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Fato Típico

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FATO TÍPICO – CONDUTA
Qual a teoria adotada no Direito Penal Brasileiro?
É a teoria finalista, para qual a conduta é o comportamento humano (comissivo ou omissivo), consciente e voluntário, dirigida a um fim, tipificado em lei como crime ou contravenção penal.
- Independente da teoria adotada, a conduta será considerada um movimento humano voluntário.
- Logo, a conduta deve ser voluntária e deve repercutir no mundo exterior. O desejo inter do agente não deve ser considerado conduta.
A conduta pode se exteriorizar por ação (leis penais proibitivas) ou por omissão (leis penais preceptivas – exigem um comportamento daquele que podia e devia agir).
- Somente o ser humano pode realizar uma conduta. Todavia, pode se valer de instrumentos e de animais. Observação: a pessoa jurídica pode praticar crimes.
- Não há crime sem conduta, uma vez que é um dos elementos do fato típico.
Elementos da Conduta:
1) Comportamento Voluntário (dirigido a um fim)
Dolo e culpa integram este elemento. No dolo, a finalidade é a lesão ou perigo de lesão de um bem jurídico. Na culpa, a finalidade é a prática de um ato cujo resultado previsível seja capaz de causar lesão ao bem jurídico.
2) Exteriorização da vontade
Comportamento comissivo ou omissivo.
Causas de exclusão da conduta:
1) Caso fortuito e força maior;
Características: Imprevisibilidade e inevitabilidade.
Caso fortuito → Provocado pelo comportamento humano. Ex. Greve de trabalhadores.
Força maior → Provocado pela ação da natureza. Ex. Terremoto.
2) Estado de inconsciência completa;
Trata-se do sonambulismo e hipnose.
3) Movimentos reflexos;
4) Coação física irresistível (vis absoluta).
A pessoa é coagida fisicamente de tal forma que não lhe resta outra opção senão agir de acordo com a vontade do coator.
	Coação Física Irresistível (vis absoluta)
	Coação Moral Irresistível (vis compulsiva)
	Trata-se de ausência de vontade.
	Trata-se de inexigibilidade de conduta diversa.
	Exclui a conduta e, portanto, o fato é atípico.
	Exclui a culpabilidade.
DOLO
	FATO TÍPICO
	Conduta
	DOLO
	1. Vontade (elemento volitivo)
	2. Consciência (elemento cognitivo ou intelectual, intelectivo)
	Resultado
	Nexo causal
	Tipicidade
Código Penal 
Art. 18. Diz-se o crime: 
Crime doloso 
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
1ª parte – Dolo direto.
2ª parte – Dolo eventual.
Apesar de serem situações distintas, o tratamento jurídico será o mesmo. 
- Integra a conduta (teoria finalista). É o elemento psicológico (subjetivo) do tipo penal;
- Possui dois elementos: vontade (elemento volitivo) e consciência da conduta e do resultado (elemento intelectivo ou cognitivo);
- Elemento volitivo – O agente quer a produção do resultado de forma direta (dolo direto) ou admite a sua ocorrência (dolo eventual);
- Elemento intelectivo ou cognitivo – efetivo conhecimento de que determinado comportamento (conduta) vai gerar determinado resultado (elementos integrantes do tipo penal objetivo).
TEORIAS DO DOLO
1. Teoria da vontade
O agente prevê o resultado e tem a vontade de produzi-lo.
2. Teoria da Representação (ou possibilidade)
Para configurar o dolo, basta haver a previsão do resultado. Deve ser preponderante o elemento intelectivo e não o volitivo. Se o resultado era previsível, o agente responde por ele, independentemente de sua vontade.
3. Teoria do consentimento (ou assentimento ou anuência)
Há dolo não somente com a vontade de produzir o resultado, mas também quando o agente realiza a conduta assumindo o risco de produzi-lo.
No Brasil, foram adotadas: 	Teoria da vontade → dolo direto
					Teoria do consentimento → Dolo eventual.
					Teoria da representaçao → Culpa consciente
ESPÉCIES DE DOLO
1. Dolo natural (incolor, avalorado, neutro)
Tem como elementos a consciência (elemento intelectivo) e a vontade (elemento volitivo).
É adotado na teoria finalista.
2. Dolo normativo (colorido, valorado, híbrido)
Tem como elementos a consciência, a vontade e a consciência atual da ilicitude.
É adotado pela teoria naturalista e se encontra na cupabilidade.
	
	Teoria Finalista
	Teoria causalista / Naturalística
	Espécie
	Dolo natural
	Dolo normativo
	Elementos
	– Consciência da conduta (elemento intelectivo); – Vontade de praticar comportamento dirigido a um fim (elemento volitivo). Para a teoria finalista, a consciência da ilicitude está presente na culpabilidade e é potencial. 
	– Consciência da conduta (elemento intelectivo); – Vontade de praticar uma ação (elemento volitivo); – Atual consciência da ilicitude do fato. 
	Qual elemento do crime vai integrar?
	Fato típico (interior da conduta) 
	Culpabilidade 
DOLO DIRETO e DOLO INDIRETO
1. Dolo direto (determinado, imediato, intencional, incondicionado)
Vontade dirigida a um resultado determinado. Ligado à teoria da vontade – o agente prevê o resultado e tem a vontade de produzi-lo.
2. Dolo indireto (indeterminado)
O agente não dirige sua conduta a um resultado determinado. Divide-se em dolo alternativo e dolo eventual.
a) Dolo alternativo:
O agente prevê a possibilidade de ocorrência de diversos resultados e dirige sua conduta para a produção de qualquer deles. O agente vai ficar igualmente satisfeito com qualquer dos resultados. Deverá responder pelo resultado mais grave, ainda que na modalidade tentada.
b) Dolo eventual:
O agente prevê a possibilidade de ocorrência de diversos resultados, dirige sua conduta para um deles (menos grave), mas assume o risco da produção do resultado mais grave. O agente responderá dolosamente pelo resultado alcançado.
Reinhart Frank: “Seja como for, dê no que der, em qualquer caso não deixo de agir”.
É aplicável a todo e qualquer crime, desde que seja compatível. Entretanto, alguns crimes impõem apenas o dolo direto. Ex. Art 180 do CP “coisa que sabe ser produto de crime”; Art. 339 do CP “de que sabe inocente”.
Críticas: Alguns doutrinadores dizem que só poderia ser identificado o dolo eventual caso fosse analisado o psquico do agente. Porém esta posiçao não prevalece.
Doutrina e Jurisprudência majoritárias: O dolo eventual não é extraído da mente do autor, mas das circunstâncias do fato.
	Dolo de propósito
	Dolo de Ímpeto (repentino)
	Decorrente da reflexão prévia do agente, ainda que por breve espaço de tempo.
	Conduta criminosa é praticada sob o domínio de violenta emoção. Não há intervalo entre a cogitação (fase interna do iter criminis) e os atos executórios.
	Ex. Crimes premeditados
	Ex. Crimes passionais; homicídio privilegiado.
Obs. No dolo de ímpeto pode incidir a atenuante prevista no art. 65, III, “c”, CP. “sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima”.
	Dolo Genérico
	Dolo Específico
	O tipo penal não exige uma finalidade específica para que seja reconhecido.
	O tipo penal exige uma finalidade especial. 
	Ex. matar alguém
	Ex. Art. 159 - “sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem como condição de preço ou resgate.”
Obs. Tal distinção tinha mais relevância na teoria causalista. Atualmente, o dolo genérico é chamado apenas de “dolo” e o dolo específico de “elemento subjetivo do tipo”.
Dolo geral, por erro sucessivo ou dolus generalis
O agente pratica uma conduta buscando determinado fim. Após supor tê-lo alcançado, pratica outra conduta que, esta, sim, gera o resultado inicialmente desejado.
Ex. “A” deseja matar “B” e desfere um golpe de faca contra o pescoço da vítima. Após, a vítima desmaia e sangra bastante. O agente imagina que já alcançou o seu objetivo e joga a vítima num rio. Porém, esta não estava morta e, agora, falece em virtude do afogamento.
Trata-se de erro acidental no que tange ao meio de execução do crime.
Deste modo, se o dolo é geral, o agente será responsabilizado pela finalidade que visava atingir, ainda que esta tenha ocorrido por outro meio.
Contudo, a doutrina não é pacífica em dizer se o autor responderá por homicídio simples ou qualificado pela asfixia.
Dolo presumido ou dolo in re ipsa
Presume-se o dolo do agente, apesar de nãohaver comprovação de sua participação ou autoria. 
Não é admitido no Direito Penal Brasileiro. Não há responsabilidade objetiva.
Dolo Antecedente, Atual e Subsequente
1. Dolo antecedente, inicial ou preordenado
Dolo anterior à conduta. Será considerado na embriaguez preordenada (teoria da actio libera in causa).
2. Dolo atual ou concomitante
O agente tem a intenção de praticar o delito durante toda a prática dos atos executórios. É o dolo de maior relevância para o Direito Penal.
3. Dolo subsequente ou sucessivo
Dolo posterior à conduta típica. Parte da doutrina considera irrelevante, uma vez que a conduta já foi praticada.
