílicos devido à facilidade de atravessar membranas, 
possuem ação nos receptores intranucleares de hormônios esteroides (como ACTH, cortisol, 
testosterona, estrógenos, vitamina D, etc.) e tireoidianos. Modulando diretamente a transcrição 
gênica e a consequente síntese proteica celular, são os medicamentos de maior efeito 
potencial.
💡 Efeito semelhante pode ser obtido por fármacos que, ativando a proteína G, 
fosforilam fatores de transcrição para a modulação da expressão gênica.
Fármacos sem ação sobre substrato (ação fisico-química)
A ligação do agonista no receptor promove a fosforilação desse GDP a GTP, e a mudança 
conformacional associada destaca a subunidade α da subunidade βγ, a qual sai em busca de outra 
proteína-alvo para fosforilar. Essa fosforilação pode ativar ou deprimir enzimas, canais e qualquer outra 
proteína celular, inclusive pode ativar a síntese proteica. 
Farmacologia Geral | Resumo completo 24
Alguns fármacos promovem o seu efeito biológicoesperado pela simples presença no 
microambiente adequado a partir das suas características fisico-químicas, com as quais 
interage com ou modifica o meio. Exemplo clássico é a ação dos antiácidos (sais de bases 
fracas, como bicarbonato de sódio), que chegam no estômago para neutralizar o excesso de 
íons H e fazem isso passivamente, pois uma base sempre estará o máximo ionizada possível 
quando estiver num meio ácido. Da mesma maneira trabalham alguns diuréticos ou laxantes 
osmóticos, que organizam o fluxo de água para dentro dos túbulos renais ou da luz intestinal, 
respectivamente, promovendo aumento das excreções. Substâncias quelantes como o carvão 
ativado também podem ser consideradas dessa forma.
Conceitos farmacodinâmicos
A maior parte do estudo subsequente será feita analisando-se fármacos que interagem com 
receptores metabotrópicos de NT e esse tipo de interação em especial tem uma nomenclatura 
particular que será esclarecida agora. É necessário relembrar que um receptor de membrana – 
proteína que é – é uma molécula altamente dobrada e tridimensionalmente complexa, possuindo 
vários domínio e sítios de ligação expostos e outros escondidos, que podem se revelar pela 
mudança conformacional que potencialmente sofrem a cada ligação. Além disso, esses sítios 
podem ser sítios ativos (promovendo ação) ou então sítios reguladores (modulando afinidade). O 
mecanismo de ação dos fármacos envolve: 
Princípio básico da farmacodinâmica: Os receptores teciduais estão estrategicamente 
localizados em cada tecido, porque naturalmente há uma substância endógena (convencionada 
como “agonista endógeno”) que age nele para exercer alguma função fisiológica essencial. Nem 
sempre conhecemos o agonista endógeno antes de descobrirmos o agonista farmacológico. 
Felizmente, a mágica ideia de que eles foram colocados lá para os fármacos corrigirem nossas 
funções biológicas foi enterrada com quem a cogitou.
Agonista (ou Agonista Total) – trata-sa de um fármaco com afinidade pelo receptor + 
atividade intrínseca positiva. O conceito de atividade intrínseca é muito importante e 
apenas quer dizer que a ligação do fármaco se traduz em um efeito biológico. A ligação 
do fármaco é apenas necessária para 
o start do mecanismo, portanto ele prontamente se desliga do receptor após fornecer 
esse clique – todas as demais fosforilações e acontecimentos decorrentes disso não 
dizem mais respeito a ele, podendo continuar a haver modulações mais “abaixo” na via 
para potenciais correções. 
Antagonista – trata-se de um fármaco que também tem afinidade pelo receptor, mas não 
possui atividade intrínseca. Portanto, ele apenas se liga à fenda destinada para o 
agonista endógeno e fica ali a ocupando espacialmente, impedindo a ligação do agonista 
em questão. Não devemos pensar, contudo, que um antagonista não promove efeito 
biológico por não ter atividade intrínseca – há uma tênue diferença entre esses dois 
conceitos. 
Devemos ter sempre em mente que nosso organismo funciona baseado na homeostasia, 
o que significa que sempre haverá um sistema para contrapôr o outro e que ambos são 
potencialmente moduláveis por substâncias endógenas ou exógenas. Portanto, o efeito 
da ausência do agonista (proporcionada pelo antagonista ocupando seu lugar) é sentido 
biologicamente por deslocar a homeostasia até então estabelecida para um lado, o que 
não seria feito sem o antagonista.
Farmacologia Geral | Resumo completo 25
Agonista Parcial – trata-se de um fármaco que tem afinidade pelo receptor + possui 
atividade intrínseca positiva que não alcança toda a magnitude da efetividade obtida 
com o agonista – no bom 
português: “funciona, as funciona menas bem”. Se um paciente precisar trocar de 
medicação por razão de alergia a uma droga antagonista, por exemplo, ainda podemos 
modular a homeostasia para baixo com o agonista parcial, porque vai agir com menos 
efetividade do que a imposta até então – em algumas literaturas é inclusive mencionado 
como “agonista-antagonista”. 
