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Analgésicos Opioides Farmacologia Básica Profa Dra Mani Funez (Ópio, do grego, ‘opos’= suco) HISTÓRICO •Sumérios (4000 a.C): controle da dor •Egípcios: extrações dentárias •Árabes: controle de diarréias “Entre os medicamentos que Deus Todo Poderoso se dignou dar ao homem para alívio de seus sofrimentos nenhum é tão universal e tão eficiente quanto o ópio”. Sydenham, 1680 Século XIX - Xarope calmante “Para a dentição da criança...reduz a inflamação...amaciando a gengiva. Vai acalmar todas as dores e ações espasmódicas...e regula o intestino. ...Mães, dará descanso à vocês e saúde a seus filhos.” HISTÓRICO ÓPIO (Papoula, Papaver somniferum) Morfina Codeína Papaverina Tebaína Analgesia Sedação Euforia Constipação Náusea Broncoconstrição Dependência Depressão respiratória Tolerância HISTÓRICO �Serturner, 1806: isolou a morfina �Akil, 1972: primeira evidência do sistema opioide endógeno �Pert e Snyder, 1973: sítios receptores para opioides �Hughes e cols., 1975: encefalina �Martin e cols., 1976: classificação dos subtipos de receptores �Clonagem: µ, κ, δ, nociceptina �União Internacional de Farmacologia, 2000: nova nomenclatura para receptores opioides: MOP, KOP, DOP, NOP Opioides Endógenos � Hughes e cols., 1975: opioides endógenos “Os efeitos analgésicos dos opioides são tão poderosos porque eles mimetizam um sistema endógeno de modulação da dor” Precursores: Pró-opio-melanocortina (POMC): β-endorfina Pró-encefalina: met-encefalina Pró-melanocortina: dinorfina Evidências de um Sistema Endógeno de Modulação da Dor � A relação entre a intensidade do estímulo e a magnitude da percepção da dor não é simples. � O ambiente e o contexto influenciam na magnitude da dor. � Em situações de estresse há analgesia. Primeira hipótese: Melzack & Wall em 1965: TEORIA DA COMPORTA ESPINHAL DA DOR Melzack and Wall, 1965 Bear e cols., 2002 X Bear e cols., 2002 Raffa e cols., 2005 Segunda hipótese: Reynolds em 1969: SISTEMA ANALGÉSICO DESCENDENTE ENDÓGENO SISTEMA DESCENDENTE DE CONTROLE DA DOR Heinricher e cols., Brain Res Rev, 2009 córtex cingulado anterior córtex medial pré-frontal amígdala núcleo dorsomedial do hipotálamo substância cinzenta periaquedutal bulbo rostroventromedial núcleo dorsal reticular bulbo caudal ventrolateral lateral Estruturas envolvidas SISTEMA DESCENDENTE DE CONTROLE DA DOR: Estruturas envolvidas e neuroquímica Neto e cols., 2009 SISTEMA DESCENDENTE DE CONTROLE DA DOR: bulbo RVM e as céls ON/OFF Neto e cols., 2009 OFFON - Inibição “sinal antinociceptivo” + Facilitação “sinal nociceptivo” Neutral + Facilitação Quadros Patológicos Descritas por Fields e cols., 1983. Céls OFF/ON como a base neural para o controle bidirecional exercido pelo bulbo RVM. A influência na sinapse espinhal pode ser direta ou via interneurônio Pertovaara and Almeida, Handbook of Clinical Neurology, 2006 Neurotransmissores: noradrenalina, serotonina e opioides O Sistema de Controle Descendente da Dor pode ser modulado? 1) O próprio sistema: dependência do contexto ambiental e prioridade para sobrevivência Estruturas Encefálicas Córtex, amígdala + Input - Fibras A α,β SCP Input fibras C - O Sistema de Controle Descendente da Dor pode ser modulado? 1) O próprio sistema: dependência do contexto ambiental e prioridade para sobrevivência Estruturas Encefálicas Córtex, amígdala + Input - Fibras A α,β SCP Input fibras C - 2) Fármacos opioides AINEs dipirona antidepressivoscanabinoides AGONISTAS E ANTAGONISTAS OPIOIDES A diferença de eficácia faz com que opioides possam agir como agonistas ou antagonistas em diferentes subtipos de receptores opioides. Agonistas Puros Morfina e agonistas relacionados. Ex: codeína, tramadol, dextrometorfano, levorfanol Agonistas estruturalmente não relacionados com a morfina. Ex: meperidina, fentanil, metadona Agonistas Parciais Pentazocina, nalbufina, buprenorfina Antagonistas Naloxona, naltrexona RECEPTORES OPIOIDES: MECANISMO DE AÇÃO Receptores: MOP (µ) KOP (κ) DOP (δ) Receptores acoplados a proteína G Inibição da atividade da adenilato ciclase Interferência em canais de K+ modulação condutância ao potássio atividade ↓↓↓↓ influxo de cálcio inibitória Redução influxo Ca++ ⇓ liberação de neurotransmissores Interferência com o fluxo de K+ ⇓ Hiperpolarização MECANISMO DE AÇÃO Tronco encefálico Modulação do Sistema de Controle Descendente da Dor Opioides Heinricher e cols., Brain Res Rev, 2009 amígdala núcleo dorsomedial do hipotálamo substância cinzenta periaquedutal bulbo rostroventromedial Modulação