A doutrina majoritária entende que os dolos antecedente e o subsequente não serão levados em consideração. Assim, apenas o dolo atual deve ser levado em conta.
Porém, em alguns casos deve-se analisar os dolos antecedentes e subsequente.
Ex. No Estelionato o dolo é antecedente e na Apropriação Indébita o dolo é subsequente.
DOLO DE PRIMEIRO GRAU, DE SEGUNDO GRAU E DE TERCEIRO GRAU
1. Dolo de primeiro grau
Trata-se do dolo direto. O resultado almejado, com consciência e vontade, por meio da prática de uma conduta.
2. Dolo de segundo grau (ou de consequências necessárias)
É uma espécie de dolo direto. O resultado buscado imediatamente pelo agente (dolo de primeiro grau) necessariamente atingirá outros bens jurídicos ou outras vítimas. São os “efeitos colaterais”, de ocorrência certa. O agente, portanto, não busca esses efeitos, mas sabe que eles vão ocorrer para que o intento inicial seja alcançado.
Ex. O agente quer matar o piloto do avião e coloca uma bomba nele, sabendo que teriam passageiros e tripulantes no voo. Assim, agiu com dolo de primeiro grau em relação ao agente e dolo de segundo grau em relação às demais vítimas. 
3. Dolo de Terceiro Grau 
Resultado da consequência inevitável do dolo de segundo grau.
Ex. Grávida que morre em decorrência da explosão de uma bomba que visava matar outrem. O agente deve responder pelos homicídios e pelo crime de aborto, que seria dolo de terceiro grau.
Parte da doutrina entende que se trata de dolo de segundo grau.
CRIME CULPOSO
Código Penal
Art. 18. Diz-se o crime:
[...]
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência
ou imperícia.
Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Obs. Em regra, os crimes culposos são previstos em tipos penais abertos: “Se o crime é culposo”. Isso ocorre porque não é possível prever, em um rol fechado, todas as formas que a culpa pode se revelar no caso concreto.
Excepcionalmente, o legislador pode definir um crime culposo em um tipo penal fechado, tal como ocorre na receptação culposa. (art. 180, §3, CP)
Caráter excepcional do crime culposo. A lei deve prever expressamente a possibilidade da modalidade culposa.
	DOLO
	CULPA
	Conduta voluntária dirigida a um fim lícito + resultado ilícito voluntário
	Conduta voluntária dirigida a um fim lícito + resultado ilícito involuntário
Conceito. Conduta humana voluntária + resultado ilícito não querido pelo agente. 
Ocorre, porém, que o resultado era previsível (culpa consciente), ou deveria ser previsível (culpa inconsciente), e que poderia ter sido evitado se o agente não tivesse deixado de observar o dever objetivo de cuidado, por negligência, imprudência ou imperícia.
Obs. O crime culposo é incompatível com a tentativa nos casos de culpa própria. Já nos casos de culpa imprópria, a tentativa é cabível. 
ELEMENTOS DA CULPA:
a) Comportamento humano voluntário;
b) Violação do dever de cuidado objetivo:
c) Resultado naturalístico involuntário;
d) Nexo entre a conduta e o resultado;
e) Tipicidade;
f) Previsibilidade objetiva.
Modalidades de Culpabilidade
1. Imprudência
Forma positiva da culpa (culpa in agendo)
O agente age sem observância do cuidado necessário ao caso.
Exemplo 1: uma pessoa está dirigindo um carro em velocidade compatível
com a via, porém alguém atravessa na frente do carro de repente e é atropelada.
Nesse caso, não houve culpa do motorista, uma vez que não houve nenhuma imprudência de sua parte. No entanto, a vítima é que não observou o seu dever objetivo de cuidado.
Exemplo 2: uma pessoa está dirigindo um carro em velocidade superior a permitida para a via quando, de repente, vê uma bola rolando pela rua. Mesmo assim, o motorista decide continuar em alta velocidade. No entanto, uma criança acaba correndo atrás dessa bola e é atropelada. Nesse caso, o motorista agiu de uma forma imprudente e violou o seu dever objetivo de cuidado. Essa é a culpa positiva.
2. Negligência
Forma negativa da culpa (culpa in omitendo).
O agente deixa de observar um cuidado antes de iniciar a conduta.
Ex. O agente vai viajar e deixa de verificar/reparar os freios do veículo e causa um acidente com morte.
3. Imperícia
Trata-se da culpa profissional, pois ocorre com a falta de aptidão técnica no exercício de arte, profissão ou ofício.
O agente está autorizado a exercer a arte, profissão ou ofício, mas não possui conhecimento técnico suficiente para exercê-la. 
Ex. Médico que vai curar uma ferida e amputa a perna; Atirador de elite que atira e mata a vítima.
Obs. Se o agente sequer tinha autorização para exercer a atividade, pode ser punido por dolo eventual. 
Ex. Falso médico que realiza procedimentos estéticos na vítima, que falece. Responderá por homicídio doloso (dolo eventual).
Nem toda violação do dever objetivo de cuidado no exercício de arte, profissão
ou ofício configura imperícia. Exemplo: motorista de ônibus que dirige com
velocidade incompatível (imprudência); médico que esquece de observar procedimento
obrigatório antes da cirurgia (negligência).
Em regra os crimes culposos são crimes materiais. Uma rara exceção é o crime do artigo 38, Lei n. 11.343.2006 – “prescrever [...] culposamente, drogas,
sem que delas necessite o paciente” (crime formal).
Nexo causal. De acordo com a teoria da conditio sine qua non, adotada pelo art. 13 do CP, deve haver relação de causalidade entre a ação ou a omissão voluntária e o resultado involuntário.
Previsibilidade objetiva. Resume-se à possibilidade de o homem médio (de inteligência mediana) ser capaz de prever que sua conduta pode resultar em um resultado ilícito.
Se for impossível prever um determinado resultado, então não há que se falar em crime culposo.
Doutrina minoritária defende a previsibilidade subjetiva. Ou seja, que deveria ser levado em conta a possibilidade de o agente prever o resultado. 
Espécies de culpa
Culpa inconsciente (sem previsão, ex ignorantia)
O agente não prevê o resultado, que era objetivamente previsível pelo homem médio. 
Culpa consciente (com previsão, ex lascívia)
O agente prevê o resultado e realiza a conduta porque acredita sinceramente que ele não ocorrerá.
O Código Penal Militar conceitua a culpa inconsciente e consciente:
Art. 33, II – culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção,
ou diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias,
não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente
que não se realizaria ou que poderia evitá-lo.
Ex. O atirador de efetua disparo contra o sequestrador, porém atinge a vítima, que morre. O atirador sabia que o seu disparo poderia atingir a refém e mesmo assim efetuou o disparo. No entanto, em nenhum momento esse atirador estava pouco se importando se atingiria ou não a vítima. Na verdade, acreditava sinceramente que não iria atingi-la, embora soubesse que poderia acontecer. Responderá por homicídio culposo.
	Culpa Consciente
	Dolo Eventual
	O agente prevê a possibilidade de o resultado ocorrer.
	O agente prevê a possibilidade de o resultado ocorrer.
	Acredita que o resultado não vai ocorrer.
	Não se importa com a ocorrência do resultado.
	Agente responde na modalidade culposa.
	Agente responde na modalidade dolosa.
RESULTADO MORTE NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR
	Dolo direto Animus Necandi
	Dolo EventualCulpa
	Veículo utilizado como meio para a
prática de um homicídio – Art. 121, CP
(simples ou qualificado a depender da
situação).
	Corrida, exibição, disputa
ou competição automobilística
não autorizada. Se
o autor não quis o resultado,
mas assume o risco
de produzi-lo – Art. 121,
caput, CP.
Não incide a qualificadora
do motivo fútil (prevista
no art. 121, § 2º, II, do
CP). HC 307.617 – SP,
Informativo 583 do STJ.
	Acidente sem embriaguez
ou racha – art. 302, CTB.
Embriaguez ou outra
substância psicoativa –
art. 302, § 3º, CTB (alteração
promovida pela Lei
n. 13.546/2018 – pena de
reclusão de cinco a oito
anos).
Corrida, exibição,
disputa ou competição
automobilística
não autorizada. Se
as circunstâncias
demonstraram que o
autor não quis o resultado
nem assumiu o risco de
produzi-lo – Art. 308, § 2º,
CTB.
Espécies de Culpa
Culpa Indireta ou Mediata
O agente, a título de culpa, gera o resultado naturalístico de forma indireta. Isto é, uma conduta prévia gerou a possibilidade de ocorrência do resultado. Deve haver uma relação efetiva entre a conduta e o resultado provocado.
Ex: Um assaltante tenta roubar um motoqueiro que está parado no acostamento de uma rodovia. Assustado, o motoqueiro acelera sua moto em direção à rodovia e acaba sendo atropelado e morto. 
Neste caso, a conduta prévia (tentativa de roubo) gerou a possibilidade da ocorrência do resultado morte.
Culpa Presumida (in re ipsa)
Forma de responsabilização objetiva, pois presumia a culpa do agente.
Abolida do Direito Penal Brasileiro.
A culpa deve ser provada para haver punição.
