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do seno parece ser −1. Ademais, as inclinac¸o˜es do gra´fico do seno vinham ficando mais negativas desde pi 2 e a partir de θ = pi va˜o ficando menos negativas. • em θ = 3pi 2 ≈ 4.7 o cosseno se anula, passando de negativo a positivo e em θ = 3pi 2 o seno tem seu mı´nimo. • por u´ltimo, onde o cosseno e´ positivo (negativo) o seno e´ crescente (decres- cente). Todas essas observac¸o˜es sa˜o coerentes com o que aprendemos no final da Parte 1 e de fato: Afirmac¸a˜o 1.1. sin′(θ) = cos(θ), ∀θ ∈ R. Demonstrac¸a˜o. Comec¸o com a definic¸a˜o de derivada em algum θ0 fixado e uso depois a formula de seno de uma soma: sin′(θ0) = lim θ→0 sin(θ0 + θ)− sin(θ0) θ = = lim θ→0 sin(θ0) cos(θ) + cos(θ0) sin(θ)− sin(θ0) θ . Para poder continuar, agora vou usar o limite provado na Sec¸a˜o 3 do Cap´ıtulo 8: lim θ→0 sin(θ) θ = 1 e, ademais, um outro limite fundamental: lim θ→0 cos(θ)− 1 θ = 0, cuja prova omito, mas que e´ no mesmo estilo. Enta˜o as propriedades de limites de somas e produtos permitem que re-escreva o de acima como: sin′(θ0) = lim θ→0 [sin(θ0) · (cos(θ)− 1) θ + cos(θ0) · sin(θ) θ ] = = sin(θ0) · lim θ→0 (cos(θ)− 1) θ + cos(θ0) · lim θ→0 sin(θ) θ = = sin(θ0) · 0 + cos(θ0) · 1 = cos(θ0), como quer´ıamos. � Um complemento: A Figura a seguir exibe os gra´ficos de f1(θ) = sin(θ) θ , para θ 6= 0 e f1(0) := 1 CAPI´TULO 12. DERIVADAS DE SENO E COSSENO E AS LEIS DE HOOKE163 e de f2(θ) = cos(θ)− 1 θ , para θ 6= 0 e f2(0) := 0 (note que defino separadamente os valores para θ = 0, para que as func¸o˜es resultantes sejam cont´ınuas). 0,8 0 0,4 2 -0,4 x 31-1 0-2-3 Figura: O gra´ficos de y = f1(θ) (vermelho) e y = f2(θ) (verde) para θ ∈ [−pi, pi]. A vinganc¸a do cosseno ! Seu filho (sua derivada) e´ o oposto do malvado avoˆ, o seno: Afirmac¸a˜o 1.2. cos′(θ) = − sin(θ), ∀θ ∈ R. Demonstrac¸a˜o. Seguindo as mesmas etapas da prova anterior, obtemos: cos′(θ0) = lim θ→0 cos(θ0 + θ)− cos(θ0) θ = = lim θ→0 cos(θ0) cos(θ)− sin(θ0) sin(θ)− cos(θ0) θ = = cos(θ0) · lim θ→0 (cos(θ)− 1) θ − sin(θ0) · lim θ→0 sin(θ) θ = = cos(θ0) · 0− sin(θ0) · 1 = − sin(θ0). como quer´ıamos. � 2. Leis de Hooke com e sem atrito A lei de Hooke diz que a forc¸a que um objeto1 sofre quando se estica uma mola presa a ele e´ do tipo F = −kf(x) 1Os objetos inicialmente sera˜o tratados como pontos, o que e´ uma enorme simplificac¸a˜o da realidade. Na Sec¸a˜o 5 do Cap´ıtulo 23 falaremos de centro de gravidade de objetos que na˜o sa˜o pontos 2. LEIS DE HOOKE COM E SEM ATRITO 164 onde k > 0 e´ uma constante e f(x) e´ a posic¸a˜o do objeto (veja a Figura a seguir). O sinal negativo significa que a forc¸a e´ no sentido oposto do deslocamento. Se ignora o atrito entre o objeto e a superf´ıcie nessa formulac¸a˜o da lei. F Se tomamos a forc¸a F como sendo o produto de massa m pela acelerac¸a˜o f ′′(x) enta˜o a lei de Hooke e´ da forma mf ′′(x) = −k · f(x). A seguir, na Afirmac¸a˜o 2.1, para simplificar e dispensar a derivada da composta (que na˜o vimos ainda), ponho k = 1. Afirmac¸a˜o 2.1. i): As func¸o˜es f(x) = a · cos(x) + b sin(x) sa˜o perio´dicas de per´ıodo 2pi, teˆm f(0) = a e f ′(0) = b e satifazem f ′′(x) = −f(x), ∀x ∈ R. ii): Ademais a · cos(x) + b sin(x) ≡ A · cos(x− q), onde A = √ a2 + b2 e cos(q) = a√ a2 + b2 . A Afirmac¸a˜o 2.1 sera´ reforc¸ada na Sec¸a˜o 8 do Cap´ıtulo 39, onde se mostrara´, entre outras coisas, que as func¸o˜es f(x) = a ·cos(k ·x)+b sin(k ·x) sa˜o as u´nicas a satisfazer: f ′′(x) = −k · f(x), k ∈ R. Demonstrac¸a˜o. (da Afirmac¸a˜o 2.1) De i): Como o seno e o cosseno teˆm per´ıodo 2pi essas func¸o˜es tambe´m teˆm esse per´ıodo. Pela derivada da soma e de seno e cosseno, obtemos f ′′(x) = (f ′(x))′ = (a(− sin(x)) + b cos(x))′ = = −a cos(x)− b sin(x) = −f(x). Ademais, f(0) = acos(0) = a