do Sistema de Controle Descendente da Dor por Opioides Ação Estruturas Cerebrais Ação Periférica nociceptores corno dorsal via ascendente via descendente DOR Membrana Plasmáticaµµµµ, κκκκ, δδδδ opioides G Citosol X Diversos sítios de ação: EFEITOS AMPLOS Periféricos Estruturas Cerebrais: amígdala (componente afetivo-motivacional) Estruturas do Tronco: SCP Medula Espinhal Opioides Ação espinhal Ação controle inibitório POSSÍVEIS SÍTIOS DE AÇÃO DOS OPIOIDES NRPG: Núcleo Reticular Paragigantocelular NRM: Núcleo Magno da Rafe LC: Locus coeruleus Substância Cinzenta Periaquedutal ANALGESIA PERIFÉRICA DOS OPIOIDES Ferreira & Nakamura, 1979. PGE2 M Ferreira e Nakamura, 1979: ação periférica dos opioides Modelo de sensibilização inflamatória em ratos PGE2 + Morfina mesma pata = antinocicepção PGE2 + Morfina pata contralateral = nocicepção PGE2 ANALGESIA OPIOIDE: EFEITOS CENTRAIS Ativação de vias descendentes inibitórias (Componente sensorial discriminativo da dor) Efeito sobre estruturas límbicas (Componente afetivo motivacional da dor) OUTROS EFEITOS NO SNC MEDULA ESPINAL: Analgesia TRONCO CEREBRAL Núcleo trigeminal: Analgesia Núcleo Trato Solitário: Inibição da secreção gástrica Bulbo: Depressão respiratória (depressão reflexo da tosse) Hipotensão e Bradicardia Locus coerulus: Euforia Sub. Cinzenta Periaquedutal: Analgesia Área postrema: Náusea e vômito DIENCÉFALO Tálamo: Analgesia Hipotálamo: Sedação TELENCÉFALO Amígdala: Componente afetivo da analgesia Núcleos da Base: Rigidez motora EFEITOS INDESEJÁVEIS DOS OPIOIDES ⇒ NÁUSEA , VÔMITO, CONSTIPAÇÃO ⇒ ⇒Heroína EFEITOS INDESEJÁVEIS DOS OPIOIDES Tolerância �Freqüente �Não representa problema clínico sério Camundongos Teste de placa quente Efeitos Indesejáveis •Prurido: degranulação de mastócitos; •Dependência Química: Dependência física, adição ou dependência psicológica. Dependência física ocorre em dias e está relacionada à síndrome da abstinência (sudorese, dor muscular, vômito, fraqueza, calafrio); Dependência psicológica é rara quando o uso dos opioides está relacionado ao controle da dor. Ambas possuem base neuroquímica. ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS Administração e absorção Via Oral; Via intravenosa e subcutânea; Epidural; Via transdérmica (sprays, pellets). Metabolização Hepática. Excreção renal – Filtração glomerular Pouca eliminação do fármaco não metabolizado Pasin e Schnath, 2007 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Depressores do sistema nervoso central Risco de Depressão Respiratória PRINCIPAIS OPIOIDES DE USO CLÍNICO AGONISTAS: utilizados no controle da dor aguda ou dor crônica associada a lesão tecidual, inflamação ou crescimento tumoral,mas não eficazes no controle da dor neuropática. Morfina Indicada para o tratamento de dores moderadas a intensas �Absorção: via parenteral, via oral, epidural �Metabolização: conjugação ácido glicurônico: metabólitos ativos �Excreção renal: idosos, disfunção renal �Depressão respiratória: pacientes com enfisema, obesidade grave Codeína �Via oral preferencialmente, via parenteral; �Indicada para o tratamento de dores leves a moderadas. PRINCIPAIS OPIÓIDES DE USO CLÍNICO Tramadol �Indicado para o tratamento da dor moderada: dores pós-parto, pós- operatório �Menos depressão respiratória e constipação �Pode facilitar convulsão em pacientes pré-dispostos PRINCIPAIS OPIOIDES DE USO CLÍNICO Meperidina/Petidina �Metabólitos: efeitos alucinogênicos e convulsivantes �Indicação: analgesia rápida (parto), uso não mais de 48h Fentanila/Sulfentanila �Opioides sintéticos, analgesia mais potente que a da morfina �Porém com início da ação mais rápido e duração mais curta �Usados como coadjuvantes anestésicos ou para realização de procedimentos rápidos �Adesivos transdérmicos: dor crônica Metadona �Ação prolongada, eficácia via oral, induz menos tolerância �Dependentes (heroína): supressão dos sintomas de abstinência PRINCIPAIS OPIOIDES DE USO CLÍNICO Agonistas mistos: induzem menos dependência. ⇒ Uso clínico limitado pelos efeitos adversos e analgesia fraca Pentazocina �Analgesia, disforia, alucinações, pesadelos �Raramente é utilizada Antagonistas �Naloxona, Nalorfina, Naltrexona �Utilidade terapêutica na superdosagem por opioides �Depressão respiratória �Diagnóstico de dependência (física): desencadeiam síndrome de abstinência (sudorese, dor muscular, vômito, fraqueza, calafrio, etc) Estímulo Limiar Potencial de ação Vias descendentes: opioides endógenos Modulação endógena da dor
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