Culpa própria ou Culpa Propriamente Dita
É a espécie comum de culpa. O agente não quer e não assume o risco de
produzir o resultado, mas este ocorre por negligência, imprudência ou imperícia.
Culpa Imprópria ou por Equiparação por Assimilação, por Extensão
O agente prevê o resultado e deseja produzi-lo. Entretanto, por erro evitável, o agente supõe uma situação que não existe. Se existisse, justificaria sua ação. Há a intenção (dolo), mas o agente responde na modalidade culposa, por razões de política criminal.
Ex. Filho sai escondido para uma festa e volta de madrugada. No imóvel há cães, porém estes não latiram. Ao ouvir um barulho na porta, o pai pega uma arma e acaba atirando num vulto, que acreditava ser de um invasor. Neste caso, o pai supôs uma situação que não existiu. Ele agiu com dolo de matar, porém responderá por crime culposo, por imprudência. A violação do dever de cuidado efetivamente ocorreu, pois ele não se atentou que uma pessoa caminhando na casa poderia ser da própria casa. 
DESCRIMINANTES PUTATIVAS
CP, Art. 20, § 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.
Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como
crime culposo. (Culpa imprópria)
Obs. No exemplo anterior, se o erro desse pai fosse plenamente justificado pelas circunstâncias, então ele não responderia por crime algum e estaria isento de pena. No entanto, seu erro envolveu a imprudência, uma vez que era evitável.
Se o erro é inevitável → Aplica-se as descriminantes putativas.
A culpa imprópria ocorre nas hipóteses de descriminantes putativas em que
o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo.
	Culpa Própria
	Culpa Imprópria
	Art. 18, II, CP
	Art. 20, § 1º, CP
	O agente não quer e não assume o risco de produzir o resultado.
	Agente tem a intenção de obter o resultado naturalístico (dolo direto). Todavia, essa intenção é fruto de uma suposição errônea derivada de culpa.
	Incabível a tentativa.
	Cabível a tentativa.
Compensação de culpas. Não é admitido pelo direito brasileiro. Cada um responde pelo resultado produzido, na medida da sua culpabilidade.
Concorrência de culpas. Admite-se, mesmo não havendo concurso de pessoas (ausência de vínculo subjetivo). Ambos respondem pelo delito culposo.
Ex. Dois veículos furam o sinal vermelho e geram lesões um contra o outro.
Responderão pelo art. 303 do CTB e não pelo CP. Houve, neste caso, autoria colateral, pois mais de uma gente realizou a conduta sem que exista o liame subjetivo entre eles. 
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPA
1. Caso fortuito e Força Maior
Não há previsibilidade do resultado, elemento indispensável da culpa.
2. Princípio da Confiança
O dever objetivo de cuidado é imposto a todos. Aquele que cumpre as regras do convívio social espera que os outros também o façam. 
Ex. motorista, respeitando a velocidade da via, atropela pedestre desatento que atravessou fora da faixa, sem qualquer aviso prévio.
3. Erro Profissional
Não se confunde com imperícia. É decorrente das técnicas falíveis da ciência. O agente atua dentro das possibilidades da ciência, mas não impede o resultado naturalístico.
Ex. Médico que é incapaz de curar um tumor no cérebro do paciente.
4. Risco Tolerado
É o risco inerente à atividade humana,
Ex, Missão espacial que falha e mata os astronautas, não gera responsabilização para os engenheiros do projeto.
CRIME AGRAVADO PELO RESULTADO e CRIME PRETERDOLOSO
Agravação pelo resultado
CP, Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente
que o houver causado ao menos culposamente.
Obs. Há 04 tipos de crimes agravados pelo resultado. Trata-se de um crime complexo, pois é crime único que resulta da fusão de dois ou mais tipos penais. 
O crime preterdoloso é apenas uma espécie de crime agravado pelo resultado. 
1. Dolo na conduta antecedente e dolo no resultado agravador
Dolo no antecedente e dolo no consequente. 
Ex. Latrocínio, cuja morte foi causada dolosamente.
2. Dolo na conduta antecedente e culpa no resultado agravador
Crime preterdoloso.
Ex. Latrocínio, cuja morte, proveniente da violência, foi causada culposamente.
O agente chega para subtrair os bems e leva consigo uma arma de fogo. A vítima demora para entregar os bens e o agente desfere uma coronhada forte na cabeça da vítima, causando-lhe a morte. A intenção do agente, porém, não era matar, mas apenas lesionar. Porém, responde pelo latrocínio consumado.
Outro exemplo exemplo é um indivíduo que desfere um golpe com um pedaço de pau contra a vítima, com a intenção apenas de lesionar, porém lhe causa a morte. Agiu com dolo na conduta de causar lesão corporal, mas houve culpa no resultado morte. Responderá por lesão corporal seguida de morte. Se houvesse a intenção de matar, responderia pelo homicídio.
3. Culpa na conduta antecedente e culpa no resultado agravador
Ex. Crimes culposos de perigo comum (explosão, incêndio) – art. 258, CP “[...] no caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço”.
4. Culpa na conduta antecedente e dolo no resultado agravador
Ex. art. 303, §1º, CTB – agente causa culposamente acidente de trânsito que fere a vítima e, dolosamente, deixa de prestar socorro.
CRIME PRETERDOLOSO
Ocorre quando o agente, por meio de um comportamento doloso, pratica uma conduta visando a determinada finalidade, mas alcança outra mais grave e involuntária.
Ha dolo na conduta e culpa no resultado.
Para que o agente responda pelo resultado posterior, é necessário que este seja previsível.
Obs. não é cabível a tentativa nos crimes preterdolosos.
Agravação pelo resultado
CP, Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente
que o houver causado ao menos culposamente.
Obs. o resultado mais grave e involuntário deve ser previsível.
Ex. O agente empurra a vítima, que cai e morre. Destaca-se que a vítima tinha a síndrome dos ossos de vidro e morreu em decorrência de uma costela quebrada. Neste caso, não era previsível o resultado, pois o agente não sabia sobre tal condição da vítima. Não se pode supor que um empurrão possa matar uma pessoa. Assim, o agente responderá apenas pela contravenção penal de vias defato. 
A culpa do resultado agravador deve ser provada. Não se presume. 
Não se admite, no Direito Penal brasileiro, a figura da versari in re illicita, que, em suma, defendia a punição presumida pelo resultado agravador pelo simples fato de o agente ter tido um comportamento ilícito antecedente.
Elementos do crime preterdoloso:
a) Conduta dolosa dirigida a uma finalidade;
b) Provocação de um resultado culposo mais grave que o almejado;
c) Resultado agravador deve ser previsível;
d) Nexo causal entre a conduta e o resultado;
e) Tipicidade.
O reincidente em crime preterdoloso deve ser tratado como reincidente
em crime doloso ou culposo?
Apesar de haver divergência doutrinária, a maioria entende que deve ser tratado como reincidente em crime doloso. 
RESULTADO
Existem dois tipos de resultado:
a) Resultado naturalístico;
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resul­tado não teria ocorrido. 
É a alteração no mundo exterior. Está presente em crimes materiais.
Obs. O crime de mera conduta não tem resultado naturalístico, pois ele não produz nenhuma mudança no mundo exterior. Por exemplo, o crime de violação de domicílio consuma-se com a entrada no domicílio, de modo que não gera mudança no mundo externo.
Ex.: Crimes omissivos impróprios, também chamados de crimes comissivos por omissão, são aqueles em que, por meio de uma omissão, uma conduta vem a se realizar. Ex.: O agente cuida de uma criança de 10 anos de idade que tem autismo e que só consegue se alimentar porque ele lhe dá alimentos. Certo dia, o agente resolve não mais alimentar essa criança, pois quer que ela morra de fome. Trata-se de conduta omissiva para praticar crime de homicídio. 
Portanto, no crime omissivo impróprio, também chamado de crime comissivo por omissão, o agente pratica um crime que gera um resultado naturalístico por meio de uma omissão. 
Já o crime omissivo próprio não exige a produção do resultado naturalístico.
O crime formal pode ter um resultado naturalístico, mas não é exigido para a consumação. É um crime de consumação antecipada. A partir do momento em que o agente realiza a conduta descrita no tipo penal, independentemente da produção do resultado, o crime estará consumado.
b) Resultado Jurídico (ou normativo)
É a lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal.
Todo tipo penal tem um resultado jurídico.
Teoria Naturalística. Para esta corrente, é possível haver crime sem resultado. Os elementos do fato típico serão distintos nos crimes materiais e não materiais. Tal teoria relaciona-se com o resultado naturalístico. 
Crimes materiais → Fato típico = conduta + resultado + nexo causal + tipicidade
Crimes não materiais → Fato típico = conduta + tipicidade
Teoria Jurídica Normativa. Para esta corrente, jamais haverá um delito sem resultado, uma vez que ele sempre ofenderá o bem jurídico tutelado pela norma penal. Logo, ainda que não haja resultado naturalístico, estará presente o resultado jurídico ou normativo. Assim, o o fato típico sempre será composto de conduta, nexo, resultado e tipicidade.
