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∈ Ix \ {x}, onde y = ax+ b e´ a reta tangente ao gra´fico em (x, f(x)). Para definir localmente coˆncava para baixo num ponto (x, f(x)) basta trocar > por <. CAPI´TULO 11. APLICAC¸O˜ES DA PRIMEIRA E SEGUNDA DERIVADAS 147 4 0 2 -2 -6 x 20-2 -4 1-1 Figura: Um func¸a˜o localmente coˆncava para cima em cada ponto do domı´nio Afirmac¸a˜o 5.1. Suponha uma func¸a˜o f : I → R duas vezes deriva´vel. • i) Se ∀x ∈ I, f ′′(x) > 0 enta˜o, f e´ localmente coˆncava para cima em cada um dos pontos de seu gra´fico. • ii) Se ∀x ∈ I, f ′′(x) < 0 enta˜o f tem localmente coˆncava para baixo em cada um dos pontos de seu gra´fico. Demonstrac¸a˜o. De i): Tome um ponto (x, f(x)) do gra´fico. Seja y = ax+ b a equac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico nesse ponto. Note que a func¸a˜o φ(x) := f(x)− (ax+ b) tem φ(x) = 0 e φ′(x) = f ′(x)− a = 0. Ademais φ′′(x) = f ′′(x) > 0., ja´ que supomos que sempre f ′′(x) > 0. Enta˜o o Crite´rio da Segunda Derivada (Afirmac¸a˜o 2.1, Cap´ıtulo 11) quando apli- cado a φ diz que φ tem um mı´nimo local em x (local pois φ tem que ser restrita a um intervalo Ix centrado em x para ter a´ı um ponto de mı´nimo). Ou seja, φ(x) > φ(x), ∀x ∈ Ix \ {x}, que significa f(x) > ax+ b, ∀x ∈ Ix \ {x}, como quer´ıamos provar. De ii): Ana´logo, bastando usar o Crite´rio da Segunda Derivada para ter um ma´ximo local. � 5. CONCAVIDADES DOS GRA´FICOS 148 Na Definic¸a˜o 5.2 a seguir impomos um comportamento global sobre a func¸a˜o: ela tera´ que ficar por cima (ou por baixo) de todas as retas tangentes a seu gra´fico. Definic¸a˜o 5.2. Direi que uma func¸a˜o f : I → R e´ coˆncava para cima se para todo ponto x ∈ I, f(x) > ax+ b, ∀x ∈ I \ {x} onde y = ax+ b e´ a reta tangente ao gra´fico em (x, f(x)). 25 15 -5 20 10 x 1-1 0-2 0 5 -3 Figura: Um func¸a˜o que na˜o e´ coˆncava para cima, mas que e´ localmente localmente coˆncava para cima se x < 0. Afirmac¸a˜o 5.2. Suponha uma func¸a˜o f : I → R duas vezes deriva´vel. • i) Se ∀x ∈ I f ′′(x) > 0 enta˜o f e´ coˆncava para cima. • ii) Se ∀x ∈ I f ′′(x) < 0 enta˜o f e´ coˆncava para baixo. Demonstrac¸a˜o. De i): Vamos fazer a prova por absurdo. Pela Afirmac¸a˜o 5.1 sabemos f e´ localmente concava para cima em cada ponto de seu domı´nio. Ou seja, dado qualquer x ∈ I existe um intervalo Ix centrado nele onde f(x) > ax+ b, ∀x ∈ Ix \ {x}, para y = ax+ b reta tangente em (x, f(x)). Portanto, se pensamos esta demonstrac¸a˜o por absurdo, tem que existir6 algum ponto (x, f(x)) para o qual existe um x0 /∈ Ix tal que f(x0) ≤ ax0 + b, para y = ax+ b reta tangente em (x, f(x)). Sem perda de generalidade suponhamos x0 > x. Fac¸o agora uma alterac¸a˜o na f , para que a reta tangente a (x, f(x)) seja horizontal. Defino φ(x) := f(x)− (ax+ b). Note que φ(x) = φ′(x) = 0, mas φ′′(x) = f ′′(x) > 0, ∀x ∈ I. Agora temos φ(x0) ≤ 0. 6Confira um exemplo disso na Figura anterior, com x ∼ −0.5 e x0 ∼ 1 CAPI´TULO 11. APLICAC¸O˜ES DA PRIMEIRA E SEGUNDA DERIVADAS 149 Caso φ(x0) = 0: Nesse caso, aplico o Teorema de Rolle a φ : [x, x0]→ R e obtenho um ponto ξ ∈ (x, x0) onde φ′(ξ) = 0. Mas ξ > x e isso contradiz o fato que φ′(x) e´ uma func¸a˜o estritamente crescente (ja´ que φ′′(x) > 0), que partiu do valor φ′(x) = 0. Caso φ(x0) < 0: Pelo que vimos na Afirmac¸a˜o 5.1, perto de x temos φ(x) > 0. Como φ(x) e´ cont´ınua e φ(x0) < 0 enta˜o o T.V.I. diz que ha´ um ponto xˆ0 ∈ [x, x0] onde φ(xˆ0) = 0. Portanto com esse novo xˆ0 recaio na situac¸a˜o do Caso φ(xˆ0) = 0 ja´ tratado. De ii): completamente ana´loga. � 6. Mı´nimos quadrados e a me´dia aritme´tica Dados x1, . . . , xk pontos na Reta dos Reais, que ponto x minimiza a soma dos quadrados das distaˆncias a todos eles ? O interesse pra´tico desta questa˜o e´ que os valores x1, . . . , xk podem ter sido obtidos apo´s k aferic¸o˜es de um certo dado relevante (o comprimento de um objeto, uma temperatura, um peso, etc) e o ponto x servira´ para corrigir os prova´veis erros nas aferic¸o˜es. Afirmac¸a˜o 6.1. Sejam dados x1, . . . , xk ∈ R pontos. Enta˜o • i) o ponto de mı´nimo global da func¸a˜o f(x) := (x− x1)2 + . . .