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1 Assuntos tratados: Direitos da personalidade 1ª parte da aula � Introdução; � Natureza; � Sistemática; � Características; 2ª parte da aula � Características (continuação); � Teorias a respeito do início da personalidade; � Questões polêmicas a respeito dos direitos da personalidade. Introdução Em 1804, foi elaborado e entrou em vigor o Código Civil francês (Código Napoleônico). Este refletiu a quebra do Estado absolutista, aplicando as regras do antropocentrismo. Sai o Estado como figura principal e entra o particular. Em 1896 surge, nas pegadas do Código francês, o Código Alemão (BGB). Eram valores que embasaram estes Códigos o patrimonialismo e individualismo. O particular tinha o seu patrimônio defendido erga omnes. O atual Código Civil modificou esta visão, passando a enfatizar mais o ser do que o ter. Os direitos da personalidade eram negados pelo CC/16, ao passo que o CC/02 os elevou a 3ª espécie de direitos subjetivos, ou seja, aqueles em que o indivíduo poderá se utilizar para satisfazer interesse particular. Direitos da personalidade: a) Natureza Direitos da personalidade são os atributos essenciais da pessoa humana; é o valor ser contrapondo ao valor ter, predicado atribuído ao direito de propriedade. A tutela protecionista abrange: Física � corpo; � Proteção à integridade Moral � honra Psíquica � intelecto. Desta forma, os direitos da personalidade são direitos subjetivos de caráter extrapatrimonial, oponíveis erga omnes (contra todos). Havendo colisão entre direitos patrimoniais e direitos da personalidade, estes últimos deverão prevalecer, já que o ser humano é o fim do ordenamento jurídico. b) Sistemática Os direitos da personalidade estão previstos nos artigos 11 a 20 do Código Civil, sendo que do art.13 ao art.20 estão elencados os direitos da personalidade em espécie. Entre tais dispositivos há previsão de normas gerais e lacunosas, sendo necessário que o juiz, ao aplicar a norma fundamente no 2 princípio da dignidade da pessoa humana, já que este é o fundamento do estado democrático de direito. c) Características: Absolutos � oponíveis erga omnes (dever geral de abstenção); Efeitos: - Da infração ao direito da personalidade nasce a pretensão; - São relativizáveis quando houver ponderação de valores: Ex.: vedação do constrangimento do suposto pai em submeter-se ao exame de DNA em ação de investigação de paternidade � Fundamento: a pessoa não pode ser instrumentalizada; proibição da produção de prova contra si; há presunção relativa de paternidade quando houver recusa (Súmula 301 STJ). Poderá ser obrigado a realização do exame quando, por exemplo, em uma ação de conhecimento de origem genética este se recusar, visto que pela ponderação de valores o direito a vida é mais relevante. (Enunciado 274 CJF). Assim, havendo conflitos entre direitos fundamentais deverá ser utilizada a técnica da proporcionalidade ou da ponderação de valores. Imprescritíveis � o titular não os perde por ausência de uso, ou seja, não haverá a perda do direito em face da abstenção de seu titular no seu exercício. Para o professor Nelson, o que é imprescritível é o direito da personalidade e não a pretensão reparatória de sua violação, já que esta tem natureza patrimonial. Apesar disso, entende o professor correta a decisão recente proferida pelo STJ – Luis Fux – Resp. 529804 em que entende imprescritível o direito indenizatório na hipótese de tortura, visto que nesta hipótese trata-se de direitos humanos. Inatos – Diferença entre personalidade e capacidade: a capacidade, que tem origem com a vida, é a aptidão de ser titular de direito patrimonial, enquanto a personalidade é a aptidão de proteção de atributos da personalidade e se dá desde a concepção. A memória do falecido poderá ser defendida por seus herdeiros, porém estes estarão protegendo em nome próprio direito próprio. Ex.: Caso Garrincha – Resp.521697. Vitalícios � Os direitos da personalidade não são transmitidos para os herdeiros, porém podem ser protegidos por estes. A pessoa jurídica não tem direito da personalidade, uma vez que são atributos inerentes ao ser humano. A honra objetiva que lhe é atribuída é apenas uma criação feita pela lei, ensejando a indenização por dano moral. Relativamente indisponíveis (art.11 CC) � podem ser restringidos por uma lei, limitando assim, os direitos da personalidade. Poderá ainda ser restringido com base na autonomia privada. De qualquer forma, nunca pode ser objeto de renúncia por seu titular. (Ex.: contrato de cessão de imagens entre Ronaldinho e Nike). 