Obs. Alguns crimes não tem resultado naturalístico, como os crimes tentados, formais e os de mera conduta. Porém, todo crime possui resultado jurídico ou normativo, ou seja, ofensa ao bem jurídico tutelado pela nomra penal. 
 
NEXO CAUSAL
 FATO TÍPICO 
	Conduta. 
	Resultado. 
	Nexo causal. 
	Tipicidade. 
Analisa a relação entre a conduta e o resultado naturalístico. Relação de causa e efeito.
O estudo do nexo causal não adentra no resultado jurídico. 
Somente tem aplicação em relação aos crimes materiais.
 Art.13.O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resul­tado não teria ocorrido. 
Obs. A teoria naturalística dispõe que, nos crimes não materiais, são anali­sadas apenas a conduta e a tipicidade. Conduta, nexo de causalidade, resultado e tipicidade serão analisados nos crimes materiais. 
TEORIAS:
1. Equivalência dos antecedentes (teoria da conditio sine qua non, teoria da equivalência das condições, teoria da condição simples, teoria da condição generalizadora)
Causa é todo comportamento humano sem o qual o resultado não teria ocorrido.
Tudo o que gerou o resultado será considerado causa.
Teoria, em regra, adotada pelo Código Penal.
Ex.: A pratica um homicídio contra João. Para praticar esse homicídio, acor­dou pela manhã, tomou café, pegou um táxi, se dirigiu ao local onde João tra­balha e, na hora que lá chegou, ficou aguardando que ele saísse do trabalho. Nesse meio tempo, A encontrou um amigo, comeu um cachorro-quente e depois matou João, com uma arma que havia comprado uma semana antes. De acordo com a teoria da equivalência dos antecedentes, tudo aquilo que A fez antes de matar João será considerado causa. 
Para evitar o regresso ao infinito, foi desenvolvido o processo hipotético de eliminação de Thyrén. 
Assim, causa será todo fato que, mentalmente suprimido, alteraria o modo ou momento em que o resultado ocorreu. Se desaparecer o resultado naturalístico, então o fato era uma causa. 
 Teoria da equivalência dos antecedentes 
 Processo hipotético de eliminação de Thyrén 
 Causalidade objetiva (ou efetiva) do resultado 
			+				=	
Obs. A teoria da equivalência dos antecedentes muitas vezes é chamada de Teoria de DEUS, pois tudo o que surgiu após o início deu causa a esse resultado. 
Críticas à Teoria da Equivalência dos antecedentes (teoria da conditio sine qua non)
- Regressão ao infinito
- Não há limites para a relação de causa e efeito
Obs. É por meio do dolo e da culpa que se limita o retorno ao infinito,
O Direito Penal só pune condutas dolosas ou culposas.
2.Teoria da causalidade adequada (da condição qualificada ou individu­alizadora).
Causa é o fato antecedente indispensável e adequado à produção do resultado.
Adotada apenas excepcionalmente, nos termos do art. 13 §1, do CP, quando houver as causas supervenientes relativamente independentes, que por si só produziram o resultado.
Teoria que entende que não basta apenas a relação física, mas também a conduta do agente tem que ser adequada para a produção do resultado. E tem que ser uma conduta adequada para a produção daquele resultado.
Exemplo: José efetua um disparo de arma de fogo contra João. Mas esse disparo atinge a perna de João. João é socorrido por uma ambulância e levado em direção ao hospital. No meio do caminho, essa ambulância capota, e João, que estava sendo transportado, vem a falecer esmagado pela ambulância. João morreu em razão do capotamento da ambulância, e não em razão dos disparos. 
A partir do momento em que João veio a morrer esmagado por uma ambulân­cia, quebra-se o nexo de causalidade em relação à conduta de José, porque, de acordo com a teoria da causalidade adequada, não era provável que uma con­duta de José, que era José disparando uma arma de fogo, teria como resultado João sendo morto esmagado por uma ambulância. A teoria da causalidade ade­quada dispõe que não é simplesmente em toda ação que deu causa ao resultado que o agente responderá pelo resultado. O agente responderá desde que sua conduta tenha sido adequada e indispensável para produzir aquele resultado. 
3.Teoria da imputação objetiva 
Desenvolvida por Karl Larenz
Trata-se de uma análise do nexo causal. 
Teoria que usa critérios para eliminar o nexo causal entre uma conduta e o resultado, sem que seja necessário fazer a análise do dolo ou da culpa.
Defende que a situação será resolvida no nexo causal. Há situações que rompem o nexo causal. 
Já vem sendo adotada pela jurisprudência.
O juiz, na hora de analisar um caso concreto, analisa se houve ou não o nexo causal, de modo que não será analisado o dolo ou culpa.
Cria critérios mais difíceis para dizer se que há nexo causal.
Assim, não há imputação do resultadoao agente se ele diminui o risco ao bem jurídico tutelado pelanorma. 
Ex. Se alguém vai ser atropelado por um carro e outra pessoa o empurra e este cai, sofrendo lesões. Estas não serão lhes imputadas.
Para haver a relação de causalidade, deve haver:
a) a criação ou o aumento de um risco proibido;
Obs. Não existirá nexo causal quando o risco criado é juridicamente irrelevante ou quando há a diminuição do risco.
b) Risco proibido pelo Direito.
Não haverá nexo causal quando:
I – O risco for permitido.
II – Houver a adequação social da conduta.
III – Criação do risco pela própria vítima.
IV – Proibição de regresso – Ação não dolosa anterior a uma ação dolosa.
Exemplo: Esqueço minha arma no veículo. Ela é subtraída e usada na prática de
um homicídio.
c) O risco foi realizado no resultado.
Obs. Deve haver uma relação direta entre o risco e o resultado.
Não haverá nexo causal quando:
I – O resultado decorrer de danos tardios (ex.: lesão nunca curada que gera
acidente).
II – Danos resultantes de choque (ex.: pai que tem ataque do coração ao
saber do homicídio sofrido pelo filho).
III – Ações perigosas de salvamento (ex.: bombeiros que combatem incêndio).
IV – Comportamento indevido posterior de terceiro (ex.: erro médico grosseiro).
 
Aplicação das teorias no Direito Penal brasileiro:
1ª) Equivalência dos antecedentes: adotada em regra (art. 13).
2º) Teoria da causalidade adequada: adotada quando há uma causa superveniente
relativamente independente que gere, por si só, o resultado (art. 13, § 1º).
3º) Teoria da imputação objetiva: não está prevista no Código Penal, entretanto,
a jurisprudência tem adotado em situações específicas.
Atualmente, as três teorias de explicação do nexo de causalidade são adotadas
no Direito Penal brasileiro.
STJ, HC 46525/2006
Promover uma festa é um risco permitido. Não se trata de criação de um
risco proibido.
Ainda que se admita a existência de relação de causalidade entre a conduta dos acusados e a morte da vítima, à luz da teoria da imputação objetiva, necessária é a demonstração da criação pelos agentes de uma situação de risco não permitido, não ocorrente, na hipótese, porquanto é inviável exigir de uma Comissão de Formatura um rigor na fiscalização das substâncias ingeridas por todos os participantes de uma festa.
CONCAUSAS
Quando houver a concorrência de mais de uma causa que contribui para o resultado final.
Existem dois tipos de concausas:
- Causas absolutamente independentes;
- Causas relativamente indepedentens.
 Causas Absolutamente Independentes 
 Exemplo: A tem a intenção de matar B. Então ele usa uma arma de fogo e efetua um disparo com animus necandi para matar B. Entretanto, no momento em que A efetua o disparo contra B, o prédio em que B está desaba e cai sobre a cabeça de B. A conduta principal será o tiro efetuado contra B, que não morreu em razão da conduta principal, mas sim em razão de o prédio ter desabado. São causas absolutamente independentes, pois uma não terá qualquer relação com a outra. O prédio ter desabado não tem relação com o disparo efetuado por A. 
A causa absolutamente independente rompe o nexo causal entre a con­duta principal e o resultado. Desse modo, o agente responde não responde pelos resultados, mas apenas pelos atos praticados. Essa causa pode ser natural ou uma conduta de outra pessoa. Exemplo: no momento em que o agente efetua o disparo de arma de fogo, outro agente já tinha aplicado veneno na mesma vítima, a qual vem a fale­cer. Constata-se no exame de corpo de delito que a vítima morreu não em razão do disparo de arma de fogo efetuado pelo agente, mas em razão do veneno. 
Quem envenenou responderá por homicídio consumado. Quem atirou res­ponderá apenas por homicídio tentado, não por homicídio consumado. 
Causas Relativamente Independentes 
Há uma conduta principal e outra conduta. A causa principal visava obter um determinado resultado, e esse resultado foi alcançado por causa da segunda conduta, que será a concausa, que ajudará também na produção do resultado. 
Nas causas relativamente independentes, a segunda causa não romperá o nexo de causalidade. Pelo contrário, ela se somará à conduta principal para obter o resultado. Não há concurso de pessoas. As causas relativamente independentes não rompem o nexo causal. 
Obs. Existe uma exceção: a causa superveniente relativamente independente que produz por si só o resultado. Quando houver uma conduta superveniente relati­vamente independente que produz por si só o resultado, nesse caso específico, haverá também o rompimento do nexo causal, e o agente responderá somente pelos atos praticados. 
