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Módulo 1 – Teoria Geral do Direito Falimentar

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25/06/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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 Módulo 1 – Teoria Geral do Direito Falimentar
 
1. Conceito de Falência:
A falência é uma execução concursal dos bens do devedor empresário, pela
qual  concorrem  todos  os  credores  para  o  fim  de  arrecadar  o  patrimônio
disponível, verificar os créditos, liquidar o ativo e solver o passivo, em rateio,
observadas as preferências legais.
 
2. Formação histórica do processo falimentar:
 
O  instituto da  falência e o processo de execução  têm origem remota, cujos
princípios surgiram no Direito Romano. O instituto era no Direito Romano, um
castigo  para  quem  faltasse  com  suas  obrigações.  Assim,  tinha  um  caráter
punitivo e extremamente pessoal,  já que o devedor ao assumir uma dívida,
comprometia sua própria vida, caso não a pagasse na data combinada.
 
A pessoa do devedor era a única garantia do credor e, caso o compromisso
não  fosse  honrado,  era  a  pessoa  do  devedor  que  respondia  com  a  própria
vida pelo ato, e não o seu patrimônio.
O  texto  nº  6  da  Lei  III  da  Lei  das  XII  Tábuas  previa  que,  em  caso  de
pluralidade  de  credores,  o  corpo  do  devedor  poderia  ser  retalhado  para
entrega das partes aos credores.
Em decorrência da rigidez das leis de execução, no Império Romano, tornou­
se comum, a elaboração de um contrato denominado nexus. Por  intermédio
deste contrato, o devedor que não pudesse saldar suas dívidas, antes de ser
iniciada a execução, comprometia­se a prestar serviços ao credor, para pagar
a dívida. Tal sistema ocasionou abusos e distorções.
Desta forma, chegou­se ao consenso de que não a pessoa do devedor, mas
sim os seus bens é que deveriam responder por suas dívidas. Assim, no ano
de  428  a.C.  foi  criada  a  Lex  Poetellia  que  determinou  a  proibição  do
encarceramento, a venda como escravo e a morte do devedor.
Apesar dos progressos, foi no direito estatutário italiano, nas cidades do norte
da  Itália  (Gênova,  Veneza,  Florença  e  Milão),  que  surgiu  o  instituto  da
falência da maneira que mais se assemelha às normas atuais.
3. Legislação Aplicável:
 
A Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. A falência é um processo judicial
de  execução  concursal  do  patrimônio  do  devedor  empresário,  que,
normalmente, é uma pessoa jurídica sob a forma de sociedade por quotas de
responsabilidade limitada ou anônima.
Para os considerados não empresários sem recursos para cumprir com suas
obrigações,  há  um  processo  distinto  da  execução  concursal,  que  é  a
insolvência civil disciplinada nos arts. 748 e segs. do CPC.
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Entre  as  diferenças  que  separam  esses  dois  regimes,  duas  merecem  ser
destacadas. A recuperação judicial ou extrajudicial somente é admitida para o
empresário e existe tratamento diferente entre os dois regimes de execução
concursal referente à extinção das obrigações.
A  recuperação  judicial  ou  extrajudicial  são  medidas  que  possibilitam  ao
devedor  empresário  se  reorganizar  para  cumprir,  em parte  pelo menos,  as
suas  obrigações.  Na  recuperação  judicial  ou  na  homologação  judicial  da
recuperação extrajudicial, todos os credores se submetem ao plano aprovado
pela maioria, podendo ocorrer a remissão parcial de dívidas ou a prorrogação
dos prazos de pagamento.
O devedor que não explora empresarialmente nenhuma atividade econômica
não  goza  de  favor  legal  semelhante,  já  que  a  suspensão  da  execução
concursal  de  seu  patrimônio  está  condicionada  à  anuência  de  todos  os
credores (art. 783 do CPC).
No que tange a extinção das obrigações, o devedor empresário em regime de
execução  concursal  tem  as  suas  obrigações  extintas  se  ocorrer  o  rateio  de
mais  de 50% dos  créditos  devidos  aos quirografários,  após  a  realização de
todo o ativo (art. 158, II, da LF).
Na  falência,  após  a  satisfação  integral  do  devido  aos  credores  com
preferência  (trabalhista,  credor  com  garantia  real  e  etc.),  se  os  recursos
restantes  forem  suficientes  para  pagar  mais  da  metade  dos  créditos
quirografários, o que não for pago será considerado extinto.
Por  sua  vez,  as  obrigações  do  devedor  civil  em  regime  de  execução
concursal, somente se extinguem com o pagamento integral do valor devido
(art. 774 do CPC).
Logo, se a sociedade empresária entra em falência com patrimônio suficiente
para atender à condição do artigo 158, II, da LF, poderá obter a declaração
de extinção das obrigações. Se, por ventura, reconstituir o seu patrimônio, os
credores  existentes  ao  tempo  da  falência  não  poderão  comprometê­lo,  ao
passo que o devedor civil, na mesma, situação poderia ter o seu patrimônio
reconstituído  executado  até  o  integral  pagamento  do  passivo  (salvo  se
decorrido  o  prazo  de  5  anos  do  encerramento  do  processo  de  insolvência,
quando as obrigações se extinguem por decadência, art. 778 do CPC).
4. Disposições Gerais
4.1. Pessoas submetidas e não submetidas à nova Lei:
Pelo sistema falimentar adotado a concessão da falência e da recuperação da
empresa é limitada apenas aos devedores exercentes de atividade econômica
de forma empresarial, ou seja, os empresários.
Segundo a  lei empresário é o exercente de atividade econômica organizada
para a produção ou circulação de bens ou serviços (art. 966 do C. Civil).
Embora  como  regra  todo  sujeito  considerado  empresário,  tanto  pessoa
jurídica  como  física,  possa  ser  executado no  regime de  execução  concursal
falimentar, o ideal é que se faça referência exclusiva à sociedade empresária.
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A sociedade anônima sempre estará sujeita à falência, uma vez que este tipo
societário é sempre considerado mercantil  independente de seu objeto (art.
2º, § 1º, da LSA).
Ao contrário da sociedade por quotas de responsabilidade limitada, que pode
ser sociedade simples e, assim, não sujeita a falência.
Quando  a  sociedade  limitada  exerce  atividade  civil,  por  exemplo,  uma
sociedade de dentistas, de advogados ou outros profissionais liberais, estará
sujeita a insolvência civil.
Existem alguns empresários que a lei excluiu totalmente do regime jurídico­
falimentar: a) são às empresas públicas e as sociedades de economia mista
(art. 2º, I, da LF). Os credores dessas sociedades poderão cobrar da pessoa
jurídica  de  direito  público  controladora  (União,  Estados,  Distrito  Federal  ou
Município); b) as câmaras ou prestadoras de serviços de compensação e de
liquidação  financeira.  Esses  sujeitos  de  direito  terão  suas  obrigações
ultimadas e liquidadas de acordo com os seus regulamentos, aprovados pelo
Banco Central (art. 194 da LF).
Para outras sociedades a lei exclui parcialmente: (i) As companhias de seguro
(art.  26  do  Decreto­lei  nº  73/66),  que  estão  sujeitas  ao  procedimento  de
execução  concursal  denominado  liqüidação  extrajudicial,  promovida  pela
Susep – Superintendência de Seguros Privados. Contudo, quando a liqüidação
extrajudicial se frustra porque o ativo da companhia não é suficiente para o
pagamento  de  pelo  menos  metade  do  passivo  quirografário,  o  liqüidante
nomeado  pelo  pela  Susep  poderá  requerer  a  falência.  Frise­se  que  as
sociedades seguradoras não podem falir em nenhuma circunstância a pedido
de  credor.  Em  idêntica  situação  se  encontram  as  entidades  abertas  de
previdência  complementar  (Lei  Complementar  nº  109/01,  art.  73);  (ii)  As
operadoras de planos privados de saúde estão sujeitasà falência quando, no
curso  da  liquidação  extrajudicial  decretada  pela Agência Nacional  de Saúde
Suplementar (ANS), verifica­se que o ativo não é suficiente para pagar pelo
menos  metade  do  passivo  quirografário,  as  despesas  administrativas  e
operacionais  inerentes  ao  regular  processamento  da  liquidação  extrajudicial
ou  se  houver  fundados  indícios  de  crime  falimentar  (art.  23  da  Lei  nº
9.656/98 e Medida Provisória 2.177­44/01); e (iii) As instituições financeiras,
às quais estão submetidas ao processo de liqüidação extrajudicial previsto na
Lei nº 6.024/74. A exclusão destas sociedades, no entanto, é parcial, quando
se  encontram  no  exercício  regular  da  atividade  financeira,  sujeitando­se,
assim,  à  decretação  da  falência.  Convém  mencionar,  se  o  Banco  Central
decreta  a  intervenção  ou  liqüidação  extrajudicial  da  instituição,  esta  não
poderá mais falir a pedido de credor, devendo ser feito o pedido de falência
pelo próprio  interventor ou  liqüidante, devidamente autorizados pelo Bacen.
Do  mesmo  modo,  as  sociedades  empresárias  arrendadoras  dedicadas  à
exploração de leasing.
4.2. Foro competente:
A competência para a apreciação dos processos de falência, de recuperação
judicial  e  homologação  de  recuperação  extrajudicial  é  o  local  onde  se
encontra o principal estabelecimento do devedor (art. 3º da LF).
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Por  principal  estabelecimento  entende­se  aquele  em  que  a  devedora
concentra o maior volume de seus negócios (é o mais importante no ponto de
vista  econômico).  Eventualmente,  não  coincide  com  a  sede  estatutária  ou
contratual  da  sociedade  devedora,  mencionada  no  ato  constitutivo,  nem  o
estabelecimento maior física ou administrativamente.
Nas  Comarcas  em  que  houver  mais  de  um  juízo  com  competência  para
pedido  de  falência  ou  recuperação  de  empresa,  a  distribuição  do  primeiro
pedido de  falência ou de recuperação  judicial previne a competência para a
apreciação dos pedidos seguintes.
Na Comarca  de  São  Paulo,  os  foros  regionais  não  têm  competência  para  a
falência,  mas  as  Varas  Cíveis  do  foro  central  são  todas  competentes.  Por
exemplo,  a  distribuição  do  primeiro  pedido  de  falência  contra  determinada
sociedade, para a 28ª Vara Cível,  torna­a competente, por prevenção, para
todos os pedidos de  falência posteriormente  requeridos  contra essa mesma
sociedade.
4.3. Universalidade do Juízo Falimentar:
O juízo da falência é universal. Todas as ações referentes a bens, interesses e
negócios da massa falida serão processadas e  julgadas pelo  juízo perante o
qual  tramita  o  processo  de  falência.  Exemplo:  acidente  de  trânsito
envolvendo veículo de propriedade da sociedade falida, a ação de indenização
a  ser  promovida  pelo  proprietário  do  outro  veículo  correrá  perante  o  juízo
universal da falência.
Exceções ao princípio da universalidade do juízo falimentar: (i) As ações em
que a massa falida for autora ou litisconsorte ativa; (ii) Ações que demandam
quantia  ilíquida,  independentemente da situação da massa  falida na relação
processual; (iii)  As  reclamações  trabalhistas,  para  as  quais  é  competente  a
Justiça  do  Trabalho;  (iv)  As  execuções  tributárias  não  estão  sujeitas  a
concurso  de  credores  ou  habilitação  em  falência  (art.  187  do  CTN);(v)  As
ações  de  conhecimento  de  que  é  parte  ou  interessada  a  União,  entidade
autárquica ou empresa pública federal, hipótese em que a competência é da
Justiça Federal (art. 109, I, da CF).
4.4. Verificação de Crédito, Habilitação de Crédito e Quadro Geral de
Credores (art. 7º e segs. da Lei 11.101/2005):
Compete ao administrador judicial a verificação dos créditos. Para cumpri­la,
deve  levar  em  conta  não  só  a  escrituração  e  documentos  do  falido  como
todos  os  elementos  que  lhe  forem  fornecidos  pelos  credores.  Havendo
divergência entre o administrador judicial e um ou mais credores acerca dos
próprios  créditos  que  titularizam  ou  o  de  outros,  cabe  ao  juiz  decidir  o
conflito.
 
