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Resumo De Magistro; SantoAgostinho

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Resumo De Magistro; SantoAgostinho
Na obra, Agostinho conversa com seu filho Adeodato, brilhante e prodígio, para investigarem a origem e fundamento da linguagem, assim como determinar a possibilidade do aprendizado humano.
Com uma pergunta que Agostinho dirige a seu filho Adeodato: “Que te parece que queremos levar a efeito, quando falamos?” o livro inicia dizendo o motivo pelo qual foi feito. 
No De Magistro  ele procura uma coerência que fundamente suas idéias. As grandes perguntas que Agostinho procura responder são: como as palavras podem nos dar conhecimento? Como se chegar à realidade das coisas mesmas se com as palavras só se aprende as próprias palavras? Como as idéias de um homem podem reproduzir-se na alma de outro homem? É possível de fato o ensinamento? A problemática sobre realidade, conhecimento e linguagem então é permeada pela obra através do diálogo mantido com o filho.
Agostinho tenta responder essas perguntas de uma forma dialética com seu filho, e de certa forma dificulta quem está lendo, que espera uma filosofia estruturada e categorizada nos conceitos que expõe. Em dado momento ele inclusive engana seu filho para que ele chegue à sua conclusão; afirmando algo para depois negá-lo na concordância inocente do rapaz. Engraçado notar que, a despeito dos altos elogios que o próprio Agostinho faz da inteligência de Adeodato em Confissões, as conclusões do diálogo sempre são levadas a cabo pelo próprio Agostinho, relegando o filho a mero figurante, embora repleto de pertinência no que diz.
Palavras São Signos (Sinais)
Ele parte da idéia de que as palavras são sinais. Ao longo do diálogo, porém, Agostinho nega essa idéia postulando que os sinais representam a Vontade de quem diz e não as coisas mesmas. Para que essa Vontade, no entanto, represente as coisas mesmas através dos sinais, é preciso que o dono dessa Vontade escute seu mestre interior; o Cristo. Para Agostinho, só no caráter revelador da fé é que a realidade poderá ser percebida e traduzida por uma Vontade que se utiliza de palavras as quais serão atribuídas sinais que se referem às coisas mesmas.
Portanto, não são os sinais que ensinam e nem, portanto, as palavras. Só é possível a mera comunicação através de signos, e não o aprendizado. Se já conheço o significado de um sinal, ele não me ensina nada. Se não conheço o significado, ele próprio também não me ensinará. Ou eu aprendo através da coisa mesma (significada) ou eu já sei de antemão para identificar o signo que a representa.
Pode parecer até injusto pegar uma obra contextual de um passado medieval e trazê-la à luz da contemporaneidade para analisá-la. Mas levando em conta que um pensamento filosófico pretende ser uma resposta universal adequada a um fenômeno, podemos ao menos tecer alguns questionamentos com vistas a soluções atuais.
Agostinho quando parte da pressuposição de que Deus tenha colocado em nós a verdade e que basta consultar esse mestre interior para que rememoremos as coisas e a reconheçamos, ele se obriga a admitir que são incompetentes ou distantes de Deus quem não consegue fazer isso. Esse tipo de inferência não se impõe como verdadeira em si mesma, mas somente se tomamos a pressuposição de Agostinho. Digamos que seja uma conclusão que “salva” a premissa e não uma conclusão conseqüente da mesma.
Esse argumento é frágil quando aventamos a possibilidade de alguém ensinar uma mentira a outro. Quando Hitler implanta a Juventude Nazista e faz uma espécie de aprendizado maciço incitando o ódio e a discriminação a milhares de jovens alemães, equivaleria a dizer então que cada ódio suscitado era uma verdade divina implantada no coração de cada jovem que aprendeu a odiar os judeus.
Logo, concluímos que o aprendizado se dá de forma diversa daquela que Agostinho pretende nos dizer. No entanto, seus argumentos são verossímeis quando percebemos que as palavras, em si mesmas e enquanto sinais, nada nos dizem sem que possamos nos referenciar em alguma experiência pré-existente ou mesmo possamos fazer um “salto” intelectivo em busca de um entendimento daquilo que é dito. Mas o entendimento de nível inteligível não indica nada além que não seja fruto de nossa própria capacidade mental, dada pelas sinapses cerebrais e ações associativas e referenciais de nossos próprios neurônios. Se essa característica vem de uma fonte extracorpórea a qual nos foi concedida, é apenas uma questão de fé.
Platão, em sua primeira fase, sob a influência determinante de Sócrates, antes ainda de ter viajado à Itália e conhecido o pitagorismo e o orfismo, ainda não havia dado um aspecto transcendente à questão das Idéias que definem os gêneros. A noção intelectiva de gêneros e espécies, que denota a Idéia de algo, parece emergir imanentemente do conjunto de aparições fenomênicas das coisas que nós percebemos. Inferimos, por convenção e dialeticamente, aquilo que não é acidente, e o definimos como algo em seu fundamento existencial.
Se o que a primeira fase platônica nos dá a entender for verdade, poderíamos dizer que a capacidade cognitiva humana que nos permite perceber o inteligível, se dá por um processo de generalização indutiva da nossa própria experiência existencial. Se isso for verdade, não percebemos as coisas a partir de sua participação em um suposto hiperurânio (ou mundo das idéias), mas sim compomos esse hiperurânio a partir das inferências de uma certa regularidade nas coisas, as quais são percebidas e categorizadas a partir dos interesses coletivos e culturais históricos.
Isso, no entanto, não exclui e nem deveria excluir qualquer participação divina em nós.

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