Agonista Inverso – trata-se de um fármaco que também possui afinidade pelo receptor + 
possui atividade intrínseca negativa ! – em uma escala de graduação, modifica mais a 
homeostase do que um antagonista, pois faz mais do que não deixar o agonista 
promover seu efeito (empurra equilíbrio ainda mais pro lado contrário). Em suma, 
promove efeito biológico contrário ao do agonista e ainda usando o mesmo receptor ! – 
lembrar dos múltiplos sítios de ação que uma proteína pode ter, que podem inclusive 
ativar vias de trandsução de sinal (portanto, de mecanismos efetores) diferentes.
Essa nomenclatura também é usada para evitar a correção de erros consagrados, o que 
também não passa de mera convenção humana. Exemplo da história dos 
benzodiazepínicos: certa feita, descobrisse uma fármaco que agia nos receptores 
GABAérgicos do SNC promovendo sua abertura e consequente hiperpolarização, 
promovendo o efeito ansiolítico e foi denominado agonista. Anos depois, descobriu-se 
que o agonista endógeno para esse receptor promovia, em verdade, ansiogênese. Para 
explicar como dois agonistas poderiam promover efeitos opostos, criaram o conceito de 
agonista inverso (ambos com atividade intrínseca, só que opostas!.
Tão importante quanto a dosagem do fármaco fornecida é a disponibilidade de receptores nos 
quais vai se ligar para promover efeito, portanto a regulação dos receptores é assunto importante 
para farmacodinâmica. Nosso organismo trabalha sem a ajuda de fármacos desde sempre, 
portanto tenta se virar como pode nas situações de descompensação. Nesse sentido, 
frequentemente o efeito dos fármacos na homeostase tenta ser desfeito pelo organismo, que já 
estabeleceu o ponto patológico coo normal e pretende sempre voltar para ele:
Down-regulation (ou Dessensibilização) – Acontece frequentemente com uso crônico de 
agonistas, havendo eventual necessidade de ajuste de dose a cada intervalo de tempo. Um 
agonista promove um mecanismo bioquímico para suprir outro “do mesmo braço” que esteja 
deprimido. Acontece que o organismo não entende isso como benéfico, mas sim como outro 
mecanismo se afastando da homeostase, por isso trata de recolher os receptores de membrana 
em que o agonista agiria para dentro da célula (recolhimento, degradação, diminuição da 
síntese).
TOLERÂNCIA O desenvolvimento de intolerância pelo indivíduo está relacionado com a 
dessensibilização (down-reg), que torna a mesma dose do fármaco pouco ou nada efetiva para o 
tratamento. Podemos pensar também que a homeostase foi deslocada e o novo nível basal do 
organismo é com a droga, portanto responde com menos receptores. Para combater isso, é 
necessário 1 aumentar a dose do medicamento – o que sempre deve ser feito dentro dos limites 
fornecidos pela janela terapêutica – ou então 2 trocar a classe do medicamento (começa do zero). 
Essa é uma razão para darmos morfina apenas quando muito necessário, pois pode induzir e 
tolerância, parando de fazer efeito nas fases mais terminais (normalmente com mais dor).
Farmacologia Geral | Resumo completo 26
Up-regulation – Acontece mais frequentemente com o uso crônico de antagonistas, seguindo o 
mesmo princípio de tentar desfazer o que o fármaco está fazendo com o organismo. Quando o 
antagonista bloqueia o receptor, a ausência do agonista é sentida e ativa um mecanismo de 
feedback (disparado pela própria ligação do antagonista ao receptor) que aumenta a 
quantidade de receptores ancorados na MP para retomar ação do agonista. Ajustes de dose 
também são eventualmente requeridos e ambos os casos são reversíveis pela simples 
suspensão da medicação (volta pro basal).
Conceitos na interrelação medicamentosa
EFICÁCIA – é o efeito máximo alcançado pelo fármaco, representada pela altura atingida por ele 
no gráfico de efeito biológico pela dose empegada. É o principal critério de escolha pro 
medicamento, principalmente tentando aliar menor dosagem com maior eficácia – fornece 
amplitude para eventuais ajustes de dose dentro da janela terapêuticae ainda evita 
dessensibilização dos receptores. A diferença entre o agonista e o agonista parcial é 
justamente a eficácia, que reflete intimamente as suas atividades intrínsecas individuais.
POTÊNCIA – é uma medida da dosagem necessária de um medicamento para que tenha sua 
eficácia máxima, representada no gráfico pela sua envergadura. Um fármaco ideal é aquele que 
atinge sua eficácia máxima com as menores doses possíveis, por motivos anteriormente 
mencionados. Tem pouca relevância clínica, pois não se pode comparar doses diferentes de 
fármacos diferentes 100 mg do fármaco A pode ser mais tóxico do que 500 mg do fármaco 
B)sem levar em consideração o número de mols (proporcional ao efeito) - depois da eficácia, 
devem primeiro ser levados em consideração aspectos como efeitos adversos, preço e anos de 
uso no mercado.