O ponto de partida da verificação dos créditos é a publicação da relação de
credores.  Quando  se  trata  de  autofalência,  entre  os  documentos  que  a  lei
determina  sejam apresentados  pelo  devedor  requerente  encontra­se  a  lista
dos credores com discriminação do valor do crédito e a classificação de cada
um deles. Na  falência decretada a pedido de credor ou sócio dissidente, ao
falido é determinado que elabore e apresente a  relação dos credores nos 5
dias seguintes, sob as penas do crime de desobediência. Se o falido deixar de
entregá­la (preferir responder pelo crime de desobediência), o administrador
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judicial deverá providenciá­la.
 
Juntada aos autos a relação dos credores, providencia­se sua publicação no
Diário  Oficial.  Se  no  momento  da  publicação  da  sentença  declaratória,  a
relação  já estiver nos autos, ambas serão publicadas simultaneamente, por
edital, na íntegra.
 
Nos 15 dias seguintes à publicação da relação, os credores devem conferi­la.
De  um  lado,  os  que  não  se  encontram  relacionados  devem  apresentar  a
habilitação  de  seus  créditos  perante  o  administrador  judicial.  Estão
dispensados  de  habilitação  apenas  o  credor  fiscal  (porque  não  participa  do
concurso) e os titulares de crédito remanescente da recuperação judicial, se
tinham sido definitivamente incluídos no quadro geral de credores quando da
convolação  em  falência.  De  outro  lado,  os  que  se  encontram  na  relação
publicada  mas  discordam  da  classificação  ou  do  valor  atribuído  aos  seus
créditos  devem  suscitar  a  divergência  também  junto  ao  administrador
judicial.
 
A  apresentação  da  habilitação  ou  divergência  deve  ser  feita  por  escrito  e
conter  o  nome  e  qualificação  do  credor,  a  importância  exata  atribuída  ao
crédito, a atualização monetária até a data da decretação da  falência, bem
como sua origem, prova, classificação e eventual garantia. Na habilitação de
crédito  ou  apresentação  da  divergência  não  é  exigida  a  intervenção  de
advogado, podendo o credor dirigir­se diretamente ao administrador  judicial
por escrito.
 
O  administrador  judicial,  diante  da  habilitação  ou  divergência  pode
convencer­se ou não das razões do credor (por ex., na relação apresentada
pelo  falido  constava  certo  credor  como  quirografário,  mas  esse  credor  na
divergência  exibe  documento  com  o  objetivo  de  provar  a  sua  condição  de
privilegiado).  O  administrador,  a  par  disso,  pode  convencer­se  ou  não  da
existência  de  erro  na  relação  publicada.  Se  entender  que  a  divergência
procede, ele retifica na republicação da relação de credores; caso contrário,
faz a  republicação sem corrigi­la. O administrador não precisa dar qualquer
resposta  aos  credores  que  apresentaram  divergência,  nem  levá­la  ao  juiz.
Com  a  simples  republicação  da  relação,  com  a  correção  ou  não,  os
habilitantes e suscitantes de divergência saberão se o seu pedido foi acolhido
ou não pelo administrador judicial.
 
A republicação da relação dos credores também é feita por edital devendo o
administrador judicial providenciá­la. Nele, serão indicados local e horário em
que qualquer credor (incluindo os membros do comitê), o representante legal
da sociedade falida, seus sócios ou acionistas e o representante do Ministério
Público  poderão  Ter  acesso  aos  documentos  que  fundamentaram  a
elaboração  e  revisão,  se  houve,  da  relação  de  credores.  O  prazo  paraa
republicação  da  relação  é  de  45  dias,  contados  do  término  do  prazo  para
habilitação ou apresentação de divergências; isto é, 60 dias após a primeira
publicação.
 
Nos  10  dias  seguintes  à  republicação,  os  sujeitos  legitimados  podem
apresentar  a  impugnação  da  relação  elaborada  pelo  administrador  judicial.
Estão  legitimados  para  impugnar  a  relação  qualquer  credor,  o  Comitê,  a
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sociedade falida, sócio ou acionista dela ou o promotor de justiça.
 
O credor  que  apresentou divergência  e  não  teve  o  seu pedido  acolhido,  ao
verificar  a  relação  republicada,  deve  apresentar  a  impugnação.  Esse  é  o
instrumento  processual  adequado  para  sustentar  judicialmente  a  pretensão
de  ingressar  no  quadro  de  credores  ou  ver  o  valor  do  crédito  ou  sua
classificação alterados. A impugnação será submetida ao juiz.
 
O  credor  que  discorda  da  classificação  dada  a  crédito  alheio  pode  também
impugnar. Ele tem legitimidade para impugnar a admissão, quantificação ou
classificação  do  crédito  de  outrem  porque  eventual  pagamento  indevido
implica na redução dos recursos da massa e maior risco de não­recebimento.
Também  estão  legitimados,  pela  mesma  razão,  a  sociedade  falida  ou
qualquer  dos  seus  membros  (sócio  ou  acionista).  Se  houver  pagamento  a
crédito já satisfeito, inexistente, viciado ou excessivo, reduzem­se por óbvio
os recursos que comporiam eventual saldo remanescente a ser­lhes devido,
no final do processo de falência.
 
