04 - Réplica

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06. Réplica
- Generalidades
Quando a contestação se limita apenas a negar o mérito do pedido contido na petição inicial, desnecessária a abertura de vista ao autor, eis que, há um pedido e a contestação se limita a pugnar pela improcedência do mesmo.
Situações existem em que, a parte autora, face ao alegado na contestação, haverá de se manifestar expressamente sobre a matéria argüida, replicar.
- Representa a contestação da contestação, excluída a reconvenção, não sendo também confundida com as petições não iniciais.
A réplica é a contestação da contestação, ou seja, o momento oportuno para que o autor, se contraponha aos argumentos expendidos pelo requerido em sua defesa, descaracterizando as articulações apresentadas, nas chamadas defesas indiretas, e, ratificando o pedido contido na inicial.
Alcides de Mendonça Lima, Dicionário do Código de Processo Civil Brasileiro, RT, 1986, pág. 503, ensina:
"Termo antigo, não usado expressamente pelo Código, mas empregado na prática forense. É a resposta do autor a alegações do réu, nos casos exigidos em lei. Não se confunde com a contestação que é ato próprio apenas do réu (ou do assemelhado: reconvindo e embargado. ...
Quando for necessária a réplica, a sua falta pode tornar nulo o processo, ocorrendo cerceamento de defesa, ferindo o princípio do contraditório ou o da bilateralidade".
Humberto Piragibe Magalhães e Piragibe Magalhães, Dicionário Jurídico, Editora Destaque, 80. Ed., pág. 782, afirma:
"Ato ou efeito de replicar. Em Processo Civil é a manifestação do autor sobre arguição do réu a respeito de outros fatos que impedem, modificam ou extinguem o fato sobre o qual se funda a lide. Ex. numa ação de cobrança de dívida, o réu, embora não contestando a obrigação, alega o pagamento parcial da dívida exibindo a respectiva quitação. Cabe aí, ao autor, o direito de réplica".
Wellington Moreira Pimentel, Comentários ao Código de Processo Civil, 1975, Vol. 3, pág. 379, n. 3, examina a réplica sob o seguinte enfoque:
"A audiência do autor se fará em réplica. Não a réplica generalizada do velho direito brasileiro, que o Código de 1939 também repudiara, mas a réplica de feição nova, somente admissível diante do reconhecimento pelo réu do fato em que se fundou o pedido e a oposição por este, de outro modificativo, impeditivo ou extintivo daquele, ou em situação prevista no artigo seguinte".
José Frederico Marques, Manual de Direito Processual Civil, Bookseller, 1997, 10. Ed., Vol. II, pág. 132, com sua autoridade, define a questão:
"Dois são os casos em que as providências preliminares se dirigem no sentido de fazer atuar o contraditório processual, determinando o juiz que se dê vista ao autor para a replicatio: quando o réu levantar preliminares antes de tratar do mérito ou quando apresentar defesa indireta.
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Em ambas as hipóteses, o autor terá dez dias para replicar, facultando-se-lhe a produção de prova documental (arts. 326 e 327). E se o autor juntar documentos, cumpre ao juiz mandar o réu de novo falar, ex. vi do art. 398.
No caso de defesa indireta, fica encerrada a fase postulatória com o pronunciamento do réu sobre os documentos apresentados com a replicatio ou então com as alegações ou a réplica do autor, se este não juntar novos documentos nos autos".
- Ocorrências:
Preliminares, art. 327 do CPC.
Toda vez que houver alegação de preliminares, sobre elas será ouvido o autor no prazo de dez dias.
Juntada de documentos, art. 398 do CPC.
Havendo a juntada de documentos, a parte autora será ouvida sobre os mesmos, sendo este o momentos para impugná-los, negar-lhes a veracidade ou autenticidade, suscitando o incidente de falsidade se for o caso, ou, até mesmo, fazer a contra prova com outro documento.
Reconhecimento do pedido (art. 326 do CPC).
Nesta hipótese o autor é ouvido no prazo de dez dias, o requerido reconhece o pedido, mas, alega fato modificativo, impeditivo ou extintivo do direito buscado.
Prestação de contas, art. 915, ' 11.
Toda vez que a parte acionada, prestar contas, sobre elas será ouvido o autor.
- Jurisprudência 
"Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência”.
Súmula l06 - Superior Tribunal de Justiça
"Defendendo-se indiretamente o contestante, antes da defesa de mérito, com a arguição de fato novo, nos termos do art. 326 do CPC, compete ao juiz ouvir o autor, facultando-lhe a produção de prova documental".