Nas causas relativamente independentes, o agente que pratica a conduta principal responde pelo resultado. 
Exemplo: A sabe que B é hemofílico, ou seja, o sangue dele não coagula. A Atira contra B, que vem a morrer exatamente por causa disso. A atira contra B para matá-lo, mas atingiu somente o braço de B. Esse disparo efetuado no braço de B não teria a possibilidade de matá-lo. COntudo, como ele é hemofí­lico, acaba vindo a morrer. Conduta principal: o tiro que A efetuou. Concausa: a condição de B ser hemofílico. As duas causas se somarão para produzir o resul­tado. A responderá pelo crime de homicídio consumado, pois essa é uma causa relativamente independente. 
Obs. Em relação às causas relativamente independentes e às causas absolutamente independentes, adota-se a teoria da equivalência dos antecedentes. 
Exceção: quando houver causa superveniente relativamente independente que produziu por si só o resultado, será adotada a teoria da causalidade adequada.
Preexistente: A pratica uma conduta principal, que é matar a vítima com
uma facada. Ele efetua a facada, que atinge a perna da vítima. Porém, essa
vítima é hemofílica. A conduta de A não seria suficiente por si só para provocar o resultado morte, mas foi produzido o resultado morte por que se somou a uma causa preexistente, que é a hemofilia dessa vítima, e, com isso, foi possível obter o resultado. O agente responderá pelo resultado.
Concomitante: duas condutas juntas geram o resultado (a morte da vítima).
Atrás de uma árvore, está o agente A; e atrás de outra árvore, está o agente B. Um não conhece a conduta do outro. No meio dos dois está a vítima. Ambos os agentes efetuam um disparo. O tiro de A atinge a barriga da vítima. O tiro de B também atinge a barriga da vítima. O tiro de A que atinge a barriga da vítima não seria suficiente para matá-la. A conduta de B também não seria suficiente para matá-la, mas a soma desses dois disparos produziu perda excessiva de sangue da vítima e ela veio a falecer. Nas causas concomitantes relativamente independentes, ambos os agentes responderão pelo resultado.
OBS. Note que as causas preexistente e a concomitante não rompem o nexo causal. 
O agente responde pelo resultado.
Superveniente:
• Superveniente que não produz por si só o resultado.
–– Aplica-se a teoria da equivalência dos antecedentes (art. 13, caput).
A aplica veneno
contra uma vítima, pois quer o resultado morte dela. Entretanto, o agente B pratica
outra conduta, que é um disparo de arma de fogo, um sem saber da conduta
do outro. Na hora em que A aplicou esse veneno, a vítima poderia vir ou não
a morrer, mas quando B efetuou um disparo contra essa vítima, o veneno se
misturou com aquele tiro e, quando houve a combinação dessas duas causas,
a vítima veio a falecer. Quando isso acontece, é preciso seguir a regra da teoria
da equivalência dos antecedentes para as causas relativamente independentes.
A segunda conduta (tiro) não rompe o nexo causal da conduta anterior
(veneno). Quem aplicou veneno responde pelo resultado
• Superveniente que, por si só, gerou o resultado.
–– Aplica-se a teoria da causalidade adequada (art. 13, § 1º).
CP, Art. 13, § 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a
imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
imputam-se a quem os praticou.
A efetuou um disparo contra a vítima, pois tinha a intenção de matá-la, mas acertou a perna dela. A vítima é levada em uma ambulância para o hospital, mas,no meio do caminho, essa ambulância se envolve em um acidente e a vítima vem a falecer esmagada por causa dessa ambulância. Trata-se de uma causa superveniente relativamente independente, pois a vítima só estava na ambulância por que A tinha efetuado um disparo contra ela. É uma causa superveniente relativamente independente, mas que produziu o resultado por si só, pois o disparo não foi o que causou a morte da vítima. O que causou a morte da vítima foi o acidente de trânsito. Nesse caso, será adotada a teoria da causalidade adequada. A não responderá pelo resultado, pois ele não previa que aconteceria esse acidente.
Causas Absolutamente Independentes 
- Geram o resultado independentemente da conduta do agente.
- O agente só responde pelos atos praticados, não pelo resultado uma vez que rompe o nexo causal.
Há 03 tipos de causa absolutamente independentes:
Preexistente: Há uma conduta, mas já havia outra causa anterior, que gerará o resultado. Rompe o nexo causal e o agente responde apenas pelos atos praticados.
Ex. A envenenou a vítima. Passadas algumas horas desse envenenamento, B, sem saber que ela foi envenenada, quis matar essa vítima, e efetuou um disparo de arma de fogo contra ela. Entretanto, ela veio a falecer não em razão do disparo de arma de fogo, mas em razão do envenena­mento. B responderá por homicídio na modalidade tentada. E A responderá pelo homicídio consumado. 
Concomitante: Exemplo: no momento em que A atira contra a vítima, o prédio desaba e mata essa vítima esmagada. Rompeu o nexo causal da conduta de A. Se não foi a conduta de A que gerou o resultado, ele responde somente pelos atos praticados, ou seja, por tentativa de homicídio.
Superveniente: na causa superveniente, há a conduta principal, uma outra conduta, e o resultado. Exemplo: A envenenou a vítima, mas, antes de o veneno fazer efeito, uma pessoa efetuou um disparo e a matou. A responde pela tenta­tiva de homicídio qualificado consumado.
CRIME COMISSIVO OU DE AÇÃO
O tipo penal descreve uma conduta positiva, uma ação. 
CRIME OMISSIVO OU DE OMISSÃO
Delito cometido por meio de uma conduta negativa, uma inação.
O agente deixa de fazer algo que a lei o obrigava e que era possível realizar.
Ex. CP, Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-
lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Os crimes omissivos subdividem-se em:
a) Crimes omissivos próprios ou puros:
O próprio tipo penal descreve a conduta omissiva.
Ex. Omissão de socorro e omissão de notificação de doença.
Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação
é compulsória)
Obs. O tipo penal expressa, claramente, a ausência de ação.
- São crimes unissubsistentes, ou seja, a conduta praticada mendiante somente um ato.
- Não admitem tentativa.
- Em regra são dolosos, mas a lei prevê algumas hipóteses culposos (ex. Omissão de cautela, art. 13, da Lei 10.826/2003)
b) Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão
O tipo penal apresenta uma conduta comissiva (positiva), mas o agnete produz o resultado naturalístico por meio de uma omissão que viola o seu dever jurídico de agir.
  Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Obs. O termo “LEI” deve ser compreendido em sentido amplo. Essa obrigação pode advir de decreto, regulamento, portaria e sentença judicial.
Ex. CF, art 229 e artigo 144.
Garante (ou dever de garantidor de não produção do resultado naturalístico)
Obrigações não decorrentes da lei, tais como negócios jurídicos, contratos,
publicidade, promessa, relação de confiança etc. Situações em que o
garante assume a responsabilidade de agir em situação de risco. Não precisa
ser uma manifestação expressa.
Ingerência (ou situação precedente) → “c”
	
	OMISSIVOS PRÓPRIOS
	OMISSIVOS IMPRÓPRIOS (COMISSIVOS POR OMISSÃO)
	TIPO PENAL
	Descreve uma conduta omissiva, uma inação
	Descreve uma conduta comissiva, uma ação
	QUEM PODE PRATICAR?
	Qualquer pessoa, a menos que o próprio tipo penal exija qualidade específica do sujeito ativo. Em regra, são crimes comuns.
	Somente quem tem o dever jurídico de agir, conforme estabelecido no art. 13 §2ª do CP. São crimes próprios.
	CONATUS
	Não admitem a tentativa.
	Admitem a tentativa.
	ELEMENTO SUBJETIVO
	Em regra, dolosos.
Excepcionalmente culposos.
	Compatível com o dolo e a culpa.
	CONSUMAÇÃO
	Em regra, são crimes de mera conduta.
	Crimes materiais.
É necessária a ocorrência do resultado naturalístico.
Crimes omissivos impróprios → Combinação do delito comissivo + art. 13, §2º, CP.
Crimes omissivos próprios → Basta que o agente não realize a conduta para a consumação, pois não é exigido o resultado naturalístico.
TIPICIDADE
Relembrando:
	Fato Típico
	Antijuridicidade (ilicitude)
	Culpabilidade
	- Conduta
- Resultado
- Nexo
- Tipicidade
	É presumida (presunção relativa)
- Possui as seguintes excludentes:
- Legítima defesa;
- Estado de Necessidade;
- Estrito cumprimento do dever legal;
- Exercício regular de direito.
	- Imputabilidade
- Potencial Consciência da ilicitude
- Exigibilidade de consuta diversa
Obs. O fato de haver tipicidade gera uma presunção da antijuridicidade. É a teoria indiciária (ratio cognoscendi).
Tipicidade = Tipiciadade Formal + Tipicidade Material
Tipicidade formal (ou legal): subsunção (adequação) da conduta praticada pelo agente à descrição do tipo penal.
Tipicidade material: efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal, decorrente da conduta prevista no tipo penal.