ANTAGONISTAS COMPETITIVOS – são antagonistas que competem pelo mesmo sítio de ligação 
do agonista (endógeno ou farmacológico). Por essa razão, o resultado biológico resultante 
estará associado com a relação entre as concentrações do fármaco e do antagonista, visto que 
é possível retirar o antagonista do receptor quando o agonista estiver em maior concentração. 
Farmacologia Geral | Resumo completo 27
Dessa maneira, basta aumentar a dose do agonista para que seja retomada a eficácia anterior 
na sua integridade. 
ANTAGONISTAS NÃOCOMPETITIVOS – são antagonistas que não competem pelo mesmo sítio 
de ligação do agonista, mas em vez disso se ligam aos sítios reguladores dessa proteína, 
causando uma mudança conformacional que deforma o sítio de ligação do agonista – por mais 
que esteja disponível o sítio de ligação, está impossibilitada por tempo indeterminado essa 
ligação. Portanto, não adianta aumentar a concentração do fármaco – a eficácia será afetada e 
não pode ser restabelecida.
Introdução aos receptores de neurotransmissores
Daqui para frente será cada vez mais essencial o conhecimento sobre cada receptor de NT para 
entendermos os efeito biológicos dos medicamentos. Os fármacos podem interagir com todas as 
classes de receptores das mais variadas formas, o que pede por uma revisão dos principais tipos 
envolvidos – localizados no neurônio pós-sináptico e nas vísceras periféricas: 
a) ACETILCOLINA – possui duas classes de receptores: nicotínicos (ionotrópicos) e 
muscarínicos (metabotrópicos). Os ionotrópicos produzem PEPS e estão presentes na 
junção neuromuscular, excitando músculos para contração – a nicotína é seu agonista 
(mimetiza sua atividade intrínseca positiva), enquanto o curare (veneno indígena 
paralisador) é seu antagonista competitivo. Os metabotrópicos produzem PEPS < PIPS e 
estão mais localizados difundidos pelo SNA para promover ação prassimpática – a 
muscarina é seu agonista, enquanto a atropina é antagonista competitivo. 
b) GLUTAMATO – possui duas classes de receptores: AMPA, NMDA e cainato (ionotrópicos) 
e MGLUs (metabotrópicos). Estudamos principalmente os ionotrópicos, que promovem PEPS 
e fazem desse NT o principal excitatório do SNC. Para abrir um canal NMDA, deve haver 
primeiro a abertura de canais AMPA, pois há um íon Mg+₂ trancando seus portões e só 
assim ele é liberado.
c) GABA (ácido α–aminobutírico) – sintetizado a partir do glutamato pela enzima glutamato 
descarboxilase, é considerado o principal NT inibitório do SNC. Possui canais inotrópicos 
que permitem saída de K e hiperpolarização decorrente e também metabotrópicos, que 
levarão sempre a um potencial pós-sináptico inibitório PPSI. Possui mecanismos de 
Farmacologia Geral | Resumo completo 28
retirada da fenda iguais àqueles experimentados pelo glutamato – tanto recaptação pelo 
pré-sináptico, como pelas células gliais. 
d) DOPAMINA – é uma amina biogênica catecolamina (portanto, derivada do aminoácido 
tirosina) utilizada em várias sinapses por neurônios difundidos pelo SNC. Um conjunto de 
neurônios bem específicos deles estão na Substância Negra periaquedutal mesencefálica, 
que se projetam aos núcleos da base e cuja destruição está associada à Doença de 
Parkinson. Apresenta apenas canais metabotrópicos e transportador TDA no pré-sináptico 
recapta da fenda. 
e) NORADRENALINA – é uma amina biogênica catecolamina utilizada extensamente no SN 
Autônomo (simpático), bem como em funções nervosas superiores no SN Central. Possui 
receptores diferenciados α e β noradrenérgicos, que serão melhor estudados ao longo do 
resumo. As aminas biogênicas em geral são reaproveitadas até a exaustão, sendo depois 
metabolisadas pelas enzimas MAO e COMT, havendo clearance hepático e/ou renal. 
f) SEROTONINA 5HT – é uma amina biogênica, mas não uma catecolamina, sintetizada a 
partir do aminoácido triptofano. Possui um receptor ionotrópico 5HT3 – com efeitos 
excitatórios, que são raros devido à restição da sua distribuição - e todos outros 
metabotrópicos, normalmente inibitórios. Está relacionada com o controle do humor e das 
emoções, estando depletada na depressão – é muito modulada por fármacos inibidores da 
sua recaptação, que inundam a fenda sináptica com ela.

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