Por fim, tem legitimidade para a impugnação o Comitê (pelo voto da maioria
de seus membros) e o promotor público, que deve atuar no sentido de buscar
consistência  da  relação  dos  credores.  Eles  estão  diretamente  postulando  a
prevalência das regras do direito falimentar que visam a tutela dos interesses
transindividuais da comunhão.
 
A  impugnação  é  feita  por  petição  instruída  com  os  documentos  que  o
impugnante tiver. Nela, devem ser indicadas as provas que pretende produzir
para sustentação do alegado. Trata­se de postulação judicial, ato privativo de
advocacia.  Ao  contrário  da  apresentação  de  divergência,  portanto,  a
impugnação  não  pode  ser  feita  pelo  próprio  credor.  Ela  deve  ser
obrigatoriamente elaborada e subscrita por advogado. Enquanto pendente a
impugnação, será feita reserva do valor para seu eventual atendimento, e se
for  parcial,  a  parte  incontroversa  do  crédito  pode  ser  satisfeita
independentemente de sua tramitação.
 
Cada  impugnação  é  autuada  em  separado.  As  autuações  serão  feitas  em
função dos objetos impugnados, de modo que se reúnam nos mesmos autos
todas as  impugnações  referentes ao mesmo crédito,  independentemente de
quem seja o impugnante. Após autuar as impugnações, o cartório providencia
a  intimação  dos  credores  impugnados.  Eles  terão  5  dias  para  contestar  a
impugnação, juntar documentos e indicar as provas que pretendem produzir.
Em seguida, intimam­se a sociedade falida e o Comitê, se existente, para, no
prazo  comum  de  5  dias,  se manifestarem  sobre  as matérias  litigiosas.  Em
seguida, o administrador judicial deve dar o seu parecer, em 5 dias contados
da  respectiva  intimação.  O  parecer  deverá  ser  instruído  por  todas  as
informações existentes nos livros e demais documentos da sociedade falida e
pela parte relevante do laudo de auditoria, se  levantado. Retornando com o
parecer  do  administrador  judicial,  cada  autos  de  impugnação  de  crédito  é
encaminhado  à  conclusão.  Aquelas  em  que  não  há  dilação  probatória  são
julgadas  desde  logo.  Em  relação  às  demais,  o  juiz  fixa  os  aspectos
controvertidos,  decide  as  questões  processuais  pendentes  e  determina  as
provas a serem produzidas (nomeia perito, designa audiência de instrução e
julgamento e etc.). Concluída a dilação probatória, o juiz julga a impugnação,
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acolhendo­a ou rejeitando­a.
 
Contra a sentença proferida na impugnação de crédito cabe agravo.
 
Com o  trânsito em  julgado de  todas as sentenças, o administrador  judicial,
com base na relação republicada e no resultado das impugnações, consolida
o  quadro  geral  de  credores  e  o  submete  à  homologação  do  juiz. O  quadro
geral de credores assinado pelo juiz e pelo administrador judicial será juntado
aos autos da falência e publicado nos 5 dias seguintes ao último trânsito em
julgado de sentença proferida em impugnação de crédito.
 
Se  não  houve  impugnação,  o  juiz  homologa  a  republicação  como  quadro
geral de credores e determina nova publicação.
 
Com a publicação do quadro geral de credores, encerra­se o procedimento de
verificação de crédito.
 
No  procedimento  de  verificação  de  crédito,  a  relação  de  credores  será
publicada três vezes.
 
4.5. Habilitação de crédito retardatária (art. 10 da Lei 11.101/2005):
 
Os  credores  que  não  habilitarem  seus  créditos  no  prazo  podem  fazê­lo
posteriormente. Serão processados os  respectivos créditos como habilitação
retardatária.  Se  apresentada  antes  da  homologação  do  quadro  geral,  seu
procedimento  é  idêntico  ao  das  impugnações;  se  após,  depende  de  ação
judicial própria, pelo procedimento ordinário do CPC. Deve ser  feita  reserva
para eventualmente atender ao retardatário, a pedido deste.
 
Em  qualquer  caso,  as  consequências  da  intempestividade  da  apresentação
são  quatro:  a)  os  rateios  já  realizados  não  serão  revistos  para  atender  o
retardatário; b) ele perde o direito aos consectários (correção monetária, por
exemplo)  incidentes  entre  o  término  do  prazo  de  apresentação  e  sua
efetivação; c) são devidas custas judiciais; d) o retardatário não tem direito
de voto na Assembleia de credores na hipótese de recuperação judicial e, em
caso de falência, não tem esse direito enquanto seu crédito não for  incluído
no quadro geral homologado (a menos que titule crédito trabalhista, quando
participa dos eventos desde a habilitação).
 
5. Classificação dos Credores:
 
Os credores da sociedade falida se classificam, segundo a ordem estabelecida
no do art. 83 da Lei nº 11.101/2005.
 
6. Pagamentos na Falência:
 
O dinheiro obtido com a realização do ativo (venda dos bens e cobrança dos
devedores) deverá ser depositado pelo administrador  judicial, em 24 horas,
em  instituição  financeira.  Enquanto  não  iniciado  o  pagamento,  o  dinheiro
deve  ser  aplicado  em algum  tipo  de  investimento  para  preservação  de  seu
valor.
 
As  quantias  depositadas  só  poderão  ser  movimentadas  por  intermédio  de
cheques nominativos, assinados pelo administrador judicial. Outra alternativa
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de movimentação é a que se verifica relativamente aos processos cíveis em
geral,  isto  é,  as  movimentações  dos  recursos  depositados  em  conta  de
depósito  bancário  vinculada  à  falência  podem  também  se  realizar  por
mandado do juiz.
 
São quatro as espécies de credores na falência. Em primeiro lugar, devem ser
pagos pelo administrador judicial, os credores da massa falida; em segundo,
os titulares de direito à restituição em dinheiro; em terceiro, os credores da
falida;  por  último,  restando  recursos,  os  sócios.  Dentro  de  cada  espécie
existem classes e subclasses de beneficiários.
 
6.1 Credores da massa falida:
 
Os créditos extraconcursais são aqueles a que o administrador  judicial deve
atender antes do pagamento dos credoresda sociedade falida. São duas as
espécies  de  créditos  extraconcursais:  os  relacionados  à  administração  da
falência  e  as  restituições  em  dinheiro.  A  primeira  espécie  tem  preferência
sobre a segunda, de modo que somente são atendidos os titulares de direito
às restituições em dinheiro depois do pagamento dos credores da massa caso
sobrem  recursos.  Não  há  rateio  entre  os  credores  da massa, mas,  se  não
houver recursos suficientes para atender às restituições em dinheiro, deve­se
proceder  à  divisão  das  disponibilidades  entre  os  titulares  do  direito,
proporcionalmente  ao  crédito  de  cada  um,  e  isso  correspondente  a  um
concurso.
 
Os bens da sociedade falida, após a arrecadação, precisam ser administrados
para a otimização do produto de sua  futura venda  judicial. A administração
da falência é feita por profissionais (contador,  leiloeiro, advogado e outros),
contratados pelo administrador judicial. Assim, tais profissionais precisam ser
remunerados.
 
As  despesas  com  a  administração  da  falência,  inclusive  a  remuneração  do
administrador judicial, são créditos extraconcursais no sentido de que devem
ser satisfeitos antes do pagamento dos credores da sociedade falida.
 
Toda e qualquer despesa com a administração da falência ou o andamento do
processo  falimentar  tem a natureza de  crédito extraconcursal  com absoluta
preferência.  A  lei  contempla  elenco  exemplificativo  dessas  despesas:  a)
remuneração do administrador judicial e seus auxiliares, inclusive obrigações
trabalhistas  e  decorrentes  de  acidente  de  trabalho  quando  referentes  a
serviços  prestados  após  a  decretação  da  falência;  b)  quantias  fornecidas  à
massa  pelos  credores;  c)  despesas  com  arrecadação,  administração,
realização do ativo e distribuição de seu produto, além das custas  judiciais;
d)  obrigações  resultantes  de  atos  jurídicos  válidos  praticados no  âmbito  da
recuperação  judicial  ou  da  falência.  Além  dessas  despesas  listadas  na  lei,
podem ser lembradas ainda: disponibilização de páginas na rede mundial de
computadores,  organização  e  realização  da Assembléia  dos Credores  ou  de
reunião  do  Comitê,  publicação  de  aviso  em  jornal  de  grande  circulação,
pagamento  de  tributos  e  contribuições  cujos  fatos  geradores  se  verifiquem
durante a tramitação do processo de falência etc.
 