ObS. O princípio da insignificância exclui a tipicidade material.
a) Tipo simples: Contém apenas um verbo no tipo penal, isto é, somente uma ação para descrever a conduta.
b) Tipo misto: Contém dois ou mais verbos no tipo penal. Divide-se em:
b.1) Tipo misto cumulativo: O tipo descreve várias condutas (verbos) e, ainda que praticadas no mesmo contexto fático, vão ensejar o concurso de crimes, ou seja, o agente responderá por dois crimes. 
Ex. Art. 198, CP – Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta.
b.2) Tipo misto alternativo: O tipo descreve várias condutas, mas ainda que o agente pratique duas ou mais condutas, fica caracterizado somente um delito, desde que praticadas no mesmo contexto fático.
Ex. Art. 33, Lei 11.343/2006 “Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer […]
Regra → Tipo misto alternativo
Exceção –> Tipo misto cumulativo
Adequação típica
a) Subordinação imediata: A conduta se adequa perfeitamente ao tipo penal.
b) Subordinação mediata: (ampliada ou por extensão) Exige uma combinação de normas penais integrativas. 
Normas integrativas, de extensão ou complementares da tipicidade
–– Artigo 14, II, CP. Ampliação temporal: o alcance do tipo vai além da consumação
e volta para abarcar os atos executórios
–– Artigo 29, CP. Ampliação pessoal: vai além da pessoa que praticou o
verbo núcleo do tipo penal. A esta pessoa dá-se o nome de “partícipe”.
–– Artigo 13, § 2º, CP. Ampliação da conduta criminosa: Passa a englobar
a omissão.
Tipicidade Conglobante
Doutrinas tradicionais: tipicidade penal = tipicidade formal.
• Doutrinas modernas (utilizada atualmente): tipicidade penal = tipicidade
formal + tipicidade material.
• Tipicidade conglobante: tipicidade penal = tipicidade formal + tipicidade
conglobante (tipicidade materiale antinormatividade).
Obs. A antinormatividade define que não pode haver incidência de um tipo penal a uma conduta caso ela esteja de acordo com os demais ramos do direito. Assim, uma conduta não pode ser considerada um ilícito penal se, nos demais ramos do direito, trata-se de uma conduta lícita.
–– Criada pelo argentino Eugenio Raúl Zaffaroni.
–– Proposta de harmonização entre o Direito Penal e os demais ramos do
Direito.
conduta deve ser contrária ao ordenamento jurídico em geral e não apenas do
A palavra “conglobante” é utilizada no sentido de que, para haver a tipicidade, a Direito Penal. Assim, para que haja a tipicidade penal, a conduta deve:
1) Ser contrária à norma (tipicidade formal).
2) Provocar lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma
penal (tipicidade material).
3) Ser antinormativa (violar todo o sistema normativo). Para que a conduta
seja típica, ela não pode ser permitida pelas demais normas do sistema jurídico
(não pode ser autorizada pelos demais ramos do Direito).
ITER CRIMINIS – CAMINHO DO CRIME
1) Fase interna
- Cogitação → Não é punida
2) Fase Externa
- Preparação → Em regra, não serão punidos, salvos os casos previstos como crime.
- Execução → Aqui já começa a ser punido.
- Consumação
Obs. O exaurimento não faz parte do iter criminis.
Ex. Vender um celular roubado é um mero exaurimento. O comprador, por sua vez, pode ser punido por receptação.
COGITAÇÃO (Fase interna)
Surge a ideia de praticar a conduta criminosa. 
É sempre interna.
Em nenhuma hipóteses é punível.
Não se confunde com premeditação.
I – Idealização – Surge a ideia de cometer o delito.
II – Deliberação – Análise dos pontos favoráveis e contrários à prática do
delito.
III – Resolução – Decisão pelo cometimento ou não do delito.
PREPARAÇÃO (Fase externa)
Criação prévia das condições necessárias à prática do delito.
Em regra, não são puníveis, mas há duas exceções:
1) Quando o próprio ato preparatório configura um crime de conduta.
Ex. Adquirir uma arma de fogo planejando matar uma pessoa.
2) Por meio dos chamados crimes-obstáculos.
EX. ART. 288 CP – Associação Criminosa
–– Artigo 291, CP – Petrecho para falsificação de moeda.
–– Artigo 286, CP – Incitação ao crime.
–– Artigo 5º, Lei n. 13.260/2016 – Atos preparatórios de terrorismo com o
propósito inequívoco de consumar tal delito.
EXECUÇÃO (Fase externa)
É a exteriorização da conduta, por meio de atos idôneos e inequívocos para alcançar o resultado criminoso almejado.
É na fase de execução que o Direito Penal passa a incidir sobre a conduta do agente.
A tentativa será punível ainda que o resultado naturalístico almejado não seja alcançado. Neste caso, responderá na modalidade tentada.
Em qual momento o agente deixa de praticar atos preparatórios e passa a praticar atos executórios?
1) Teoria Subjetiva - Não há transição dos atos preparatórios para os atos
executórios. Leva-se em consideração o plano interno do agente.
Não é adotada no BR.
2) Teoria Objetiva - Deve haver a exteriorização de atos idôneos e inequívocos para a realização do tipo penal
• Teoria da hostilidade ao bem jurídico – Atos executórios são aqueles
que atacam o bem jurídico, criando uma situação concreta de perigo.
Obs.: Não possui força no Direito Penal brasileiro.
• Teoria objetivo-material – São considerados atos executórios os imediatamente anteriores à prática do núcleo do tipo, da perspectiva do terceiro observador.
• Teoria objetivo-individual – São considerados atos executórios os imediatamente anteriores à prática do núcleo do tipo, da perspectiva do
próprio autor.
Obs.: Possui força no Direito Penal brasileiro.
• Teoria objetivo-formal (ou lógico-formal) – Compreende-se atos executórios somente a partir do momento em que o agente realiza o verbo núcleo do tipo penal.
Obs.: Possui força no Direito Penal brasileiro.
CONSUMAÇÃO (Fase externa)
Código Penal
Art. 14. Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição
legal;
Crimes materiais → Demandam a produção do resultado naturalístico para a consumação
Crimes formais e de mera conduta → Basta a prática da conduta
Crimes qualificados pelo resultado → São consumados apenas com a produção do resultado agravador
Crimes de perigo concreto → Quando há a efetiva exposição do bem jurídico ao dano
Crime de perigo abstrato (presumido) → Ocorre a prática da conduta descrita como criminosa
Crime Permanente → A consumação se arrasta no tempo
Crimes habituais → Consuma-se com a reiteração de atos criminosos.
EXAURIMENTO 
Crime exaurido é o crime plenamente esgotado.
Refere-se a acontecimentos posteriores à consumação do delito
(ex.: recebimento do resgate proveniente de extorsão mediante sequestro).
Não integra o iter criminis.
O exaurimento influencia na dosimetria da pena – Art. 59, CP “consequências do crime”.
• Eventualmente, o exaurimento pode atuar como:
1) Qualificadora (ex.: art. 329, § 1º – Se o ato, em razão da resistência, não
se executa).
2) Causa de aumento de pena (ex.: art. 317, § 1º – A pena é aumentada
de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional).
TENTATIVA (conatus, crime manco, crime imperfeito ou crime incompleto)
CP, art. 14. Diz-se o crime: 
Crime consumado 
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Tentativa 
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Pena – de tentativa 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
Obs. A tentativa pode ocorrer desde o início ao fim dos atos executórios (fase externa) do iter criminis, desde que seja antes da consumação.
Roubo – Momento consumativo
Súmula 582, STJ 
“Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse manda e pacífica ou desvigiada.” 
ELEMENTOS DA TENTATIVA
1) Prática de atos executórios
2) Ausência de Consumação por Circunstâncias alheias à Vontade do Agente
3) Dolo Voltado para a Consumação do Delito
4) Resultado Possível
NATUREZA JURÍDICA DA TENTATIVA
- Causa obrigatória de diminuição de pena
Obs. A diminuição é obrigatória, de modo que cabe ao juiz apenas determinar o tempo de diminuição (1/3 a 2/3).
Trata-se de uma norma de Extensão ou de Ampliação da Conduta – Ampliação Temporal.
- Crime tentado → Tipo penal + Art. 14, II, do CP.
Assim, a tentativa terá uma tipicidade de subordinação mediata (ampliada ou por extensão), já que o crime consumado tem a subordinação imediata – aplicando-se apenas o artigo do caso. 
Obs. Ampliação temporal. Diz respeito ao fato de que se pune o que aconteceu antes dos atos executórios. Amplia-se no tempo a possibilidade de punir o agente. 
PUNIÇÃO DA TENTATIVA
Teorias
a) Teoria subjetiva, voluntarística ou monista
- Leva em consideração o dolo do agente;
- A punição do crime tentado deve ser a mesma do crime consumado;
- É possível a punição dos atos preparatórios porque eles já demonstram a intenção do agente.
b) Teoria Sintomática
- Leva em consideração a periculosidade subjetiva do agente, em que a pena do crime consumado é aplicada também na tentativa, mas apenas para quem demonstra uma efetiva periculosidade.