+ (x− xk)2 e´ o ponto x = x1 + . . .+ xk k , chamado de me´dia arime´tica dos valores x1, . . . xk. • ii) sempre vale a desigualdade k · (x21 + . . .+ x2k) > (x1 + . . .+ xk)2 exceto se x1 = . . . = xk, quando vale enta˜o: k · (x21 + . . .+ x2k) = (x1 + . . .+ xk)2. Demonstrac¸a˜o. Item i) Trata-se enta˜o de minimizar a func¸a˜o: y = f(x) := (x− x1)2 + . . .+ (x− xk)2. que e´ uma para´bola com concavidade para cima, ja´ que: f(x) = k · x2 − 2 · (x1 + . . . xk) · x+ (x21 + . . .+ x2k). 6. MI´NIMOS QUADRADOS E A ME´DIA ARITME´TICA 150 Portanto seu mı´nimo esta´ onde f ′(x) = 0, ou seja, na ra´ız de: 2k · x− 2 · (x1 + . . . xk) = 0, ou seja, em x = x1 + . . .+ xk k que e´ chamada de me´dia aritme´tica dos valores x1, . . . xk. Item ii) Note que, por ser uma soma de quadrados, y = f(x) = (x− x1)2 + . . .+ (x− xk)2 ≥ 0 e se para algum x0 ∈ R temos f(x0) = 0 enta˜o (x0 − x1)2 + . . .+ (x0 − xk)2 = 0 ⇔ x0 = x1 = . . . = xk. Portanto, se algum xi e´ diferente de algum outro xj , na lista que demos de x1, . . . , xk, a equac¸a˜o quadra´tica em x: y = f(x) = k · x2 − 2 · (x1 + . . . xk) · x+ (x21 + . . .+ x2k) = 0 na˜o tem soluc¸a˜o Real. Ou seja, se seu discriminante e´ negativo. Mas esse discrimi- nante e´: (2 · (x1 + . . . xk))2 − 4 · k · (x21 + . . .+ x2k) < 0, ou seja, (x1 + . . . xk) 2 < k · (x21 + . . .+ x2k), como quer´ıamos. � 6.1. Retas de ajuste. Agora trato de um problema parecido, mas diferente. Que so´ sera´ considerado no caso geral na Sec¸a˜o 3 do Cap´ıtulo 34. Considere o quadrado da distaˆncia vertical de um ponto (x1, y1) a uma reta y = ax+ b, ou seja: (ax1 + b− y1)2 ≥ 0 e = 0 exatamente quando (x1, y1) esta´ na reta. Suponhamos que queremos encontrar a reta pela origem y = ax (na˜o vertical) que minimiza a soma dos quadrados das distaˆncias verticais ate´ k pontos (x1, y1), . . . (xk, yk) (na˜o todos os xi iguais a zero). Denote as retas pela origem por y = ξx para deixar claro que a inco´gnita agora e´ o coeficiente angular ξ. E fac¸a a func¸a˜o que da´ a soma de quadrados de distaˆncias verticais: f(ξ) := (ξx1 − y1)2 + . . .+ (ξxk − yk)2. Note que f(ξ) = (x21 + . . .+ x 2 k) · ξ2 − 2(x1y1 + . . .+ xkyk)ξ + y21 + . . .+ y2k. CAPI´TULO 11. APLICAC¸O˜ES DA PRIMEIRA E SEGUNDA DERIVADAS 151 Enta˜o f(ξ) e´ uma para´bola com concavidade para cima, ja´ que x21 + . . .+ x 2 k > 0 (se esse nu´mero fosse zero todos os pontos tem coordenada x igual a zero). Portanto se procuramos por um mı´nimo de f basta procurarmos onde f ′(ξ) = 0. Mas: f ′(ξ) = 2(x21 + . . .+ x 2 k) · ξ − 2(x1y1 + . . .+ xkyk), e portanto f ′(ξ) = 0 se da´ em: ξ = x1y1 + · · ·+ xkyk x21 + . . .+ x 2 k . Ou seja a reta a ser escolhida e´: y = ( x1y1 + · · ·+ xkyk x21 + . . .+ x 2 k ) · x. O problema interessante em geral e´ quando a reta buscada forma y = ξx+ τ na˜o precisa passsar pela origem. Essa reta aproximara´ simultaˆneamente va´rios pontos, que podem ser resultado de aferic¸o˜es de dados relevantes. O Cap´ıtulo 34 tratara´ de uma reta que minimiza soma de quadrados de distaˆncias verticais de pontos xi, yi de interesse na Biologia, e cujo coeficiente angular ξ e´ uni- versal. 7. Pontos de inflexo˜es dos gra´ficos Definic¸a˜o 7.1. Seja f cont´ınua em I, intervalo aberto, e duas vezes deriva´vel ao menos em I \ {x}. Chamamos x de ponto de inflexa˜o da f se o sinal da f ′′(x) muda em torno de x. Ou seja, um ponto de inflexa˜o marca a mudanc¸a de concavidade de uma func¸a˜o (se era para cima, vira para baixo e vice-versa). Exemplos: • y = f(x) = x3, que tem f ′′(x) = 6x e ponto de inflexa˜o em x = 0. • em geral, y = f(x) = x2n+1,