Entre  os  créditos  extraconcursais  de  prioridade  absoluta  encontram­se
também alguns dos constituídos durante o processo de recuperação judicial.
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Os  créditos  negociais  não  quirografários  contraídos  pela  sociedade
empresária no curso da recuperação judicial ( por exemplo., fornecimento a
crédito  mediante  hipoteca,  financiamento  com  caução  de  títulos  etc.  )  são
reclassificados, em caso de falência, como extraconcursais. São aqueles que
fornecem  insumos  a  prazo  ou  financiamento  ao  empresário  em  estado  de
recuperação  judicial  (mediante  garantia  real).  Com  a  definição  de
extraconcursal  desses  direitos  creditórios,  confere­se  maior  garantia  de
recebimento a quem vier a conceder crédito ao empresário em recuperação,
contribuindo para o sucesso dessa.
 
Os credores da massa devem ser pagos pelo administrador judicial assim que
vencerem  seus  respectivos  créditos. Não há  concurso  entre  eles,  exceto  se
faltar  recursos  para  o  pagamento  integral  dos  titulares  de  créditos
autorizados.  Nesse  caso,  atendidos  integralmente  os  demais  credores  da
massa, divide­se o saldo de caixa remanescente entre os credores por crédito
autorizado proporcionalmente ao valor de cada um.
 
6. 2) Restituições em Dinheiro (art. 85 da LF):
 
A  arrecadação  compreende  todos  os  bens  encontrados  no  estabelecimento
comercial da falida, inclusive, aqueles em que ela é comodatária, depositária
ou locatária. Como tais bens não são de propriedade da falida, não integram
a garantia dos  credores e devem ser destacados da  constrição  judicial. Um
dos  objetivos  do  pedido  de  restituição  é  justamente  a  lapidação  da massa,
isto  é,  a  devolução  ao  proprietário  do  bem  que  se  encontrava  no
estabelecimento empresarial da falida.
 
O segundo objetivo é a coibição da má­fé presumida da falida, na medida em
que  seus  representantes  legais,  mesmo  tendo  conhecimento  da  situação
econômica  e  financeira  da  sociedade,  não  recusaram  novas  remessas  de
mercadorias. Desta  forma,  a  lei  determina  a  restituição  aos  vendedores  de
mercadorias  entregues  à  falida  nos  15  dias  antecedentes  ao  pedido  de
falência.
 
O  terceiro objetivo é o estímulo às exportações. Relaciona­se ao pedido de
restituição de importâncias adiantadas ao exportador com base num contrato
de câmbio.
 
Por  fim,  o  quarto  objetivo  é  a  proteção do  contratante  de  boa­fé  que  tiver
sofrido prejuízo em razão da declaração de ineficácia subjetiva ou objetiva de
ato praticado pela falida. Ao prestigiar o interesse desse sujeito de direito, a
lei evita enriquecimento indevido da comunhão dos credores.
 
Em duas hipóteses as restituições são feitas em dinheiro: a) quando o bem
na  posse  da  sociedade  falida  é  dinheiro  (ex.  contribuição  do  empregado
devida à Seguridade Social descontada do salário, mas depositada na conta
bancária  da  falida).  Outros  exemplos  de  restituição  que  tem  por  objeto
dinheiro é a de adiantamentos ao exportador ou a destinada a compensar o
contratante  de  boa­fé  pelos  prejuízos  derivados  da  declaração  de  ineficácia
de  ato  da  falida;  b)  se  o  bem  a  ser  restituído  não mais  existir  quando  da
restituição, porque foi roubado ou furtado após a arrecadação ou se perdeu.
 
O pagamento das restituições em dinheiro não integram a massa falida, não
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compõem  a  garantia  dos  credores.  Além  disso,  os  titulares  de  direito  à
restituição em dinheiro não são classificados como credores nem da massa e
nem  da  sociedade  falida;  constituem  uma  espécie  de  beneficiário  de
pagamento na falência.
 
6.3. Credores da Sociedade Falida: (art. 83 da LF):
 
O  tratamento  paritário  dos  credores  é  o  principal  objetivo  do  processo
falimentar.  O  princípio  do  tratamento  paritário,  ao  mesmo  tempo  em  que
garante aos  credores  com  título de mesma natureza  tratamento  igualitário,
estabelece hierarquias em favor dos mais necessitados (os empregados) e do
interesse público (representado pelos créditos fiscais), deixando para o final
osa generalidade dos empresários. O tratamento privilegiado dispensado aos
credores com garantia real, em sua maioria bancos (empresários), visa criar
as condições para o barateamento da economia nacional.
 
A  ordem  de  classificação  dos  credores  da  falida  distingue  essa  espécie  de
beneficiários  de  pagamento  na  falência  em  oito  classes:  empregados  e
equiparados;  credores  com  garantia  real,  fico,  credores  com  privilégio
especial, com privilégio geral, quirografários, titulares de crédito derivados de
multas contratuais e penas pecuniárias e, por fim, os credores subordinados. 
 
 
a) Empregados equiparados:
 
Na  classe  dos  empregados  e  equiparados  existem duas  subclasses.  A mais
alta, na escala das preferências, é a dos titulares de direito à indenização por
acidente de trabalho, ocorrido antes da decretação da quebra (art. 102, § 1º,
da LF).
 
Trata­se  do  direito  que  o  empregado  tem  à  indenização  pelo  acidente
causado por culpa ou dolo do empregador, isto é, direito constitucional (art.
7º, XXVIII, da CF). Esse crédito não se confundecom o benefício, devido pelo
INSS, em razão do mesmo acidente.
 
A segunda subclasse na escala de preferências dos credores da falida são os
créditos trabalhistas de qualquer natureza (art. 449, § 1º, da CLT). Apurados
pela  Justiça  do  Trabalho,  devem  ser  pagos  pelo  administrador  judicial  no
atendimento a essa ordem de classificação.
 
Entretanto, nem todos os créditos de natureza trabalhista gozam desse grau
de preferência no concurso falimentar. A lei estabelece um limite de valor, ao
definir  os  créditos  dessa  classe.  O  limite  é  de  150  salários  mínimos  por
credor.  Isso  significa que o empregado com crédito  inferior ou  igual a esse
limite concorre nessa classe preferencialmente pela totalidade de seu direito;
mas  aquele  que  possui  crédito  maior  que  o  teto  indicado  participa  do
concurso  em  duas  classes:  pelo  valor  de  150  salários  mínimos  na  dos
empregados e equiparados, e pelo que exceder, na dos quirografários.
 
Outra  medida  de  amparo  do  pequeno  assalariado  adotada  oela  lei  é  a
antecipação  de  parte  do  crédito  titulado.  Diz  a  lei  que  o  administrador
judicial,  assim  que  houver  disponibilidade  em  caixa,  pagará  os  saldos
salariais em atraso vencidos nos 3 meses anteriores à decretação da falência,
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até  o  limite  de  5  salários  mínimos  por  trabalhador.  Cuida­se  de  mera
antecipação, cujo valor atualizado deve ser deduzido quando de pagamento
final  do  crédito.  Além  disso,  não  representa  uma  preferência,  mas  mera
antecipação.  Se  o  administrador  judicial  puder  calcular  que  os  recursos  da
massa não serão suficientes para o atendimento da classe dos empregados e
equiparados (porque os credores extraconcursais tendem a consumi­los, por
exemplo), não deverá fazer a antecipação, sob pena de responder perante os
beneficiários que restarem desatendidos. Por fim, a dois outros credores que
concorrem com os trabalhistas na mesma classe
 
Existem  outros  credores  que  concorrem  com  os  trabalhistas  na  mesma
subclasse:  os  representantes  comerciais  autônomos,  pelas  comissões  e
indenização devidas pela representada falida (art. 44 da Lei nº 4.886/45) e a
Caixa Econômica Federal, pelo FGTS (art. 2º, § 3º, da Lei nº 8.844/94). São
equiparados aos empregados para fins de falência.
 
Assim,  se  realizado  todo  o  ativo  e  feitos  os  pagamentos  anteriormente
assinados  (credores  da  massa,  restituições  em  dinheiro  e  acidentes  de
trabalho),  os  recursos  disponíveis  não  forem  suficientes  para  a  integral
satisfação dos credores dessa subclasse, deve administrador judicial proceder
ao rateio proporcional ao titularizado por cada um.
 
Segundo Fábio Ulhoa Coelho, a equiparação da Caixa Econômica Federal, no
tocante  ao  crédito  do  FGTS,  até  se  pode  entender,  na medida  em  que  os
beneficiários desse  fundo  são, em última  instância, os empregados. Não  se
entende, contudo, o concurso dos representantes comerciais autônomos, que
são empresários. Estabelecer o concurso desses credores com os trabalhistas
é  um  despropósito  da  lei.  Enquanto  vigorar  o  dispositivo,  convém  ao
administrador judicial observá­lo para não ser responsabilizado.
 
b) Credores com garantia real (não sujeitos a rateio)
 
A intenção última da lei é criar as condições para o barateamento dos juros
bancários,  medida  destinada  a  acentuar  o  desenvolvimento  econômico  do
país, em atendimento, portanto, ao interesse público.
 