- Essa teoria não é aceita no ordenamento jurídico brasileiro.
c) Teoria objetiva, realística ou dualista
- Leva em consideração a proximidade da consumação e a prática de atos executórios;
- É a teoria adotada pleo CPB.
d) Teoria da impressão ou objetivo-subjetiva
Corrobora a teoria subjetiva, com a única diferença de que limita o alcance dos atos preparatórios.
Qual teoria foi adotada, em regra, pelo Código Penal Brasileiro? 
Em regra, o Código Penal Brasileiroadota a teoria objetiva, realística ou dualista. 
CP, art. 14, Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
Obs. Excepcionalmente, o Código Penal adotou a teoria subjetiva, voluntarística ou monista, nos crimes de atentado ou de empreendimento.
CRIMES DE ATENTADO OU DE EMPREENDIMENTO
Esses crimes são punidos pela lei de maneira igual aos crimes tentados ou consumados.
Exs. Arts. 352, CP (Evasão mediante violência contra pessoa - “Evadir-se ou tentar evadir-se”) e Art. 309, Código Eleitoral (“Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem: Pena – reclusão até três anos. )
Como definir o quantum da diminuição
De 1/3 a 2/3.
Obs. Quanto mais próximo da consumação o delito chegar, menor será a diminuição.
Tentativa e competência dos Juizados Especiais Criminais
Tendo em vista que os crimes cuja pena máxima não ultrapassam dois anos são julgados pelo Juizado Especial Criminal.
Ex. Abandono de Incapaz, art. 133 – Pena de 06 meses a 03 anos de detenção.
Obs. A pena na modalidade consumada é de competência do juízo criminal residual. Já na modalidade tentada, a pena máxima passa a ser de no máximo 02 anos, de modo que o caso pode ser julgado pelo Juizado Especial Criminal.
Para saber a pena máxima --> aplica-se a menor diminuição do caso tentado (1/3)
Para saber a pena minima → Aplica-se a maior diminuição (2/3) 
QUESTÃO DELTA PC-DE. Crime que tem reprimenda privativa de liberdade cominada de 1 (um) ano a 4 (quatro) anos, após ter reconhecida a modalidade tentada e sem considerar qualquer outra majorante ou minorante, terá pena fixada entre os patamares mínimos de:
Resposta → mínimo de 4 meses e máximo de 2 anos e 8 meses. 
ESPÉCIES DE TENTATIVA
Tentativa imperfeita, inacabada ou tentativa propriamente dita 
O agente inicia a execução, mas não consegue utilizar todos os meios que tinha à disposição e que havia planejado usar. 
Ex. O agente está na posse de um revólver com seis munições e consegue efetuar dois disparos contra a vítima, momento em que chega um policial ao local e consegue prendê-lo. Interrompendo os atos executórios.
O agente foi interrompido durante os atos executórios.
Tentativa perfeita, acabada ou crime falho 
O agente inicia a execução e utiliza todos os meios que tinha à disposição e que havia planejado usar. Porém, o crime não se consuma por razões alheias à sua vontade.
Tentativa vermelha ou cruenta 
O objeto material do delito é atingido pela conduta do agente.
Tentativa branca ou incruenta 
O objeto material do delito não chega a ser atingido pela conduta do agente. 
Ex. O autor erra todos os disparos.
Tentativa idônea 
É possível alcançar o resultado, mas não ocorre por razões alheias à vontade do agente.
Tentativa inidônea 
Sinônimo de crime impossível. Art. 17 do CP. O agente não responde por tentativa.
O resultado é impossível de ser alcançado, seja pela absoluta ineficácia do meio empregado, seja pela absoluta impropriedade do objeto material.
POSSIBILIDADE DE TENTATIVA
Apesar de vozes contrárias, a doutrina majoritária entende que é possível a tentativa nos:
1. Crimes de ímpeto;
2. Crimes com dolo eventual.
Crimes de ímpeto → Aqueles que a vontade do agente surge de uma hora para outra diante de determinada situação. Em regra, ocorrem diante da influência de uma violenta emoção.
Ex. Marido chega em casa e flagra a sua esposa na cama com outro. Em seguida, pega uma faca e arremessa contra ela. Porém, erra o alvo. Houve tentativa.
Crimes com dolo eventual → Aqueles em que o agente assume o risco de produzir um resultado. Ou seja, não se importa se a conduta irá produzir um determinado resultado.
Ex. Atirador que coloca um alvo próximo a uma via pública com transeuntes e efetua disparos em sua direção, podendo acertar alguém. Caso acerte e mate alguém = homicídio consumado por dolo eventual. Caso acerte de raspão, homicídio tentado por dolo eventual.
CRIMES PUNÍVEIS SOMENTE NA MODALIDADE TENTADA 
Tais crimes são previstos na Lei n. 7.170/1983, que prevê os crimes contra a segurança nacional: 
Art. 9º Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país. 
Pena – reclusão, de 4 a 20 anos. 
Parágrafo único. Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até um terço; se resulta morte aumenta-se até a metade. 
Art. 11. Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente. 
Pena – reclusão, de 4 a 12 anos. 
INFRAÇÕES PENAIS QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA 
Contravenção
Culposo
Condicionado ou de resultado vinculado
Habitual
Omissivo Próprio
Unissubsistente
Preterdoloso
Atentato ou de empreendimento
Mnemônico → CCCHOUPA
Lei de Contravenções Penais. Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção. 
Obs. A tentativa de contravenção, mesmo que factível, não é punida!
Obs. A tentativa é punível nos crimes por culpa imprópria.
Condicionado ou de resultado vinculado. São crimes que só são puníveis quando efetivamente ocorre o resultado descrito na norma ou mediante ocorrência de outro evento. Ex. Art. 172 da Lei 11.101/2005. Favorecimento de credores. 
Crimes Habituais. O ato isoladamente considerado é um indiferente penal.
Ex. Art. 284. Curandeirismo.
Omissivo Próprio ou Puro. A consumação ocorre junto com a execução do crime. Trata-se de crime unissubsistente. Não é possível fracionar o iter criminis. Se o agente deixar de praticar determinado ato, já pratica o delito.
Ex. Art. 135. Omissão de Socorro.
Obs. Os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão, admitem tentativa.
Unissubsistente. Infrações que se consumam com um único ato. A execução e a consumação ocorrem na mesma hora.
Ex. Crimes omissivos próprios ou puros, crimes praticados verbalmente e crimes de perigo abstrato.
Preterdoloso. Crimes com dolo na conduta e culpa no resultado. Não há a intenção de provocar o resultado agravador.
Ex. Lesão corporal seguida de morte. Art. 129, §3, CP.
Atentato ou de empreendimento. A figura tentada recebe o mesmo tratamento do crime consumado. Ex. Arts. 352 e 309 do CP.
Obs. O crime de mera conduta admite tentativa. Ex. Um sujeito tenta praticar a violação de domicílio, mas não consegue.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA e ARREPENDIMENTO EFICAZ
CP, Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
Desistência Voluntária → “desiste de prosseguir na execução”. Cessa os atos executórios no meio deles. 
Arrependimento Eficaz → “impede que o resultado se reproduza”. Ocorre entre a execução e a consumação.
 Obs. Em ambos os acasos, o agente só responderá pelos atos já praticados.
Obs. Em ambos os casos, o iter criminis é interrompido pela própria vontade do agente.
Outras nomenclaturas: 
1) Tentativa abandonada
2) Tentativa qualificada
3) Ponte de Ouro – Possibilidade que o agente tem de, após iniciado os atos executórios, desiste de retornar à esfera da licitude.
Obs. Ponte de Prata → Arrependimento Posterior. (art 16)
	Desistência Voluntária
	Tentativa
	Posso prosseguir, mas não quero.
	Quero prosseguir, mas não posso.
Obs. 1) Nos crimes omissivos impróprios, a desistência voluntária configura uma ação positiva, um fazer. 
Obs. 2) Não se admite a desistência voluntária nos crimes unissubsistentes. 
Arrependimento Eficaz. Conduta voluntária do agente que impede a produção do resultado, após ter praticado todos os atos executórios. 
- É compatível com a tentativa perfeita ou acabada.
- Compatível somente com os crimes materiais, pois o agente tem que impedir que o resultado se produza.
Pontos Comuns 
1) Requisitos: Voluntariedade e eficácia
- Voluntariedade: O agente deve agir de maneira livre de coação física e moral.
- Eficácia: A realização do resultado naturalístico deve ser, efetivamente, impedida.
2) Não se exige espontaneidade. Podem ser incendivados por terceiros.
3) Irrelevância dos motivos.
O agente será beneficiado ainda que o motivo seja egoístico,Os motivos são irrelevantes. Desde que não tenha sido obstado por causas exteriores independentes de sua vontade, o agente será beneficiado pelo arrependimento eficaz. 
4) Efeito: Responsabilização somente pelos atos já praticados.
Obs. DV e AE são incompatíveis com os crimes culposos (resultado involuntário). Não há como se arrepender de algo que não quer praticar.
Obs. A obrigação de prestar socorro não deve ser confundida com o arrependimento eficaz.
Natureza Jurídica
A exclusão da tipicidade se comunica no concurso de pessoas. Tanto o autor quanto o partícipe não responderão pelo delito que inicialmente almejavam, apenas pelos atos já praticados. Corrente majoritária no Brasil.