3 d) Teorias a respeito do início da personalidade: Teoria natalista � se da com o nascimento com vida (art.2º - 1 parte do CC) – Carlos Roberto Gonçalves; Teoria da personalidade condicionada � a pessoa que ainda não nasceu só terá considerada sua personalidade se nascer com vida. Maria Helena Diniz - Enunciado 1 do CJF. Teoria concepcionista � é uma personificação incondicional do nascituro; o nascimento com vida é uma condição suspensiva para a aquisição de direito patrimonial. Nelson Rosenvald. e) Questões polêmicas a respeito dos direitos da personalidade: Questão do transexual � é admitida a cirurgia de transgenitalização ou de redesignação do estado sexual. Deve haver inclusive a modificação do assento de nascimento (fundamentos): � Dignidade da pessoa humana; � Caso contrário seria uma medida preconceituosa, já que deixa o individuo a margem da sociedade. Observação: Enunciado 276 CJF: a modificação do nome pode ocorrer até mesmo antes da cirurgia. Questão da doação de órgãos humanos: § único do art.13 CC e Lei 9434/97 �O Código civil admite a disposição de membro ou órgão do próprio corpo desde que seja órgão duplo, renovável e que seja gratuitamente. Pode haver a escolha do beneficiário? Poderá haver a escolha desde que seja parente, visto que nesta ocasião a solidariedade é presumida. No que tange aos não parentes somente poderá ser realizado se houver autorização judicial. Isto para evitar o comércio de órgão. – art9º da Lei de transplantes. Por outro lado, o transplante pós morte é um ato de solidariedade independente dos vínculos subjetivos ou de parentesco entre o doador e beneficiário. A questão do transplante pós morte tramitou por algumas fases: 1ª) Doação presumida � Todos eram doadores em potencial e somente se escusava desta imposição se manifestasse expressamente contra este ato antes da morte. 2ª) Doação Consentida � prevalecia a vontade da família. Atualmente com a entrada em vigor do Novo Código Civil prevalece a vontade do doador, ainda que a vontade da família seja divergente, uma vez que o art.14 derrogou o art4º da Lei de Transplante. Vide Enunciado 277 do CJF. Questão – art.15 CC: Conflito entre o princípio da beneficência e principio do consentimento informado � A intervenção cirúrgica só poderá ser realizada se todas as conseqüências e os riscos desta forem informados ao paciente e se este consentir com a execução. 4 Questão dos Testemunhas de Jeová � Deve ser aplicado a estes técnicas alternativas a transfusão de sangue. Caso não seja possível, faz- se a ponderação de valores: 1º Corrente � STF: deve haver a transfusão de sangue ainda que não haja o consentimento do testemunha, uma vez que a vida é o maior valor. 2º Corrente � Nelson Rosenvald � Não poderá haver a transfusão porque a ponderação de valores deve levar em conta os valores do testemunha de Jeová, sendo a religião e crença bem superior até a própria vida. Observação �Teorias que explicam o surgimento da pessoa: Visão genética � a pessoa surge no momento da concepção; Visão neurológica � a pessoa surge a partir do12ª semana de gestação, visto que é o início das conexões neurológicas. Questão da criança anencefálica � está sendo decidida pelo STF, com votos da maioria pela interrupção da gravidez. Questão do embrião excedentário (pré-implantatório) �Para a visão neurológica, pode haver a manipulação para a pesquisa de células-tronco. Questão da eutanásia � Diferenças: � Eutanásia � médico analisa as condições da paciente e por um ato material causa a morte deste; � Suicídio assistido � instrumentaliza a pessoa em estado terminal a se matar; � Distanásia ���� procedimento médico de prolongamento da vida, ou seja, é a intenção do profissional da medicina de manter a vida do indivíduo a qualquer preço. � Ortotanásia � quando o paciente mantido vivo apenas por instrumentos hospitalares vê sua morte pelo desligamento da tal aparelhagem. Observação � A doutrina e a religião admitem a ortotanásia. O Conselho Nacional de Medicina, no final de 2006, através da Resolução 1805/06, apesar de condenar a eutanásia, passou a admitir a ortotanásia, desde que preenchidos os pressupostos médicos e, ainda, desde que haja autorização da família e do doente. Direitos da personalidade Introdução
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