Os titulares de garantia real integram a categoria dos credores não sujeitos a
rateio. Essa categoria está dividida em duas classes: os titulares de garantia
real e os de privilégio especial. De comum entre eles é a vinculação entre o
produto  da  venda  de  determinado  bem  da  falida  e  a  satisfação  do  crédito
garantido ou privilegiado. Na hipótese de credor com garantia real, o produto
da  venda  do  bem  onerado  (hipotecado,  empenhado,  caucionado  etc)  é
destinado  prioritariamente  ao  pagamento  do  crédito  garantido  em
decorrência  de  ato  de  vontade  das  partes.  Já  na  hipótese  de  credor  com
privilégio especial, a vinculação é determinada pela lei, independente de ato
de vontade das partes.
 
Não há hierarquia entre as classes dos credores não sujeitos a  rateio. Se o
produto  da  venda  do  bem vinculado  à  satisfação  de  certo  crédito  supera  o
valor deste, o administrador judicial deve utilizar os recursos correspondentes
à  diferença  para  atender  os  demais  credores,  segundo  a  ordem  de
preferência.  Na  situação  inversa,  o  saldo  credor  –  a  parte  do  crédito  não
coberta  pelo  produto  da  venda  do  bem  correspondente  –  é  imediatamente
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reclassificado  como  quirografário,  concorrendo  aos  rateios  com  os  demais
créditos dessa natureza.
 
Quando o bem dado em garantia é vendido em separado, não há dificuldade
para mensurar as parcelas do crédito que concorrerão com os fiscais ou com
os  quirografários.  Mas  na  hipótese  de  alienação  da  empresa  ou  venda  de
bens englobados, pode ser impossível identificar o específico valor alcançado
pelo objeto da garantia. Se  for esse o caso, o administrador  judicial deverá
considerar o valor de avaliação do bem onerado. Esse valor, contudo, deverá
ser aumentado ou diminuído na mesma proporção em que variou o bloco de
bens com o qual  foi vendido. Assim, se o preço pago por  todos os bens do
bloco  foi,  por  exemplo,  20%  superior  à  soma  da  avaliação  deles,  o
administrador  judicial  deve majorar  no mesmo  percentual  o  valor  atribuído
especificamente ao bem onerado; se  tiver sido 15%  inferior, deve reduzi­lo
nesse percentual, e assim por diante.
 
Há  uma  hipótese  em  que  o  credor  com  garantia  real,  mesmo  tendo  sido
vendido  o  bem  onerado  por  valor  que  supera  seu  crédito,  não  é  pago  na
falência.  Isso  ocorre  quando  o  produto  da  venda dos  bens  foi  inteiramente
consumido no atendimento dos créditos extraconcursais e dos empregados e
equiparados. Nessa situação, em razão da preferência desses beneficiários de
pagamento, o crédito com garantia real não é satisfeito.
 
Os credores com garantia real são o hipotecário, o pignoratício (cuja garantia,
o penhor, reacai sobre bem móvel) e os caucionados (que têm por garantia
títulos de créditos transmitidos por endosso­caução). Também fazem parte as
instituições  financeiras  titulares  de  Cédula  de  Crédito  (rural,  industrial,
comercial ou à exportação) e dos debenturistas com garantia real (LSA, art.
58, caput).
 
c) Fisco:
 
A  terceira  classe  dos  credores  da  falida  é  a  dos  créditos  públicos,  isto  é,
disciplinados  pelo  direito  público.  São  créditos  titularizados  pelo  estado  ou
por ente ao qual a lei estende as garantias e prerrogativas deste. Engloba os
créditos  fiscais  e  os  parafiscais  (são  os  de  entidades  privadas  que  prestam
serviços de interesse público, ex. Sesc, Senai, Pis e etc.).
 
Os créditos fiscais são divididos em tributários e não tributários, ou seja, os
direitos  creditícios  titularizados  pelo  estado  podem  decorrer  de
inadimplemento  pela  sociedade  falida  de  obrigação  relativa  a  tributo
(impostos, taxas e contribuições) ou relacionada a qualquer outra causa (ex.
indenização  por  acidente  de  trânsito,  descumprimento  de  contrato  de
fornecimento de bens ou serviços, prejuízos decorrentes da má execução de
obra e etc.).
 
Os créditos fiscais podem ser inscritos na dívida ativa, nos termos da Lei nº
6.830/80 (Lei de Execuções Fiscais). A União, os Estados, o Distrito Federal,os  Territórios,  os  Municípios  e  as  autarquias  podem  inscrever  na  dívida
qualquer crédito que titularizem.
 
Assim,  os  créditos  de  natureza  tributária  contra  a  falida  sempre  estarão
inscritos na dívida ativa e deverão ser pagos pelo administrador judicial logo
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após os trabalhistas e equiparados e os credores com garantia real. (art. 186
do  CTN).  Quanto  aos  créditos  fiscais  não  tributários,  o  Poder  Público  pode
optar por inscrevê­los ou não na dívida ativa. Quando inscrito na dívida ativa,
o crédito não tributário tem a mesma classificação do tributário (art. 4º, § 4º,
da  Lei  nº  6.830/80)  e  deve  ser  pago  igualmente  após  os  trabalhistas  e
equiparados e os credores com garantia real, mas, quando não inscrito, sua
classificação correta é a dos quirografários.
 
 
Na  classe  dos  credores  públicos  há  três  subclasses.  O  Código  Tributário
Nacional  (CTN,  art.  187,  parágrafo  único;  LEF,  art.  29,  parágrafo  único)
estabelece  uma  ordem  interna  de  pagamento  entre  os  titulares  de  crédito
fiscal  ou  parafiscal.  Primeiramente  o  administrador  judicial  deve  pagar  o
devido  à  União  e  sua  autarquias  (impostos,  taxas  federais,  contribuição
devida  pelo  empregador  à  Seguridade  Social  e  as  anuidades  cobradas  por
órgão profissional). Os créditos parafiscais  também devem ser pagos nessa
oportunidade (Sesc, Sesi, PIS etc.). Se não houver recursos suficientes para
o  pagamento  do  devido  a  esses  credores,  o  administrador  judicial  deverá
realizar  rateio  proporcional  ao  valor  do  crédito.  A  segunda  subclasse  dos
credores públicos na ordem de pagamento abrange Estados, Distrito Federal,
Territórios  e  suas  autarquias,  conjuntamente  e  pro  rata.  Os  impostos
estaduais,  portanto,  devem  ser  pagos  pelo  administrador  judicial  depois  de
totalmente  quitados  os  credores  da  primeira  subclasse  e  suas  autarquias,
conjuntamente  e  pro  rata.  A  última  subclasse  é  a  dos  Municípios,
conjuntamente e pro rata. Exemplo: se a sociedade falida era proprietária de
dois  imóveis,  situados  em  Municípios  diferentes  e  devia  IPTU  relativo  aos
dois,  o  administrador  judicial,  se  não  tiver  como pagar  a  totalidade  desses
tributos, deve proceder ao rateio.
 
Os tributaristas questionam a constitucionalidade dessa ordem de preferência
dos  créditos  públicos,  sustentando  a  paridade  constitucional  dos  entes  da
Federação.  Entretanto,  enquanto  não  for  declarada  a  inconstitucionalidade
dos  arts.  187,  parágrafo  único,  do  CTN,  e  29,  parágrafo  único,  da  Lei  nº
6.830/80,  o  administrador  judicial  deve  respeitar  essa  ordem  para  não  ser
responsabilizado.
 
Há de se ressaltar, que, o crédito fiscal goza da garantia de não participar do
concurso  de  credores  (art.  187  do  CTN  e  art.  4º,  §  4º,  da  Lei  nº
6.830/80). Desta  forma,  a  execução  fiscal  ajuizada antes  da decretação da
falência  não  se  suspende,  nem  se  encontra  o  fisco  inibido  de  promovê­la
mesmo após a quebra. Assim, pode ocorrer de o credor público ser atendido
antes dos  trabalhistas, dependendo da  tramitação do  feito ou, da execução
fiscal  do  Município  concluir­se  anteriormente  à  ajuizada  por  uma  autarquia
federal.
 