STF - Rel. Min. João Leitão de Abreu - RE 83652-GO 
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RTJ Vol. 90 pág. 165
"Se o réu, ao contestar, suscita a legitimidade passiva ad causam, ao juiz não é dado decidir, acolhendo a preliminar, sem antes ouvir o autor. Se o faz, provoca nulidade, por cerceamento de defesa".
TJPB - Rel. Des. Rivando Bezerra Cavalcanti
Rev. Foro Vol. 82 pág. 72
"Não pode, nem deve o juiz abrir vista do processo ao autor para falar sobre a contestação, exceto nos casos previstos nos arts. 326 e 327 do CPC. Despacho nesse sentido é protelatório, além de ilegal, prejudicando a celeridade do processo".
TJSC - Rel. Des. Wilson Antunes
CPC à Luz da Jurisprudência - A. Paula - Vol. XI pág. 556 n1. 26070
"Pelo art. 276 do CPC, deve o autor oferecer, com a inicial, a sua prova documental. Porém, os arts. 273, 326 e 397 do mesmo Código, autorizam, pelo autor, a juntada de novos documentos para contrapor ao que foi alegado na contestação. Não pode o princípio da celeridade nos processos sumaríssimos ferir o fim principal do processo, que é o esclarecimento da verdade".
TJSC - Rel. Des. Protásio Leal Filho
CPC à Luz da Jurisprudência - A. Paula - Vol. XI pág. 556 n1. 26071
"A juntada de documentos aos autos após a contestação do feito e em seguida o julgamento da ação sem audiência da parte interessada configura cerceamento de defesa".
TJBA - Rel. Des. Antônio Herculano
Bahia Forense, Vol. 25 pág. 138
"Não pode o juiz sentenciar sem ouvir a parte contrária sobre documentos juntados a pedido da outra parte, mormente se sobre tais documentos fundou-se o decisório".
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TJPR - Rel. Des. Zeferino Mozzato Krukoski'
Paraná Judiciário Vol. 12 pág. 136
"À parte é reconhecido o direito de falar em cinco dias sobre documentos junto aos autos, mas, mesmo não intimada, se pratica ato processual e mantém silêncio, ocorre preclusão".
TJSC - Rel. Des. May Filho
Jurisp. Catarinense Vol. 52 pág. 68
"A simples circunstâncias de não ter o réu podido falar sobre documento juntado pelo autor, de importância para a definição da matéria, justifica a decretação de nulidade da sentença".
Rel. Des. José Fernandes Filho
Jurisp. Mineira Vol. 79 pág. 139
"É nula a sentença ou o acórdão se, antes de proferidos, não se atendeu ao disposto no art. 398 do CPC, a menos que o documento seja irrelevante, reputando-se sanada a nulidade se na primeira oportunidade a parte não a invocar".
TJMG - Rel. Des. Capanema de Almeida Adcoas 1987, n1. 113.710
"Sendo irrelevantes os documentos, não influindo na decisão, ainda que o juiz não tenha dado oportunidade à parte para pronunciar-se sobre eles, a sentença não é nula".
TJMT - Rel. Des. José Vidal
CPC à Luz da Jurisprudência - A. Paula - Vol. XI pág. 723 n1. 26787
"Não se anula o processo por infração à norma contida no art. 398 do CPC, se a juntada de documento não influiu sobre o deslinde da controvérsia, nem causou prejuízo às partes".
TJPR - Rel. Des. Guilherme Maranhão
Paraná Judiciário Vol. 17 pág. 195
"Se o autor perde o prazo para impugnação à resposta do réu, não pode mais fazê-la com a juntada de novos documentos, porque ficou precluso o seu direito. Assim, é de desentranharem-se tais documentos".
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TJMS - Rel. Des. Nelson Mendes Fontoura
Rev. Dir. Civil Vol. 33 pág. 236
"Em sendo prestadas as contas pelo demandado, no prazo de defesa, não cabe ao demandante, com sua impugnação, apresentaroutras, mas apenas questionar ou combater aquelas, mostrando, se for o caso, onde e como se revelam inexatas ou incorretas. Não pode, pois, a sentença rejeitar as contas do demandado e acolher as do autor, que não deveriam estar nos autos".
TJRS - Rel. Des. Edson Alves de Souza
Rev. Jurisp. TJRS Vol. 112 pág. 428
- Problema específico
01. Qual a importância da réplica no curso da ação?
02. Em uma ação ordinária de cobrança, o requerido argüiu a preliminar de ilegitimidade passiva, como deverá proceder o autor?
03. Em uma ação monitória, o requerido compareceu para informar que já quitara a obrigação, tendo o Juiz prolatado sentença extintiva. Está correto o procedimento? Justifique.
04. Quais as hipóteses que permitirão a ocorrência da réplica?
05. Será sempre possível a réplica quando ocorrer contestação?
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