e f ′(0) = b cos(0) = b. De ii): Note para o que segue que, se cos(q) = a√ a2+b2 , enta˜o sin(q) = b√ a2 + b2 . Temos enta˜o A · cos(x− q) = A · [cos(x) · cos(−q)− sin(x) · sin(−q) = CAPI´TULO 12. DERIVADAS DE SENO E COSSENO E AS LEIS DE HOOKE165 = A · [cos(x) · cos(q) + sin(x) · sin(q)] = = √ a2 + b2 · a√ a2 + b2 · cos(x) + √ a2 + b2 · b√ a2 + b2 · sin(x) = = a · cos(x) + b · sin(x), � Na figura a seguir note que na˜o so´ a posic¸a˜o f(0) e´ relevante, mas que tambe´m a inclinac¸a˜o f ′(0) determina o tipo de oscilac¸a˜o que havera´. -2 2 1 -1 0 x 6210 4 53 Figura: Gra´ficos de y = a sin(θ) + b cos(θ) para alguns a, b e θ ∈ [0, 2pi]. Claro que na realidade f´ısica sempre ha´ algum atrito entre o objeto e a superf´ıcie e sabemos que com o tempo o objeto pa´ra. Uma lei de Hooke mais realista levaria em conta o atrito que surge com o deslocamento do objeto, ou seja, dependente da velocidade f ′(x) do objeto e seria do tipo f ′′(x) = −f(x)− kf ′(x). Na Figura a seguir ponho uma func¸a˜o satisfazendo f ′′(x) = −f(x) ao lado de uma func¸a˜o satisfazendo f ′′(x) = −f(x)−0.1·f ′(x). Uma func¸a˜o deste u´ltimo tipo envolve senos e cossenos e a func¸a˜o exponencial, que veremos mais adiante. 0,5 1 0 -1 -0,5 x 353025150 10 205 Figura: Func¸o˜es satisfazendo a lei de Hooke sem atrito (vermelho) e com atrito (verde). 3. EXERCI´CIOS 166 E se o atrito for maior, por exemplo, em f ′′(x) = −f(x)− 0.3 · f ′(x), enta˜o nesse caso o objeto vai parar bem mais ra´pido, como na Figura a seguir: 1 0 0,5 -0,5 -1 x 0 355 3010 15 2520 Figura: Func¸o˜es satisfazendo a lei de Hooke sem atrito (vermelho) e com muito atrito (verde). Resolveremos explicitamente a equac¸a˜o diferencial: f ′′(x)− f(x)− kf ′(x) na Sec¸a˜o 2 do Cap´ıtulo 40. 3. Exerc´ıcios Exerc´ıcio 3.1. Determine se o ponto (0, 0) e´ ma´ximo/mı´nimo ou inflexa˜o de f, sabendo que f ′(x) = sen5(x) · cos(x). CAP´ıTULO 13 Derivada do produto, induc¸a˜o e a derivada de xn, n ∈ Z. Ja´ vimos que a derivada de f(x) = 1 = x0 e´ f ′(x) = 0, que a de f(x) = x = x1 e´ f ′(x) = 1 = 1x0, que a de f(x) = x2 e´ f ′(x) = 2x1 e ate´ mesmo que a de f(x) = x4 e´ f ′(x) = 4x3. Ou seja, nos sentimos motivados a conjecturar que ∀n ∈ N, f(x) = xn tem f ′(x) = nxn−1. Como podemos provar isso, se na˜o podemos percorrer todos os Naturais ? Isso se faz atrave´s do princ´ıpio de induc¸a˜o matema´tica. 1. Princ´ıpio de induc¸a˜o matema´tica Em geral a palavra induc¸a˜o e´ usada nas cieˆncias experimentais para referir ao processo pelo qual algue´m tenta concluir apo´s um certo nu´mero de evideˆncias que certo fenoˆmeno valera´ sempre (ou qual a probabilidade disso ocorrer). Ja´ em matema´tica o significado e´ o seguinte: quando queremos provar uma certa propriedade para todo n ∈ N, o que fazemos e´: • prova´-la para n = 1, • supoˆ-la va´lida ate´ n− 1 e • prova´-la para o pro´ximo natural, ou seja, para n. (A etapa em que supomos a propriedade va´lida ate´ n − 1 e´ chamada de hipo´tese de induc¸a˜o). Se conseguimos fazer essa u´ltima etapa, a propriedade vale para todo n ∈ N. A validade deste princ´ıpio esta´ ligada a` pro´pria natureza (axiomas) dos nu´meros Naturais. Vejamos treˆs exemplos, que ale´m de bonitos em si mesmos, sera˜o u´teis mais adiante no Cap´ıtulo 21: Afirmac¸a˜o 1.1. ∀n ∈ N: i) 1 + 2 + . . .+ (n− 1) + n = (n+1)·n 2 . ii) (1 + 2 + . . .+ (n− 1) + n)2 = 13 + 23 + . . .+ (n− 1)3 + n3. iii) 12 + 22 + . . .+ n2 = n(n+1)(2n+1) 6 Demonstrac¸a˜o. Prova de i): Para n = 1 a fo´rmula diz simplesmente 1 = 2·1 2 o que e´ o´bvio. A hipo´tese de induc¸a˜o e´ 1 + 2 + . . .+ (n− 1) = ((n− 1) + 1) · (n− 1) 2 = n(n− 1) 2 . 167 1. PRINCI´PIO DE INDUC¸A˜O MATEMA´TICA 168 De agora em diante temos que fazer algo para mostrar quanto vale 1 + 2+ . . .+ (n− 1) + n. Ora