Note­se que o administrador judicial não pode fazer nenhum pagamento para
credor  da  falida  sem  observar  estritamente  as  hierarquias  e  preferências
entre as classes e subclasses, mas, se algum credor, por força das garantias
de  seu  crédito,  acabar  recebendo  em  desacordo  com  essas  hierarquias  e
preferências,  essa  inversão  não  repercute  na  falência  e  não  importa
responsabilidade para o administrador judicial.
 
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O administrador Deve­se relembrar também que o administrador judicial não
deve pagar na classe dos créditos  fiscais, mesmo  inscrito na dívida ativa, o
crédito  fiscal  valor  correspondente  a  penas  pecuniárias  por  infração
administrativa  ou  desrespeito  à  lei  penal  impostas  por  autoridade  federal,
estadual ou municipal., inclusive as multas tributárias. Esse crédito não pode
ser  reclamado na  falência,  por  expressa  exclusão da  lei  (art.  23,  parágrafo
único,  III,  da  LF).  Classifica­se  essa  parcela  do  crédito  do  sujeito  público
como subquirografário. jurisprudência entende estarem incluídas também as
multas fiscais moratórias (Súmula 565 do STF).
 
Estão  excluídas  dessa  regra,  as  penalidades  impostas  pela  União,  estas  o
administrador  judicial  deve  proceder  ao  pagamento,  tendo  em  vista  o
diploma  legal  extravagante  que  definiu  o  crédito  como  encargo  da  massa
(art.  9  do Decreto­lei  nº  1.893/81).  As multas  devidas  à  Fazenda Nacional
devem  ser  pagas  após  a  integral  satisfação  dos  créditos  fiscais  (art.  102,
caput,  da  LF),  não  sendo  justificável  o  desembolso  antecipado,  porque,
embora chamado encargo, o crédito da União por multa imposta à falida não
se refere a despesa com a administração da massa. Exemplo: se a sociedade
falida  era  devedora  de  2  multas  de  trânsito,  uma  decorrente  de  infração
cometida no perímetro  urbano  e  outra  em  rodovia  federal,  ó  administrador
judicial não paga a primeira, mas deve pagar a segunda após o pagamento
integral das três subclasses de crédito público.
 
d) Credores com privilégio especial (não sujeitos a rateio):
 
Esses  credores  não  estão  sujeitos  a  rateio.  Na  classe  dos  credores  não
sujeitos  a  rateio  há  duas  subclasses:  os  titulares  de  garantia  real  e  os
credores  com  de  privilégio  especial.  Esses  credores  terão  seu  crédito
satisfeito preferencialmente com o produto da venda de determinados bens
da  sociedade  falida  garantia  real.  Se  o  pagamento  dos  credores  com
preferência (extraconcursais, empregados e equiparados, com garantia real e
fiscais)  consumir  todos  os  recursos  da  massa,  os  credores  com  privilégio
especial  não  terão  seus  direitos  satisfeitos. De outro  lado,  se  o  produto  da
venda  dos  bens  sobre  os  quais  recai  o  privilégio  não  for  bastante  para  a
integral  satisfação  do  crédito  privilegiado,  a  diferença  é  imediatamente
reclassificada como crédito quirografário.
 
O que existe de comum entre eles é a vinculação entre o produto da venda
de  determinado  bem  da  falida  e  a  satisfação  do  crédito  garantido  ou
privilegiado. A diferença entre os credores de cada subclasse diz  respeito à
origem da vinculação. Na hipótese de credor com garantia real, o produto da
venda  do  bem  onerado  (hipotecado,  empenhado,  caucionado)  é  destinado
prioritariamente ao pagamento do crédito garantido em decorrência de ato de
vontade  das  partes.  Já  na  hipótese  de  credor  com  privilégio  especial,  a
vinculação é determinada pela lei,  independente de ato de vontade entre as
partes.
 
Na definição do valor do bem sobre o qual recai o privilégio, o administrador
judicial  deve  observar  os  mesmos  parâmetros  ditados  pela  lei  para  os
créditos com garantia real. Assim, se o bem sobre o qual recai o privilégio é
vendido  junto  com  outros,  não  será  possível  identificar  o  preço  por  ele
alcançado.  Nesse  caso,  leva­se  em  consideração  o  valor  da  avaliação,
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aumentando  ou  diminuindo  proporcionalmente  em  função  da  variação
apresentada pelo bloco como um todo. Não há hierarquia entre as subclassesdos credores não sujeitos a rateio. Se o produto da venda do bem vinculado à
satisfação de certo crédito supera o valor deste, o administrador judicial deve
utilizar os recursos correspondentes à diferença para atender os credores não
sujeitos  a  rateio.  Na  situação  inversa,  o  saldo  credor,  a  parte  do  crédito
coberta  pelo  produto  da  venda  do  bem  correspondente  é  imediatamente
reclassificado  como  quirografário  (art.  125,  §  2º,  da  LF),  concorrendo  aos
rateios com os demais créditos dessa natureza. Em suma, não há concurso
entre  credores  com  garantia  real  ou  privilégio  especial,  nem  entre  as
subclasses, nem no interior delas.
 
Os credores com garantia real são o hipotecário (seu crédito é atendido com
o  produto  da  venda  do  imóvel  hipotecado),  o  pignoratício  (cuja  garantia  o
penhor,  recai  sobre  bem  móvel)  e  os  caucionados  (que  têm  por  garantia
títulos de créditos  trasmitidos por endosso­caução). Também as  instituições
financeiras  titulares  de  cédula  de  crédito  (rural,  industrial,  comercial  ou  à
exportação) e os debenturistas titulares de dêbentures com garantia real.
 
São  credores  com  privilégio  especial  (art.  102,  §  2º):  (i)  o  credor  por
benfeitorias  necessárias  ou  úteis  sobre  a  coisa  beneficiada  (art.  1.566,
III964, III, do Código Civil); (ii) o autor da obra, pelos direitos do contrato de
edição,  sobre  os  exemplares  desta,  na  falência  da  sociedade  editora  (art.
1.566,964,  VII,  do  Código  Civil);  );(iii)  os  credores  titulares  de  direito  de
retenção  sobre  a  coisa  retida,  por  exemplo,  os  armazéns­gerais;  (iv)  os
subscritores  ou  candidatos  à  aquisição  de  unidade  condominial  sobre  as
quantias pagas ao incorporador falido (art. 43, III, da Lei nº 4.591/64); (v) o
titular de nota de crédito industrial (art. 17 do Decreto­lei nº 413/69); (vi) a
seguradora, pelo prêmio devido em razão de seguro marítimo, sobre o navio
de propriedade da sociedade armadora (art. 475 do Código Comercial); (vii)
o  comissário,  pelas  comissões  devidas  pelo  comitente  falido  (art.  707,  do
Código Civil); (viii) o locador do prédio onde se encontrava o estabelecimento
comercial  da  falida  sobre o mobiliário nele existente  (art. 102, § 2º,  II, da
LF).
 
O administrador para atender aos direitos dos credores não sujeitos a rateio,
deve, inicialmente, providenciar para que os bens onerados ou sobre os quais
recai  o  privilégio  especial  sejam  vendidos  em  separado,  em  leilão  próprio
(art. 119 da LF). A venda desses bens junto com outros é possível apenas na
realização  do  ativo  de  modo  extraordinário,  deliberada  pelos  credores  na
forma  do  art.  123  da  LF.  O montante  do  preço  global  que  corresponde  ao
produto  da  venda  dos  bens  onerados  ou  objeto  de  privilégio  deve  ser
arbitrado,  aproveitando­se  a  avaliação  feita  no  ato  da  arrecadação,  se
compatível com os valores de mercado.
 
Feita a avaliação judicial em separado, devem ser contabilizados a cada bem
onerado  ou  objeto  de  privilégio  os  preços  pagos  pelos  respectivos
adquirentes.  Esse  é  o  produto  bruto  da  venda  judicial.  Em  seguida,  o
administrador  judicial deve descontar as custas e despesas de arrecadação,
administração, venda e depósito, além de sua remuneração (art. 125 da LF).
O resultado é o produto líqüido da venda judicial deles.
 