A causa pessoal extintiva da punibilidade consiste em uma circunstância subjetiva, em que será beneficiado apenas aquele que desistiu voluntariamente ou se arrependeu de maneira eficaz. 
Conclusão. DV e AE. Exclusão da tipicidade. O agente responderá somente pelos atos praticados.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Arrependimento posterior 
CP, Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
Ponte de Prata. Denominação de Franz Von Liszt.
Neste caso, o delito já está consumado e não há como excluir a tipicidade. 
Momento. Após a consumação do delito. 
Natureza Jurídica. Causa obrigatória de diminuição de pena.
Aplicabilidade. Apenas crimes contra o patrimônio e a crimes que apresentem efeitos patrimoniais. 
Requisitos
1. Natureza do Crime.
- Sem violência ou grave ameaça à pessoa.
Obs. É cabível se a violência for contra a coisa ou crimes culposos com violência.
Ex. Furto com dano a um obstáculo e a lesão corporal culposa.
2. Reparação do Dano ou Restituição da Coisa
- Pessoal. O próprio agente é quem deve restituir, salvo absoluta impossibilidade deste.
- Integral.
Obs. STF e STJ. Entendem que a restituição pode ser parcial, desde que a vítima concorde. 
3. Limite Temporal
A reparação do dano ou restituição da coisa deve ocorrer até o recebimento da denúncia ou queixa.
E se o agente reparar o dano ou restituir a coisa após o recebimento da denúncia? Haverá algum benefício legal? 
Trata-se de uma atenuante genérica. Art. 65, III, “b” – ter o agente procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano. 
4. Voluntariedade
- AP deve ser livre de coação física ou moral.
- Não precisa ser espontânea.
Obs. A recusa da vítima em receber a reparação do dano ou a restituição da coisa não é óbice ao gozo do benefício pelo agente que se arrependeu.
O que deve ser levado em consideração para calcular a fração da diminuição de pena (1/3 a 2/3)? 
Jurisprudência. Deve-se levar em conta a celeridade e a voluntariedade.
STF. Deve levar em conta se a reparação/restituição foi parcial ou integral.
Se um dos agente se arrepende e rapara o dano ou restitui a coisa, até o recebimento da denúncia ou queixa, os demais coautores/partícipes serão beneficiados pelo AP?
R. Sim! O AP tem natureza objetiva.
SITUAÇÕES ESPECÍFICAS DE RESTITUIÇÃO
Peculato Culposo. Art. 312,
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
Peculato Doloso
Antes do recebimento da denúncia: Diminuiçao de 1/3 e 2/3 (art. 16 CP)
Após o recebimento da denúncia: atenuante genérica (art. 65, III, B, CP)
Crimes de menor potencial ofensivo (Lei n. 9.099/95)
Composição Civil dos danos (art. 74), em crimes de ação penal privada ou ação penal pública condicionada à representação extingue a personalidade. 
CRIME IMPOSSÍVEL
Crime oco, quase-crime, tentativa inidônea, inadequada, impossível.
CP, Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
- De acordo com o CP, na hipótese de crime impossível, não será punida sequer a tentativa. 
- Isto porque não há meios de se chegar à fase de consumação. 
- Não serão punidos os atos executórios ou a tentativa.
Ex. 1: A está passando na rua quando vê B, seu desafeto, caído ao chão. Em seguida, A saca a sua arma e dispara várias vezes contra B. No entanto, B estava caído, pois já estava morto. Nesse caso, não há que se falar em crime de homicídio para A. Trata-se de uma hipótese de crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. 
Ex. 2: A e B são desafetos. Em dado momento, A visualiza B na rua e realiza diversos disparos contra ele utilizando uma arma. No entanto, a arma utilizada por A era de brinquedo e não poderia, sequer, ferir a vítima. Trata-se de uma hipótese de crime impossível por ineficácia absoluta do meio. 
Natureza Jurídica. Causa de Exclusão da Tipicidade
Espécies de Crime Impossível
1. Ineficácia Absoluta do meio
- Refere-se ao meio de execução do delito.
- Destaca-se que o instrumento utilizado deve ser absolutamente ineficaz para a prática do crime.
- A análise é feita no caso concreto.
Obs. Se o instrumento for apenas relativamente ineficaz haverá a configuração da tentativa.
Ex. Arma de fogo que dispara uma vez a cada 10 acionamentos.
2. Impropriedade absoluta do objeto
- O objeto material sobre o qual recai a conduta criminosa.
- Será absolutamente impróprio quando for inexistente ou quando torna impossível a consumação do crime.
Não se configura Crime Impossível
1. Súmula n. 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.
2. Crime de roubo, se já perpetrada a violência ou grave ameaça contra a pessoa (Resp 1.340.747/RJ, 13/05/2014 – STJ).
3. Batedor de carteira quando age sobre um bolso da calça, sendo que o objeto material se encontra no outro. 
TEORIAS DO CRIME IMPOSSÍVEL
1. Teoria Subjetiva
Havendo vontade consciente de praticar o crime, o agente deve responder pela tentativa. Nesse caso, o que deve ser levado em consideração é a intenção do agente, que deve ser punido de acordo com ela. 
2. Teoria Sintomática
Leva em consideração a periculosidade do agente. Nesse caso, a tentativa de se praticar um crime revela uma personalidade do agente, ou seja, uma periculosidade de quem ele é. Portanto, o agente deve ser punido por isso. Essa teoria está relacionada ao Direito Penal do autor, ou seja, o agente também responderá pela tentativa, em que pese ser impossível a consumação do delito. 
3. Teoria Objetiva
Deve haver, no mínimo, perigo de lesão ao bem jurídico para que haja a punição do agente. 
a) Teoria objetiva pura. Não há tentativa se a idoneidade do meio ou do objeto for absoluta ou relativa. 
b) Teoria objetiva temperada. Não há tentativa se a idoneidade do meio ou do objeto for absoluta. 
Obs. O CP adotou a teoria objetiva temperada para o crime impossível.
CRIME PUTATIVO
É o crime imaginário ou erroneamente suposto.
Relacionado a mente do criminoso. O agente acredita estar praticando um crime, mas, na realidade, está praticando um indiferente penal (fato atípico).
 Putativo → Imaginário.
Espécies:
1. CRIME PUTATIVO POR ERRO DE TIPO 
O agente acredita estar praticando um crime, mas faltam elementos para que haja adequação da sua conduta ao tipo penal. Tem relação com o crime impossível por absoluta impropriedade do objeto.
Ex.: a mulher deseja praticar aborto em si própria e, para isso, toma remédios abortivos. No entanto, exames posteriores mostram que, na realidade, ela nunca esteve grávida. 
2. CRIME PUTATIVO POR ERRO DE PROIBIÇÃO (DELITO DE ALUCINAÇÃO OU CRIME DE LOUCURA) 
O agente acredita que está praticando um crime, mas supõe erroneamente que sua condutaé típica. Na verdade, trata-se de conduta atípica.
Não tem relação a um elemento do tipo penal.
Ex.: A é namorado de B, uma moça de 15 anos de idade. Como casal, os dois mantém relações sexuais. No entanto, A, por acreditar que o crime de estupro de vulnerável pode ser praticado contra menores de 18 anos, em sua cabeça, levanta a hipótese de que praticou esse crime. Entretanto, o crime de estupro de vulnerável ocorre quando a vítima é menor de 14 anos e manter relações sexuais com uma moça de 15 anos é um indiferente penal. 
3. CRIME PUTATIVO POR OBRA DO AGENTE PROVOCADOR 
- Crime de ensaio, flagrante provocado, flagrante preparado e crime de experiência.
Ocorre quando uma pessoa induz outra a praticar um crime, todavia concomitantemente, já adota as providências necessárias para impedir a consumação do delito.
Súmula n. 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. 
Obs. Se o delito já estava em curso, não há que se falar em flagrante provocado.
Ex. O agente oferece drogas a uma pessoa que está passando na rua, mas quando retorna com a droga, essa pessoa se identifica como policial e faz a prisão desse agente.
CRIME PUTATIVO VS. CRIME IMPOSSÍVEL 
	Crime Putativo
	Crime Impossível
	Não é possível consumar o delito em razão da ineficácia absoluta do meio empregado ou da absoluta impropriedade do objeto material. O agente sequer responde pela tentativa.
	O agente supõe, no seu imaginário, praticar um crime que nunca ocorreu. Acredita praticar um fato típico, mas realiza um indiferente penal.
Doutrina: enquanto o crime impossível é uma causa excludente da tipicidade, no crime putativo a conduta é atípica por si própria (não há tipicidade). 
Rogério Sanches: “O delito putativo por erro de tipo não passa de um crime impossível por absoluta impropriedade do objeto material”. 
Cespe: “O delito putativo por erro de tipo é espécie de crime impossível, dada a impropriedade absoluta do objeto, e ocorre quando o agente não sabe, devido a um erro de apreciação da realidade, que está cometendo um delito.” Gabarito Errado (Prova do TJ-ES, Juiz de Direito, 2011). 
Obs. Crime Putativo e Crime Impossível NÃO são sinônimos.

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