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1 DIREITO PENAL Teoria Geral do Crime: A despeito das controvérsias e discussões existentes, prevalece na doutrina e jurisprudência que o fenômeno jurídico CRIME é composto de dois elementos: Fato Típico e Ilicitude. Obs: Fato típico e ilícito = crime + Culpabilidade + Punibilidade = Aplicação de pena (sentença penal condenatória) Dessa forma, a partir do presente momento passaremos a estudar estes dois elementos que compõem o crime. Iniciaremos pelo estudo do Fato Típico, incluindo todos os seus elementos. Após, passaremos ao estudo da Ilicitude, também chamada de Antijuridicidade ou Antinormatividade. Elementos do Fato Típico: - Conduta; - Resultado; - Nexo causal; - Dolo ou culpa e - Tipicidade. Conduta: é toda ação ou omissão humana, voluntária, consciente dirigida a um determinado fim. Note-se que a conduta pode ser ativa (ação), também chamada comissiva. E também poderá ser omissiva (falta de ação). 2 A conduta omissiva ainda comporta duas espécies: i) omissiva própria e ii) omissiva imprópria, também chamada de comissiva por omissão). Na primeira, a lei pune o agente que simplesmente nada faz quando podia e devia fazer. É o caso do crime de omissão de socorro, art. 135, CP. Neste caso, o agente não recebe a reprimenda estatal por ter dado causa ao resultado, até porque, não foi ele o responsável pelo resultado. Mas sim por não ter se empenhado em tentar impedir o resultado. Nesse caso, a punição tem como motivo a simples inércia do agente. Entretanto, caso ele, ou outro indivíduo, pratique a conduta esperada, ainda que o resultado ocorra não haverá crime. Na chamada conduta omissiva imprópria, art. 13, §2º. CP, o agente tem o dever de evitar o resultado. Tal dever decorre da i) imposição da lei, ii) obrigação contratual (profissional) é o chamado garantidor ou iii) quando com seu comportamento anterior criou a situação de perigo. Resultado: É a consequência da conduta. Consiste na alteração no mundo físico decorrente da conduta (resultado material ou naturalístico). Há crimes em que não se pode notar alterações no mundo físico, nestes casos o resultado consiste na lesão ou risco de lesão ao bem jurídico protegido pela norma (resultado normativo). Assim, de acordo com a teoria naturalística há crime sem resultado. Já para a teoria normativa não há crime sem resultado. Crime consumado, art. 14, I, CP – a lei considera o crime consumado quando estão presentes todos os elementos da sua descrição legal. Crime tentado, art. 14, II, CP – considera-se tentado o crime quando iniciada a sua execução o agente não atinge o resultado esperado e decorrência de circunstâncias alheias à sua vontade. Nestes casos, o agente responderá pelo crime desejado, sendo que a pena será reduzida no patamar de 1/3 a 2/3. Quando ocorre o início da execução? Quando o agente pratica algum ato inequívoco (não deixa dúvidas quanto a intenção) e idôneo (apto) a produzir o resultado. 3 Desistência voluntária; arrependimento eficaz e arrependimento posterior – art. 15 e 16, CP. Crime impossível – art. 17, CP Haverá crime impossível quando houver absoluta ineficácia do meio ou absoluta impropriedade do objeto. - Relação de causalidade ou nexo causal – art. 13, CP. O nexo causal é a relação de causa e efeito que liga o resultado à conduta praticada pelo agente. O nexo causal é natural e normativo. Quando não estiver presente esta relação de causalidade, ao agente não poderá ser imputada a responsabilidade pelo crime. O dolo e a culpa são os limites do nexo de causalidade. Obs: nos crimes omissivos impróprios não há verdadeiramente o nexo causal natural, mas tão somente normativo. Dolo: art. 18, I, CP. Dolo é o elemento volitivo da conduta. É a vontade, a intenção. Dolo direto: o agente quer praticar a conduta e deseja o resultado que dela se espera naturalmente. Dolo indireto: i) eventual: o agente quer praticar a conduta e apesar de não desejar o resultado, aceita o risco; ii) dolo alternativo: o agente quer praticar a conduta e não se importa com o eventual resultado, tanto faz! Culpa: art. 18, II, CP. É o elemento normativo da conduta, pois sua análise demanda um juízo de valor. Consiste na quebra do dever de cuidado objetivo a todos imposto. 4 Na conduta culposa o agente não deseja o resultado ilícito, mas por ignorar as regras de cuidado objetivo a todos imposto dá causa ao resultado não desejado, mas previsível. Modalidades de culpa: Imprudência; Negligência; Imperícia. O crime culposo é excepcional, ou seja, somente será punido o crime na forma culposa quando houver expressa previsão legal. A regra é que os crimes sejam dolosos. Por incompatibilidade lógica, os crimes culposos não admitem a figura da tentativa. Preterdolo: ocorre o preterdolo quando o agente atua de forma dolosa em relação à conduta e resultado iniciais, mas por culpa dá causa ao resultado agravador. Essa figura depende de previsão legal. Ex. lesão corporal seguida de morte – art. 129, §3º, CP. Tipicidade: é a subsunção do fato concreto ao modelo abstrato previsto na norma penal (tipo penal).
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