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Obtido o produto líqüido da venda dos bens onerados ou objeto de privilégio,
o  administrador  judicial  deve  verificar  se  os  beneficiários  de  pagamento  de
espécie  e  classe  anteriores  (credores  da  massa,  titulares  de  direito  à
restituição, empregados e equiparados e fiscais) aos credores não sujeitos a
rateio,  foram  ou  não  integralmente  satisfeitos,  bem  como  se  restam,  na
massa ativa, dinheiro ou outros bens para atendê­los. Em caso negativo, o
produto  da  venda  dos  bens  onerados  ou  objeto  de  privilégio  será  utilizado
para  pagamento  desses  beneficiários  com  preferência.  Se  necessário,  o
administrador  judicial  utilizará  o  total  do  produto  da  venda  em  separado,
hipótese  em  que  os  credores  com  garantia  real  ou  privilégio  especial  não
recebem nada. Em caso positivo,  isto é, existindo outros recursos na massa
para  pagamento  daqueles  beneficiários  com  preferência  em  relação  aos
credores não sujeitos a rateio, o administrador judicial terá duas alternativas:
a)  se  o  valor  do  crédito  com  juros  e  correção monetária  supera  o  produto
líquido, ele deve pagar o credor e utilizar o resto do dinheiro para rateio dos
quirografários; e b) se o valor do crédito com juros e correção monetária é
inferior ao produto líqüido da venda do bem onerado ou objeto de privilégio,
o administrador judicial deve pagar o que for possível ao credor e reclassificar
o saldo em aberto como crédito quirografário.
 
e) Credores com privilégio geral e credores quirografários (sujeitos a
rateio):
 
Os  credores  sujeitos  a  rateio  dividem­se  em  duas  classes:  A  primeira,  na
ordem de preferência nos pagamentos, é a dos credores com privilégio geral;
a segunda, a dos quirografários.
 
Estão  compreendidos  na  subclasse  dos  credores  com  privilégio  geral:  os
debenturistas titulares de debêntures com garantia flutuante, na falência da
sociedade  emissora  (art.  58,  §  1º,  da  LSA);  o  advogado,  que  goza  de
privilégio  geral  na  falência  da  devedora  dos  seus  honorários,  seja  ela  sua
cliente com quem contratou honorários, seja a parte sucumbente na ação em
que  ele  patrocinou  os  interesses  da  parte  vencedora  (art.  24  da  Lei  nº
8.906/94).
 
Por fim, são credores titulares de privilégio geral na falência os que, durante
a recuperação judicial da sociedade empresária falida, lhe haviam concedido
crédito  sem  garantia.  Ocorre  aqui,  a  reclassificação  de  um  crédito
originariamente quirografário em razão da convolação da recuperação judicial
em falência.
 
A subclasse dos quirografários é a mais extensa de todas. Nela encontram­se
os credores a título negocial cujo direito é documentado num título de crédito
(nota  promissória,  letra  de  câmbio,  cheque  ou  duplicata),  numa  debênture
sem  garantia  (art.  58,  caput,  da  LSA),  ou  num  contrato  desprovido  de
garantias  reais.  Também  se  acham  os  credores  por  obrigação
extracontratual,  ou  seja,  os  titulares  de  indenização  por  ato  ilícito.
Igualmente  se  encontram  nessa  subclasse,  as  reclassificações:  os  credores
não  sujeitos  a  rateio,  pelo  saldo  não  satisfeito  com  o  produto  líquido  da
venda do bem onerado ou objeto de privilégio especial, e os créditos públicos
não inscritos na dívida ativa. De um modo geral, também fazem parte todos
os  credores  não  classificáveis  em  qualquer  categoria  da  ordem  de
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pagamentos na falência. Trata­se a subclasse dos quirografários da instância
residual dos credores da falida.
 
Apenas após a integral satisfação do valor devido aos credores de uma classe
é que o administrador  judicial pode, se sobraram recursos na massa, pagar
os da classe subsequente na ordem de preferências. O credor sujeito a rateio
está  integralmente  pago  quando  recebe  o  principal  do  título,  acrescido  de
juros até a decretação da falência e correção monetária, esta incidente até o
pagamento.  Assim,  o  administrador  judicial  deve  pagar  os  credores  com
privilégio geral, se houver dinheiro em caixa, após o pagamento da totalidade
do  devido  aos  credores  da massa,  aos  titulares  de  direito  à  restituiçãoem
dinheiro, aos empregados, equiparados e ao  fisco e após o exaurimento do
produto líqüido da alienação do bem onerado ou objeto de privilégio especial,
no pagamento aos credores não sujeitos a rateio. O saldo credor dos titulares
de  garantia  real  ou  privilégio  especial  não  coberto  pelo  produto  líqüido  da
venda do bem onerado ou objeto do privilégio constitui crédito quirografário
e, portanto, só participa do rateio depois da integral satisfação dos credores
com  privilégio  geral.  Pois  bem,  uma  vez  verificada  essa  condição,  o
administrador  judicial  passa  ao  pagamento  dos  credores  quirografários,
considerando  o  valor  de  cada  crédito  acrescido  de  juros  até  a  quebra  e  de
correção monetária integral.
 
Satisfeitos  todos  os  quirografários,  se  restar  ainda  dinheiro  em  caixa,  o
administrador judicial paga os créditos subquirografários, que compreendem,
inicialmente,  as  multas  contratuais  e  as  penas  pecuniárias  e,  depois,  os
credores subordinados.
 
Se,  no  momento  em  que  o  administrador  judicial  for  dar  início  aos
pagamentos  relativos  a  determinada  classe  de  credor  sujeito  a  rateio,  o
dinheiro existente em caixa  for  insuficiente à satisfação do  total devido aos
admitidos ou reclassificados na classe em questão, deverá  fazer pagamento
parcial em favor de cada credor, proporcional ao crédito (principal mais juros
até  a  quebra  e  correção  monetária  integral).  É  o  rateio.  Os  credores  com
privilégio  geral,  os  quirografários  e  os  subquirografários  são  pagos,
sucessivamente, por dividendos, cabendo ao administrador judicial efetuar o
rateio relativo à classe que está sendo atendida.
 
f) Credores subquirografários:
 
A  terceira  subclasse  é  a  dos  credores  subquirografários,  compreende  duas
subclasses:  a  os  créditos  por  ato  ilícito  e  a  dos  credores  subordinadoscujo
pagamento somente pode ser feito após a satisfação integral dos credores da
falida,  inclusive  dos  juros  posteriores  à massa.  Entre  essas  subclasses,  há
hierarquia, em razão da qual devem ser atendidos,  inicialmente, os créditos
por  ilícito.  Assim,  depois  de  pagos  os  credores  quirografários  e  antes  de
começar a atender os  subordinados,  o administrador  judicial  deve proceder
ao pagamento das multas contratuais e penas pecuniárias.
 
Do  crédito  dos  sujeitos  privados  deve  sempre  ser  destacada  a  multa
contratual para ser atendida apenas na subclasse dos subquirografários por
ilícito. Imagine que certo fornecedor de insumos da sociedade falida mantinha
com esta um contrato de  fornecimento que estipula multa de 10% sobre o
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valor devido em caso de inadimplência. Considere que a sociedade não havia
pago uma duplicata de R$80,00. Nesse caso, o crédito total do fornecedor –
abstraídos  outros  consectários  eventualmente  devidos,  como  juros  ou
correção  monetária  é  de  R$88,00.  Esse  crédito  será  classificado  como
quirografário na parte correspondente à duplicata que não foi paga. Na parte
correspondente à multa contratual, não se classifica como tal, mas sim como
subquirografário,  porque  o  seu  pagamento  so  deve  ocorrer  se  restarem
recursos após a quitação de todos os quirografários.
 
Também integram essa classe de subquirografários por  ilícito os créditos de
sujeitos públicos correspondentes a penas pecuniárias por infração à lei penal
ou administrativa,  inclusive multas tributárias. Desse modo, o administrador
judicial  deve,  por  exemplo,  pagar  o  principal  devido  a  título  de  imposto na
classe  dos  créditos  fiscais  e  deixar  a multa  pelo  atraso  para  pagar  apenas
após a satisfação dos credores quirografários, se tiver sobrado recurso para
tanto.
 
Não  são  atendidos  os  créditos  derivados  de  multa  contratual  ou  pena
pecuniária se constituídos em razão da falência.
 
A  segunda  subclasse  dos  credores  subquirografários  é  a  dos  subordinados.
Ela  abrange  os  créditos  cujo  pagamento  somente  pode  ser  feito  após  a
satisfação  integral  dos  credores  da  falida,  inclusive  dos  juros  posteriores  à
massa. Pertencem a essa categoria os debenturistas titulares de debêntures
subordinadas, na falência da sociedade anônima emissora (art. 58, § 4º, da
LSA).  e  os  diretores  ou  administradores  da  sociedade  falida  sem  vínculo
empregatício,  bem  como  sócios  da  sociedade  limitada  ou  acionista  da
anônima por créditos de qualquer natureza. Por exemplo, se quem titulariza o
poder de controle de uma companhia, em vez de aportar nela, como capital
social,  os  recursos  necessários  à  exploração  do  objeto  social,  opta  por
emprestá­los, em sobrevindo a falência da mutuária, o crédito do controlador
é classificado como subordinado.
 
Somente  após  integral  satisfação  do  valor  devido  aos  credores  de  uma
subclasse  é  que  o  administrador  judicial  pode,  se  sobrarem  recursos  na
massa, pagar os da subclasse subseqüente na ordem de preferências.
 
O credor sujeito a rateio está  integralmente pago quando recebe o principal
do título, acrescido de juros até a decretação da falência (art. 26 da LF).
 
Em  resumo,  após  o  pagamento  da  totalidade  do  devido  aos  credores  da
massa,  aos  titulares  de  direito  à  restituição  em  dinheiro,  aos  empregados,
equiparados e ao fisco e após o exaurimento do produto líqüido da venda do
bem  onerado  ou  objeto  de  privilégio  especial,  no  pagamento  dos  credores
não sujeitos a rateio. Lembre­se que o saldo credor dos titulares de garantia
real ou privilégio especial não coberto pelo produto líqüido da venda dos bens
constitui  crédito  quirografário.  O  administrador  judicial  deve  pagar  os
credores com privilégio geral, se houver dinheiro em caixa (art. 126 da LF).
Verificada  essa  condição,  o  administrador  judicial  passa  ao  pagamento  dos
credores  quirografários,  considerando  o  valor  de  cada  crédito  acrescido  de
juros  até  a  quebra  e  de  correção  monetária  integral.  Satisfeitos  todos  os
quirografários,  se  restar  ainda  dinheiro  em  caixa,  o  administrador  judicial
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paga os subquirografários.
 
Se,  no  momento  em  que  o  administrador  judicial  for  dar  início  aos
pagamentos  relativos a determinada subclasse de credor  sujeito a  rateio, o
dinheiro existente em caixa não for suficiente à satisfação do total devido aos
admitidos  ou  reclassificados,  deverá  fazer  pagamento  parcial  em  favor  de
cada  credor,  proporcional  ao  crédito  (principal  mais  juros  até  a  quebra  e
correção monetária integral). Tal procedimento é considerado rateio (art. 127
da LF).
Juros e Correção Monetária:
 
A decretação da falência suspende a fluência dos juros, legais ou contratuais
(art.  26 da  LF). Assim, os vencidos até a data da  sentença declaratória da
falência somam­se ao principal do crédito para  fins de habilitação. Os  juros
posteriores à  falência  ficam suspensos e somente serão pagos se sobrarem
recursos na massa ativa, depois que todos os credores subordinados da falida
estiverem integralmente satisfeitos. Isso pressupõe o pagamento integral dos
credores  da  massa,  dos  titulares  de  direito  à  restituição  em  dinheiro,  dos
empregados  e  equiparados,  dos  credores  com  garantia  real,  do  fisco,  dos
privilegiados, quirografários e subordinados. Admitido o credor à falência, seu
crédito será considerado integralmente pago, em princípio, pelo recebimento
do valor habilitado devidamente corrigido até a data do pagamento.
 
Os  juros  posteriores  à  falência  ficam  suspensose  somente  serão  pagos  se
sobrarem  recursos  na  massa  falida,  depois  que  todos  os  credores
quirografários  da  falida  estiverem  satisfeitos.  Em  suma,  para  que  o
administrador  judicial  possa  fazer  o  pagamento  dos  juros  posteriores  à
quebra  é  necessário  que  todos  os  credores  da  falida,  exceto  os
subquirografários,  tenham  recebido  o  que  lhes  é  devido  com  juros  até  a
falência e correção monetária até o pagamento.
 
Diferentemente  é  a  situação  do  credor  com  garantia  real.  Se  o  produto
líquido  da  venda  judicial  do  bem  onerado  (hipotecado,  emprenhado  ou
caucionado)  for  suficiente  para  o  pagamento não  só  do principal,  acrescido
dos  juros  anteriores  e  correção  monetária,  mas  também  do  valor
correspondente aos juros posteriores à quebra, o administrador judicial deve
pagá­los (art. 26, parágrafo único, da LF). Contudo, na reclassificação para a
classe  dos  quirografários  do  saldo  do  credor  do  titular  de  direito  real  de
garantia,  são excluídos os  juros posteriores à decretação da  falência. Esses
juros passam a ter tratamento dispensado aos dos demais credores da falida,
ou  seja,  serão  atendidos  apenas  se  houver  recursos  na  massa  depois  de
integralmente satisfeitos os credores quirografários.
 
No que tange à correção monetária dos créditos admitidos na falência não se
aplicam  as  regras  relativas  ao  pagamento  dos  juros  (art.  9º  da  Lei  nº
8.177/91),  uma  vez  que  a  correção  monetária  não  representa  nenhum
acréscimo ao montante da obrigação, já que apenas atualiza a expressão em
moeda  do  mesmo  valor.  Desta  forma,  a  correção  monetária  será  sempre
integral, devendo ser paga junto com o principal.
 
g) Sócios ou Acionistas:
 
Pagos os  credores da  falida,  no principal  corrigido e nos  juros,  inclusive os
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posteriores  à  falência,  se  ainda  houver  recursos  na  massa,  estes  serão
entregues aos sócios ou acionistas da sociedade falida (art. 129 da LF).
 
Trata­se de hipótese raríssima. É o pagamento na falência, que esvazia por
completo  o  caixa  da  massa.  Esse  desembolso  deve  ser  considerado  como
partilha  judicial do acervo  remanescente da sociedade dissolvida,  tendo em
vista  que  a  falência  é  uma  espécie  de  dissolução.  Assim,  cada  sócio  ou
acionista  recebe  parcela  do  saldo  de  caixa  proporcional  à  participação  no
capital social da falida.
 
Não  se  confunde  o  devido  aos  sócios  e  acionistas  em  função  de  sua
participação na  falida  com eventual  crédito  subordinado que  titularizassem.
Este  último  integra  o  passivo  da  sociedade  falida,  enquanto  o  devido  em
função da participação societária correspondente ao seu patrimônio líquido.
Exercício resolvido:
 
O que vem a ser falência?
 
A falência é uma execução concursal dos bens do devedor empresário, pela
qual  concorrem  todos  os  credores  para  o  fim  de  arrecadar  o  patrimônio
disponível, verificar os créditos, liquidar o ativo e solver o passivo, em rateio,
observadas as preferências legais.
 
Exercício 1:
Sobre FALÊNCIA, não é correto afirmar
A ­ O termo provém do verbo latino "fallere" e sig​nifica: faltar/enganar 
B ­ Solução judicial da situação jurídica do devedor​ comerciante que não paga no vencimento obrigação
líquida. 
C ­ Procedimento de interesse coletivo, instituto de ordem pública, embora vise resolver em massa
questões de interesse privado. 
D ­ É chamada pela maioria dos advogados de "execução concursal" e, pressupõe além da inadimplência,
o título executivo. 
E ­ Trata­se de execução concursal dos bens do empresário, pela qual concorrem todos os credores para o
fim de arrecadar o patrimônio disponível. 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
A ­ ...............
B ­ ...............
C ­ ...............
D ­ ...............
Exercício 2:
Assinale a alternativa correta
A ­ A falência do devedor empresário pode ser requerida com base em título de crédito prescrito, desde
que devidamente protestado. 
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B ­ O devedor na falência deve ser citado para pagamento do valor devido ao credor. 
C ­ A existência de pedido de concordata anterior à vigência da Lei 11.101/05 não obsta o pedido de
recuperação judicial pelo devedor que não houver descumprido obrigação no âmbito da concordata . 
D ­ A sentença que decretar a falência fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí­lo por mais de
60 (sessenta dias) contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do protesto por
falta de pagamento. 
E ­ As sociedades de arrendamento mercantil podem se beneficiar do instituto da recuperação. 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C ­ ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
Exercício 3:
É incorreto afirma sobre as exceções ao princípio da universalidade do juízo falimentar:
A ­ As ações em que a massa falida for autora ou litisconsorte ativa; 
B ­   Ações que demandam quantia ilíquida, independentemente da situação da massa falida na relação
processual; 
C ­ As reclamações trabalhistas, para as quais é competente a Justiça do Trabalho; 
D ­ As ações de conhecimento de que é parte ou interessada a União, entidade autárquica ou empresa
pública federal, hipótese em que a competência é da Justiça Federal (art. 109, I, da CF). 
E ­ Ações que demandam quantia líquida 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
E ­ ,,,,,,,,,,,
Exercício 4:
Acerca da falência pode­se dizer que:
A ­ a falência é dedica aos devedores exercentes de atividade econômica de forma empresarial 
B ­ a sociedade anônima nunca estará sujeita à falência; 
C ­ mesmo com a decretação da intervenção ou a liquidação judicial da instituição bancária, decretada
pelo Banco Central, estas poderão ainda falir a pedido do credor; 
D ­ as empresas pública poderão ter a sua falência decretada; 
E ­ as sociedades de economia mista poderão falir 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A ­ mmmmmmmmmmmmmm

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